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sexta-feira, 3 de março de 2017

OS FANTASMAS DOS ATOLEIROS

Por Clerisvaldo B. Chagas, 3 de março de 2017 - Escritor Símbolo do Sertão Alagoano - Crônica 1.640

O Brasil que gosta de imitar os outros países não copiou o desenvolvimento ferroviário dos Estados Unidos. Perdeu muito feio o miolo da história e foi atraído pelo canto da sereia. País Continental preferiu apostar em rodovias o que até hoje causa problemas considerados eternos. Se um trem transporta o equivalente a 400 carretas, imaginem o barateamento do frete aqui dentro e a capacidade de concorrer lá fora. Mas “o que está feito não se está para fazer” como diziam os mais velhos. Agora é correr até cair os cambitos atrás do prejuízo de dezenas de décadas. Corre-se atrás dos prejuízos das rodovias, das novas redes ferroviárias e a recuperação das sucatas. São milhões e milhões de reais perdidos que poderiam ter sido destinados ao social para melhorar a qualidade de vida da população. Veja um exemplo:

Foto (G1)

“O tráfego de veículos da BR-163 — rodovia conhecida como Cuiabá-Santarém — no trecho entre as localidades de Trairão e Novo Progresso, no Pará, está interrompido há algumas semanas, o que provocou uma fila de 40 km e cerca de 3.000 caminhões no local. O Ministério da Integração Nacional e o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) admitiram o problema”.

Mas a sereia não cantou somente na rede de transportes do Brasil. Lembramos da época em que o Major Luís Cavalcante, conhecido como “O Major”, era governador de Alagoas. Depois de muita pressão popular no Sertão, construiu a Adutora de Belo Monte, trazendo água encanada do São Francisco para Santana do Ipanema e outros municípios. E no dia da inauguração, em Santana, enquanto seus bajuladores tomavam banho em praça pública com água dos canos, o Major discursava. Depois de dizer que naquele dia só não iria beber o sino e o ovo, explicava sorridente, ébrio de contentamento: “O ovo porque já está cheio e o sino porque tem a boca pra baixo”. E nós, o povo besta, ria acompanhando as piadas do governador. Por fim, o Major mandou que a partir daquele momento, os sertanejos quebrassem todas as cisternas que jamais iria faltar água no Sertão. Muitos cabras azoados assim o fizeram. Daí para cá nem precisa dizer, pois todos conhecem de sobra às aflições sertanejas nordestinas.

O maior atoleiro do momento, porém, se encontra em Brasília quando os bonecos engravatados, ladrões, gananciosos e infernais, desfilam pelos gabinetes imitando cenas de filmes de horror. Um espetáculo sombrio de pântanos em que as almas penadas, os fantasmas pairam sobre o lamaçal nebuloso e dantesco. Ê Brasil!


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QUANDO TUDO ESTURRICA E O GADO OSSUDO CAI

*Rangel Alves da Costa

As cenas já estão aterrorizantes. Os mais jovens certamente jamais haviam avistado algo assim. Somente agora podem confirmar aqueles causos contados pelos mais velhos, dando conta das secas medonhas e todo tipo de bicho, principalmente o gado, caindo de magrez e fraqueza e logo se tornando comida de urubus, gaviões, carcarás e outras aves carnicentas. O que parecia invencionice agora se mostra em realidade espantosa: o bicho caindo ossudo e o bico carnicento devorando seus restos.

Tudo verdade no que os mais velhos diziam. O gado, já sem mugido ou berro, vai suportando como pode, andando de lado a outro debaixo do sol, até o instante que um tropeço de nada anuncie o seu fim. Em meio à sequidão, sem ninguém para imediatamente levantar, quando a vaquinha de couro e osso cai não há mais o que fazer. Sem força para se erguer, sem sombreado ou poça d’água adiante, sem cuia de palma seca ou farelo gorgulhento, os seus dias estarão ali terminados.

E que sina mais triste a do bicho em época de seca grande. Até a chuva lhe faz correr perigo de morte. O que cairia de riba como salvação, de repente pode se transformar em sua sentença de morte. E assim por que de tão fraco que está não é todo bicho ossudo que suporta chuvarada forte, principalmente se a terra seca logo se torna lamacenta. O peso da trovoada sobre os ossos e as dificuldades de caminhar pelo fraquejamento, sempre provocam riscos de escorregões e de ter o lamaçal como túmulo. Assim ocorre muito sertões adentro após as trovoadas que caem pesadas. A fraqueza do gado é tanta que até caminhar se torna em sacrifício. E tomba para morrer pela água.

Apenas dois homens não conseguem levantar uma vaca caída pela trovoada. Dá um trabalho danado e nem sempre com bom resultado. Além da lama dificultando o trabalho, também a moleza do bicho já entregue ao seu fim. E mais: encontrar forças suficientes para empurrar o animal sobre uma espécie de padiola de couro cru e depois erguê-la com o animal em cima, colocando como trempe num canto de curral. E nos dias seguintes, acaso o bicho se mostre mais reanimado, cuidar de sua alimentação como se de uma pessoa enferma, dando praticamente na boca a água, a comida, o remédio. O trabalho do dono somente é justificado pelo profundo apego ao animal. Um caso de amor sertanejo.


Tudo isso faz parte do mundo das secas e também das chuvas. Depois de anos e mais anos de seca, as chuvaradas que caem chegam como soluções e também como problemas. O gado que tanto sofre pela falta d’água nas fontes e nas plantas, também tenderá a sofrer logo nas primeiras chuvas caídas. Sua fragilidade é tamanha que até pode não suportar pingo grosso. Assim também com a terra. Muitas vezes, as chuvas são tantas que ao invés de descerem e irem se acumulando nas entranhas, simplesmente seguem adiante em enxurradas, deixando o solo ainda mais empobrecido.

Contudo, mesmo que tais problemas possam surgir com a chegada das trovoadas (e que um dia haverão de chegar), a esperança do sertanejo é que logo acabe tanto sofrimento causado pela estiagem já duradoura demais. O homem da terra nunca perde a esperança de tudo renascer. Dia após dia, a cada madrugada ainda escurecida, e ele saindo na porta para olhar a barra distante. Os olhos secos, um tanto entristecidos diante da mesmice nos horizontes, não afastam, porém, outra visão bem mais singela: o seu mundo sertão que ainda não morreu.

Mas a verdade é que os tempos estão difíceis demais. O sertão secou de vez, tudo esturricou, queimou, virou cinzas. Para onde o olho se volte, o que se tem é aquele mundão acinzentado de sol, numa desolação que traz sofrimento somente em avistar. E a vaquinha magra andejando lenta, entristecida, em busca de um impossível sombreado. E o calango correndo de canto a outro, subindo em ponta de pedra para se espantar com o avistado. Cactos mortos, espinhos caindo, palmas retorcidas pela secura da seiva. Um mundo aflito e angustiado é esse mundo sertão de agora.

Desde muito - e sempre e sempre - que eu venho escrevendo aqui sobre a danada da seca que assola o sertão sergipano. O cenário é o mesmo, a paisagem é a mesmo, a dor e o sofrimento também. Daí que eu achar que qualquer texto escrito num ano teria a mesma descrição de um novo escrito sobre a nova seca. Enganei-me. Dessa vez nem Rachel de Queiroz (O Quinze) nem Graciliano Ramos (Vidas Secas) possuem descrições parecidas com o que agora acontece.

Quem duvidar, então que chegue até lá para presenciar e sofrer. O cesto de palma sem uso num canto, a cocheira vazia, o tacho d’água vazio. Mais adiante, quando ainda resta alguma vaquinha, somente uma carcaça andante. Lá de riba, onde o céu se esqueceu da nuvem, descendo a fornalha ardente. O sol, o sol. E quando se ouve um berro ao longe, não se sabe se ainda a vida ou o último gemido. Assim o sertão de agora. A terra de fogaréu e mais triste paisagem.

Escritor
Membro da Academia de Letras de Aracaju
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TRANSCRIÇÃO DO DEPOIMENTO DO CANGACEIRO ULISSES, PRESTADO NA DELEGACIA DE POLICIA DO CRATO- CE, EM 1923.

Material do acervo do pesquisador Jose Tavares De Araujo Neto

Aos vinte e quatro dias do mês de Janeiro de mil novecentos e vinte e três (1923) às dezoito horas, nesta cidade do Crato, no Paço da Câmara Municipal, presentes o primeiro suplente de delegado de polícia em exercício, major Raimundo de Moraes Brito, comigo escrivão de seu cargo, abaixo nomeado, os senhores capitão José dos Santos Carneiro e o tenente Antônio de Mattos Dourado, ai compareceu, em virtude de Portaria nesta data, desta delegacia, o indivíduo Ulisses Liberato de Alencar, de vinte e nove anos de idade, natural do município de Pombal, Estado da Paraíba, filho legítimo de Francisco Liberato de Alencar, almocreve; sabe ler e escrever, casado. Interrogado pelos diversos motivos porque se acha preso, respondeu: “Que residia na fazenda “Estrelo” do município de Pombal, Estado da Paraíba, tendo se retirado daí no mês de outubro do ano de mil e novecentos e dezoito (1918), por motivo de questões com o chefe do município, doutor José Queiroga, vindo residir na fazenda “Trapiá”, município de Milagres, neste Estado, debaixo da proteção do “major”José Ignácio; que residiu no “Trapiá”, até o mês de outubro de mil novecentos e dezenove (1919); que durante o tempo que esteve na companhia de José Ignácio, nunca tomou parte em combates ou ataques a pessoa alguma, a não ser ter ido deixar a importância de quatrocentos mil réis (400$000), enviada por José Ignácio a ser entregue a Luiz Padre e Sebastião Pereira, no lugar São Francisco, no Estado de Pernambuco; que ao chegar a São Francisco, no dia seguinte ao da sua chegada, foi o grupo atacado pela força de Pernambuco, morrendo nessa ocasião nove (9) soldados; que de São Francisco, voltou ao “Trapiá”; que assistiu ao tiroteio, que determinou a morte de João Flandeiro, sendo autores desse assassinato Sebastião Pereira, Tiburtino, filho de José Ignácio e José Nogueira; que não sabe se atirou, mas conduzia no seu bornal sete caixas de balas e que no final do tiroteio, restavam-lhe trinta balas; que estavam presentes neste tiroteio Sebastião Pereira, Tiburtino, José Ignácio de Sousa, Raimundo Agostinho, Raimundo Tabaqueiro, Raimundo Patrício, Patrício de Tal, filho de João Raimundo, Cornélio, vulgo Chico Caixão, ou ainda Parafuso, José Nogueira Deodato, vulgo Rouxinol, Satyro, vulgo Meu Primo, Manoel Vaqueiro, Manoel Sant’Ana, Firmino Miranda, Manoel Benedito, Antônio Dino, vulgo Pilão, José de Genoveva, José Pedro, tendo ainda a presença dele, respondente; que relativamente ao fogo de Coité, tem a dizer que, estando no “Barro”, assistiu a saída para Coité, de quarenta e oito homens chefiados por Sebastião Pereira, Tiburtino e José Nogueira; que o fim principal era, atacando Coité, seguirem depois pelo município de Milagres e nos lugares circunvizinhos àquele município forçando assim a força pública a sair de Milagres, para atacar o “Barro” aproveitando-se o grupo da ocasião, e atacar Milagres; que no “Barro” existiam duzentos e sessenta (260) homens, todos em armas, prontos a agir contra a força pública; que a ordem sobre o ataque de Coité era determinação de José Ignácio de pegarem o Padre Lacerda, obriga-lo a dar trinta contos de réis........ (30:000$000); que ele, respondente, não assistiu ao tiroteio por estar doente; que do Coité o grupo dirigiu-se à fazenda “Queimadas” sendo ali atacado pela força, morrendo o “Pitombeira”; que isto soube por Sebastião Pereira; que dois dias depois mais ou menos depois do fogo de “Queimadas”, veio até “Barreiros” o “major” José Ignácio, acompanhado dele, respondente, e mais outros companheiros; que estiveram em casa do doutor Floro Bartolomeu da Costa, regressando ao “Barro” no mesmo dia, e que no caminho José Ignácio disse a ele, respondente, que devido ao acordo havido entre o doutor Floro e Manuel Chicote, ele, José Ignácio, baixava as armas; que já no “Barro”, José Ignácio, estando ele, depoente, em casa de Almindo Lourenço, no lugar “Carnaúba” perto do “Barro”, foi convidado por José Ignácio a fim de ir até a Paraíba, acompanhando outros companheiros, a fim de, no modo de dizer de José Ignácio, tirar ali as despesas da questão; que depois de dizer que não podia ir à Paraíba devido aos motivos atrás alegados, resolveu satisfazer o pedido de José Ignácio seguindo em companhia de Sebastião Pereira e mais vinte companheiros, à Paraíba, levando a ordem de José Ignácio, que era a seguinte: que deviam atacar Valdevino Lobo, Adolfo Maia e Rochael Maia, residentes, o primeiro em Dois Riachos, município de Catolé do Rocha; o segundo e o terceiro noutras fazendas, perto do primeiro; quando o respondente e seus companheiros ao chegarem perto e Jericó, foram atacados por autoridades do lugar, forçando o grupo a entrar no povoado, fazendo roubos, depredações, etc.; que nesse lugar seguiram para a casa de Antônio Saldanha, no município de Catolé do Rocha, fazenda “Santana” dormindo li; que no dia seguinte seguiram fim de atacar a casa de Valdevino; que chegando adiante uma légua distante da casa de Antonino, Sebastião Pereira disse a ele, respondente, que a ordem de José Ignácio era fazer o que Santa Cruz havia feito anteriormente, merecendo isto a aprovação dele, depoente; que ao chegarem na casa de Valdivino, roubaram, conforme declaração de Sebastião Pereira, cerca de dois contos e oitocentos mil réis......(2:800$000) e cento e vinte (120) libras esterlinas, cometendo toda a sorte de depredações; que ele, respondente, nada tirou desta casa; que sendo separados, dois grupos ficando m casa de Valdivino, Sebastião Pereira, a fim de seguir atrás, ele, respondente, seguiu por uma vereda com o plano de passar na casa de Adolfo Maia, de passagem; que ao chegar em frente da dita casa já encontrou Sebastião ali, onde já haviam depredado tudo, não sabendo quanto roubaram desse senhor; que ainda garantiu a vida de Adolfo Maia, que não chegaram a ir à casa de Rochael Maia, resolvendo o grupo voltar ao “Barro”; que ali chegando no dia seguinte José Ignácio o recompensou com a importância de duzentos mil réis (200$000); que não sabe avaliar a quanto montou o roubo na Paraíba, sabendo porém que todo o produto adquirido na viagem , foi todo entregue a José Ignácio, que, depois de tudo, refugiou-se em Juazeiro onde passou cerca de dois meses; eu dentro destes dois meses recebeu um recado de dona Rosa Amélia residente nesta cidade do Crato, filha do senhor João Alves, por intermédio de José Terto, que ele, respondente, caso não pudesse vir até esta cidade à sua residência, lhe mandasse um rifle de oito tiros; que em vista desse recado e por não poder vir até aqui, mandou o rifle por intermédio do referido José Terto; que tendo ido ao “Canto do Feijão”, Paraíba, onde demorou quinze (15) dias, regressando ao Juazeiro recebeu ele, respondente, uma carta da referida prima Dona Rosa Amélia, convidando-o a vir até esta cidade, que, atendendo ao pedido veio em companhia de José Terto, desarmado, à noite, chegando cerca das oito (8) horas da noite, apeando-se ambos em casa da mesma prima; que isto se deu no mês de Agosto, não se lembrando a data nem o dia da semana; que ali chegando, esta mesma sua prima lhe declarou que precisava e insistia que ele tomasse a sua defesa, pois, havia pessoas que dirigiam a ela pilhéria e indiretas motivando isto ela estar muito mal satisfeita; que a sua prima não chegou a declarar os nomes das pessoas de quem ele, respondente, devia se vingar; que sabe que eram duas, e que tinham sido sócios de seu marido a quem conhece por Nênêm; que a mesma sua prima nunca lhe declarou os nomes dessas pessoas; que ele, respondente, esteve em casa de Dona Rosa Amélia seis vezes, dizendo ela todas as vezes que a ocasião era quando passassem as pessoas em frente à casa dela, e quando dirigissem pilhérias, ele, respondente, sair e dizer aos mesmos que não deviam fazer aquilo, pois podiam se dar mal, de outra vez; que o plano de Dona Rosa Amélia e seu marido era invadir a casa de negócio do Senhor Antônio Fernandes, retirar da mesma um dinheiro, que diziam a eles pertencer, sendo autor, dessa empresa ele, respondente; que José Terto estava nesta ocasião dizendo, depois a ele, respondente, que há tempo já havia sido convidado para tal empresa, escusando-se o mesmo José Terto de isso fazer; que da casa onde se hospedava, Rosa Amélia mostrava quase em frente uma casa grande, que dizia ser de uma pessoa sua inimiga rica e que era muito fácil de roubá-la; que não se lembra do nome deste, mas sabe que essa pessoa é farmacêutico nesta cidade; que também tinha uma outra pessoa que se devia assassinar, sabendo ele, respondente, ser um advogado, conhecido por José Bernardino; que então ele, respondente, declarou à Dona Rosa Amélia que não podia e nem devia fazer isto, pois ela era pessoa de responsabilidade e não devia fazer isto; que depois desse dia ele, respondente, ainda estando no Juazeiro, recebia constantemente pedido da mesma, a fim de fazer o “trabalho”; que depois disto ainda ela, Rosa Amélia, pediu a ele, respondente, que escrevesse a Tiburtino, filho de José Ignácio, a fim de que ele mandasse seus homens a executar o plano acima referido; que ele, respondente, mandou dizer a Rosa Amélia que não escrevia o que ela pedia; que ainda em Juazeiro, recebeu outra carta de D. Rosa Amélia para jantar em sua companhia, nesta cidade; que, atendendo ao pedido, ao chegar fizeram ciente que o dr. Audálio, encarregado da luz desta cidade, queria se avistar com o respondente, negando-se ao pedido; que disseram-lhe que o mesmo queria conhecer ele, respondente; que o que deu motivo a Rosa Amélia chamar o respondente à sua casa e propor-lhe os planos acima referidos, fora aconselhado por Arsênio Araruna, genro de José Ignácio, conforme declarações da mesma Rosa Amélia a José Terto; que um dia, quando estava nesta cidade, passou pela frente, ou na alçada do sr. Antônio Fernandes; que ao passar na frente de casa, foi até adiante e depois passou novamente pela calçada; que voltando resolveu não fazer o que ia fazer, por ordem da mesma dona Rosa Amélia; que nesta ocasião estava armado com um revólver e um punhal; que o plano era passar em frente à casa do Sr. Antônio Fernandes e assassiná-lo; que isto era conforme as ordens de Dona Rosa Amélia; que, como já disse, ao passar em frente à casa do mesmo senhor e chegando adiante refletiu e resolveu não fazer o que estava incumbido de realizar, pois nunca tinha assassinado pessoa alguma para ganhar dinheiro; que tendo sido chamado nesse dia, ao chegar à casa de dona Rosa Amélia, esta lhe disse que tinha sido intimada a pagar ao senhor Antônio Fernandes cerca de 18 contos, dizendo mais ela que, daquele dia não passava; que o que resolveu é o declarado atrás de ter resolvido não levar a efeito a ordem; que a casa do sr. Antônio Fernandes foi indicada a ele, respondente, pelo sr. Neném que de uma esquina apontou onde e como era localizada a casa, dizendo-lhe que era um senhor idoso e que costumava, à noite, sentar-se com sua família na calçada da casa; que, de posse destas informações, foi ao ponto indicado atrás, resolvendo fazer o que já disse: nada cumprir a respeito da ordem recebida; que na ocasião em que ele, respondente, estava em casa de don Rosa Amélia, esta e seu marido descreveram as casas, dizendo que sendo o Crato atacado pelo grupo pedido a ele, respondente, seriam ocultos no muro da sua casa (dela) e quando já toda a cidade adormecida, sairiam à rua e atacariam as casas já referidas, inclusive a do “Coronel” Antônio Luiz, onde se encontraria muito dinheiro, inclusive barras de ouro; disse mais que uma das vezes em que esteve na cidade, em casa de dona Rosa Amélia, ao retirar-se, esta meteu em seu bolo uma nota de cem mil réis, dizendo ser para ele, respondente, comprar de charutos; que ao pensar em não realizar mais o plano combinado com dona Rosa Amélia, voltou à casa desta e ai declarou à mesma que não podia fazer o que ela pedia, retirando-se imediatamente para o Juazeiro, dizendo ainda à dona Rosa Amélia que o não mandasse mas chamar; que, no dia 5 de setembro o ano passado, d. Rosa Amélia mandou um portador ao Juazeiro deixar um cavalo ao respondente e acompanha-lo ao sítio “Baixio”, no município de Santana do Cariri, onde reside o pai dela, sr. João Alves de Oliveira; que no dia 6 de setembro, à noite, cerca de 8 horas, saiu de Juazeiro, acompanhado pelo mesmo portador de nome José Izidoro da Costa, passando em Baixa Dantas, deste município, chegando em casa de João Alves a 7; que no outro dia chegava ao “Baixio” um portador conduzindo um telegrama de Rosa Amélia avisando a seu pai que se preparasse que ia ser atacado por um grupo e cangaceiros; que no dia 8 chegava ao “Baixio” um senhor de nome Raimundo Valentim, acompanhado por cerca de 15 homens armados que, com outros já reunidos, formavam um grupo de 25 homens; que, dois dias depois, retirava-se ele, respondente, com destino a Aurora; que de Aurora foi até Barreiros, de Barreiros segui até S. João (na Paraíba) e, de S. João indo a Alagoinha, foi preso pela polícia.
Em tempo: achava-se presente à audiência o sr. Dr. Alberico Ribeiro Salles Guimarães, promotor de Justiça da comarca.
E por nada mais haver declarado, deu-se por concluído o presente auto que, lido e achado conforme o assinou o Delegado, o respondente, os oficiais presentes e o dr. Promotor de Justiça, Eu, José Carvalho, Escrivão, o escrevi. (Ass.) Raimundo de Moraes Britto, Ulisses Liberato de Alencar, Alberico Ribeiro Salles Guimarães, José dos Santos Carneiro, Antônio Mattos Dourado.

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?fref=ts

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LIVRO "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS"


(71)9240-6736 - 9938-7760 - 8603-6799 
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Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:
Tel.:  (79)9878-5445 - (79)8814-8345
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Clique no link abaixo para você acompanhar tantas outras informações sobre o livro.
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O SERTÃO ANÁRQUICO DE LAMPIÃO

Autor Luiz Serra

Serviço

“O Sertão Anárquico de Lampião” (de Luiz Serra, Outubro Edições, 385 páginas, Brasil, 2016)
Valor do livro: R$ 50,00 (Frete fixo: R$ 5,00), através do e-mail 


Informações: Luiz Serra – (61) 99995-8402 


Assessoria de imprensa: Leidiane Silveira – (61) 98212-9563

 leidisilveira@gmail.com
Um dos pontos de venda avançados no sertão histórico de Cajazeiras, é do professor Francisco Pereira, que envia para todos os lugares. O e-mail de base de vendas: 

"franpelima@bol.com.br" 

Peça logo o seu para não ficar sem ele: Livros sobre cangaço se demorar adquiri-los ficará sem eles, porque são arrebatados pelos colecionadores.

Fontes:


https://tokdehistoria.com.br/2016/08/17/na-capital-federal-lancamento-do-livro-o-sertao-anarquico-de-lampiao-de-luiz-serra/

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*DADÁ E A RELAÇÃO COM CORISCO*

Por Pedro Ralph Silva Melo
Foto: Corisco e Dadá na Fazenda Beleza, Pão de Açúcar/AL. Acervo Aba Film, autor Benjamim Abraão C. Botto, 1936.

Em depoimento prestado, Dadá ressalta o papel de Corisco:

"Corisco foi para mim marido e pai. Toda minha instrução recebi dele. Era um dos poucos cangaceiros instruídos, porque pertencera ao exército, antes de virar cangaceiro. Ele ensinava todos seus cabras a ler e escrever. Comigo, nos primeiros anos, ele foi mas pai do que marido. 

Muitas vezes me chamava no canto para dar conselhos. Menina, ele dizia, não fale alto assim. Moça educada tem de ter uma maneira elegante para fazer todas as coisas, mesmo para falar e andar. Corisco dizia a todos que gostava muito de mim. Falava que eu era, além de sua mulher, seu anjo de guarda e que se eu morresse um dia a vida não teria mais interesse para ele".

Fonte: Revista Fatos e Fotos n 428, 12 de abril de 1969.


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FAUNA E FLORA DO CANGAÇO No cordel de Marcos Medeiros

Por Kydelmir Dantas (*)
Marcos Medeiros e Kydelmir em foto de KD e Marmed - Foto - Walter Almeida (2012).

O Cangaço é apresentado em verso e prosa desde os seus primórdios. A literatura popular, antanho denominada de folhetos e romances, hoje conhecida por literatura de cordel, foi a maior responsável pela divulgação do cangaço e cangaceiros, desde o início. Segundo o Mestre Câmara Cascudo: “O cordel é o romanceiro popular nordestino, em grande parte contido em folhetos impressos e expostos à venda nas feiras e mercados.” Dos mais variados temas abordados, ainda escreveu Cascudo: “A poesia tradicional sertaneja tem os seus melhores e maiores motivos no ciclo do gado e no ciclo heroico dos cangaceiros.” (Vaqueiros e Cantadores).

A vida, proezas e lutas de Antonio Silvino, o cangaceiro de Afogados da Ingazeira – PE foi, basicamente, escrita em versos dos poetas populares, chegando a mais de uma centena os cordéis publicados. Na bibliografia cangaceira, talvez seja o nome mais divulgado pelos violeiros e poetas de bancada. Pra se ter uma ideia, sobre Jesuíno Brilhante, o cangaceiro de Patu – RN, não tem uma vintena de títulos impressos em cordéis. Só sobre Lampião, passa e muito de cem títulos publicados. E sobre as Mulheres cangaceiras, não chega a cinquenta.


Dentre os inúmeros cordéis publicados, relacionados ao tema cangaço, que chega a mais de um milheiro de títulos, há fatos verídicos e inventados; há proezas, covardias, heroísmos, horror e humor. Há fatos, datas e dados que, com um bom filtro, podem ser usados nas pesquisas históricas, geográficas e sociais. 

Porém, faltava um trabalho sério e abrangente como este do poeta cordelista, doutor e professor Marcos Medeiros. A fauna e a flora da Caatinga, que abrange o denominado Polígono das Secas, indo até mais além no litoral potiguar e cearense, palco de atuação dos bandos de cangaceiros, desde o Cabeleira até o seu nome maior, Virgolino Lampião. Pois bem, o professor poeta, usando de sua sabedoria (ô hômi sabido!) e de seus conhecimentos na sua área de pesquisas, conseguiu mostrar o que todo sertanejo conhece, - ‘derna de minino’ – no uso de animais e plantas do sertão. Na alimentação e nas meizinhas, tendo-os como fontes de subsistência e ‘refrigério’ nas horas das necessidades.
Com esse teor e essa temática, este é o primeiro Cordel Ecológico ‘abarcando’ o ciclo do Cangaço. Muito bom, cabra! Teje dito.

(*) Poeta, pesquisador e agrônomo. Membro da ANLIC – Academia Norteriograndense de Literatura de Cordel; do ICOP – Instituto Cultural do Oeste Potiguar; do IHGRN – Instituto Histórico e Geográfico do RN; da SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço. Conselheiro do CC - Cariri Cangaço.

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BENJAMIN ABRAHÃO BOTTO.

Por Geraldo Júnior

Antigo secretário particular do Padre Cicero do Juazeiro e responsável pelo registro das fotografias e filmagens de Lampião e seu bando que foram realizadas durante os anos de 1936/1937.

Essa fotografia acima foi registrada durante o mês de abril de 1938 em Recife/PE durante visita a seus familiares (Elihimas). 

Na fotografia Benjamin Abrahão aparece abraçado ao seu sobrinho, Aziz Francisco Elihimas. No mês seguinte, precisamente no dia 07 de maio de 1938, Benjamin Abrahão foi assassinado com 42 facadas na pequena Pau Ferro/PE, atual cidade de Itaíba/PE, onde foi sepultado.

Provavelmente essa fotografia tenha sido a última imagem de Benjamin Abrahão em vida.

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PRINCESA DO SERTÃO - DOCUMENTÁRIO DA TV SENADO - BLOCO 3

https://www.youtube.com/watch?v=-kRBNh_B8l8

Publicado em 29 de jul de 2016
No município de Princesa, no sertão da Paraíba, em 1930, o coronel José Pereira entrou em desavenças políticas e econômicas com então presidente da Paraíba, João Pessoa, deflagrando a Revolta de Princesa.
Publicado na internet em 17/12/2010
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VISITANDO BREJO DO CRUZ-PB

Por Kydelmir Dantas

Visitando Brejo do Cruz-PB... Acervo do amigo Aurílio Santos, fotógrafo e poeta; amigo, admirador, colecionador e curador do ACERVO CULTURAL ZÉ RAMALHO... Quando tiverem um tempo, passem por lá... Vale a pena visitar a Pedra de Turmalina e o Terreiro da Usina... 







Em maio deverá ter um grande encontro de fãs e admiradores da obra do ZR, da poesia e da literatura de cordel... Juntos estaremos lá!!!

Fonte: https://www.facebook.com
Página: Kydelmr Dantas

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