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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

UM DIA DIFERENTE

Por Clerisvaldo B. Chagas, 16 de fevereiro de 2017 - Escritor Símbolo do Sertão Alagoano - Crônica 1.636

Hoje fomos despertados pelos espanta-boiadas que em bando fazia seu taralhar pelos terrenos baixos do rio Ipanema. Que alegria imensa era aquela, minha gente, que repassava para nós como se fôssemos receber boas novas. E para sertanejo, alvíssaras é a mudança de tempo azul para o cinza das nuvens carregadas.

Nos últimos dois dias, o vento soprava mais forte no período vespertino e as nuvens formavam-se rodeando os municípios sertanejos. Uns achavam que as chuvas viriam, outros pensavam ser apenas enganação. Barreiros e açudes vazios representando a tradição imorredoura das secas apresentam-se no cenário crestado sertanejo. O cinza dos garranchos endurecidos transmite a cor da tristeza ao solo poeirento e nu onde as magérrimas reses passam os beiços no nada.

O Médio Sertão sofre desesperadamente com o tempo de estio prolongado, mas o Alto Sertão mostra até inúmeras casas de fazenda fechadas, cujos proprietários e moradores arribaram.

Como não ficar alegre, muito mais eufórico do que os próprios arautos das noticias, os espanta-boiadas! Com o aviso de mudança chegou mesmo uma garoa a muito desaparecida molhando as telhas da cidade perto do amanhecer. Mesmo assim prossegue o dia nublado no Sertão, onde se aguarda o grosso escondido nas trovoadas que não vieram em janeiro. Sabe-se, porém, que durante esse tempo, chuva fraca por aqui é sinal que em outros lugares da redondeza receberam o líquido dos céus em abundância. Só poderemos confirmar essa versão quando os pássaros humanos do semiárido atestarem metendo a boca no mundo.

Mesmo assim, a garoa trouxe esperanças e no mínimo amenizou a temperatura que estava danada e constante.

Daqui de Santana do Ipanema, a “Capital do Sertão”, vamos tentando captar novos sinais concretos de satisfação climática. Ô mundo bom!


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