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terça-feira, 10 de janeiro de 2017

A MORTE DOS CANGACEIROS PÉ-DE-PEBA, XOFREU E MARIQUINHA


O cangaço foi composto por homens sem medo, sem rumo e sem guarida... Nômades que ao viverem na dureza do sertão nordestino, também ficaram duros, resistentes e de uma têmpera igual ao poder e força do sol que calcina constantemente aquele solo. E ao mesmo tempo, de uma força de regeneração tão e quanto ao rico solo que, apesar das intempéries do clima, basta um sereno para fazer brotar um ‘tapete verde’ parecendo agradecer aos céus.

Quando Lampião se encontra com Maria de Déa, na casa da fazenda de seus pais, encomenda uma porção de lenços de seda para que a mesma os bordasse com as iniciais de seu nome. Sabemos o quanto Virgolino foi vaidoso, porém, essas ‘encomendas’ tinham lá seus objetivos, menos vaidades. Na verdade, essa foi uma maneira dele vir com mais frequência à casa da fazenda e ver Maria. Que, ao passar de pouco tempo, segue o “Rei dos Cangaceiros” para não mais voltar a morar na casa paterna.

Após formarem o primeiro casal a fazerem parte do cangaço, Lampião abre uma brecha para que outros também se façam. Maria tinha uma prima, que era irmão de seu esposo, Zé de Nenê chamada Mariquinha. Essa se torna companheira do cangaceiro “Labareda”, Ângelo Roque.

Labareda chefe de subgrupo do grupo de cangaceiros de Lampião

Não se sabe, pelo menos até hoje não vi, nenhum escrito relatando sobre alguma mulher acompanhar algum soldado de volante. É correto dizer que após a entrada das mulheres no cangaço, diminuíram parte das torturas e dos estupros dos cangaceiros? Já que os mesmos, segundo alguns escritores, tornam-se mais limpos, mais higiênicos. Eis uma boa pergunta...

O subgrupo chefiado por Labareda, certa feita estava acoitado em terras sergipanas no lugar chamado Riacho do Negro. Para sua defesa, escolhe um serrote, pequena elevação de terra, pequena serra, para montarem acampamento.

Com a indicação do chefe cangaceiro preso na Casa de Detenção do Recife, Capital pernambucana, Antônio Silvino, de como agirem as autoridades para ‘chegarem’ ao “Capitão Lampião”, os comandantes das volantes, principalmente os pernambucanos, sabem a quem, ou em quem, ‘apertar’ para saberem onde estavam seus perseguidos. Apesar da caguetagem do “Rifle de Ouro”, a malha fora tão bem elaborada, que se passaram vários anos para que o objetivo fosse alcançado.

Volante baiana comandada pelo sargento Odilon Flor. Detalhe, o filho do comandante Odilon, Luiz Flor, encontra-se entre seus comandados. Ele é o terceiro da esquerda para direita, na segunda fila. Luiz estava dando muito trabalho, com sua adolescência "a todo vapor", então sua mãe o manda para junto do pai.

Pois bem, o coiteiro pego nas redondezas, ali perto, após uma sova, muita ‘prensa’ da volante do nazareno Odilon Flor, abre o bico. Canta feito um passarinho e diz onde estão os cangaceiros acoitados. Em vez de seguir as orientações que o coiteiro lhe diz, Odilon resolveu que ele mesmo servisse de ‘guia’ até o local para ele e seus 15 comandados.

O subgrupo de cangaceiros chefiado por "Lanbereda" era composto, nessa situação, por 8 pessoas incluindo a/ou as mulheres. Estão a se divertirem, jogando cartas e/ou limpando e lubrificando as armas. Quando de repente uma saraivada de balas ‘cai’ sobre o acampamento.

Chegando próximo ao local, vendo o posicionamento do coito, o comandante estuda o terreno, elabora um plano e ordena que avancem... Com muito cuidado, os militares conseguem chegar a ponto de tiro.

Cabeças dos cangaceiros "Pé de Peba", "Mariquinha" e "Xofreu".

Após o impacto da surpresa, que não era demorado para aquelas pessoas já acostumadas ao som dos disparos e ao zunido das balas, os cangaceiros contra-atacam e inicia-se um ferrenho tiroteio. O cangaceiro alcunhado de Pé de Peba tomba sem vida. Outro cangaceiro, de apelido "Xofreu", por alguns tido como “Chofreu" ou "Sofreu”, segue Pé de Peba na trilha escura da morte. 

Cruzes no local onde foram abatidos os cangaceiros Mariquinha, Pé de Peba e Xofreu, pela volante do sargento Odilon Flor em terras sergipanas, os quais faziam parte do subgrupo chefiado pelo cangaceiro "Labareda".

Em fim, a companheira do subchefe, Mariquinha, também cai na senda da guerra. Tendo três baixas em seu grupo, os cangaceiros conseguem abrir uma brecha na linha de ataque e conseguem fugirem.

Os cangaceiros "Gitirana" e "Xofreu"(Sofreu ou Sofrê)

No decorrer do ataque, ferrenho e ininterrupto, a volante tem uma baixa. O comandante Odilon Flor é ferido na altura das nádegas. Mas, não é nada grave. Os soldados são ordenados a cortarem as cabeças dos cangaceiros mortos. As mesmas são colocadas no lombo de uma burra e levadas para a cidade de Paripiranga, SE.

E assim, nas quebradas das serras sergipanos, na década de 1930, tem-se fim a vida de mais três cangaceiros.

Fonte “Lampião – O Cangaceiro” - LIMA, João de João De Sousa. 1ª edição. Paulo Afonso, BA. 2015.
Foto acervo particular da família Flor
João De Sousa Lima
"O Canto do Acauã" - FERRAZ, Marilourdes. 4ª Edição Revisada e Atualizada.
História para se contar.com
PS// OS ESCRITOS NA FOTO DOS DOIS CANGACEIROS, “GITIRANA E XOFREU”, ASSIM COMO OS NA FOTO DAS CABEÇAS FORAM FEITOS POR LUIZ FLOR.

Fonte: facebook
Página: Sálvio Siqueira
Link: https://www.facebook.com/groups/545584095605711/?fref=ts

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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