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segunda-feira, 15 de maio de 2017

A TRÁGICA POPULARIDADE

Imagem ilustrativa da matéria.

Milhares de olhos curiosos receberam, na Bahia, dois terríveis facínoras do bando de “Lampião”

“Volta Seca” faz declarações de verdadeiro fanático.

BAHIA, 24 (A. B.) – A chegada dos bandoleiros, entre eles “Volta Seca", célebre matador de gente, aprisionado nas caatingas, estava sendo ansiosamente esperado em todas as estações da E. F. Norte Baiano.

De Alagoinhas para o sul um grande número de curiosos se apinhavam nas gares para conhecer os famigerados companheiros de “Lampião". Em Periperi, estação próxima a esta capital, quando o comboio parou uma onda popular calculada em mais de 2.000 pessoas se precipitou sobre os carros de 2ª classe, onde vinha a escolta com os bandidos. O tenente Azevedo conseguiu a custo romper a massa de curiosos. Fez desembarcar os presos que saltaram, amarrados ombro a ombro, debaixo de uma formidável vaia das mocinhas e crianças. Em seguida, foram metidos no carro-forte da polícia e conduzidos à Casa de Detenção desta capital.

BAHIA, 24 (A. B.) – Um vespertino publica uma entrevista com o jovem bandoleiro Antônio dos Santos, vulgo “Volta Seca”, que chegou anteontem, no “comboio dos bandidos”, a esta capital.

“Volta Seca” declarou não ter mais de 16 anos. Entrou para o grupo de “Lampião" aos 12 anos. Vivia em Sergipe, como vendedor de doces, quando “Lampião” o convidou para trabalhar em sua companhia. Ordenou-lhe que mudasse de nome. E agora ia se chamar “Volta Seca”. Deu-lhe um fuzil para matar macaco (gente de polícia). E desde isso começou vida nova.

“Volta Seca” declarou que “Lampião” é muito respeitador de mulheres. Essa história de mandar a noiva tirar o vestido é mentira. A seguir prosseguiu:

- “Lampião” é um chefe muito direito. Não nos paga ordenado, mas quando a gente precisa de dinheiro ele dá sem a menor reclamação. O que ele exige é que se mate macacos nos combates.

Alguém perguntou a “Volta Seca” por que ele gostava de Sergipe.

- Ah! – Respondeu ele sorrindo. Ali ninguém faz mal a “Lampião”. Ali ninguém nos faz mal. Nem a polícia. Somos camaradas. Muita gente boa é amiga de “Lampião”. Mandam-lhe dinheiro e até munição.

Jornal O GLOBO – 24/03/1932

Fonte: facebook

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