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segunda-feira, 8 de maio de 2017

MATAMOS O RIO PIANCÓ!

Por Jerdivan Nóbrega de Araújo

Até a primeira metade da década de 1960, o saneamento ainda não havia chegado a Pombal. A água consumida pela população era vendida pelos chamados aguadores, que colhiam a água no Piancó, e saiam pelas ruas com seus jumentos carregando ancoretas de borracha, que vazavam deixando um rastro d'água pelo caminho.


De nome lembro dos aguadores Zé Capitula, Pedro Jáques, Zé de Godor e dona Porcina. Outros tivemos, é claro.


Foi um tempo que a água era abundante e não havia a consciência de cuidar do Rio: as matas ciliares foram devastadas e o areal que demarcava as suas margens usado sem piedade na construção civil, e os esgotos de toda a cidade vomitam no leito do Piancó.


Conheci muita gente que sobreviveu e sustentou a família com o peixe que abundava no nosso nilo: eu mesmo pesquei naquelas águas.


Hoje o Rio é fio de esgoto a agonizar, e como numa volta ao passado, os vendedores de água começam a cruzar as ruas a distribuir o que ainda insistimos em chamar de ÁGUA.


Jerdivan Nóbrega de Araújo

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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