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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

UMA IGNOMÍNIA CONTRA A POPULAÇÃO AGONIA E MORTE DO RIACHO CAMOXINGA

Por Clerisvaldo B. Chagas, 7 de fevereiro de 2017 - Escritor Símbolo do Sertão Alagoano - Crônica 1.631

Após vinte cinco anos de promessas políticas quando parte do centro de Santana do Ipanema, Alagoas, deveria se tornar uma Praça multe eventos, fomos pesquisar os últimos mil metros do riacho Camoxinga.

Riacho Camoxinga antes do Estadual. Foto (Clerisvaldo B. Chagas, 5.2.2017).

Maior afluente urbano do rio Ipanema no município, o riacho Camoxinga, corta a cidade, despeja no coletor principal na área do Comércio e forma o maior bairro com o mesmo nome e que representa hoje a metade do sítio urbano. É o segundo maior símbolo físico de Santana.

Vindo das imediações do sítio Pinhãzeiro, o riacho penetra na cidade por trás do casario que atualmente forma duas ruas conhecidas como Ruas do Colégio Estadual. Até aí as águas são límpidas, pois esse casario usa banheiros e fossas, recolhe o lixo e torna o acesso ao riacho, praticamente impossível para estranhos.

A partir da primeira ponte, ainda em uma das ruas do Estadual, o riacho descamba para atravessar uma segunda rua. Esse pequeno trecho, sendo propriedade particular, ainda permite que o riacho aponte bem na outra via, mesmo recebendo algum lixo dos transeuntes da ponte. Mas a parti daí começa a agonia. Águas de esgotos e fossas são lançadas diretamente no córrego, contaminando toda a área até a sua foz, sem contar com a fedentina insuportável. O riacho faz meandros e corta a BR-316. Esse é o trecho onde se acha jogado todo o lixo do Brasil. Da ponte da BR-316, a carniça banha os fundos do Bairro Artur Morais, onde sai coletando e entulhando, sofás, geladeiras, fogões, isopor, animais mortos, lixo doméstico e lixo das feiras da quarta e do sábado.

Isso tudo é distribuído no Largo onde seria a praça, que despeja pelo transporte alternativo mais de mil pessoas, todos os dias, vindas de cerca de 30 municípios. Ponto de embarque e desembarque de passageiros tratados dentro dos lixões como se fossem cachorros.

Riacho após o Estadual, a ignomínia descarada. Foto: (Clerisvaldo B. Chagas, 5.2.2017).

Fora isso, existe uma invasão de pequenas casas comerciais e barracos de todos os tipos sem critério algum numa terra de ninguém. Até a subida calçada de um beco que dá acesso a parte superior do comércio (beco do peixe) é degradante e só passa por ali quem tem pulmão de ferro.

Não conseguimos concluir o nosso trabalho geográfico porque os atuais donos não deixaram acesso ao leito do esgoto e as tripas não aguentaram subir o riacho por baixo da ponte Padre Bulhões, onde se dá o encontro das podrices.

Nem delegado, nem juiz, nem prefeito, nem padre, nem pastor... Ninguém se preocupa com a parte mais degradante do meio ambiente e das inúmeras doenças que atacam os santanenses.

Foi muito difícil pensar em alimentação depois do que vimos na terra de ninguém!



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CASEBRES DE TRISTES DISTÂNCIAS

*Rangel Alves da Costa

Na roda ou no passo, de lenta passagem ou na correria, de repente meu olhar se alonga para avistar uma terna e entristecida poesia. Uma singela moldura: casebre pobre de beira de estrada, fincado na triste distância do mundo.

Todos os casebres que avisto sempre parecem com a mesma feição. Quase todos erguidos no barro, na vara e cipó, com janela e porta, e uma solidão de remoer sentimento. De telhado baixo, quase rente à portada, tudo tão envelhecido como a própria vida.

O barro caindo ali e acolá, a madeira da janela e porta já carcomida de idade, de vez em quando palhas secas recobrindo as frestas muitas que se abrem nas cumeeiras. Uma gaiola sem pássaro descendo da parede, um couro antigo de boi, um instrumento de trabalho dependurado.

Ao fundo, mesmo que o meu olhar nem sempre consiga avistar, certamente um quintal sem cerca limitando o tamanho, pois tudo se juntando e se embrenhando na pouca mata que se alonga adiante. Quintal de planta seca, de antigo pilão, de purrão, de pedra de lavar roupa, de tronco de pau jogado num canto.

Um quintal tão pobre quanto a pobreza do casebre e seus habitantes. Raramente uma galinha cisca de canto a outro, um cachorro magro ladrando a solidão, um calango passando em correria desenfreada, pois tudo assim: tão pouco, quase nada. Nada de mamoeiro ou jaqueira, de goiabeira ou mangueira.

Há um silêncio instigante em tudo. Imagina-se estar num mundo de mortos, de adeuses dados e despedidas lacrimejadas. O vento sopra mais forte, vai trazendo folhas mortas, bate e rebate no pequeno varal, mas nenhuma roupa para esvoaçar, nada para levar, a não ser as notícias desalentadas de uma solidão de presenças.


Sim, uma solidão de presenças, ainda que pouco se aviste vaca, cavalo ou jegue, ainda que bicho de cria viva escondido acaso existente. E ainda que pouco se aviste os habitantes daquelas distâncias tristes e solitárias. Certamente as vidas se escondem por trás das portas ou estão mais além em busca de uma caça qualquer para a comida do dia.

Já depois do entardecer, quando a boca da noite se anuncia, ainda é possível divisar uma luz anunciando o viver de lá dentro. Luz de candeeiro, de placa, de luminária a gás. Também é possível sentir o cheiro de um café forte borbulhando no fogão de lenha, de uma banha de porco esperando o ovo ou a tripa, de um cuscuz suando seu delicioso sabor.

Mas quando um cheiro assim não é sentido? O que fazem os habitantes desse mundo para sobreviver, para enganar a barriga, para não adormecer no ronco da fome? Talvez um resto de farinha, um pedaço adormecido de pão, um pedaço de qualquer coisa que restou de outros restos. Triste imaginar que a mesma situação com a presença de crianças, de folhos pequenos e até de colo.

As pessoas que vivem nesse mundo também parecem todas iguais. Olhares profundamente tristes, rostos magros curtidos de sol, mãos ossudas e pés calejados de ponta de pedra e espinhos de chão. Mas o sorriso sempre aberto em gestos afetuosos para receber todo aquele que bater à porta. E logo oferecem o tamborete, uma xícara de café, um ovo, o que possam dispor para bem receber e agradar o visitante.

Seus nomes também parecem todos iguais. João bem que poderia ser Bastião, Pedro bem que poderia Manoel, Maria bem que poderia Severina, Zefinha bem que poderia Maralina. Enquanto isso o menino corre atrás do calango, brinca de ponta de vaca, como o barro da parede. Buchudinho o danado.

Avistei uma boneca de plástico, sem uma perna e já sem cabelos, estendida no meio do tempo, perto de um umbuzeiro baixo e de folhas mortas pela seca, e logo a chegada em correria de uma menininha tão bela como maltrapilha. Levantou a boneca do chão, beijou nos seus restos, e a colocou em seus braços.

Já me afastando, na caminhada que ia, eu olhei para trás e vi a menina ainda em pé com a sua boneca. Acenou-me. Repetidamente. E molhei a terra seca com uma lágrima que surgia em palavras: adeus!

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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WILSON SERAINE CHEGA AO CARIRI CANGAÇO EXU EM JULHO

Professor Wilson Seraine

O mais importante quando nos debruçamos sobre um Projeto, um Empreendimento, uma Realização, é, além do planejamento sério, dedicado, responsável, trabalho árduo, é também sem dúvidas externar o nosso verdadeiro sentimento. O Cariri Cangaço chega a Exu, terra e berço do Grande Luiz Gonzaga. Em Exu, no lado pernambucano da magnifica Chapada do Araripe, estamos realizando entre os dias 20 e 23 de Julho mais um grande evento com a marca e mais que isso, com o sentimento que norteia o Cariri Cangaço: Paixão pela memória e história do sertão.

Os temas: As brigas entre os Alencar, Saraiva e Sampaio, o Fogo da Ipueira dos Xavier, a inigualável Bárbara de Alencar e sem dúvidas o maior de todos os ícones da cultura nordestina: Luiz Gonzaga. E para continuar perpetuando a figura e a obra de "Seu Luiz" o Cariri Cangaço começa a formar um grande time. Depois de Kydelmir Dantas, Joquinha Gonzaga e Paulo Vanderlei, mais um grande nome: Wilson Seraine da Silva Filho.
  

Seraine e o Espaço Luiz Gonzaga

O grande Seraine; professor de física, radialista, empresário e colecionador; radicado em Teresina, Piauí, é sem dúvidas um dos mais destacados e respeitados pesquisadores da vida e obra de Gonzaga, paixão à qual se dedica há quase vinte anos, montando em sua residência uma coleção invejável de objetos ligados ao Rei do Baião, é o Espaço Cultural Luiz Gonzaga. Seraine também mantém o festejado programa de rádio "A Hora do Rei do Baião" na FM Cultura de Teresina e realiza anualmente a Procissão da Sanfona, sempre em 2 de agosto, data que em celebra a morte de Luiz Gonzaga e é o Presidente da I Colônia Gonzagueana do Brasil.

O Cariri Cangaço Exu acontece entre os dias 20 e 23 de Julho de 2017, tendo como anfitriões os municípios de Exu e Serrita, em Pernambuco. Para o Curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo, "estamos realmente comprometidos em realizar um evento único. O compromisso de toda a equipe organizadora, Bibi Saraiva, Rodrigo Honorato, Helenilda Moreira, enfim; o apoio dos grupos de estudos: SBEC, GECC, GPEC e GFEC, e a montagem de um grande time a começar com Kydelmir Dantas, Paulo Vanderlei, Joquinha e agora Seraine, dentre muito outros que estaremos confirmando ao longo deste mês, farão do Cariri Cangaço Exu um evento sensacional".

Cariri Cangaço
08 de Fevereiro de 2017
Fortaleza, CE
Vem aí...

http://cariricangaco.blogspot.com.br/2017/02/wilson-seraine-chega-ao-cariri-cangaco.html

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O ENTUSIASMO DE QUEM MERECE!

Por Manoel Severo

O Entusiasmo e alegria do renomado pesquisador e escritor Oleone Coelho Fontes ao ser homenageado pelo Grupo Lampião Cangaço e Nordeste, e pelo Cariri Cangaço Floresta 2016, ao lado de Cristiano Ferraz

Imagens valem mais que mil palavras!

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=572918152911742&set=a.112850422251853.1073741828.100005806873140&type=3&theater

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LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS

Por José Irari

Muito já se escreveu sobre Lampião e o Cangaço. Pesquisas sérias e valiosas. Lampião e Padre Cícero são os mais biografados no Brasil. Mas entre todos os livros sobre Lampião e o cangaço, prefiro "Lampião a Raposa das Caatingas " do escritor José Bezerra Lima Irmão. Um livro completo, o escritor estudou quase tudo do tema e sintetizou no seu livro, foram 11 anos de pesquisas. Mas valeu!!!

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NÃO RESPEITARAM NEM LAMPIÃO

Por Luiz Serra 

ROUBARAM ALGUNS LIVROS DO ESCRITOR LUIZ SERRA

Não compre este livro a clandestinos. Compre através dos e-mails abaixo:

Não deixa para depois, adquira logo o seu através destes e-mails abaixo: 

Serviço – “O Sertão Anárquico de Lampião” de Luiz Serra, Outubro Edições, 385 páginas, Brasil, 2016.

O livro está sendo comercializado em diversos pontos de Brasília, e na Paraíba, com professor Francisco Pereira Lima. - franpelima@bol.com.br

Já os envios para outros Estados, está sendo coordenado por Manoela e Janaína,pelo e-mail: anarquicolampiao@gmail.com.

Coordenação literária: Assessoria de imprensa: Leidiane Silveira – (61) 98212-9563 leidisilveira@gmail.com.

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REUNIÃO ONTEM DO GECC EM FORTALEZA

Por Ângelo Ormiro Barreto

Reunião do GECC (Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará) ontem, 7 de Fevereiro na ABO. Onde tivemos a palestra do Professor Melquiades Pinto Paiva, acompanhado da sua mulher a Dra. Arair Pinto Paiva. Pela primeira vez na reunião esteve o Dr. Adriano Queiroz.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1461058460571039&set=a.864321186911439.1073741826.100000006988523&type=3&theater

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PALESTRA NA SBDE - NATAL


Com grande prazer recebemos a atenção da plateia da Sociedade Brasileira de Dentistas Escritores em Natal, e vimos a receptividade para o lançamento do nosso livro. 


Tivemos a amabilidade do curador da ABDE e do Sarau permanente, dr. Rubens Azevedo, poeta e escritor potiguar, com livros traduzidos para alguns países. Seu livro carro-chefe: 'Viver melhor é possível!'

Fonte: facebook
Página: Luiz Serra
Link: https://www.facebook.com/

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LIVROS DO ESCRITOR GILMAR TEIXEIRA


Dia 27 de julho de 2015, na cidade de Piranhas, no Estado de Alagoas, no "CARIRI CANGAÇO PIRANHAS 2015", aconteceu o lançamento do mais novo livro do escritor e pesquisador do cangaço Gilmar Teixeira, com o título: "PIRANHAS NO TEMPO DO CANGAÇO". 

Para adquiri-lo entre em contato com o autor através deste e-mail: 
gilmar.ts@hotmail.com


SERVIÇO – Livro: Quem Matou Delmiro Gouveia?
Autor: Gilmar Teixeira
Edição do autor
152 págs.
Contato para aquisição

gilmar.ts@hotmail.com
Valor: R$ 30,00 + R$ 5,00 (Frete simples)
Total R$ 35,00

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ENTREVISTA COM O ESCRITOR JOÃO DE SOUSA LIMA

Por Geraldo Júnior

Entrevista que realizamos há algum tempo atrás com o nosso amigo/confrade, Escritor e Pesquisador João de Sousa Lima. Na ocasião alguns membros do grupo foram selecionados para enviarem suas perguntas.

LEIAM...

1 - O que o levou a se interessar a pesquisar e no conhecimento sobre o cangaço?
JSL- Minha pesquisa começou há uns 18 anos, foi um convite do professor e irmão Edson Barreto que lecionava na zona rural de Paulo Afonso e sempre colhia informações e detalhes da passagem de Lampião e seus seguidores nos povoados de nossa cidade...
2 – Qual a sua descoberta relacionada ao cangaço que considera ser a mais importante?
JSL- Foram várias descobertas e todas tiveram um grande significado. Há um envolvimento sentimental nessas questões todas. Não podemos em hipótese alguma tratar os fatos históricos sem nos envolvermos profundamente com sentimentos das pessoas que dão seus depoimentos, mesmo sabendo que uma pesquisar tem que ser imparcial para retratar os fatos históricos. É um trabalho que exige responsabilidades com essas questões históricas. Precisamos realizar um trabalho sério e, acima de tudo, ter gosto pelo que se faz.... porém não posso negar que encontrar Durvinha e Moreno foi um grande achado.... o único casal vivo de cangaceiros, logo eles que tiveram tantos momentos, principalmente Durvinha, com o Rei do Cangaço, Maria Bonita e os grandes chefes de subgrupos.
3 - Cite o objeto que para você tem maior importância em sua coleção de peças relacionadas ao cangaço?
JSL – Todos os objetos tem um valor histórico muito grande; entre mosquetões parabelluns, punhais, pertences, peças em ouro e fotografias originais. Porém há uma peça que tenho um carinho especial, esse carinho vai além da conta: Um brinco que o cangaceiro Cruzeiro deu a Aristeia e ela havia dado ao seu filho Pedro Soares e poucos dias antes de sua morte, durante uma visita que lhe fiz para irmos rever sua casinha no povoado Capiá da Igrejinha, Canapí, Alagoas, ela pediu a Pedro um dos brincos e na presença dos familiares me presenteou a peça, sem antes pedir para que eu nunca vendesse aquela lembrança. Promessa feita e o brinco é guardado à sete chaves como recordação daquela mulher que teve uma passagem conturbada no cangaço mais que conseguiu refazer sua vida e deu um grande exemplo de vida. E explique o por que.
4 - Qual dos municípios brasileiros que em sua opinião mais colaborou com a entrada de membros para as hostes de Lampião, Paulo Afonso-BA ou Poço Redondo-SE? Explique.
JSL – Paulo Afonso teve um contingente maior que Poço Redondo, os números seriamente registrados provam isso. E pra que prova maior do que ser reconhecido pelo próprio Alcino Alves Costa que foi o grande pesquisador daquela região? Em Paulo Afonso 47 jovens, entre homens e mulheres, seguiram as hostes do cangaço. Poço redondo chegou a 30 e poucos.
5 - Um momento importante que marcou sua trajetória durante o longo período em que estuda o fenômeno cangaço?
JSL – todos os momentos dessa longa pesquisa foram importantíssimos. Poder encontrar ex-cangaceiros, ex-volantes, coiteiros, objetos e acima de tudo colher a história oral desse nosso povo. As histórias fascinam, emocionam, elas nos tornam mais humanos diante dos depoimentos, muitas vezes de um sofrimento quase sem fim. Poder ouvir essas pessoas é o que há de mais gratificante. Entrar no mundo delas, participar em momentos de suas passagens pela vida errante do cangaço, suas dores, seus amores, incertezas, combates, medos, fugas e recomeço. Um dos momentos mais marcante foi quando em 1987 eu trabalhava como fiscal de tributos da prefeitura local e confeccionava umas carteiras para os idosos andarem gratuitamente nos coletivos. O dia para fazer as carteiras era segunda e terça e em uma sexta feira me apareceu uma senhora que queria tirar a carteirinha; expliquei a ela que não era naquele dia, ela disse que vinha de longe, estava velha e cansada.... fiquei penalizado e fiz a carteira e quando a entreguei ela me agradeço com um belo sorriso, sorriso esse que nunca consegui esquecer...... Já no ano de 2001 fiquei sabendo de uma filha de um casal de cangaceiros que era índia e morava na tribo dos índios Pankararé, no povoado Brejo do Burgo. Dirigi-me pra lá pra tentar entrevistar a senhora que se chamava Alzira. No povoado fiquei sabendo que Alzira não cedia entrevistas em hipótese alguma e mesmo assim fui lá. Ao chegar a casa de Alzira encontrei o marido dela que disse pra eu não insistir, pois ela era brava e não gostava de jornalista. Insisti e fui à casa de Alzira. Do portãozinho de madeira chamei seu nome e a rsposta veio como rio e alta como trovão: - Que éééé? - Gostaria de falar com a senhora... - Quero falar com ninguém não e procure o que fazer... Alzira apareceu na porta e disse: - Tá querendo desenterrar cangaceiro? Lampião já morreu! Eu quero só conversar, saber de uma história sua... Ela se dirigiu ao portão, olhou-me nos olhos e perguntou? - você é da polícia? - Não!!! - eu fui com sua cara, entre aqui, você já tomou café moído no pau? - Não... Alzira fez o café, tomamos e ela abriu o coração, contou sobre sua raiva da polícia, do sofrimento de sua mãe que teve o companheiro Nevoeiro morto em combate e ela ficou sozinha, grávida, no Raso da Catarina e teve que se entregar no povoado Salgado do Melão, no centro do Raso da Catarina. A polícia a transferiu para a cidade de Água Branca, em Alagoas. Dentro da cela Catarina teve a filha e o comandante não aceitou que ela ficasse com a criança, tendo que deslocar sua irmã Sabina e alugar uma casa pra ela ficar com a criança. Durante várias vezes no dia, quando Alzira sentia fome, Sabina a levava a delegacia e pelas grades de ferro da cadeia Catarina tirava o seio e amamentava a criança e isso criou um trauma em Alzira. Durante horas ouvi suas histórias e quando estava me preparando pra ir embora perguntei se ela não teria uma foto da mãe pra eu colocar em meu livro, ela disse que sim e foi buscar a foto. Tive uma grande surpresa: Ela trouxe a carteirinha que eu havia feito para aquela senhora que me pagou o serviço com o um belo sorriso..... isso mesmo, a mulher da carteirinha era a cangaceira Catarina, a Catarina de Nevoeiro... tantas histórias.... foi assim que a conheci, nunca e agora mais ainda, poderei esquecer aquele sorriso....
6 - Qual aquele que você considera que foi o maior equívoco que cometeu ao longo dos vários anos em que pesquisa sobre o cangaço?
JSL- Não lembro de nenhum equívoco que tenha atrapalhado minha trajetória de pesquisas.... mais tem algumas pessoas oportunistas que se aproximam de você e quando damos toda confiança elas te surpreendem de alguma forma... agora o maior equívoco no meio é achar que o Pedro de Morais é achar que é pesquisador e escritor... aquilo lá é uma farsa total, medíocre tanto com suas pesquisas quanto em sua falida arte de escrever......
7 – Qual o livro de sua autoria que lhe trouxe maior popularidade e reconhecimento?
JSL – tenho um carinho especial por Lampião em Paulo Afonso, por ser meu primeiro trabalho e que me trouxe o respeito no meio de quem estuda o tema e tenho uma questão de amor com o “Moreno e Durvinha, sangue, amor e fuga no cangaço”, pela amizade e convivência com os envolvidos diretamente com a história. A trajetória guerreira de Maria Bonita também foi uma pesquisa que tive muito prazer em finalizar.
8 - Você acredita que o senhor José Alves dos Santos seria realmente filho de Lampião com Helena filha do senhor João Ramos de Souza (Joãozinho) membro da família Engrácia ou esse fato já foi esclarecido? Explique o porquê.
JSL – Tenho certeza que ele é filho de Lampião, todos da comunidade sabem disso, inclusive ele que contou toda a história. Agora para provarem mesmo só o exame de DNA.... eu não preciso desse artifício para ter certeza, já basta o depoimento de Zé de Helena, mais também não colocarei esse fato em livro tendo por base minha certeza se ela não é provada através da medicina e por que na história nunca podemos ser donos da verdade... podemos ter nossas verdades mais abertos a novos olhares e novas descobertas...
9 - Quais nomes você citaria como sendo os três mais violentos cangaceiros que fizeram parte do grupo de Lampião?
JSL – sem sombras de dúvidas o Gato foi o mais perverso, depois vem o Corisco, Virgínio, Moreno, Mané Revoltoso, canário.... naquele mundo ninguém era Santo. Em nenhum dos lados tinha inocentes. Tanto cangaceiros como volantes foram violentos aos extremos.
10 - Um escritor?
JSL- Seria injusto se só citasse um. Indico: Ângelo Osmiro, Sérgio Dantas, Antônio Amaury, Frederico Pernambucano de Mello, Archimedes Marques, Sabino Basseti, Geraldo Ferraz, Vilela, Edson Barreto, Leandro Cardoso, Alcino Alves Costa. Existem pesquisadores sérios nesse meio. Se esqueci de alguém perdoe a memória.
11 - Um livro?
JSL – De todos esses escritores citados acima.
12 - Um filme?
JSL – Baile Perfumado retrata bem o cotidiano do homem que filmou os cangaceiros. Encontramos algumas poucas falhas de informações, mais no contexto geral é um filme excelente.
13 - Uma cangaceira?
JSL- Três: Durvinha, Aristeia e Dulce.
14 - Um cangaceiro?
JSL – Luiz Pedro.
15 - Um volante?
JSL – Teófilo Pires do Nascimento. (ainda vivo. Um grande homem)
16 - Em sua opinião o que mudou em termos de comportamento e disciplina no bando de Lampião após a entrada das mulheres?
JSL – Todas as cangaceiras que entrevistei e convivi afirmaram que os combates diminuíram, os confrontos passaram a ser evitados. Os estupros diminuíram...
17 – Em relação às identificações dos cangaceiros(as) mortos em Angico durante o massacre ocorrido em 28 de Julho de 1938 é do conhecimento de todos(as) que muitos pesquisadores discordam de tais reconhecimentos. Como você se posiciona em relação a esse assunto?
JSL – Aquela relação que saiu nos primeiros momentos é totalmente incerteza. Cita o Caixa de Fósforo como sendo um dos mortos e Caixa de Fósforo ainda ficou tempos com Corisco. Ainda é muito incerto o reconhecimento, só temos certeza de Lampião, Maria Bonita, Luiz Pedro, Elétrico, Mergulhão, Quinta Feira e Enedina.
18 – Quais seus novos projetos?
JSL – Estou finalizando mais dois livros e ai guardo a espada e descanso na fé.....
19 – João De Sousa Lima por João de Sousa Lima?
JSL- Autêntico, Leal, verdadeiro..... dizem que tenho pavio curto mais estou aprendendo a conviver com as diferenças..... acho que a maior definição é meu trabalho, minha perseverança.... minhas realizações.... quem é meu amigo sabe o que estou falando....
PERGUNTAS ENVIADAS POR MEMBROS DAS PÁGINAS O CANGAÇO
João Paulo Celestino (Fortaleza-CE)
20 - João de Sousa Lima, o estudo do cangaço é baseado principalmente em relatos de pessoas que o vivenciaram, e de fontes documentadas. Infelizmente, as chances de descobrirmos novos fatos tornam-se cada vez mais difícil com o passar do tempo. Para você, dos fatos que ainda carecem de esclarecimento completo, qual mais lhe intriga?
JSL – A história oral tá se perdendo, estamos pegando os últimos remanescentes. É necessário urgência na mobilização de pesquisadores para que se registrem os fatos com essas guerreiros do passado para que as gerações futuras possam conhecer a história como foi passada... Os fatos que mais intrigam é a questão dos grandes comandantes e políticos como coiteiros e a ligação do cangaço com os índios Pankararé.
21 - Em sua opinião Lampião, já nos momentos finais de sua vida de bandoleiro, antes de sua morte, pensava em de alguma maneira abandonar o cangaço?
JSL- Não acredito, a observação primordial nessa questão é saber que ele estava armando o sobrinho para entrar no cangaço.
O sobrinho foi um dos sobreviventes da Grota do Angico. Se ele pretendia deixar o cangaço como poderia está armando um membro de sua família? Maria Bonita alguma vez tentou convencer Lampião a abandonar a vida de cangaceiro?
JSL- É possível que tenha acontecido esse diálogo, a própria cangaceira Dulce, que eu entrevistei há uns seis anos, disse que Maria Bonita andava cansada daquela vida.... Agora querer e colocar em prática o desejo é que não aconteceu.
Letícia Alves – Lê Alves (João Pessoa-PB)
22 - Na noite do massacre em Angicos, ouve algum relato de alguém que descobriu a emboscada e tentou avisar a Lampião?
JSL – Não Houve! Tem um depoimento de Sila que disse que ao anoitecer viu uma luz que poderia ser de lanterna. As volantes não estiveram lá ao anoitecer, estiveram ao amanhecer e eles não portavam lanternas....
Devanier Lopes (Feira de Santana-BA)
23 – Sila conheceu Dadá pessoalmente?
JSl – Caro Devanier Lopes eu estive uma vez com Sila em uma palestra em Canindé do São Francisco e depois conversamos um pouco mais não entrei nesse mérito. Também não lembro dessa passagem nos livros que li sobre ela e a Dadá.
Aderbal Nogueira (Fortaleza-CE)
24 - João o que você acha do "Amor no cangaço"? Quem foi o personagem mais importante que você conheceu? E por que?
JSL – Aderbal houve amor sim. Em alguns depoimentos como é o caso da Sila, ela diz que nunca foi amada, já a Durvinha foi apaixonada por Virgínio, a Aristeia pelo Cícero Garrincha e assim temos muitos depoimentos. Então tivemos pessoas bem amadas e pessoas que não conheceram o amor.. Todas as pessoas que conheci foram importantes no contexto da historiografia. Poder entender seus momentos tanto no cangaço, como no combate e ainda como suporte aos dois lados.
José João de Souza (Recife-PE)
25 - Lampião recebeu em Juazeiro do norte-CE a patente de capitão, para combater a Coluna Prestes. Como você analisa esta passagem na vida do rei do cangaço?
JSL – A notícia teve mais importância do que mesmo a validade da patente. Foi o encontro do maior cangaceiro com uma das maiores representações religiosas do nordeste brasileiro. A entrevista deixada pelo Rei do Cangaço ainda é uma das coisas que mais impressionam quem estuda o tema e, ainda, o Padre Cícero ter ficado com os familiares de Lampião para protegê-los.
26 - Alguns dos livros escritos sobre o cangaço são tendenciosos, tanto para o lado das volantes, como para o lado dos cangaceiros, dos trabalhos que você conhece, quais recomendariam?
JSL- José João existem verdadeiras aberrações no meio. Leia os livros dos escritores que citei acima. Agora se você encontrar um livro de um cidadão chamado Pedro de Morais, corra desse rapaz.

30 - Considerações finais.
JSL – Agradeço a oportunidade e estarei sempre aqui pra receber os amigos e colaborar com informações para deixar um legado sério sobre as pesquisas para que sirva às gerações vindouras.

Geraldo Antônio de Souza Júnior

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JOSÉ DO TELHADO 3ª PARTE


A partir deste dia, o José do Telhado, aplicando um pouco os seus conhecimentos militares e ajudado pelo seu sentido prático, começou a estruturar um bando organizado.

Em cima, como comandante, encontrava-se ele, José do Telhado. Depois, como 2º elemento, o ajudante, estava o Joaquim do Telhado, seu irmão; abaixo deste, eram os chefes de divisão: o José Pequeno, os dois filhos do morgado de Canavesinhos (António e José) e o Sarrazola.

Cada um destes chefes encarregava-se de um grupo de divisionários (geralmente constituído por 4,5 ou 6 elementos), entre os quais se contavam o Avarento, o João de Morais, o Glórias, o Peneireiro, os Pedreiros, etc.

O total do bando cifrava-se em pelo menos 25 indivíduos.

Havia ainda o corpo auxiliar (constituído por donos de estalagens, criados e criadas de servir, e outros), que prestava preciosas informações à sociedade:

Enviado de Lisboa capital de Portugal pelo pesquisador Emídio Roberto

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FAZENDA JILÓ.wmv

https://www.youtube.com/watch?v=Ph-TeN9b8vk&feature=youtu.be

FAZENDA JILÓ.wmv

Publicado em 16 de julho de 2011
Ataque do Bando de Lampião à Fazenda Jiló, por causa de uma intriga feita por Horácio Novais, relatado por Cícero Pedro, que na época era criança e ouviu a história contada por seus familiares.
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