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sexta-feira, 26 de maio de 2017

SITUAÇÃO VOLUMÉTRICA DOS RESERVATÓRIOS DAS HIDRELÉTRICAS DA CHESF


Meus Prezados,
Seguem as dificuldades de gerenciamentos volumétricos das represas de Sobradinho e de Três Marias. Maio é mês de início da quadra de estiagens na bacia do São Francisco, com o rio apresentando baixos volumes e com um agravante adicional: a existência de importantes retiradas volumétricas através do projeto da transposição de suas águas.

A Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco encerrou o período chuvoso, com as represas reguladoras de vazão e, também, geradoras de energia, com seus volumes muito baixos. Com o encerramento da quadra chuvosa, as represas de Três Marias e, agora, Sobradinho começaram a depreciar suas capacidades acumulatórias. Três Marias, por exemplo, está com uma afluência de 73 m³/s e uma defluência de 263 m³/s, esse fato resultou na redução de seu percentual volumétrico, passando de 31,41%, da semana anterior, para 30,83%, na atual. Já Sobradinho está com uma afluência de 388 m³/s e uma defluência de 755 m³/s, fato que reduziu o seu percentual volumétrico de 14,77%, da semana anterior, para 14,27%, nessa semana. Pereira Bode Velho, alerta para a rápida diminuição volumétrica de Sobradinho (ver gráfico abaixo). Os baixos volumes atuais do Rio São Francisco e, também, dos reservatórios das regiões Centro Oeste/Sudeste (41,29% - 18/05/2017), são o principal motivo do acionamento das termelétricas na geração de energia do País, em socorro às hidrelétricas. Esse fato resultou no aumento nas tarifas de eletricidade do usuário da energia, estando, atualmente, operando em bandeira vermelha.  Para o agravamento desse caótico quadro, o projeto da transposição continua interferido de forma negativa, com retiradas volumétricas significativas, para o atendimento das demandas hídricas da região Setentrional nordestina. A exploração descontrolada das águas subterrâneas nos aquíferos (Urucuia e outros) e, agora, na região do Submédio São Francisco, com o projeto da transposição, também têm interferido nas reduções das vazões do rio. Esse fato, provavelmente, está acontecendo ao longo de toda bacia do rio São Francisco (vide gráficos de Pereira Bode Velho, abaixo). A natural redução de chuvas na região tornará mais difícil à recuperação, tanto da represa de Três Marias, como de Sobradinho, até o final do ano em curso. Preocupada com isso, a ANA emitiu nota estabelecendo a redução das defluências, em ambas represas.  As fracas ou mesmo inexistentes precipitações resultaram, nessa semana, em um cenário hidrológico preocupante, com as vazões nos postos de observação da Chesf muito baixas, porém estáveis: no posto de São Romão, que na semana anterior estava com 417 m³/s, passou, nessa semana, para 410 m³/s. No de São Francisco, que na semana anterior estava com 371 m³/s, passou para 349 m³/s; no de Bom Jesus da Lapa que estava com 542 m³/s, passou para 483 m³/s e no de Morpará, que na semana anterior estava com 588 m³/s, agora está com 548 m³/s, respectivamente. A afluência volumétrica na represa de Sobradinho permaneceu inalterada nos 388 m³/s. A defluência da represa permaneceu estável, passando de 753 m³/s, da semana anterior, para 755 m³/s nessa semana. Opercentual volumétrico de Sobradinho começou a cair. Na semana anterior haviam sido registrados 14,77% de seu volume útil. Na atual está com 14,27%. A barragem continua com o seu percentual volumétrico com cerca da metade do que aquele verificado em igual período do ano anterior (atualmente 14,27% - ano anterior 28,40%).

Uma curiosidade: em 2015, ano no qual a represa de Sobradinho alcançou, no mês de novembro, 1% de seu volume morto, no dia 22/05 daquele ano, a represa apresentava percentual volumétrico de 21,20%. No dia 19/05 de 2017, Sobradinho está com 14,27%, um fato preocupante tendo em vista o atual cenário de desidratação existente em toda bacia do rio. Portanto, o alcance do volume morto de Sobradinho, em 2017, é um fato concreto.

Na semana (19/05), o quadro atual de penúria hídrica vem trazendo reflexos negativos ao projeto da transposição. As águas do Velho Chico estão chegando, na represa de Boqueirão, em volumes muito reduzidos (estima-se em cerca de 1,5 m³/s, apenas), o que obrigou as autoridades a divulgarem nota esclarecendo o atraso para o encerramento do racionamento de água, na cidade de Campina Grande. Houve, também, incertezas da chegada da água nas torneiras dos municípios atendidos pelo projeto, motivando, inclusive, a população de Monteiro, na Paraíba, a protestar pela falta d´água na localidade, exigindo providências junto ao governo estadual, para as soluções cabíveis. É importante observar, também, que a continuidade das baixas defluências de Sobradinho (755 m³/s) vem agravando o quadro da progressão da cunha salina na foz do rio (ver a excelente análise de José do Patrocínio Tomaz Albuquerque, abaixo). Existem relatos de pescadores que estão capturando peixes de hábito marinho na região do Baixo São Francisco. A cunha salina tem trazido, também, certos transtornos no abastecimento do município alagoano de Piaçabuçu, que tem servido à população uma água de péssima qualidade, com elevados teores de sais (água salobra). Em igual situação vivem 70% da população de Aracaju, que são abastecidos com as águas do Rio São Francisco, por intermédio de uma adutora, em Propriá, município sergipano localizado em sua margem direita, a cerca de 60 km da foz.

Com a chegada do período de estiagem na região, é ficar na torcida para que as medidas sugeridas pela ANA, de redução das vazões de Sobradinho e Xingó, surtam os efeitos esperados, a fim de que os volumes do Velho Chico voltem a ser utilizados dentro da normalidade esperada. Para tanto, continuaremos atentos para as questões das defluências de Sobradinho (755 m³/s) e, agora, de Três Marias (263 m³/s), pois houve determinação das autoridades do setor, para que essas defluências ficassem estabelecidas em patamares da ordem de 700 m³/s e 160 m³/s, respectivamente, conforme divulgadas na mídia e atualmente praticadas, inclusive com acréscimos naqueles emitidos por Três Marias.


Abraço

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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