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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

ADOLFO MEIA NOITE, O CANGACEIRO DE SANGUE AZUL


Nos idos de 1877, nas quebradas do sertão pernambucano, no longo e vasto território do semi-árido, na época, pertencente ao município da cidade de Ingazeira, existiu um famoso cangaceiro descendente de ingleses chamado Adolfo Rosa Meia Noite.

O avó de Adolfo, Richard Breitt, o nobre Richad, tendo feito ‘arte’ na escola em que estudava, acerta um professor com um tinteiro, na Inglaterra, migra, escondido em um navio onde seu tio era Capitão, para o Brasil. Desembarcam na cidade do Recife. Outro europeu, suíço, tinha negócios pelo interior do Estado. Richard, mesmo com pouca idade, acompanha-o.

Algum tempo depois chegam ao Distrito de Varas, pertencente ao município de Ingazeira, assim como eram quase todos os Distritos circunvizinhos na época, inclusive nossa cidade, São José do Egito, na época chamada de São José da Ingazeira.

“(...) Veio da Inglaterra com apenas onze anos, escondido num navio comandado pelo tio, de onde havia fugido depois de jogar um tinteiro na cara de um professor na escola em que estudava. E aqui chegando, na primeira oportunidade embarcou para o sertão com um suiço que o abrigara, e foi parar precisamente no povoado de Varas, hoje Jabitacá (...).” (Zelito Nunes)

Hospedam-se na fazenda Volta. Naquele recanto de mundo, muito distante da sua terra, ele avista uma cabocla sertaneja, pura, bela, filha do dono da fazenda, da família Siqueira Cavalcanti. Voltam para Capital e a imagem da moça não sai da mente do Inglês. Pouco tempo depois, lasca os peitos de volta ao sertão e vai parar no local onde morava aquela perfeição de mulher. Termina por casar com ela e sua prole estende-se pelo Sertão, Moxotó e Agreste pernambucanos.

O sertanejo não pronunciava direito seu nome e sobrenome, Richad Breitt. Com a continuação, passam a chama-lo ‘Ricardo Brito’. Daí por diante, os Britos passam a fazerem história no interior do Estado. Não sabemos se por coincidência ou não, os ‘Britos’ passam a terem os melhores cavalos de prado, corridas, em toda região. Sua fama de valentes ainda hoje prevalece, eles nunca levaram desaforos para casa. Os traços dos descendentes eram bem claros, todos tinham a pele clara, olhos azuis e uma estatura não muito compatível com a normal dos filhos da terra. O bom é que, segundo historiadores/pesquisadores, Richard era um nobre, pois descendia do rei Ricardo Coração de Leão.

“(...) O sobrenome “Breitt” difícil de ser pronunciado pelos nativos, logo virou “Brito” e Richard Breitt, tornou-se Ricardo Brito. Assim surgiram os Britos, todos de pele clara e olhos azuis. Esses galegos herdaram a valentia de um ancestral lendário: Ricardo I, Ricardo Coração de Leão, o rei guerreiro da Inglaterra que se destacou nos campos de batalha na Terra Santa como cruzado. Talvez por isso, os Britos nunca gostaram de levar desaforo pra casa. Aliás, pra lugar nenhum(...)”. (Z. N.)


Havia, na época, um comissário de polícia que atuava como subdelegado no distrito de varas, alcunhado de “Padre Quaresma”. Esse cidadão cai de quatro por uma jovem. Só que a jovem só via em sua frente, dos lados e por trás, o jovem Adolfo Rosa, filho de Riqueta, filha de Ricardo Brito, e seu esposo Leandro. Não tendo como conquistar aquela cabocla, o subdelegado usa da sua autoridade e manda prender Adolfo, o acusando de ladrão. Acreditamos que com essa atitude, baixa e medíocre, com que muitas pessoas, ainda hoje, agem contra aqueles que não conseguem atingirem de outra forma, ele pensava deixar o ‘caminho’ livre para se achegar a moça. Após prender o rapaz inocente, “Padre Quaresma” o envia para a sede do município, na cidade de Ingazeira.

“(...) padre Quaresma (apelidado de padre, não se sabe por quê) - um comissário de polícia, subdelegado naquela época. A razão dessa animosidade: uma paixão amorosa. Adolfo era o galã da vila, disputado pelas garotas da localidade e, por inveja, o subdelegado traiçoeiramente o prendeu na localidade Varas, enviando-o à Ingazeira(...).” (Comunidade Orkut - Joao S.)

Estando no xilindró na cidade da Ingazeira, amarrado pelo pé por uma corrente em um tronco, um tenente, certo dia, vai à cela do prisioneiro e o inqueri se sabia quem era o “Padre Quaresma”, coisa que Adolfo responde positivamente. Devemos lembrar que com a ida para aquela localidade, distando do local da prisão, isso estrategicamente fora planejado pelo subdelegado, o jovem não sabia o porquê de estar preso, não sabia que crime havia cometido. Pagar pelo que se faz, por um crime que se comete, mesmo sendo ruim, é compreensivo, porém, ‘pagar’ pelo que não fez, é horrível, desumano e desesperador. Pois bem, o militar diz que trouxera um presente do comissário para ele, e determina por dar-lhe o presente.

“(...) Como não havia segurança nas cadeias daquela época, é colocado em um tronco. Quinze dias se passaram sem que seus familiares soubessem, porque o mesmo se achava incomunicável. Através de um conhecido foram informados que Adolfo tinha sido fichado como ladrão de cavalo e que, se não o libertassem, ele iria morrer (...)A essa altura Adolfo não sabia qual a razão de estar preso, até que o tenente responsável por sua prisão lhe disse:

- Você conhece Padre Quaresma?

- Sim, disse o preso.

- Pois ele mandou um presente.

Ele respondeu:

- Nada tenho a receber de um homem que me botou aqui sem eu merecer(...).” (C. O.)

Minino, o tenente tinha em mãos uma vara flexível, porém bastante resistente e com a mesma, desce o cacete no lombo do prisioneiro. Adolfo, a partir daquele momento, fica sabendo do por que estava preso e quem havia tramado tudo aquilo. A cada cipoada, a raiva aumentava e o desejo de vingança tomava conta de sua mente. Sua carne dilacera, no entanto, a dor maior estava em seu íntimo, e só passaria quando lavasse sua honra com sangue.

Há uma versão que deixa uma dúvida, principalmente por falta de registros, se o Padre Quaresma agiu por paixão e sozinho ou por ordem de um poderoso e rico fazendeiro, tio de Adolfo, e por o jovem ter se apaixonado por uma de suas filhas, ainda, no caso, sua parente. Adolfo, tendo a tez escura, fugindo do padrão dos descendentes de Ricardo Brito, é colocado em um tronco e açoitado, a mando do seu tio. Voltando para casa, seu pai, Leandro, “sabendo do ocorrido, recusou-lhe a bênção porque ele não havia lavado sua honra com o sangue do tio. Na mesma noite, Adolfo esgueirou-se para dentro da casa do tio e o matou, fugindo em seguida para o vale do Rio Pinheiro”.

Para formular o inquérito, é necessário terem-se testemunhas, e o subdelegado, com sua ‘influência’, consegue que uns da família Quicés sirvam de testemunhas de acusação, deponham contra Adolfo. O que irrita mais o jovem inocente, ficando aqueles, também, nas imagens da vingança em seu interior.

Conseguindo livrar-se das grades e do tronco, Adolfo Brito, transforma-se no chefe cangaceiro Adolfo Meia Noite, e começa a por em prática aquilo que imaginou quando estava preso. Juntando-se com dois irmãos, os cangaceiros Nobelino e Manoel, e a esses, alguns cabras de sangue no olho, os cangaceiros “Oiticica”, “Manoel do Gado”, “Almeida” e outros, dão início a vingança. O primeiro a tombar é o danado do mentiroso, levantador de falso, o Comissário de Polícia Padre Quaresma. Na sequência da trilha de sangue, dois da família que serviram como testemunhas de acusação, dos Quicés, tombam na senda da guerra, e o grupo tem sua primeira baixa fatal, o cangaceiro “Oiticica”.

Os Quicés tinham um parente, um dos homens valentes que o sertão deu ‘cria’, Praxedes José Romeu, que após a morte de seus dois parentes, resolvem ir a fazenda Volta e vingarem suas mortes. Lá chegando, todos sob as ordens de Praxedes, cercam a casa grande, mas não encontram seu inimigo, apenas estando em casa um irmão de Adolfo, chamado Pacífico, que, além de retardado, não passava de uma criança, mesmo assim, o bando o assassina. Daí por diante a coisa vira uma carnificina total. As armas tomam o lugar das palavras e o sertão entra num rio de sangue.

Pouco podemos citar sobre os homens comandados por Adolfo Meia Noite. Um de seus ‘cabras’, o cangaceiro “Almeida”, natural da fazenda Colônia, do Distrito Ibitiranga, município de Carnaíba, PE, que tinha sua total confiança, assassina um primo por uma questão envolvendo uma rapadura. O chefe não gosta e o repreende. Pedindo para visitar seus parentes na fazenda Colônia, tem a permissão do chefe. Não se sabe o que ocorreu por lá, provavelmente uma ‘encomenda’ de algum dos inimigos, que quando da sua volta, ele vem para matar Adolfo Meia Noite, seu chefe. Na luta de vida ou morte, o cangaceiro “Almeida” é atingido e tomba sem vida nas áridas terras do sertão.

Adolfo Meia Noite torna-se o terror do sertão. Em sua saga, termina por assassinar pessoas influente e autoridades, terminando por ser uma das pessoas mais procuradas e perseguidas do Moxóto ao Sertão pernambucano. Evadisse dessa região e vai baixar suas tralhas no vizinho Estado da Paraíba. Na cidade de Malta, no Estado paraibano, uma volante com trinta homens o cerca e o fogo é intenso. Debaixo de trinta “bocas de fogo”, enfrentando, sozinho, trinta homens da polícia, tomba sem vida o chefe cangaceiro descendente dos nobres ingleses, Adolfo Rosa Meia Noite.

Fonte “O INGLÊS DA VOLTA E OS BRITOS DE PESQUEIRA” – NUNES, Zelito.
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