Seguidores

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

VIVA A AÇÃO NO GOITI

Por Clerisvaldo B. Chagas, 20 de fevereiro de 2017 - Escritor Símbolo do Sertão Alagoano - Crônica 1.638

O rio Perucaba, cujo início em Arapiraca havia sido transformado em açude, foi urbanizado. O seu entorno, virou área de lazer e, em beleza, nada deve a nenhum semelhante do Brasil. O simples açude redescoberto passou a se chamar “Lago do Perucaba”. Essa área de lazer tão bela é hoje o principal atrativo da cidade e motivo de intenso orgulho do povo arapiraquense.

AÇUDE DO GOITI. Foto: (baixaki.com).

Apenas complementando, o rio Perucaba despeja no rio São Francisco, após formar a lagoa do Banguê, na Marituba de Baixo, em Penedo. Gostou do detalhe informativo?

Pois bem, em Palmeira dos Índios existe o açude do Goiti, no centro da cidade e que possui uma longa história desde o Século XIX. Mesmo urbanizado, muitas coisas ainda faltam para que o local se transforme no segundo Lago Perucaba.

Mas nessa luta humana contra e a favor da Natureza, chega uma ótima notícia de Palmeira dos Índios. As autoridades deram início a uma grande limpeza no açude e no entorno. Quando terminarem todo serviço mais grosseiro, será a vez da retirada do assoreamento. Falam em iluminação, pintura e tudo o mais.

De acordo com o secretário de urbanismo Marcos Bezerras, até o final do ano será feito uma passarela ao redor de todo o lago, que servirá como área de lazer para a população:

“As pessoas vão poder fazer caminhadas ao redor do Lago, que já estará iluminado e limpo, com o trabalho de nossas equipes. Também existe um projeto para revitalizar toda a área do Lago, ou açude, como muitos conhecem. Queremos que esse, que é um dos nossos cartões postais, realmente atraia turista e seja um ambiente de lazer para os palmeirenses (...)”. (Tribuna de Alagoas, 18.02.2017).

A propósito, Goiti é a serra em cujo sopé fica o açude. No cimo, como foi colocada uma estátua do Cristo com os braços abertos, passou o local à denominação popular: “O Cristo do Goiti”, bem como “O Açude do Goiti”.

A serra do Goiti faz parte, geograficamente falando, do relevo de Alagoas da Escarpa Ocidental.

Depois contaremos mais.



http://blogdomendesemendes.blogspot.com

ASSIM COMO AS ANDORINHAS, ASSIM COMO OS GAVIÕES

*Rangel Alves da Costa

O viver é assim como um viver de andorinhas e gaviões. Na concepção popular, andorinha simboliza luta, esperança, perseverança, a metamorfose, a vontade de realizar. Já o gavião, como toda ave de rapina, predadora e carnicenta, simboliza a perseguição, a destruição, através de voos rasantes para destruir os sonhos de outros voos.

Também conhecida como ave da partida e do regresso, a andorinha representa o eterno retorno e a ressurreição, em despedida e retorno para o recomeço. Busca refúgio no inverno para reaparecer no verão. Mas nunca voa muito distante, pois sempre preocupada em retornar para reiniciar os seus planos futuros e os seus próximos voos.

Já o gavião é um poderoso predador que não se inibe em atacar qualquer presa. Astuta, evita a copa alta das árvores para se manter furtivo entre os arbustos, de onde dá voos certeiros para atacar o que estiver ao redor. Parente e muito aproximado na aparência do carcará, faz da carniça um de seus pratos prediletos. Contudo, gosta mesma de ferroar suas vítimas para sentir a vida se esvaindo no sangue que incessantemente jorra.

Como visto, cada ave com seu jeito de ser, com seu estilo próprio de viver e de se alimentar. A andorinha, sem atacar ou ferir os demais animais, sobrevive dos grãos e restos encontrados nos seus pousos. O gavião, sempre violento e faminto, não mede consequências para fazer de vítima o mais inocente dos animais. Sua sanha é tamanha que leva no bico a marca sangrenta daquilo que vitimou.

Então vai a andorinha em seu voo pacífico, em seu voo leve, com seu destino de horizonte. Deseja apenas seguir, voar e voar muito mais, para depois retornar na mesma placidez da partida. Então, de baixo, avistando a liberdade da andorinha ao alto, o gavião logo imagina um jeito de tornar aquela paz em grito de dor e de aflição. Não deseja mais que a andorinha cumpra seu destino de vida, e sim que se prostre ante o punhal no seu bico.

Então a andorinha percorre sua estrada nas alturas sem ao menos imaginar que já foi avistada como vítima. Segue seu voo sem pensar que a maldade lhe aguarda no retorno, sem imaginar que sua paz já se ressente da ameaça. Enquanto isso, na sua persistência maldosa, o gavião afia suas garras, toma seu veneno, se alimenta de um ódio incompreensivelmente concebido. E se prepara para dar fim ao destino de paz da andorinha.


Na natureza, apenas uma presa e um predador. Aliás, é lei natural que assim aconteça, mas pelo instinto da sobrevivência e não pela simples maldade. Significa que alguns animais submetem a outros para se alimentar, para afastar perigos, para delimitar territórios. Porém, se aproxima demais do humano quando inverte a realidade do destruir para sobreviver para a mera dizimação pela infame crueldade.

Urubus e carcarás também são assim. São carnicentos, agourentos, terríveis predadores. São domados por instintos sanguinários e cruéis. São frios na ação e impiedosos na violência. São insensíveis e desumanos, acaso nas aves de rapina existisse um laivo de humanismo. Ferem, furam, bicam, cortam, sangram, fazem jorrar as seivas vitais das mais inocentes vidas. O pior é que nem sempre para se alimentarem, mas tão somente pela motivação da maldade.

Não seria errôneo se tudo isso fosse dito com relação ao ser humano. Pessoas existem que são verdadeiros predadores, que são terríveis e temíveis rapinas, que agem não pela necessidade de defesa, mas pelo simples desejo de ferir, magoar, violar a paz e a vida. Pessoas ocultadas em gaviões que outra coisa não fazem senão atacar a vida alheia. Então aquela pessoa que apenas procura viver como andorinha, seguindo o seu destino de passo e luta, de repente passa a ser atacada pela crueldade do próximo.

Gaviões humanos que alardeiam falsidades, que alastram mentiras, que semeiam discórdias, que se regozijam com o sofrimento do outro. Predadores humanos que vivem à caça da paz para torná-la em aflição, que vivem à espreita da felicidade para transformá-la em sofrimento, que se preocupam somente em subtrair as esperanças e os contentamentos. Numa selva tão vasta e tão enegrecida, eles estão por todo lugar. Os olhos são avistados, os passos ouvidos, as presenças sentidas.

Ante as tocaias dos gaviões, triste do destino das andorinhas humanas. Há uma vida inteira a ser vivida pelos que desejam viver, há uma felicidade que alguns desejam abraçar, mas em meio à selva de asfalto e chão sempre aqueles que cruzam os caminhos para, a todo custo, impedir a caminhada. Talvez não contentes com si mesmos, partem com venenosos punhais em direção aos que desejam apenas voar seus sonhos, suas vidas, suas esperanças. E por isso tanta violência e tanta maldade no mundo.

Mas que sigam as andorinhas. Que busquem seus céus e horizontes. Os gaviões não alcançam tudo. E contra todo predador haverá um predador ainda maior: o homem na sua autodestruição.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com 

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

CARAVANA CARIRI CANGAÇO DE CARNAVAL 2017

Por Manoel Severo

Quando nos referimos ao empreendimento Cariri Cangaço e ressaltamos que trata-se de uma extraordinária construção coletiva, muitos não conseguem perceber a intensidade desse significado e como foi, é e será vital para o desenvolvimento não só de nosso evento, mas do sentimento que norteia nossas ações. O Cariri Cangaço é mantido por um instituto cultural: Instituto Cariri do Brasil, com personalidade jurídica, uma diretoria executiva, responsável pela legalidade de sua institucionalidade; tem em seus Estatutos a prerrogativa de manter um Conselho Consultivo de até 50 componentes; hoje o Cariri Cangaço possui 30 Conselheiros; personalidades ligadas aos objetivos do instituto e que representam 8 estados da federação; e ainda um Curador, responsável pelas principais ações e representações da Marca Cariri Cangaço, são esses, unidos a uma Nação apaixonada pelo nosso chão que fazem tudo acontecer.

O período de carnaval se aproxima. Basicamente em função de nossas atividades profissionais nos impedirem de costumeiramente viajarmos de modo mais prolongado, acabamos aproveitando essas brechas do calendário para intensificarmos encontros e reuniões com confrades de todo o Brasil, na direção da construção da agenda Cariri Cangaço para os anos de 2017 e 2018.

Ingrid Rebouças e o Cariri Cangaço...

Desta vez estaremos saindo de Fortaleza nesta sexta-feira, dia 24 de fevereiro, direto para Floresta em Pernambuco, a parada técnica nos permitirá chegar a tempo em nosso primeiro compromisso de trabalho: Município de Água Branca nas Alagoas, terra de nosso Conselheiro Edvaldo Feitosa,e a seu lado e ainda dos Conselheiros, Celsinho Rodrigues, João de Sousa Lima,Manoel Serafim, Archimedes Marques e Antonio Vilela, seremos recebidos pelos senhores, prefeito; José Carlos e vice,o amigo Moita. A reunião será as 10h da manha do dia 25, na pauta o consorcio para a realização de mais um festejado Cariri Cangaço em uma das mais belas e aconchegantes cidades do sertão.

O período da tarde do sábado nos reserva uma outra importante agenda. No vizinho município alagoano de Delmiro Gouveia, a Secretária de Cultura, Patricia Brasil, ao lado do prefeito municipal, Padre Eraldo, recebe o Conselho do Cariri Cangaço para reunião de trabalho: A força da memoria e historia de Delmiro Gouveia chegando no Cariri Cangaço de forma magistral, consolidando de vez o estado de Alagoas como sede importante e vital do Cariri Cangaço. 

Alcino Alves Costa, Patrono do Conselho do Cariri Cangaço

No domingo de carnaval, dia 26, a "Lapinha do Sertão", a mais bela cidade ribeirinha do país; Piranhas, recebe a Caravana Cariri Cangaço para as onze da manha partir para o berço de nosso patrono: teremos a honra de visitar a emblemática Poço Redondo, berço do Caipira mais famoso do cangaço, Alcino Alves Costa e será em seu Memorial, as 11:30h da manha a primeira reunião do Conselho Cariri Cangaço, com a presença de Rangel Alves da Costa e do prefeito municipal Junior Chagas, além de outras personalidades da vida cultural de Poço Redondo. na pauta a possibilidade da chegada do Cariri Cangaço também de forma oficial em Poço Redondo. A noite novamente arrancharemos na espetacular Piranhas.



Segunda-feira de carnaval, dia 27, dia Sagrado ! Sairemos de Piranhas, passaremos em Petrolândia para abraçar o estimado Jadílson Ferraz e seguiremos para almoçar em Floresta, ali ao lado dos Conselheiros, tendo  a frente Manoel Serafim, e ainda confrades do GFEC; Marcos de Carmelita, Cristiano Ferraz, Amelia Araujo, Ana Gleide, Betinho Numeriano, Giovane Gomes de Sá, Denis Carvalho, Leo Gominho e muitos outros confrades, teremos a tarde uma grande reunião de trabalho para consolidação do segundo Cariri Cangaço em Floresta. O dia ainda marca reunião com o prefeito municipal de Floresta, Ricardo Ferraz.



A Terça-feira de carnaval, 28 de fevereiro, temos agenda semelhante na Vila mais famosa do cangaço. Nazaré recebe a Caravana Cariri Cangaço para a primeira reunião de nivelamento para a realização do Cariri Cangaço Centenário de Nazaré; dentro dos festejos preparados pela comunidade em celebração aos seus 100 anos de fundação. A família nazarena tendo a frente Rubelvan Lira promoverá esse encontro a partir das 10 da manha. A tarde partimos para a Fazenda São Miguel do inesquecível "Seu Luiz de Cazuza", em Serra Talhada em visita de cortesia e trabalho.

Helena Câncio, da Fundação Padre João Câncio

A quarta-feira de cinzas, dia 01 de Março, nos reserva ainda mais uma agenda importante de trabalho. Na cidade pernambucana de Salgueiro, estaremos sendo recebidos por Helena Câncio, presidente da Fundação Padre João Câncio; dentro do esforço de aproximação institucional e operacional entre a Fundação, que promove dentre outras iniciativas de sucesso, a festejada Missa do Vaqueiro, de Serrita; e o Cariri Cangaço. Haja fôlego... Mas sem dúvidas, um carnaval diferente com som do "baião " do Rei Luiz Gonzaga e cheiro de sertão. Nos aguardem , tudo o que aconteceu e acontecerá nesta agenda da Caravana Cariri Cangaço de Carnaval, acompanharemos através deste Blog. 

Manoel Severo
Curador do Cariri Cangaço
23 de Fevereiro de 2017
Fortaleza, CE

http://cariricangaco.blogspot.com
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS NO TEXTO DO ARTIGO 26, DO COMPOSITOR CEARENSE EDNARDO

Por Anchieta Pinheiro Pinto²
https://www.youtube.com/watch?v=p5rsMmgivAQ

AUTOR EM DESTAQUE:

Ednardo, compositor contemporâneo, autor de composições antológicas das décadas de 70 
e 80, como Pavão Mysteriozo e Terral; 
nome de destaque no grupo chamado de 
Pessoal do Ceará e organizador ativo do coletivo cultural Massafeira (1979-1980). 
Palavras chaves: Educação, Filosofia, Música.
7.08.01.01-0  Filosofia da Educação

INTRODUÇÃO
             
A comunicação aqui apresentada é construída a partir de uma leitura com análise crítica do texto da música “Artigo 26”, do compositor cearense Ednardo, ou José Ednardo Soares Costa Sousa (nascimento em 17/04/1945), encontrando nele referências diretas à Declaração Universal dos Direitos Humanos e indícios de resistência cultural e valorização dos elementos regionais, em detrimento das imposições filosóficas e socioculturais do status quo. De modo paralelo, tal análise nos possibilita a redescoberta de presságios iniciais das estéticas simbolistas e modernistas em terras nordestinas.
              
A canção de Ednardo aqui analisada como texto, divulgada inicialmente no LP Berro de 1976, chegou com maior impacto ao grande público no final dos anos de 1970 e início da década de 1980, com o compositor, autor de mais de trezentos textos de músicas divulgadas, ganhando maior notoriedade nos anos 80, junto com seus conterrâneos Belchior e Fagner, em apresentações e reuniões musicais que os definiam como o “Pessoal do Ceará”.  Para acompanharmos essa leitura, cabe-nos apresentar o escrito por inteiro, corroborando com a posterior análise:

ARTIGO 26³

https://www.youtube.com/watch?v=wnGLWiZTpwQ

Olha o padeiro entregando o pão 
De casa em casa entregando o pão 
Menos naquela, aquela, aquela, aquela não 
Pois quem se arrisca a cair no alçapão? (BIS)
Anavantu, anavantu, anarriê 
Nê pa dê qua, nê pa dê qua, padê burrê 
Igualitê, fraternitê e libertê 
Merci bocu, merci bocu / Não há de quê!
Rua Formosa, moça bela a passear 
Palmeira verde e uma lua a pratear 
Um olho vivo, vivo, vivo a procurar
Mais uma idéia pro padeiro amassar (BIS) 
Anavantu, anavantu, anarriê 
Nê pa dê qua, nê pa dê qua, padê burrê 
Igualitê, fraternitê e libertê 
Merci bocu, merci bocu / Não há de quê! 
Você já leu o artigo 26, 
ou sabe a história da galinha pedrês? 
E me traduza aquele roque para o português 
A ignorância é indigesta pro freguês (BIS)
Anavantu, anavantu, anarriê 
Nê pa dê qua, nê pa dê qua, padê burrê 
Igualitê, fraternitê e libertê 
Merci bocu, merci bocu / Não há de quê! 
Você queria mesmo, é ser, um sanhaçu  
Fazendo fiu e voando pelo azul 
Mas nesse jogo lhe encaixaram, e é uma loucura  
Lá vem o padeiro, pão na boca é o que te cura  (BIS) 
Anavantu, anavantu, anarriê 
Nê pa dê qua, nê pa dê qua, padê burrê
Igualitê, fraternitê e libertê 
Merci bocu, merci bocu / Não há de quê! 
3. LP Berro. Gravadora RCA Victor, 1976.

1. METODOLOGIA
       
Neste artigo, serão feitas algumas reflexões a respeito do assunto Direitos Humanos a partir da educação, construindo-se um  estudo hermenêutico epistemológico que toma como base inicial o texto da música “Artigo 26”, no qual surge de forma emblemática a reflexão filosófica acerca da necessidade de oferta de educação e conhecimento para todos. A fim de alcançar os objetivos propostos ao longo de tal estudo, pretende-se analisar o texto em foco observando-se, em seu corpus, elementos e excertos que podem:  a) ser comparados ou mediatizados com a alegação de que, pela ótica da análise do discurso (ORLANDI, 2002), a linguagem jamais é neutra;  b) sugerir, de encontro com o Diálogo de Platão (PLATÃO, 1993), a descoberta da educação como “órgão” de visão que faz o “ser” sair integralmente das trevas, agregando-se à construção do cidadão da polis; c) demonstrar o elo filosófico com a mensagem humanística do Iluminismo francês; d) expressar a coerência do discurso ednardiano com o da Declaração Universal dos Direitos do Homem, da ONU; e) dimensionar a função didática e social dos “padeiros” aludidos pelo compositor, face à influência da belle époque e à doutrina assumida pelos estatutos da padaria espiritual que, conforme Sânzio de Azevedo (AZEVEDO, 1983), visaram normatizar a atuação da agremiação; Ademais, será desenvolvida uma discussão sobre os valores circulantes, em especial os de natureza cultural, guindando-os aos fatores sócio-históricos, artísticos ou científicos nos quais a educação está sempre imbricada.
    
2. PADEIRO: UM OLHO VIVO A PROCURAR MAIS UMA IDEIA
            
Aparentemente, o texto musical do “Artigo 26” foi composto como homenagem à Padaria Espiritual, uma curiosa agremiação cultural criada na cidade de Fortaleza, Ceará, em 1892 por alguns “rapazes de Letras e Artes”, dentre eles    o    músico    Henrique    Jorge  (10/02/1872 a 06/10/1928), os poetas simbolistas Lopes Filho (1868 – 1900) e Lívio Barreto (1870 – 1895),  e o romancista e poeta Antonio Sales (13/06/1868 a 14/11/1940). Porém, uma leitura mais aguçada de suas linhas pode nos sugerir uma visão mais didática e filosófica do texto em questão. Comecemos essa análise pelo título, compreendendo sua significação.
            
O título, enunciado como um mote direto para a significação da mensagem, tem referência literal expressa no Artigo 26 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que dispõe que: "Todo ser humano tem direito à instrução." E dela não sendo servido, certamente vai ficar no prejuízo posterior. 

Compreendendo a concepção de “instrução” como essência das prerrogativas de uma educação para todos, coerente com as concepções humanísticas dos Iluministas franceses, por exemplo ̶ para lembrar dos ideais do Humanismo europeu ̶, ocorre-nos que, de modo embrionário, essa noção filosófica e educacional já preexistia desde a constituição filosófica do homem grego, perspassando os objetivos da Retórica ou da Matemática,  posto que a finalidade maior concentrava-se na construção das potencialidades do homem social em si e na consecução deste como indivíduo cidadão da polis. Nesse caso, é na República de Platão que o assunto se acentua, quando está dito o seguinte:

(…) Como um olho que não fosse possível voltar das trevas para a luz, senão juntamente com todo o corpo, do mesmo modo esse órgão deve ser desviado juntamente com a alma toda das coisas que se alteram, até ser capaz de suportar a contemplação do ser e da parte mais brilhante do ser. A isso chamamos o bem. 
Ou não? - Chamamos. 

- A educação seria, por conseguinte, a arte desse desejo, a maneira mais fácil e mais eficaz de fazer dar a volta a esse órgão, não a de fazer obter a visão, pois já a tem, mas uma vez que ele não está na posição correta e não olha para onde deve, dar-lhe os meios para isso (…) (PLATÃO, 1993, 518 C-D).

Textualmente, a composição da canção de Ednardo começa com os versos “Olha o padeiro entregando o pão / de casa em casa, entregando o pão”. A referência inicial é a dos “padeiros” (como eram chamados os sócios da Padaria Espiritual) distribuindo o “Pão” (o folhetim cultural da padaria) de porta em porta. A idéia de criar uma espécie de “padaria” para produzir cultura e conhecimento, para gerar/produzir um pão para alimentar o espírito dos necessitados, parece-nos que brotou de um ''insight'' do gênio inventivo de Antônio Sales, no momento em que o romancista e poeta degustava um pão. Nascia dali a idéia de fabricar um pão para alimentar o espírito do povo, concebido como metáfora da multiplicação do conhecimento. Certamente é dessa relação metafórica, mais filosófica e cultural do que religiosa, que se alimenta a construção do texto musical de Ednardo. 

3. A PADARIA ESPIRITUAL E SEU ESTATUTO

Todavia, em se tratando de Padaria Espiritual, observemos que, indo além de uma “alimentação” despretensiosa, a proposta cultural daqueles aludidos padeiros traz inerentes marcas de pioneirismo e pré-modernidade, uma vez que, numa época marcada pelo academicismo da literatura (1892-1896), é possível notar no gesto cultural e pedagógico o traço transgressor que dá forma às manifestações públicas e privadas realizadas pelo grupo, que enfatiza a rigor a defesa do localismo e a aversão ao estrangeirismo, em especial o francês. Isso, notadamente, na esteira da dinâmica movimentação sócio-politica e cultural da  transição do século XIX para o XX (nossa passagem da Monarquia para a República). A defesa desses pontos de vista aludidos, que nitidamente antecipam ideias do nosso modernismo literário, fica patente no Estatuto da Padaria Espiritual, publicado com quarenta e oito (48) artigos nas páginas do Pão. Contrariando o espírito cultural do período, este Estatuto pregava, por exemplo, a proibição do uso de palavras estranhas à língua vernácula, no artigo 14, e a recusa do tom oratório (tão ao gosto dos parnasianos) nas palestras e publicações, pretensão do artigo 11. Todavia, seguramente os dois artigos que davam maior seriedade à agremiação eram os seguintes:

02) A Padaria Espiritual se comporá de um Padeiro-Mor (presidente), de dois Forneiros (secretários), de um Gaveta (tesoureiro), de um Guarda-livros na acepção intrínseca da palavra (bibliotecário), de um Investigador da Coisas e das Gentes, que se chamará Olho da Província, e demais Amassadores (sócios). Todos os sócios terão a nomeação geral de Padeiros. […]

21) Será julgada indigna a publicação de qualquer peça literária em que se falar de animais ou plantas estranhos à Fauna e à Flora brasileiras […] 

Embora nitidamente adotando um ideário nacionalista de oposição ao pensamento do colonizador, e a despeito da empolgação própria dos discursos juvenis, esses rapazes não negaram o valor dos grandes escritos e dos pensadores anteriores, como Goethe e suas obras, além de Shakespeare, Dante, Hugo, Camões, Homero e José de Alencar, tomando-os também como referência e mostrando o caráter consciente da agremiação, uma vez que, assim, recusava-se qualquer nacionalismo deformado, exacerbado, e compreendia-se num pensamento nacionalista abraçado à causa da valorização das referências da terra. Certamente, similar ao que foi feito pela Semana de 1922, estavam com antecipação de três décadas, procurando amadurecer a vitória de nossa brasilidade, aglutinando parcela salutar dos conhecimentos europeus, em benefício da construção da identidade nacional; com o Pão, ofertado diretamente aos cidadãos, na função de veículo dessas valorosas pretensões didáticas.

4. O PÃO E OS PERIGOS DO ALÇAPÃO

Com alma livre e irreverente, a distribuir o “Pão” da cultura em todos os meios de uma metrópole encantada com o espírito da Belle Époque, esses padeiros negavam a aristocracia e vestiam seus ideais de  irreverência e senso crítico, além do sincretismo literário, como exemplo de dispersão do saber. Reiteramos: a idéia da dispersão do saber é a referência mais marcante a seguir, exposta a partir do título da canção de Ednardo: “Artigo 26”. 
              
Vale aqui lembrar que a canção foi escrita nos primeiros anos do Regime Ditatorial no Brasil (1964-1984), numa época onde predominava na Educação uma forte influência externa e uma crescente evolução do domínio cultural norte-americano sobre o país. Repito aqui os versos musicados que dizem: “Você já leu o artigo 26; Ou sabe a história da galinha pedrês?; E me traduza aquele roque para o português; A ignorância é indigesta pro freguês”. Como já citamos anteriormente, a música de Ednardo, aqui em análise, veio ao público no LP Berro, de 1976 (Gravadora RCA Victor). Neste Long Play, de espírito tão próximo da visionária padaria citada, ressalta-se a necessidade da distribuição da cultura, especialmente a partir da valorização dos elementos regionais, nada obstante o grito de alerta ainda não tenha sido escutado pela maioria das pessoas, que preferem, ainda hoje, por desconhecimento, o encanto das culturas alheias dominantes. Somente escapando desse encantamento e da “ignorância” é que cada pessoa pode ser livre, como o sanhaçu da música, citação do pássaro rebelde genuinamente brasileiro; livre para cantar solto no céu, mas sempre nas asas da educação, porque sem instrução e sem cultura o cidadão torna-se uma presa fácil da manipulação do sistema sociocultural. Como diz o texto: “Você queria mesmo é ser um sanhaçu; Fazendo fiu e voando pelo azul; Mas nesse jogo lhe encaixaram, e é um loucura; Lá vem o padeiro, pão na boca é o que te cura."

Como a ousada aventura contava com alguns contraditórios – especialmente daqueles para quem a instrução do povo sempre foi algo assustador –, para os padeiros havia o receio de entregar o "Pão" naquela casa e ser alvo de violência verbal ou contestação. É por isso que se diz "Menos naquela, aquela, aquela, aquela não; Pois quem se arrisca a cair no alçapão?". E alçapão, um termo tão usual no período posterior ao AI-5 no Brasil, quando predominaram as prisões de intelectuais nos porões e alçapões do Estado opressor.

Ainda sugerindo ideais de liberdade é que a canção exalta a tríade “Igualité, Fraternité e Liberté”, paradigmas cultuados pela Revolução Francesa, mas menosprezados cotidianamente, na prática, pela burguesia já vitoriosa. No caso do exercício de distribuição da cultura pelos “padeiros”, o “educando” agradecia o "Pão" recebido, em francês, idioma à moda na época (Merci bocu, merci bocu – Obrigado, obrigado), ao que o padeiro respondia, inicialmente em francês (Nê pa dê qua, nê pa dê qua – de nada, de nada), sugerindo  passos de balé (padê burrê), para depois sublinhar em português que "não há de quê!", após citar de modo brejeiro, os passos em francês de nossa quadrilha matuta: “anavantu, anavantu, anarriê”.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para além de uma mera homenagem, a composição de Ednardo abraça uma mensagem bem mais didática e filosófica. Como Orlandi (2002, p. 95) afirma, “a linguagem não é jamais inocente”; ou seja, ela não se mostra ou se apresenta como neutra. Pelo contrário, sempre há algo a mais a ser dito, além do que está exposto nas palavras que compõem o “dizer”, e atravessando os sentidos possíveis, porém escondidos nas entrelinhas.  Ainda mais se tratando de obra realizada no período em questão, oriunda de um compositor tão polissêmico. Um compositor que, embora pouco acionado pelos atuais veículos de mídia,  mantém público fiel, que mais se aproxima da sua obra com o hoje estrondos  o   avanço da internet. E para Ednardo, certamente o que muito caracteriza seu pensamento é a marca inconteste de nunca ter se reconciliado candidamente com o mundo em que vive, construído por desigualdades econômicas e sócioculturais. Na composição em foco, sobressalta claramente sua verve desconcertante, resgatando a utopia didática dos padeiros da Padaria Espiritual e confirmando, num tempo onde quase todos os valores assumem identidade de produto, a sua marca de permanente desafiador de ideias prontas. 

6. REFERÊNCIAS

ALVAREZ, KLÁUDIA. Música do Ceará. Disponível em:   
AZEVEDO, Sânzio de. A Padaria Espiritual e o Simbolismo no Ceará. Fortaleza-CE: Edições IOCE, 1983. 
AZEVEDO, Sânzio de. Literatura Cearense. Fortaleza-CE: Edições Academia Cearense de Letras, 1976. 
BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura brasileira. São Paulo: Edções Cultrix, 2001.
FEITOSA, Soares. Estatutos da Padaria Espiritual. Disponível em: <http://www.jornaldepoesia.jor.br/espi.html> Acesso em 27/11/2016.
MELHORAMENTOS. Michaelis Dicionário Escolar Francês. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/escolar-frances/> Acesso em 27/11/2016.
OBVIOUS. A Padaria Espiritual: movimento cultural precursor da Semana de Arte Moderna de 22. Disponível em: <http://lounge.obviousmag.org/promiscuidade_artistica/2013/10/a.html#ixzz4RQ9JaYH4> Acesso em: 27 de nov. 2016.
ORLANDI, Eni P.  Análise de Discurso. 4.a edição. Editora Pontes. Campinas-SP: Edições Pontes,  2002.
OLIVEIRA, Paulo Eduardo de (org.) Filosofia e educação: aproximações e convergências.
Curitiba-PR: Círculo de Estudos Bandeirantes, 2012. 
PEIXOTO, Mariana. Ednardo Lança Livro e Álbum Massafeira. Disponível em:
Acesso em 27/11/2016.
PLATÃO. A República. Trad. Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa: Ed. Fundação Calouste Gulbenkian, 1993. 
QUADRADA DOS CANTURIS. Ednardo, discografia. Disponível em: <http://quadradadoscanturis.blogspot.com.br/2014/09/ednardo-discografia.html>
Acesso em 27/11/2016.
SOUSA, José Ednardo Soares Costa. Ednardo.Disponível em:<  http://www.ednardo.art.br/novo> Acesso em 27/11/2016.     
SOUSA. José Ednardo Soares Costa. Letras, de Ednardo. Disponível em: <http://www.letras.com.br/ednardo> Acesso em 27/11/2016.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com


PRESENTE AO PROFESSOR PEREIRA


Hoje (23/2/17) é dia do aniversário do historiador, livreiro e enciclopédia de livros sobre o Nordeste: Prof. Francisco Pereira de Lima de Cajazeiras - Pb.

Parabéns pela sua enorme contribuição para a história do Nordeste, e que seja muito feliz junto à família e aqui com a cabroeira! Felicidades e o grupo dá de presente ao sr. uma cama de livros para descansar!



Abraços, bibliófilos do grupo "O Cangaço!”

Obs: Os e-mails do professor Pereira são: fplima1956@gmail.com e franpelima@bol.com.br para encomendas de livros.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1066671863478552&set=gm.1479075885438858&type=3&theater

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

COM O CANHÃO A MATADEIRA QUE DESTRUIU A CIDADE DE CANUDOS NA BAHIA EM 1897.

Material do acervo do pesquisador/historiador Guilherme Machado

O Withworth 32 era uma geringonça de 1,7 tonelada, que precisava de 20 juntas de bois para ser puxado. Os sertanejos apelidaram-no de "matadeira". A condução dessa poderosa máquina de guerra até os sertões da Bahia afigurou-se um erro de estratégia dos militares, visto tratar-se a mesma de uma peça excessivamente pesada e, por conseguinte, imprópria para regiões acidentadas, como aquela em que tinha curso o conflito armado entre o exército brasileiro e os adeptos de Antônio Conselheiro. Tratava-se de um artefato de uso da marinha do Brasil, que acabou incluído no rol de armamentos destinados à guerra de Canudos. Sobre ele escreveu Euclydes da Cunha: “...A pesada máquina, feita para a quietude das fortalezas costeiras - era o entupimento dos caminhos, a redução da marcha, a perturbação das viaturas, um trambolho a qualquer deslocação vertiginosa de manobras”. E arremata: “Era preciso, porém, assustar os sertões com o monstruoso espantalho de aço” ( CUNHA, Euclydes da. Os Sertões, 1ª edição. Rio de Janeiro: Laemmert & C. Editores, 1902, p. 391). “Era dificílimo acertar o alvo com esse canhão. A balística exigia cálculos a cada tiro, havia mais de um engenheiro para cada canhão”, afirma o escritor Godofredo de Oliveira Neto, sobrinho neto do general Mesquita, oficial na guerra de Canudos. No dia 29 de junho (1897), durante intenso canhoneio, o Withworth 32 sofreu uma explosão, provocando a morte de dois oficiais do exército: o médico Alfredo Gama e o 2º tenente Odilon Coriolano. A peça estava posicionada no Alto da Favela, de onde tentava bombardear o povoado de Canudos. Alguns historiadores acham que a explosão se deveu a uma sabotagem dos canudenses, que se infiltraram nas tropas da quarta expedição, usando uniformes militares. Certa feita, Antônio Pajeú e Joaquim Macambira Filho formaram um grupo, junto com outros 10 combatentes, para atacar o canhão. Todos foram mortos nesta heroica tentativa. Apenas um conseguiu escapar para contar a história (No hino da artilharia brasileira há uma referência a este fato). Abandonado pelas tropas no final da guerra, o Withowort 32 receberia, anos mais tarde, os cuidados do DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca), sendo posto em imponente pedestal. Em 1940 recebeu a visita do presidente Getúlio Vargas, que cumpria agenda política na Canudos pós-conselheirista. Com a construção do açude do Cocorobó, nos anos sessenta, foi transportado para Salvador, ficando exposto no Museu do Unhão. Em 1983, foi removido para a cidade de Monte Santo, onde permanece até hoje. Ali, ele divide espaço com mais dois monumentos: a estátua do Conselheiro e o busto do marechal Bitencourt. Por José Gonçalves do Nascimento

FONTE: CANUDOS ONLINE

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1099379090166015&set=gm.1479273168752463&type=3&theater

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

DONA LIA NOS ASSENTAMENTOS RURAIS DE MOSSORÓ/RN

Por José Romero de Araújo Cardoso

Minha mãe sempre acompanhava-me aos assentamentos rurais de Mossoró, quando da minha pesquisa do mestrado e mesmo posterior a esta. 


Essa foto eu tirei no assentamento Hipólito, Município de Mossoró/RN, em 18 de novembro de 2001.


A pedido de Ignácio Tavares de Araújo, que solicitou-me postar fotos da irmã bem de saúde, mostro um pouco da alegria de Maria de Lourdes Araújo Cardoso (Dona Lia) ( * Pombal, Paraíba - 29 de outubro de 1926 - + Pombal, Paraíba - 28 de novembro de 2013).

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

MOEMA COVELLO

Foto gentilmente cedida pelo escritor Sousa Neto

Esta é Moema Covello de Araújo filha de Hagahus Araújo Póvoa que é filho de Luís Pereira da Silva ex-cangaceiro Luiz Padre, neto de Andrelino Pereira da Silva, o Barão do Pajeú, avô materno de Luís Padre, sendo este último primo de Sebastião Pereira da Silva o  ex-cangaceiro Sinhô Pereira, que também é neto de Andrelino Pereira da Silva.


Da esquerda para a direita: Vilar, Wilson e Hagahus que são filhos do ex-cangaceiro Luiz Padre - Esta foto recebi de Moema Covello Araújo.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

A GENIALIDADE DE LAMPIÃO

Por Marcos de Carmelita

Após a chacina na fazenda Tapera dos Gilo, Lampião saiu conduzindo seis cangaceiros baleados. Três deles estavam mortos. Ao chegar no Jacurutu, na propriedade do sobrinho de Gilo Donato do Nascimento (patriarca da família Gilo), Manoel Maneca, ele capturou seis trabalhadores que estavam em um corte de madeira e os obrigou a carregar os mortos e baleados, adentrando às caatingas do Tamboriu. 

André (guia) e, na sepultura dos cangaceiros. Foto tirada por Betinho Numeriano, ex-vereador do município e pai de Bia Numeriano, vereadora atual.

Logo mais à frente, ele liberou os rapazes e enterrou em uma só cova, os corpos dos companheiros. Para despistar as volantes, a genialidade do rei do cangaço aflorou quando ele demarcou o local colocando seis pedaços de madeira, simbolizando que todos tinham sido abatidos e não seguia com os feridos, sendo que no local somente três tinham sido sepultados. Como explicar tamanha inteligência e estratégia do Rei do Cangaço? 

Marcos de Carmelita e dona Cícera Rezadeira

Dona Cícera Rezadeira, ainda viva e lúcida, residindo em Floresta, conheceu esse local na sua juventude e viu os seis pedaços de madeira que Lampião deixou no local.

https://www.facebook.com/marcosdecarmelita.carmelita?fref=ts

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

LAMPIÃO ENCONTRA UM GRANDE EMPRESÁRIO SERGIPANO...!!!

Material do acervo do pesquisador/historiador Guilherme Machado

Mamede Paes Mendonça (1915-1995) era proprietário de uma venda no *arraial Ribeirópolis, Sergipe, aí por 1934/35, quando um dia, ao levantar a vista, achou-se diante de indivíduo cor de cobre, cara enfezada e todo aparamentado. Pensou tratar-se de fiscal do imposto de consumo. Murmurou: "Tô campado!". 

Encarando com firmeza, viu que se enganara. O cangaceiro perguntou:

- Vosmicê me conhece?

Mamede ainda não era gago. Respondeu:

- Conhecer não conheço não, mas desconfio.

O cangaceiro tirou as dúvidas: "Saiba que vosmicê está falando com o capitão Lampião".

Foi aí que teve início a gagueira de Mamede:

- Api-pa-pois, ca-pi-ta-tão, o que é que o sa-si-nhor, ma-mi-ma-manda?

Lampião pediu a féria do caixa, carne de bode, rapadura, perfume, balas para mosquetão e parabelo, conhaque Macieira de 5 Estrelas.

- É ca-qui-qui-ca-claro, ca-pi-ta-tão! o sa-si-nhor, la-li-leva ati-ta-té e veeeenda ta-ti-toda!

Depois de tão horripilante encontro, Mamede Paes Mendonça resolveu deixar Ribeirópolis e Sergipe. veio para a Bahia e tempos depois era um mega negociante, mas sempre grato a Lampião.

Fonte blog. Lampião Aceso.

Mamede Paes Mendonça, foto extraída de Serra do Machado Era filho de Elisiário e Maria da Conceição, possuiu uma padaria no povoado Serra do Machado, Distrito de Ribeirópolis-SE. José Mendonça blogspot...!!!
Uma Homenagem ao amigo, Voltaseca Volta,kkkkkkkkk.

Fonte blog 
http://lampiaoaceso.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com