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sexta-feira, 21 de abril de 2017

CANGACEIRA ADÍLIA

Por Noádia Costa

Adília Maria de Jesus era natural de Poço Redondo Sergipe, cidade que ficou conhecida como a capital do Cangaço, devido a grande quantidade de jovens que se tornaram cangaceiros. Quando acompanhou de forma espontânea seu namorado Bernardino Rocha (Cangaceiro Canário) ainda não tinha completado 16 anos.


Ao se tornar cangaceira, Adília imaginava ter uma vida de liberdade e escapar do forte controle exercido pelo seu pai, que a impedia de usar maquiagem, dançar e participar de festas. Além disso imaginava viver uma bela história de amor com o namorado Canário, fugindo da desaprovação desse relacionamento por sua família.

Sobre sua entrada no Cangaço Adília em entrevista a Gilvan de Melo Santos afirmou: 

"Eu fui porque quis. O rapaz era daqui, de Poço Redondo. Ainda não tinha dezesseis ainda, ainda ia interar. Eu namorava com ele. Nós dois quase menino. Meus país não queria e os país dele não queria. Ele me falou que ia pro sul, ai ele perguntou se eu ia pro sul e com dois anos ele vinha me buscar. Aí eu disse: Se você for pro inferno e vier me buscar eu vou, quanto mais pro sul."


O cotidiano no Cangaço se tornou um verdadeiro pesadelo. As longas caminhadas, a fome, as perseguições das volantes e o risco diário de perder a vida. Fora isso, ainda tinha que lidar com o ciúme doentio de Canário, que a ameaçava e a agredia fisicamente. Chegando a impedi-la de conversar com outros integrantes do bando. Seu relacionamento se tornou perigoso e abusivo.

Após a morte de seu companheiro em setembro de 1938, se entregou a polícia na cidade de Propriá. Durante sua passagem pelo Cangaço teve um único filho com Canário chamado João. Após ser libertada casou -se novamente na cidade de Poço Redondo. Concedeu várias entrevistas onde sempre afirmava das dificuldades da vida no Cangaço, e que não sentia saudade desse período.


Algo que me chama atenção nessa cangaceira, é a simplicidade e sinceridade durante suas entrevistas. Adília me lembra a doçura e a força do povo nordestino. Que não desanima mesmo diante das dificuldades. Nunca se promoveu, nunca enfeitou histórias, nunca quis ser o centro das atenções. Viveu uma vida simples e digna na periferia de Poço Redondo. Mesmo contando de seu sofrimento no Cangaço, ainda conseguia esboçar um sorriso e demonstrar alegria.

Faleceu em março de 2002 com 82 anos de idade.

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