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terça-feira, 28 de março de 2017

LAMPIÃO NÃO CONSEGUIU EM VIDA ALGUMAS VINGANÇAS

Por Ruberval Sousa

Lampião não consegui em vida algumas vinganças, principalmente contra Zé Saturnino, José Lucena, e Amarílio Batista, porém, em 23 de fevereiro 1926, o rei do cangaço chega a fazenda Serra Vermelha com seu bando, fazenda esta do cunhado de Zé Saturnino José Nogueira que estava escondido na fazenda, devido a presença da Coluna Prestes.

Lampião mandou uma moça chamar Zé Nogueira se passando por uma força de Nazaré do Estado de pernambuco.


Zé Nogueira caiu na armadilha e deu de cara com o inimigo. Ele estava doente, mas mesmo assim, após conversar com Lampião que tendeu a perdoar o velho inimigo, foi surpreendido pelo irmão de Lampião Antônio Ferreira que covardemente, atirou com seu fuzil no indefeso velho. 

Lampião ainda protestou com o irmão dizendo:

Como você atirou num homem já morto Antônio?


O famigerado irmão achando pouco, ainda roubou as sandálias do agonizante Zé Nogueira e disse ao irmão:

- Matei, tá morto! E tô satisfeito!

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HONRA AO MÉIRTO


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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PADRE ANDRADE FOI UMA FIGURA QUERIDA PELO POVO DE POMBAL.

Por Jerdivan Nóbrega de Araújo
Jerdivan Nóbrega de Araújo, tendo ao fundo o saudoso João Coremas

Era um padre à moda antiga: não dispensava a batina preta, o chapéu coco e uma carteira de Cigarros Arizona no bolso. No Cine Lux ele tinha o seu lugar reservado. Antes de entrar no cinema costuma passar na sorveteria e pegar uns picolés, que colocava nos bolsos da velha e surrada batina.

Padre Andrade

Nunca conseguia assistir ao filme todos: dormia, às vezes, ainda nos trailers.

Mesmo já em idade avançada costuma celebrar missas, mas sempre com um “olho no missal” e um ouvido nos sinais sonoros do Cine Lux, que a época era possível ouvi-los de toda a cidade.


Certa feita padre Andrade celebrava a missa, que naquele dia havia atrasado, quando de repente ouviu o sinal do início do filme. Eram três sinais que avisavam o início da exibição. No segundo sinal ele olhou para os fies e falou:

- Vocês ouviram? Falta um sinal para iniciar o filme. Num é possível que vocês tenham tantos pecados assim, que não possam faltar um domingo de missa.

Dito isso o padre desceu os batentes do altar e seguiu caminhando em meio a nave principal da Matriz, andando com dificuldades, já que mancava por conta de uma deficiência na perna, e segui em direção ao Cine Lux, deixando para trás os fies sem o final da missa.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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O TREM DE MACEIÓ

Por Clerisvaldo B. Chagas, 28 de março de 2017 - Escritor Símbolo do Sertão Alagoano - Crônica 1.653

Lá vem o trem papai, diz o menino apontando com o dedo. O dedo do menino e o apito do trem foram transportados para outra época. Época de ditadura do pneu, grande herança dos tempos da borracha amazônica e das primeiras inteligências automobilísticas. A ferrovia, caída, esbagaçada e sepultada, rompe o túmulo e ressuscita em forma de VLT, Veículo Leve Sobre Trilhos. E quem não viu almas de mãe nem de pai do cavalo de aço, vai contemplando o filho estilizado pronto para acompanhar a juventude vestido na moda tropical.

Trem urbano novamente em voga é imperioso e necessário aos anseios de mobilidade. E enquanto se esperava algum tipo de transporte surreal trazido do futuro, Século XXII, volta-se a antiga fórmula matemática sobre trilhos. E como diziam os mais velhos nos sábios ditados populares: “Não é passando banha, não”, mas que os danados dos VLTs são mesmo bonitos demais. E se tivesse um bichão desses correndo na linha da mais distante cidade sertaneja até à capital, diariamente, seria “na batata” sonho pueril e tanto.

Maceió, onde teve início as ferrovias que cortaram o estado, amplia os serviços dos trens urbanos. Servindo à Capital, Satuba e Rio Largo, cerca de 250 mil pessoas se utilizam desse meio de transporte diariamente. Enquanto os ônibus levam quase quatro reais na passagem, o trem trabalhava há pouco com o bilhete a 0,50 centavos. Conhecemos de perto o lugar onde será a nova estação do VLT, no Bairro histórico de Jaraguá. Inúmeros trabalhadores serão beneficiados, principalmente os que vêm de municípios vizinhos e trabalham no cais ou nas suas proximidades.

Talvez a presença da estação e de pessoas melhore o aspecto de antigo, meio abandonado e esquisito setor portuário. Tirando o planejamento da “puxada” até o Shopping Maceió, no Bairro das Mangabeiras, não se conhece outra pretensão. Mas, quem sabe, se tudo der certo, não acontecerão ramais para interiorizar novamente os trens! Quanto ao projeto VLT Centro – Aeroporto pela Fernandes Lima, tudo indica que colocaram uma pedra no assunto.

Segundo o prefeito de Maceió, no final de maio será realizada a viagem do VLT em caráter experimental até a nova estação de Jaraguá. O Museu Ferroviário será construído ao lado, proporcionando uma grande fonte de pesquisa para os admiradores das engrenagens.


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PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES MORTAS

*Rangel Alves da Costa

As flores sempre serão flores, desde o broto vicejante à primeira pétala surgida, desde o seu completo florescer ao seu desvanecer na existência. Flores que brilham e encantam perante o olhar, flores que continuam vivas na recordação.

E para dizer que não falei das flores, a elas retorno noutro sentido. Não mais para dizer de seus encantos e formosuras, suas inspirações e poesias exaladas, mas para falar sobre aquelas que não mais estão em jardins, jarros ou buquês, mas continuam existindo com mesmo perfume e fulgor.

As flores são eternas, já disse o poeta. E sua eternidade está na representação, na sua simbologia, não na sua vivacidade de toque e perfume. Flores de plástico que também são flores, flores murchas que também são flores, flores de adeuses e saudades que também são flores.

As flores mortas aqui representadas são aquelas mesmas flores do jardim da memória, do pensamento, da saudade, da nostalgia. Flores mortas que ainda são visíveis ao lado das molduras dos entes queridos, nos jazigos sem flores, nos instantes de tristeza e solidão onde o olhar somente avista réstias floridas de um tempo que já não existe.

Volto-me, assim, às flores mortas, aquelas cuja significação será eterna e terão sempre a mesma beleza daquelas que surgem a cada manhã primaveril. Flores mortas que sumiram no tempo, que foram levadas pela ventania, que ao pó do jardim retornaram, mas que ainda assim continuam vivas e pulsantes.

Muito eu já disse sobre as flores vivas, sobre aquelas flores após as janelas, nos jardins de além, nas praças de um lugar, nas floriculturas enfeitadas. Mas tão menos vivas que as flores mortas, eis que tais flores vivas permanecem somente até o instante dos usos que a elas se dê. Diferente com as flores mortas, que sempre permanecem tão belas e tão dolorosas.

Assim, pra não dizer que não falei das flores mortas é que me alimento a falar das saudades e recordações por elas representadas, é que me animo a dizer de seus simbolismos ante os instantes passados, ante as lágrimas acompanhadas de flores, ante os campos abertos com suas pétalas solitárias ladeando cruzes e túmulos.


Pra não dizer que não falei das flores mortas, ainda hoje muitas avistei além da janela. Não havia jardim, canteiro, vaso ou plantação, mas elas estavam lá como noutros tempos de manhãs e cantos passarinheiros. Flores mortas que surgiam ao meu olhar como se o instante, pálido e feio, tanto necessitasse de suas presenças.

Pra não dizer que não falei das flores mortas, eis que sinto em cada saudade um buquê florido. Terna e tristonha é a recordação quando as flores não existem mais ao lado da mesinha do quarto ou por cima de algum móvel da sala de estar. Ao lado dos porta-retratos aquelas rosas e aqueles jasmins que hoje ainda perfumam a lembrança.

Pra não dizer que não falei das flores mortas, não há como não entristecer pela ausência das flores vivas e ter de se contentar com as flores de plástico sobre o umbral da janela. Mas as flores mortas, que sempre suprem a ausência das flores vivas, ainda contentam a memória pela significação no passado. É o pensamento que vai novamente colhendo cada flor de esperança.

Pra não dizer que não falei das flores mortas, pergunto-me então o que esteja vivo. Sim, o que está vivo? Mesmo flores acaso existentes em profusão pelos jardins adiante ou nos jarros enfeitados das residências, nenhuma importância terão se não forem sentidas e vivenciadas na sua essência. Diferentemente dos motivos do passado, hoje em dia pouco ou tanto faz uma rosa ou um espinho.

Para não dizer que não falei das flores mortas, talvez nelas esteja a única vida dos túmulos. E por que as flores ali existem, então nada morre, nada perece, nada é esquecido de vez. E quando as flores murcham então os olhos encontram o próprio significado da vida e sua frágil transitoriedade. E faz da saudade, da vontade de vida, o apego maior à existência. Por isso mesmo que as flores nunca morrem totalmente.

Pra não dizer que não falei das flores mortas, eis que digo do canteiro solitário de agora em comparação aos vastos campos floridos de outros tempos. Desde o nascer ao final da adolescência, todo o viver parece sempre aromático e perfumado, nutrido de flores viçosas e belas. Depois disso também, mas raros lírios e jasmins sobre a mesa da existência. Até chegar um tempo de flores de plástico. E de nenhuma flor.

Repousa, então, seu olhar também sobre as flores mortas. O passado é vida. Nele o caminho ao jardim mais belo que já existiu. E nele encontrará sua mão colhendo uma rosa nova para o seu amor. Sentirá saudade, sim. Mas necessário que seja assim. Comprova-se que as flores mortas nunca morrem em você.

Escritor
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O CANGACEIRO MORENO DISSE QUE LEMBRA QUE MATOU 21

Por Geraldo Júnior

"QUE EU ME LEMBRE MATEI APENAS VINTE E UM... FORA OS QUE EU ACERTEI E CAÍRAM SE "ESTREBUCHANDO" E NÃO SEI SE MORRERAM DEPOIS". (Antônio Ignácio da Silva "Moreno").

Afirma-se que o número de pessoas mortas por Moreno "Morenagem", antigo integrante do bando de Lampião, durante o tempo em que permaneceu no cangaço, chegue ao dobro daquele que foi citado por ele.

Fotografia gentilmente cedida por Neli Maria da Conceição filha do casal cangaceiro Moreno e Durvinha.
Geraldo Antônio de Souza Júnior

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A INTENSIFICAÇÃO DAS CHUVAS NA REGIÃO DE SOUSA/PB

Por José Tavares de Araújo Neto

A intensificação das chuvas na região de Sousa/PB é a grande responsável pelo aumento da vazão do Rio Piranhas, abastecido principalmente pelo Rio do Peixe, um dos seus importantes afluentes.

*Fotografias tiradas em 26/03/2017, na Ponte do Areial (BR-230) - Pombal - PB.







Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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TRÊS GRANDES OBRAS DO ESCRITOR E PESQUISADOR FREDERICO PERNAMBUCANO DE MELO.


TRÊS GRANDES OBRAS DO ESCRITOR E PESQUISADOR FREDERICO PERNAMBUCANO DE MELO.


Qualquer um desses livros vocês poderão adquirir com o Professor Francisco Pereira Lima (Cajazeiras/PB) através do e-mail:
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Qualidade garantida e entrega em qualquer localidade do país.
Adquiram!!!!!

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QUADRO DENOMINADO NORDESTE ENCANTADO



Quadro denominado Nordeste Encantado, doado pela artista plástica, geógrafa e escritora mossoroense Franci Dantas ao Prof. Dr. Benedito Vasconcelos Mendes, o grande sábio do semiárido, mantenedor e Diretor-Presidente do Museu do Sertão da Fazenda Rancho Verde (Estrada da Alagoinha - Zona Rural do Município de Mossoró - Estado do Rio Grande do Norte) - 25 de março de 2017.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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RESISTÊNCIA AO BANDO DE LAMPIÃO LAMPIÃO E SEU BANDO EM MOSSORÓ NO ANO DE 1927.


Mais um importante ato libertário ocorrido em Mossoró, ano de 1927, foi a resistência ao bando do cangaceiro mais famoso do nordeste brasileiro: Virgolino Ferreira da Silva, popularmente conhecido como "Lampião". 

Nesse mesmo ano, o município experimentava um crescimento tanto no comércio e na indústria. O bando entrou no Rio Grande do Norte pelo município de Luís Gomes, na transição entre os dias 9 de 10 de junho, percorrendo várias cidades do Oeste do Rio Grande do Norte, até chegar a uma cidade conhecida até os dias atuais como "a capital do oeste potiguar": Mossoró. 

Nesse ataque, Lampião e seu bando sofreram sua única derrota desde o seu início da vida como cangaceiro. No dia 12 de junho, o cangaceiro e seus companheiros chegaram ao distrito de São Sebastião, anexado ao município de Mossoró, hoje o município de Governador Dix-Sept Rosado. Lá, ele enviou um telegrama à sede do município de Mossoró, avisando à população sobre o ataque do bando. Isso fez com que Mossoró entrasse em desespero e levou o prefeito a organizar um êxodo, montando trincheiras para conter os invasores.

Já em 13 de junho, Lampião e seu bando chegaram ao Sítio Saco. Lá, ele enviou um bilhete, que pedia uma quantidade total de 400 réis em dinheiro, para poupar a cidade de Mossoró. O prefeito de Mossoró negou e depois recebeu um segundo bilhete ameaçador. 

O ataque a Mossoró só começou de fato às quatro horas da tarde, quando o líder do bando dividiu seus cangaceiros em três grupos diferentes, cada um com a função de atacar um local diferente: 


O primeiro grupo de cangaceiros formado por Lampião no momento do ataque foi ordenado para atacar  a casa do prefeito, que hoje abriga a sede da Prefeitura Municipal da cidade de Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte.

Vista aérea da casa do prefeito Rodolfo Fernandes na época

O segundo grupo de cangaceiros comandado pelo seu então chefe supremo, o capitão Virgolino Ferreira da Silva atacou a Estação Ferroviária de Mossoró. 

Estação Ferroviária hoje transformada em Estação das Artes

Enquanto estes dois grupos atacavam estes prédios o terceiro grupo  teve a função de atacar o cemitério. Mas nem se sabe o motivo de acatar "cemitério" vez que lá não existe bens materiais que possam ser levados por facínoras. 

Foto histórica: 18 anos após a tentativa de invasão de Lampião a Mossoró, em 1945, o Zepelim sobrevoava a estação ferroviária

Uma hora após o início da tentativa de invasão à maior cidade do Estado do Rio Grande do Norte, Mossoró, o capitão Lampião vendo que era inútil continuar a tentativa de assalto, resolve recuar, deixando o cangaceiro Colchete morto no momento do confronto, e José Leite de Santana o cangaceiro Jararaca para trás. Este último foi ferido, preso e morto  dias depois do ataque, e encontra-se enterrado no mesmo cemitério que havia sido invadido pelo bando de Lampião, sendo depois um elemento de culto pelos mossoroenses.

Fonte de pesquisa: https://pt.wikipedia.org/wiki/Mossor%C3%B3

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MOMENTOS CULTURAIS DA VISITA AO MUSEU DO SERTÃO DA FAZENDA RANCHO VERDE - 25 DE MARÇO DE 2017

 
1. Turmas dos Cursos de Licenciatura em Geografia e de Bacharelado em Turismo do Campus Central da UERN concentradas ao assistir brilhante palestra proferida pelo Prof. Dr. Benedito Vasconcelos Mendes sobre a Civilização da Seca.

2. Artista plástica, geógrafa e escritora Franci Dantas recebendo das mãos do poeta popular Abaeté do Cordel diploma de amiga do Museu do Sertão da Fazenda Rancho Verde.

3. Prof. Msc. José Romero Araújo Cardoso e o Prof. Eng. Agrônomo Esp. Francisco das Chagas Silva, decano do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, enciclopédia viva sobre assuntos variados, com ênfase àqueles relacionados ao Nordeste Brasileiro. Na ocasião, o Prof. José Romero Araújo Cardoso recebeu das mãos da artista plástica, geógrafa e escritora Franci Dantas exemplar da obra PELOS MEANDROS DA MEMÓRIA, segundo trabalho literário de autoria da renomada intelectual mossoroense.

4. Artista plástica, geógrafa e escritora Franci Dantas entregando ao Prof. Dr. Benedito Vasconcelos Mendes exemplar da obra PELOS MEANDROS DA MEMÓRIA.

5. Quadro denominado Nordeste Encantado, doado pela artista plástica, geógrafa e escritora Franci Dantas ao Prof. Dr. Benedito Vasconcelos Mendes.

6. Momento da brilhante, impecável e bem articulada palestra proferida pelo Prof. Dr. Benedito Vasconcelos Mendes sobre a Civilização da Seca.

7. Prof. Chagas Silva mostrando aos presentes o quadro denominado Nordeste Encantado, doado pela artista plástica, geógrafa e escritora Franci Dantas ao Prof. Dr. Benedito Vasconcelos Mendes.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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AS CONTRADIÇÕES DE UM COITEIRO DE LAMPIÃO

Pessoal, são muitas, mas, muitas mesmo, as controvérsias que encontramos nos ditos por aqueles que fizeram parte da saga do cangaço. Essas contradições, mentiras e controvérsias aumentam quando chegamos à história dos ‘contos’ sobre o que ocorreu na semana da morte do “Rei dos Cangaceiros”, e, principalmente, depois dela. Já que não tinha mais ele para vir tomar ‘satisfações’. Aí a turma disse o que queria, esquecendo, infelizmente, de relatarem a verdade. A verdade parece ter ido para o papo dos urubus junto com a carne dos corpos que ficaram, sem cabeças, no leito seco do riacho Angico, na fazenda Forquilha, no município de Poço Redondo, Estado de Sergipe.

Riacho 'Angico' (Tamanduá), Fazenda Forquilha, Poço Redondo, Se. Um pouco acima do local onde foram abatidos os cangaceiros. Sentido Sul. - foto Gilmar Leite

Tentaremos mostrar, na medida do possível, o quanto a pessoa se perde por si própria, em busca, talvez, de alguns minutos de fama.

Durval Rodrigues Rosa, irmão de Pedro de Cândido, relatou por inúmeras vezes sua participação na morte de Lampião e seus ‘cabras’, que ‘aconteceu’ na manhã do dia 28 de julho de 1938. Só que, a cada narração, ele modificava sua ‘versão’, e ia se afundando, cada vez mais, num lamaçal de mentiras.

Durval Rodrigues Rosa irmão de Pedro de Cândido

“(...) Durval Rodrigues Rosa, foi um dos que mais se esmeraram em faltar com a verdade, distorcer fatos e criar histórias fantasiosas (...).” (“Lampião – Sua morte passada a limpo” – BASSETTI, José Sabino e MEGALE, Carlos césar de Miranda. 1ª Edição, janeiro de 2011).

A seta, na imagem, mostra o corpo sem cabeça de Lampião

Virgolino Ferreira não usou o coito do riacho Angico, na fazenda Forquilha, apenas uma vez. A vez em que foi morto pela tropa comandada pelo tenente João Bezerra, na manhã do dia 28 de julho de 1938, e sim, várias outras vezes. A fazenda era de propriedade da família de Durval, família Rosa, e não só ele, como toda a família, sabia dos acampamentos montados pelo “Rei Vesgo”, e concordavam, pois era uma via de ganharem dinheiro.

Riacho 'Angico' (Tamanduá), na Fazenda Forquilha, Poço Redondo, Se. Vemos a sequência do 'caminho' das águas, depois do local onde foram abatidos os cangaceiros. - foto Gilmar Leite

Durval Rosa em seus primeiros depoimentos aos pesquisadores citou por diversas vezes que não sabia do envolvimento de seu irmão, Pedro, com Lampião. Essa declaração, mentirosa, até que se pode entender, pois nessa época, logo após a morte do ‘Capitão’, a coisa não estava muito boa para o lado de quem fosse coiteiro.

“(...) Durval afirmava que não sabia da ligação de seu irmão Pedro com o cangaceiro (Lampião). Procurava com isso, isentar a si e ao resto da sua família da prática de acoitamento, deixando apenas para Pedro esta responsabilidade (...).” (Ob. Ct.)

Pedro de Cândido irmão de Durval Rosa

Para nós, uma das maiores mentiras que Durval falou, foi dizer que organizou, disse como, distribuir os homens para fazerem o ataque ao bando. Vejamos, a tropa era composta de um Tenente, um Aspirante, um 3º sargento, cabos e soldados, contratados ou não, todos tinham experiência em combates. Como deixariam um rapazola, isso é o que ele era na época, montar o plano de ataque? Sem cabimento. Os irmãos, Pedro e Durval, estando presos, foram obrigados a mostrarem o local onde se encontrava o acampamento dos cangaceiros. E com certeza, a principal informação e indicação, seria a localidade da tolda do “Rei”.
Um dos militares que fizera parte da campanha, Antonio Vieira, referiu assim, o comportamento de Durval:

“(...) estava assustado, com muito medo, tremendo como vara verde e com dificuldade até para proferir algumas palavras (...).” (Ob. Ct.)

O filho de dona Guilhermina se expandiu mais ainda nas mentiras quando, em certa ocasião, relata que o tenente, comandante da tropa que atacou o acampamento, João Bezerra, no dia anterior ao ataque, 27 de julho de 1938, enviara para o chefe cangaceiro sacos de balas. Nessas ‘viajadas’, ele, em certo momento, fala que quem leva a ‘encomenda’ é ele e o irmão, Pedro, no lombo de um jerico e, pasmem, em outra, refere que o próprio comandante é transportador da ‘mercadoria’ até o coito.

“(...) – “Pedro chegou aí, di noiti, cum dois sacos pesados. Qui teve qui levá num jumento”

“-I os dois saco era cum bala!... i uma bola de fumo.”

“- As bala era Juão Bizerra que mandava!”

“Qui adispois Lampião disse a essi seu criado (a ele, a Durval). Qui só assim podia amansá.”(...).” (“LAMPIÃO ALÉM DA VERSÃO – MENTIRAS E MISTÉRIOS DE ANGICO” – COSTA, Alcino Alves. 3ª Edição. Cajazeiras, PB, 2011).

Estação telegráfica de Pedra de Delmiro. A mesma recebeu o telegrama enviado pelo sargento Aniceto para o tenente João Bezerra. - Foto João De Sousa Lima

Entre as cidades de Pedra de Delmiro, hoje Delmiro Gouveia, e Piranhas, ambas nas Alagoas, há uma distância considerável para se fazer duas viagens a pé de ida e volta, mais uma de ida. Da pedra para Olho D’água do Casado, são uns 32 a 35 km de distância, de Olho D’água do Casado para Piranhas, lá se vão mais 18 km, totalizando uma distância de, mais ou menos, 50 km. Quando o comandante recebe o famoso telegrama contendo “tem boi no pasto”, encontrava-se na cidade, ou vila, de Pedra de Delmiro, AL, assim o aparelho, a máquina telegráfica da estação ferroviária, recebeu a informação, passado de Piranhas, e o telegrafista mostra-o ao comandante.

A solidão das árvores que, sozinhas, guardam os mistérios do que, realmente, ocorreu em Angico. Foto Gilmar Leite

Sabedores da rede de informantes que o “Rei Vesgo” mantinha a ‘peso de ouro’, os militares, acertadamente, começam a usar frases códigos para se comunicarem entre si. Além dessa nova tática, usam de uma usada constantemente pelo ‘Capitão Lampião’, a desinformação, ou seja, soltar notícias que estavam em determinado lugar, sem nem lá terem passado. Deu certo com Lampião e seu bando, dando também certo com a tropa militar.

Pois bem, respondendo ao subordinado, sargento Aniceto, acorda que deverão encontrar-se fora da cidade de Piranhas. Que o mesmo subisse ao seu encontro pelo caminho que levava à Vila de Pedra. Encontram-se no mato, ponto pré-determinado e descem rumo à Piranhas. Não entram na cidade durante o dia, para não chamarem a atenção. Esperam a noite cobrir aquela região com seu manto negro para poderem adentrarem na metrópole.

Tenente João Bezerra da Silva

“(...) Na véspera do ataque, ou seja, no dia 27 de julho, João Bezerra encontrava-se na Vila de Pedra de Delmiro (...) recebeu informações passadas pelo sargento Aniceto Rodrigues, de que Lampião estaria nas imediações. A partir daí, ele começa uma verdadeira corrida contra o tempo no sentido de organizar a operação que tentaria localizar e atacar o grupo de cangaceiros(...)” (“Lampião – Sua morte passada a limpo” – BASSETTI, José Sabino e MEGALE, Carlos césar de Miranda. 1ª Edição, janeiro de 2011).


Até aquele momento, o tenente sabia que Lampião estava nas imediações de Piranhas, porém, não sabia em qual localidade, e nas margens do “Velho Chico” havia diversos lugares onde ele poderia ter-se arranchado. Só após a ‘visita’ que fazem a Pedro, irmão de Durval, é que ficam sabendo de onde se encontravam os cangaceiros.

Durval também relata em diversas entrevistas que o Aspirante Ferreira de Melo, ao encontra-lo em casa, estava completamente embriagado. Que os militares bebiam, é lógico e claro, até sabemos da marca de uma aguardente que eles levaram nas embarcações para irem bebendo, porém, estarem embriagados, já é outra conversa que citaremos em uma outra matéria. Pois, bem, Rosa relata que o Aspirante, estando totalmente embriagado, o joga da calçada embaixo.

Aspirante Francisco Ferreira de Melo

Há relatos de que Ferreira de Melo fora vítima de cirrose, acometida devido ao consumo excessivo do álcool, no entanto, não vejo como antes de uma operação tão perigosa, o Aspirante sabia que iriam enfrentar Lampião, seus subordinados, acreditamos que ainda não sabiam quem seria o adversário, beber para embriagar-se.

Durval cita-nos que fora espancado por um soldado da tropa e ao mesmo tempo defendido por outro, que era seu parente, na caminhada rumo ao coito dos cangaceiros. O Aspirante Ferreira de Melo declarou a um jornal em fins de 1965 que havia ordenado dois subalternos liquidarem Pedro, seu irmão, quando o mesmo tivesse terminado com a missão, ou seja, mostrar o coito, porém, segundo o próprio militar, resolve deixá-lo com vida.

“Na realidade, quando o conduzimos em demanda de Angico, levando-o com certa cautela, eu havia autorizado a dois soldados que, tão logo fosse iniciado o tiroteio, acabassem com a vida dele. Entretanto, apesar de não ser lá nenhum bom coração, resolvi pensar de modo diferente, atendendo aos seus clamorosos apelos, sobretudo com referência à família, que iria ficar desamparada. Assim sendo, através de gestos (sinais), eu transmiti aos soldados que nada fizessem e deixassem-no ir embora. E assim foi feito. Não posso esclarecer como ele escapuliu e foi bater em casa, mas uma coisa posso afirmar: um mês depois da chacina, Pedro de Cândido ainda tirava espinhos do corpo, um tanto inchado, em consequência da possível carreira que dera, enfrentando os mandacarus, xique-xiques e todo tipo de plantas bravas.” (Ob. Ct.)

A sede dos policias era em Pedro. Todos desconfiavam de seu conluio com os bandoleiros, porém, só vieram ter a certeza naquela noite. Assim, toda sua família ficou sob o julgo de coiteiros, que para aquela época, repito, não era nada bom, e Pedro, além disso, tinha agora a fama de traidor.

Se fôssemos relatar toda distorção referida por Durval Rosa necessitávamos de um livro só para elas. Resolvemos então, citar algumas que, para nós, são de maiores importância, pois cravam-se exatamente nos momentos últimos do “Rei dos Cangaceiros”, sua ‘Rainha’ mais nove companheiros e da única baixa militar existente, a morte do soldado Adrião Pedro de Souza, o qual fazia parte da tropa comandada pelo Aspirante Ferreira de Melo.

Fotos Gilmar Leite
João De Sousa Lima
Cangaceiros Cariri
Lampião – Sua morte passada a limpo
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