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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

HERCULANO BORGES DESCAPELADO VIVO PELO TERRÍVEL CORISCO.

Material do acervo do pesquisador Guilherme Machado Historiador Pesquisador

Crime horripilante cometido por Corisco ao delegado Herculano Borges, que teve sua filha na cidade de Serrinha-Bahia, como testemunha viva, até 2 anos atrás... Um terror causado por Corisco.

A raiz mais antiga da história aponta para uma ascendência mais antiga pernambucana, que migrou para a Bahia no final do século XVIII, aparecendo a família em 1812, em Monte Santo, na Bahia, com Rafael dos Anjos.

Este era proprietário de uma posse de terra na fazenda Abóbora, onde, mais tarde, se desenvolveu o cenário de um embate em que morreu o cangaceiro Mergulhão.

O cangaceiro Mergulhão

A partir daí, a família se espalhou rumo Uauá e Vila Nova da Rainha, com Joaquim Cardoso da Silva Matos, filho de Rafael dos Anjos, sendo avô de Francisco Borges.

Entre seus descendentes destacaram-se os Borges de Sá, de Uauá, dentre os quais emergiram sete prefeitos dessa cidade.

Entretanto, o filho de Francisco cujo nome assumiu maior significado na história do cangaço foi Herculano Borges, nascido em Uauá, cerca de 1881.

Herculano Borges, que se casou com Marta Moraes Salles, mais conhecida como a dona Os santa. Dona Ossanta morreu em Serrinha, deixando um filho o Geraldo Bucão.

Foi este Herculano Borges que, em 1931, aos cinquenta anos de idade, foi trucidado por Corisco...

2 de outubro de 1931, no “Diário de Noticias”

Um negociante cortado em postas!

Corisco e seu grupo torturaram uma ex–autoridade policial

GUERRA IMPLACÁVEL AOS BANDOLEIROS ATÉ QUE O SERTÃO SE LIBERTE DA PRAGA SINISTRA

Santa Rosa é um distrito de paz do ex–município de Jaguarari, ultimamente anexado a Bonfim, de onde dista cerca de 12 léguas. Não é um lugar prospero: caracteriza–o o abandono em que jazem as localidades do Nordeste, onde apenas as feiras conseguem ofereceram pouco de vida, de movimento, de intensidade comercial, um dia em cada semana.

Em Santa Rosa residia o sr. Herculano Borges, sobrinho do coronel João Borges de Sá, de Uauá. Negociava com relativo êxito, vivendo vida corrente e tranquila com sua mulher e filhas. Era estimado e possuía amigos. Nada mais que isso desejava, para se considerar feliz.

NO “INDEX” DO BANDIDO

Um dia, indicaram–no para as funções de subdelegado local. Relutou ele em aceitar, porque não era político: disseram–lhe que esse seria um relevante serviço que ia prestar ao governo e à população local, cooperando na campanha empenhada contra Lampião.

Herculano Borges pensou melhor e aceitou o cargo; no exercício do mesmo, fez–se uma autoridade útil aquela campanha, trazendo o sicário apertado e, por isso mesmo, caiu–lhe no rol das pessoas condenadas.

Além disto, o seu tio coronel João Borges de Sá é velho inimigo de Virgolino, tendo–o mentido, certa feita, na cadeia, em Uauá, quando elle era, apenas, tropeiro de Delmiro Gouveia.

PRIMEIRO, OS BENS INCENDIADOS

Lampião, chefe dos bandidos, e como tal tido e obedecido por eles, conseguiu, ha tempos burlando a vigilância da autoridade de Santa Rosa, penetrar, de surpresa, nessa localidade.

Herculano mal teve tempo de fugir com a família, numa inevitável viagem desabalada, vindo a fixar residência, com suas cinco filhas menores, na cidade de Bomfim. Mas perdeu quanto possuía. O grupo sicário quebrou, espatifou, os moveis do seu perseguidor policial; na loja que ele possuía, praticou um saque de vândalos e depois, ateou fogo á casa com todo o “stock” nela existente.

Era o inicio da vingança.

Herculano experimentou, assim, o castigo de haver sido um homem de bem, que não compactuou com o crime, na sua vida de cidadão. Ficou residindo em Bomfim, não sem ir, de vez em quando, a Santa Rosa, menos para enfrentar o risco ou matar saudades, que por irrecusável necessidade de ali comerciar, na feira local, ás sextas feiras, como negociante ambulante.

A ESMAGADORA SURPRESA!

No dia 19, penúltimo sábado de setembro, Herculano Borges, feita a feira na véspera, regressava, pela estrada quente, interminável, a serpentear entre capoeiras sombrias, descampados nus de vegetação, a subir encostas fatigantes e a descer serrotes. Vinha montado e trazia suas mercadorias no lombo da burrama dócil à voz do “pajem”...

Fazia calor e Herculano, cansado da viagem, fez uma parada, Apeou. Perto havia uma “cacimba”. Para ela encaminhou–se e, descuidado, pensando certamente na família, que ia rever satisfeito, abaixou–se mitigando, no fio claro d’água corrente, a sede que lhe secava a garganta.

Surpreendeu–o nessa posição o tropel de cavaleiros inesperados. Ele voltou–se, na convicção de que talvez se tratasse de algum caixeiro viajante. Mas, não; a dívida durou o tempo de um relâmpago, porque alguém, do grupo, despertava–o para a negra realidade:

– Cel. Herculano, levante–se para morrer, que você está com “Corisco” pela frente”


VERDADEIRO SUPPLICIO

Era, realmente, aquele grupo composto do emulo de Lampião, e de mais 9 cãibras, que detinham o infeliz sertanejo.

O crime deste era não ser “costeiro”, era o de haver servido á sociedade contra salteadores e assassinos; era o de haver cumprido com o dever que assiste a todos os sertanejos, nessa luta contra os bandidos de Lampião.

Não descreveremos o suplício pelo qual padeceu, como um mártir cristão, o sr. Herculano Borges.

Amarraram–no. Cortaram–lhe os braços. Cortaram–lhe os pés. Degolaram–no.

E, esquartejado, feito em postas, os pés sangrentos dentro das botinas, foram seus restos mortais enfiados em estacas, como demonstrações do quanto é perverso o ódio da horda de Lampião...

PELO SANGUE DERRAMADO, GUERRA AOS SICARIOS!

O doloroso fim desse sertanejo deve inspirar ás populações do Nordeste um compromisso sagrado – o de lutar, ao lado da Força Pública, contra os sicários.

Pelo sangue que eles tem derramado das vítimas que surpreendem, o de prestigiar os perseguidores da gente de Lampião, denunciando–lhes os seus “coiteiros”.

É proposito do Governo do Estado não dar tréguas a Lampião, lançando em pratica um traçado modo de campanha que não pôde ser divulgado, mas que deve ser facilitado.

O Capitão Facó espera, conforme ainda hoje declarou ao DIARIO DE NOTICIAS, que os sertanejos favoreçam as tropas volantes com um ambiente de facilitações, contando para isso com o auxilio da imprensa. É o que fazemos – apontando esse novo bárbaro crime á execração geral!
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Aparece em Felipe de Castro (1975), a narrativa do início do problema:
Corisco foi para a cidade de Bonfim, corrido, afastando-se para sempre da região de Glória e Pedra de Delmiro. Na nova cidade que passou a residir iniciou vida nova, negociando com bugigangas na feira - era camelô - aos dezessete anos.

Certo dia, Herculano Borges, delegado de polícia daquela cidade, homem, segundo conceito popular, de maus bifes, recebe de um dos fiscais da feira uma queixa contra o camelô, acusando-o de sonegação de imposto, naquela época, cinquenta réis de ocupação do solo. Apresentado ao delegado, este indaga-lhe o motivo da protestada recusa, tendo o acusado se justificado, alegando já ter pago a outro fiscal, por isso que a acusação era injusta. Não se conformando, todavia, o delegado, mandou recolhê-lo ao xadrez debaixo d impropérios ofensivos, culminando por agredi-lo com um pontapé nas nádegas. Sabe-se que no percurso da feira ao quartel, onde ficava o xadrez, os soldados da escolta espancaram o rapaz que, raivoso com o ato injusto e violento, prometeu vingar-se declarando, em presença do próprio delegado, chorando de ódio: “Quando eu saí daqui o sinhô me paga seu Herculano”. Só depois de vinte e quatro horas soltaram-no.

Desesperado com os maus tratos que lhe deram, injustamente, resolveu vender o que tinha e com o produto desse negócio comprou um rifle e internou-se nas caatingas.”

Fonte Livro Lampião na Bahia e o Cangaço na Bahia.
(Foto abaixo do Cangaceiro Corisco e do Sr. Geraldo Bulcão Filho ou entiado do Delegado Herculano Borges.

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