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domingo, 9 de julho de 2017

DONA ANTÔNIA LUZIA LACERDA, CENTENÁRIA, TESTEMUNHA DA HISTÓRIA NORDESTINA

Por Luiz Serra

Com alegria, por intermédio de seu filho José Lacerda, obtivemos a graça de entrevistar, em prosa agradável, a Sra. Antônia Luzia, que (aos 99 anos de idade) nos revelou fatos intrigantes da história sertaneja nordestina. Íntegra no livro O Sertão Anárquico de Lampião. 

TRECHOS DO LIVRO:

(ELA RECORDOU-SE DA PASSAGEM DA COLUNA PRESTES – MAIS DE MIL CAVALEIROS ARMADOS ROÇANDO OS CASEBRES DO SERTÃO DE SANTANA DOS GARROTES, FAZENDO OS SERTANEJOS FUGIREM PARA OS MATOS - 1926)

Da narrativa da Sra. Antônia Luzia, a travessia da Coluna de revoltosos pelo sertão de Piancó, tendo Prestes desviado a tropa por dentro da Vila de Santana dos Garrotes, para evitar confrontos com os troços de jagunços armados do poderoso coronel José Pereira, do algodão.

(VIVA LEMBRANÇA DE CENAS DA TERRÍVEL GUERRA DO SERTÃO PARAIBANO, QUANDO ELA RECORDOU-SE DO CÉLEBRE CORONEL JOSÉ PEREIRA, QUE FEZ UMA REVOLUÇÃO ARMADA NO SERTÃO PARAIBANO, EM 1930).

Em meio à frutífera e deliciosa conversa de reminiscências com dona Antônia ditou-nos intrigantes particularidades, com fácil memória, sobre alguns episódios da guerra cruenta ocorrida próximo de Tavares entre as tropas do Governo e as do coronel José Pereira de Lima.

Disse do enterro dos infelizes soldados em valas comuns, abertas à margem dos caminhos sertanejos de Juru e Tavares.

E a principal novidade do livro: a presença de avião “em atitude militar, ou seja, no calor dos combates”, como avistado em ação próximo da Serra Grande de Tavares, em meio às operações na Guerra entre tropas do governo João Pessoa contra o coronel Zé Pereira.

Era início do ano revolucionário brasileiro de 1930… No sertão irrompia acirrado conflito crescente na região entre Barra e o povoado de Tavares, no serrote de Lajedo, sul paraibano.

Escombros de uma guerra ao sopé de um serrote no sertão paraibano

“ERA MUITO ARIBU ”

EXCERTO: “ … morria tanta gente, e não se dava conta de enterrar, “Era muito aribu”, reparou dona Antônia. Disse que depois se abriam enormes covas (ao pé dos serrotes) para sepultamento coletivo dos milicianos e jagunços.

(MENÇÃO AOS CANGACEIROS DE LAMPIÃO EM 1924 OU 1925 – NO SERTÃO DE OLHOS D’ÁGUA, PARAÍBA)

Caminhos dos sertões de Olhos D'Água, triscados por cangaceiros e revoltosos de Prestes.

É claro que eles já tinham visto a burra vistosa a zurrar livre. Fim de tarde, mais um dia de estio; em meio a gritos das crianças, a menina Antônia, uma delas, a imagem de dezenas de cangaceiros em suas montarias no alto da rua.

Nenhum cangaceiro apeou; um deles, moreno, atarracado, de óculos escuros, adentrou o terreiro, o cavalo estancou frente ao alpendre, espertando os bodes, com alarido, do bocadinho de repasto de milho, para trás do terreno. Gritou com voz fina e zangada que estava ali para levar a burra saltitante, mas que agora ela se aquietava junto da cerca.

As crianças no terreiro sabiam que a jumenta pertencia à tia de dona Antônia. A paga em cédulas jogadas ao chão, foi recolhida pela prima mais velha, e o cangaceiro ainda revelou que ‘o capitão iria gostar’, dando a entender que o chefe cangaceiro estava por perto dali, em Santana.

Fonte: facebook
Página: Luiz Serra
https://www.facebook.com/luiz.serra.14

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