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quarta-feira, 29 de março de 2017

ENTRE A ROÇA E A CIDADE!!!

Debate Poético Entre Adilson Costa e Carlos Aires.

Sou produto da cidade
Virei um cosmopolita
 Capital me dando tudo
Tudo que se necessita.
 E no campo também tem
Veículo a mais de cem
Parecendo que levita? Adilson Costa

Sou um tolo que acredita
Que a roça só tem bondade
É aqui que sou feliz
 Bem distante da cidade
Sendo um brocoió inculto
Que vivo em paz sem tumulto,
Em plena felicidade. Carlos Aires

Eu confesso na verdade
O meu lado social
Caminhar no calçadão
Visitando o litoral
Vou falar do encantamento
Com o desenvolvimento
Alegria sem igual. Adilson Costa

Meu viver é magistral
Sentindo o cheiro do mato
Com o ar puro aromando
As vias do meu olfato
Respirando a brisa pura,
Comendo fruta madura
E me banhando no regato. Carlos Aires

Não vivo sem o aparato
Do conforto em primazia
Pelas redes sociais
Vou ler meu jornal do dia
Vejo o meu time jogar
A passarada cantar
No CD sem agonia. Adilson Costa

A urbe não me inebria
Gosto é da zona rural!
De montar no meu cavalo
Sair pelo matagal
Sentindo o odor da rama,
De me lambuzar na lama
Produzida no curral. Carlos Aires

Não preciso de quintal
Para me entregar ao vento
Vou relaxando na sauna
Do meu novo apartamento
Não sei se no interior
Tem também elevador
Para ver o firmamento. Adilson Costa

Aqui a qualquer momento
A gente se exercita,
A nossa sauna é o sol quente
Que tosta, mas não irrita.
De elevador tenho é medo
Vou pra cima de um lajedo
E vejo a beleza infinita. Carlos Aires

Mas a vida é mais bonita
Com conforto e regalias
Hospitais e faculdades
Shoppings centers, galerias,
Com carro pra todo lado,
Só com ar refrigerado
Nessas tantas correrias. Adilson Costa

Provindo das brisas frias
Nosso ar chega gelado
O Shopping Center é a feira
E as barracas do mercado
Meu transporte é o jumento!
A cidade é um tormento
Faz um barulho danado. Carlos Aires

No condomínio fechado
Vem morar a segurança
Piscina com churrasqueira
Para animar a festança
Celular com GPS
É muito bom, me confesse,
Deixando a vida mais mansa. Adilson Costa

Seja o velho ou a criança
Aqui vive sossegado
Eu durmo de porta aberta
Sem medo de ser roubado
Pra celular eu dou breque
Porque aqui tem moleque
Pronto pra levar recado. Carlos Aires

Confesso:
Estou encantado
Com a beleza tamanha
Tem edifício gigante
Que todo céu ele arranha
E as pontes cruzando os rios
Que acenam aos casarios
Enquanto a tarde se banha. Adilson Costa

Aqui a bela montanha
Fica cutucando o céu
A neve de manhazinha
Na encosta, estende seu véu,
E vou lhe expor meu conceito!
Vivo muito satisfeito
No meu lindo mundaréu. Carlos Aires

Já vou tirando o chapéu
Às mais belas catedrais
Museus e pinacotecas
A livrarias, jornais
A restaurante grã-fino
Com paladar de refino
Expondo os belos vitrais. Adilson Costa

Observo os matagais,
E enalteço a vida minha,
Não frequento restaurante
Como é feijão com galinha,
E sempre que a fé me atiça
Eu vou assistir a missa
Na humilde capelinha. Carlos Aires

Pelo ar livre se caminha
Contornando a beira mar
Nos clubes, academias,
Para o corpo modelar
Se eu tenho tudo por perto
Eu não quero pra o deserto
Um dia ter de voltar. Adilson Costa

Eu aqui vou passear
Pelas fazendas e vilas,
 Longe das agitações
Nossas vidas são tranquilas,
Na cidade é diferente
Pra todo canto que a gente
Vai, tem que enfrentar filas. Carlos Aires

Poeta, enquanto desfilas,
Pela seca do sertão
Não canso de apreciar
Meu copo de chimarrão
O meu gerador ligeiro
Em vez do seu candeeiro
Chamado de lampião. Adilson Costa

Por aqui uso o facão
Pra cuidar da minha lida,
Minha terra é prazerosa
Animada e divertida
E o que bem me satisfaz,
É viver na santa paz
Sem temer bala perdida. Carlos Aires

Pelos bares da avenida
Descanso do labutar
Com gravata e paletó
Espero o tempo passar
Eu vou juntando os papéis
As testemunhas fiéis
De todo o nosso penar. Adilson Costa

Pois eu sempre irei usar
Chapéu de couro e gibão
Gosto de estar a vontade
Pisando com os pés no chão
Na venda de seu Gonçalo
Eu tomo um "rabo-de-galo",
E tá resolvida a questão. Carlos Aires

Eu digo de coração
Também não esqueço os campos
Do canto de uma cigarra
Das luzes dos pirilampos
De tantos belos coqueiros
Dos Galos em seus poleiros
Nos despertando pra os trampos. Adilson Costa

Eu vivo pregando grampos
Nas estacas do cercado,
Buscando capim e palma
Pra dá de ração pra o gado
Depois me banho no rio.
E assim nosso desafio
Vou dando por encerrado.

Poeta Carlos Aires abraçando a esposa, Dona Júlia Aires

Adilson Costa e Carlos Aires 26/03/2017

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso


http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

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