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sábado, 29 de abril de 2017

JOÃO BEZERRA E O ANGICO ...

Por Paulo Britto

- “Se desejam o término do cangaço com o episódio de Angico considero uma aberração, final trágico e desabonador da saga de homens assassinos, porém, valentes e destemidos”.

Tenente João Bezerra, pai de Paulo Britto e matador de Lampião

Paulo Britto: Desconheço qualquer outro final para o cangaço que não seja o do Combate em Angico. O final de “Buritis de Minas Gerais” foi um fiasco, que não tem consistência, nem para ser citado. Quanto ao final trágico e desabonador da saga “de homens assassinos, porém, valentes e destemidos”, acredito que se a volante fosse dizimada por causa de um comandante irresponsável e incompetente atendesse melhor ao final pretendido pelo pesquisador, enquanto aos homens assassinos, o fato de serem valentes e destemidos, não os credita a ter um final diferente ao de Angico, no calor do combate e pelo currículo de atrocidades dos cangaceiros, o comandante do combate teve sim, um comportamento ético e profissional em segurar os instintos das feras que combatiam os bandidos perversos e sanguinários.

- “A descrição concebida pelos escritores, jornalistas, pesquisadores deixam Gengis Kan, Napoleão, Júlio César (O imperador), Al Capone, Billys the Kid, Kelly (e seu bando), Hitler e muitos outros, fichinha frente aos cangaceiros”.

Paulo Britto: A colocação feita aos escritores, jornalistas, pesquisadores é no mínimo desmerecida e desrespeitosa. 

“Os cachorros pela primeira vez estavam sonolentos e teriam perdido o faro. Dormiam nas pernas dos seus donos. Junto aos cachorros deveriam estar às sentinelas que devem ter esquecido as suas responsabilidades junto ao grupo. Falha lamentosa”.

Paulo Britto: Os comentários sobre os cachorros e sentinelas só demonstra o desconhecimento do tema ou uma brincadeira equivocada.

-“Tempo de inverno, água no riacho, onde fixar a tolda e dormir?”

Paulo Britto:Todos, sem exceção, os que acamparam, os que visitaram, os que confrontaram, os que averiguaram, constataram a existência do acampamento tão improvável para o pesquisador.

“Se a volante possuía duas metralhadoras não ficava um pé de macambira para contar a história. Por que conseguiram se salvar muitos cangaceiros? O cerco não foi cerco. É piada.”

Paulo Britto: Reforçando a tese do pesquisador afirmo ter contado a volante com mais de duas metralhadoras. Quanto à sobrevivência de 24 cangaceiros ou mais, os sobreviventes sempre relataram, ao seu modo, como escaparam ao cerco que de fato a contragosto do comandante não chegou a se efetuar como planejado. A “piada” e a graça ficam por conta de quem reconta o fato.

“O suicídio de Luiz Pedro é fantástico. É advertido ao cangaceiro que Lampião estava morto e que ele fosse à luta. Ao chegar junto ao amigo, assim falou: “-Compadre, eu lhe disse que lutaria com você até a morte”. No trajeto, o Pedro perdeu a coragem que foi possuidora desde os tempos em que esteve no Rio Grande do Norte, em 1927.”

Paulo Britto: O suicídio de Luiz Pedro do Retiro, para quem toma conhecimento do tema pela primeira vez, afirmo não ter existido. Ele realmente foi morto por tiro do volante Antônio Jacó. Quanto à frase supostamente colocada como sendo de Luiz Pedro, é a primeira vez que vejo a mesma ser citada. E covarde, ele jamais foi.

José Sereno à esquerda

“Capitão, a tampa da garrafa tem um pequeno furo”. O chamamento da atenção não foi levado em consideração. Por quê?” 

Paulo Britto: A observação proferida por José Sereno é uma das demais teses do envenenamento ocorrido em Angico, que os escritores, pesquisadores e até mesmo os meninos buchudos já não toleram mais ouvir. Esta foi rechaçada por falta total de embasamento, principalmente, cientificamente, que o diga o brilhante Dr. Leandro Cardoso Fernandes.

Obs.: As colocações por mim destacadas neste primeiro momento, não parecem apropriadas a uma pessoa que tenha, aparentemente, um conhecimento de pesquisador, que queira ser levado, pelo menos, um pouco a sério. Assemelham-se mais a uma pessoa contraditória que quer fazer graça com um tema tão sério.

“Naquela manhã chovia na área. Comprove esta afirmação no livro de João Bezerra, onde solicita aos seus comandados que: ““-Tenham cuidado em pisar no chão para não fazer barulho com as folhas secas””. Parece-nos que a chuva não atingia as folhas, enquanto o restante do chão corria água”.

Paulo Britto: Essa colocação, de caráter jocoso, parece a tônica das colocações do pesquisador, mas que não se coaduna com a formação e experiência que o oficial já era detentor naquele dia.

“A coragem da volante (grupo de militares) era tamanha que o comandante permitiu o uso de cachaça para quem desejasse criar coragem.”

Paulo Britto: A bebida jamais foi o indutor de coragem na volante de João Bezerra, a partir do seu comandante e componentes, como o Sargento Aniceto Rodrigues, soldado Antônio Jacó e tantos outros de reconhecida valentia.

“Aos registros feitos por todos que escreveram sobre o tema, mostram que as relações entre o chefe cangaceiro e o militar aconteciam para um jogo de 31, compra e venda de armas e munição”.

Paulo Britto: Declarar a unanimidade, dizer que “todos os escritores” afirmam ter havido um relacionamento entre João Bezerra e Lampião para jogo, bebida e/ou venda de armas e munições, é no mínimo uma colocação insana, irresponsável e descabida.


 “O governo da Bahia oferecia 50:000$000 (cinquenta contos de réis), a quem entregasse Lampião vivo ou morto. Não se tem notícia do ganhador do prêmio milionário. Por quê?”

Paulo Britto: O ganhador do prêmio oferecido pelo governo da Bahia, não só é do conhecimento da grande maioria dos escritores e pesquisadores, como está registrado em muitas obras, só é surpreendente o fato do pesquisador, até o momento, ainda não seja detentor deste conhecimento. Mas vamos informá-lo: Em, 22-dez. 39 – Recebeu do interventor federal deste estado, referente a prêmio instituído a coluna que extinguiu “Lampião”, assim distribuído: pelo estado de Alagoas – 5:000$000 (cinco contos de réis), pelo estado da Bahia – 20:000$000. Bol. Nº 289. Boletim da Polícia Militar de Alagoas.

“Quem nominou as cabeças errou gravemente. Muitos escritores colocam nos seus relatos que metade das cabeças tem o mesmo nome. A partir do meio (fotos das cabeças) para cima seja como Deus quiser. Encontraram um cangaceiro que só aparece naquele momento chamado de Desconhecido?.”

Paulo Britto: Me surpreende o suposto despreparo dos escritores, alegada pelo pesquisador, que nem a informação dos nomes dos cangaceiros mortos em Angico conseguiram identificar, e que o nome de Desconhecido é desconhecido, ou melhor: o nome do cangaceiro morto, se desconhece, portanto, foi posto no cruzeiro de Angico, Desconhecido. E na relação dos nomes consta “Não conhecido”.

“O matador dos onze cangaceiros diz que feito o cerco tiveram que recuar. Ora, difícil era chegar perto daquelas feras, quanto mais, ter a chance de ir e voltar.” 

Paulo Britto: O cerco objetivado em Angico, mesmo que ele não tenha se efetuado na plenitude, gerou um ataque crescente, sem recuo. Desconheço nos combates travados pela volante formada por meu pai, qualquer tipo de recuo.
  
“Quem traiu? Afirmam que o grande traidor foi o homem que se caracteriza como seu matador, ou seja, João Bezerra.”

Paulo Britto: João Bezerra foi um perseguidor empenhado em não dar trégua aos cangaceiros, reconhecido pelos seus pares e superiores, ao ponto de ganhar de Lampião o apelido de “Cão Coxo”, coxo em decorrência da redução de 04 cm em uma das pernas e cão, imagine o motivo. Em entrevista dada pelo então Cap. Manuel Neto, após a morte de Lampião, referia-se a meu pai dizendo: - “O Tenente João Bezerra a quem conheço pessoalmente, é um official disposto, disciplinado e muito bem quisto no seio da Polícia Alagoana e dos Estados vizinhos”. 

Como imputar a um homem deste um relacionamento com Lampião?

Paulo Britto

http://cariricangaco.blogspot.com.br/2011/03/joao-bezerra-e-o-angico.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

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