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quarta-feira, 28 de junho de 2017

A JUSTIÇA DE LAMPIÃO E O SUPLÍCIO DE ZÉ CALU.

Material do acervo do pesquisador José João Souza

Na fazenda Melancia, situada na margem direita do Rio Pajeú, município de Flores PE, residia seu proprietário José Calu. Em 1925, era um homem de 57 anos, que ainda guardava o vigor da juventude. Em uma época em que o patriarcalismo imperava no Sertão, Zé Calu passou a ser acusado por certas pessoas, de haver cometido incesto com algumas de suas filhas. O boato, logo caiu na boca de seus inimigos, que o denunciaram a Lampião, o qual não deixou por menos e começou a pensar nas providências em defesa das sertanejas ofendidas. 

No dia 21 de gosto daquele ano, Lampião amanheceu na Fazenda Melancia, à frente de seu grupo, com o propósito de aplicar um corretivo em Zé Calu. Levava consigo o mais inusitado instrumento de tortura que se pudesse imaginar: era um arreador de bezerro, “aquela forte correia de sola tratada com que se ata o bezerro ao membro dianteiro da vaca, para ordenha-la.” 


Num interrogatório à sua moda, o algoz tentou arrancar de sua vítima a confissão do terrível crime de incesto. Se o conseguiu, ninguém sabe. Mas naquele momento, a existência ou não de prova, era totalmente irrelevante. 

Lampião deu uma laçada corrediça numa das extremidades da correia e mandou que o desgraçado tirasse as vestes. O infeliz, pressentido o projeto demoníaco, gritou apavorado, mas inutilmente, porque estava bem seguro nas garras dos cangaceiros. Passaram-lhe a laçada corrediça, envolvendo inteiramente seus órgãos genitais. Puxaram-no para junto de um dos armadores de rede chumbados à parede e fazendo dele uma roldana improvisada, nele foram suspendendo e arreando a vítima que urrava de dor. Mas o sicário negava a Zé Calu até mesmo o direito de gritar. Encostou-lhe o parabélum na cabeça e mandou que se calasse, sob pena de ter os miolos estourados. 

A vítima se calou e... desmaiou. Sobreviveu Zé Calu pouco mais de um mês. Faleceu durante uma viagem que fez ao Juazeiro do Norte, onde pretendia pedir um milagre ao Padre Cícero.

Do livro: Flores do Pajeú
De: Belarmino de Souza Neto

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