Seguidores

domingo, 11 de dezembro de 2016

OS VÂNDALOS

Clerisvaldo B. Chagas, 11/12 de dezembro de 2016 - Escritor Símbolo do Sertão Alagoano - Crônica 1.604

Os benefícios do espaço público são sempre demorados tanto nos litorais quanto nos interiores. As demoras são tantas que o homem, solitariamente, não consegue trazê-los. É por isso que os indivíduos vão se associando para que as reivindicações, os apelos, os gritos, cheguem mais fortes aos ouvidos das autoridades. No geral, aqui no Brasil, a resposta de quem manda é mesquinha, evasiva... Fugidia ou a célebre frase: “Estar faltando verba”.

Praça do Centenário. Foto: (Clerisvaldo).

Os motivos das chamadas “faltam verbas” são bastantes conhecidos e não enganam mais a ninguém. Contudo, com demora, má vontade e lentidão uma obra termina atendendo a coletividade. No caso, temos como exemplo uma praça que vem com alguns arranjos, bancos, enfeites, jardins... Monumentos. 

Hoje em dia os descansos do transeunte, o lazer dos moradores próximos, ficam comprometidos com a falta de segurança. Tempos depois os espertos vão catando o que tem de valor histórico e até de algum dinheiro como placas, estátuas de metais, tanto de bichos quanto de gente. Ninguém dá notícia de nada e os monumentos históricos desaparecem. Quando não, chega outra casta de vândalos, mais ignorantes ainda. Sem noção de nada, picham e mutilam tudo que encontram no logradouro público. 

Trazendo o problema para a capital de Alagoas, muitas coisas importantes da arte desapareceram das praças. Das estátuas que ficaram poucas estão perfeitas como foram implantadas. E para não sair citando da relação, vamos exemplificar em fotos, apenas a Praça do Centenário, no Bairro nobre do Farol, em área privilegiada. 

Pesquisando sobre a representação indígena para a Geografia de Alagoas, encontramos o mapa do estado, na praça, pichado ou mal pintado de cal, coisa que faz pena. Os dois índios que ladeiam o mapa de Alagoas, completamente pichados e mutilados. 

Como é difícil fazer cultura no Brasil! Enquanto os vândalos da política comem o dinheiro público lá em cima, os vândalos do povo mutilam aqui em baixo. É desestimulante.



http://blogdomendesemendes.blogspot.com

CARTA AO VELHO ESCRITOR

*Rangel Alves da Costa

Bom dia, velho amigo, como vai? Desculpe-me por chamá-lo de velho, mas é que leio seus livros desde tanto tempo que já tenho como costumeira nossa relação. 

Desculpe-me ainda por endereçá-lo a presente missiva sem conhecê-lo pessoalmente. E principalmente por chamá-lo de amigo, numa intimidade até evitável. 

Mas reconheço como amigo aquele que me faz bem através do que escreve. Por isso mesmo o tenho como um verdadeiro e cordial amigo, com quem dialogo através dos livros.

Não se sinta ofendido, mas tenho que confessar coisas que podem não agradar. Por mais que possa negar, acredito seriamente que todo personagem sofrido de seus romances espelha o próprio autor.

Quer dizer, você se esconde em cada personagem sofrido, marcado pelas durezas e difíceis circunstâncias da vida, para se autorretratar. Só muda o nome, mas você em todos eles, e seja homem ou mulher.

O problema, meu amigo, é que todos, absolutamente todos os seus personagens, carregam em si um fardo muito pesado de sofrimento. Significa dizer que suas dores são tamanhas que precisa dividir suas angústias e aflições entre tantos.

Com relação a este aspecto, ouso dizer que uma escritora chamada Clarice Lispector fez o mesmo, diferenciando-se somente pelo fato de que ela, até pessoalmente, jamais negou realmente sentir as aflições transcritas em suas páginas.

E mais. A originalidade maior de Clarice se deve ao fato de narrar seus sofrimentos, angústias, desilusões, desesperanças, como se estivesse num divã onde o leitor é o seu pasmado analista.

E por que acredito que esteja espelhado em cada personagem? Muito fácil dizer. Recorda que o seu Capitão Bendegó, já cansado da luta e deitado numa rede, fica repetindo palavras ao vento que passa?


O segredo está nas palavras utilizadas. Não vou mais sofrer como Strauss sofreu, não vou mais chorar como Erônia chorou, não vou mais permitir que o punhal avance sobre mim como fez Zió...

O problema é que tanto Strauss como Erônia e Zió, e tantos outros mais, estão todos presentes em outros livros seus. E todos eles traduzindo o próprio autor nas suas angústias, bem ao modo de Clarice Lispector.

Desculpe, mas tenho que dizer. Por que não há em seus livros nem um só assassino, um só bárbaro e cruel, um só desequilibrado mental, psicopata ou coisa parecida? Por que você nunca se ajustou a tais características. Nunca matou, nunca violou além de si mesmo.

Entendeu, meu velho amigo? Em cada livro, em cada personagem, sua descrição é tão fiel de si mesmo que não haveria como forjar outras situações. Apenas seres angustiados, aflitos, sofridos, desesperançados. E todos você.

Talvez outros leitores sequer tenham imaginado assim. Mas eu, curioso como sempre fui, saí das páginas de seus livros em busca de informações acerca de sua pessoa, enquanto escritor silencioso, recluso, de viver solitário. E quais os motivos para tal? As angústias.

Confirmo o que digo. No desfecho de O Lobo, no parágrafo final, há o seguinte: O lobo estava faminto, sofrido, ávido por qualquer coisa. Mas não quis mais ir atrás de qualquer presa ao redor. Uivou pela última vez, o mais alto que pôde, e depois se recurvou ao chão. Para morrer.

Relembra desta bela escrita ao final do livro? Pois bem. Li numa entrevista dada por você que se sentia como um velho lobo que precisar uivar pela última vez e depois fechar os olhos. Qual a relação desses dois fatos, do livro e da vida?

Mas que não uive agora, meu bom amigo. Permaneça no alto da montanha. Mas que não uive agora. E muito menos fechar os olhos. Que os olhos dos lobo, ainda que entristecidos e lacrimejantes, mirem além da noite para encontrar a lua.

Reconheço o velho lobo solitário que habita seu monte. Lobo uivante, triste, tendo a si mesmo como presa. Mas faça como ao final de O Diário da Montanha: E do alto avistou o mundo. Que coisa mais bela era aquele mundo. Foi então que pediu permissão a Deus ser o dono daquilo tudo.

E depois desceu a montanha para se apossar da grandeza da existência jamais reconhecida em seu viver. Um grande abraço de seu cordial leitor.
  
Escritor
Membro da Academia de Letras de Aracaju
blograngel-sertao.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O CANTO DO ACAUÃ


Se você está interessado adquirir esta obra (O CANTO DO ACAUÃ) da escritora e pesquisador do cangaço Malilourdes Ferraz, entre em contato com Francisco Pereira Lima (Professor Pereira), lá da cidade de Cajazeiras, no Estado da Paraíba, através deste e-mail: 

franpelima@bol.com.br

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

BELOS ENSINAMENTOS DO CORONEL DELMIRO GOUVEIA

Em um ato intempestivo, o coronel Delmiro Gouveia resolveu raptar a menor Carmela Eulália do Amaral Gusmão, por quem se apaixonara. A moça era filha do governador de Pernambuco, Segismundo Gonçalves (1845-1915), importante aliado de Rosa e Silva.

"Enquanto elles viviam pelas ruas, cafés, casas de pensão, restaurants, trens e mesmo em seus escriptórios, onde à falta de trabalho passam o tempo a se occupar da vida alheia, eu estava no labor do meu negócio, externuando-me na verdadeira lucta pela vida, afim de conseguir o que tanto hoje os incommoda" (GOUVEIA, 1 jan. 1898, 2).

"O que medeia entre essa humillissima posição e a de um industrial util á minha patria, que sou hoje, é apenas uma pagina de trabalho" (GOUVEIA, 7 jul. 1899, 4).

"Fiquem certos esses calumniadores de officio que não ganho nem estrago dinheiro em jogatinas; não empresto a juros de vinagre; não sirvo de capacho, de limpa botas de quem está acima de mim em posição ou vantagens (...)" (GOUVEIA, 5 jan. 1900, 2).

"Si elles tivessem no sangue, nos nervos, nas faces, vergonha, e no organismo alguma coisa de energia e sentimento, deviam orgulhar-se de haver um homem do povo, pobre porém trabalhador, capaz de mostrar-lhes com exemplos que quem lucta pela vida com honradez, actividade e perseverança, póde conseguir uma posição na sociedade e, em vez de andarem pelas ruas, cafés, trens e esquinas empregando-se na maledicência, podiam dedicar-se ao trabalho proveitoso, que nobilita o homem e dá-lhe sempre o direito de confundir seus inimigos gratuitos" (GOUVEIA, 1898, 2).


www.usp.br/pioneiros/n/arqs/tCorreia_dGouveia.doc

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

UM HOMEM DE SORTE NA VIDA DELMIRO GOUVEIA!

Por Paurílio Barbosa - Recife Pe

A garota da fotografia foi a segunda esposa do pioneiro coronel Delmiro Gouveia e juntos, tiveram três filhos. Com a esposa anterior, Anunciada, Delmiro não teve filhos. 

Na época dessa fotografia, Delmiro Gouveia estava no auge do sucesso, jovem e rico, entre os seus empreendimentos era incluída uma fábrica de açúcar refinado (a construção ainda está de pé, próxima ao shopping Tacaruna/Recife).

Coronel Delmiro Gouveia

Questões políticas e inveja miseravelmente se misturaram na vida de Delmiro Gouveia e ele saiu de Pernambuco às pressas, mas debaixo da asa carregava essa menina da foto. Nunca li nas biografias do coronel Delmiro Gouveia como ele recuperou os seus bens deixados no Recife, ou se tinha grandes dívidas que foram pagas com tais bens.


O certo é que não foi tanto o azar do homem, perdendo tudo, porque em Alagoas, recebendo o apoio do coronel Ulisses Luna, comprou terras e enriqueceu de novo, fazendo aquilo que ele mais sabia fazer: comercializar com peles. E mais à frente.

http://amigosdedelmirogouveia.blogspot.com.br/2008/07/delmiro-gouveia-um-pouco-de-histria.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

NAZARÉ... O TEU NOME ESTÁ ESCRITO NA HISTÓRIA...


Eram 17 horas de uma tarde histórica quando o Clube Recreativo de Nazaré recebeu a solenidade de homenagem aos Nazarenos pelo Cariri Cangaço Floresta 2016. Para um auditório completamente lotado; presentes mais de 300 pessoas, entre escritores e pesquisadores e principalmente descendentes dos Nazarenos, o momento solene ficou marcado pela profunda emoção.

Souza, Nogueira, Gomes, Jurubeba, Araujo, Ferraz, Lira... Linhagens nobres do sertão; nascidas no solo sagrado da fazenda algodões, berço de homens e mulheres destemidos e bravos, que não mediram esforços para defender a honra, a família e o lugar que amam: Nazaré.

Com a presidência do Curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo, a solenidade iniciou com as homenagens do Cariri Cangaço aos organizadores locais. Mabel Nogueira, Netinho Flor e Rubelvan Lira receberam o Diploma de Amigo do Cariri Cangaço, em reconhecimento ao espetacular trabalho desenvolvido para a realização do evento.

Manoel Severo e as homenagens aos organizadores do evento em Nazaré
Juliana Pereira entrega a Mabel Nogueira o Diploma de Amiga do Cariri Cangaço
Cristina Amaral e Manoel Severo passam as mãos de Netinho Flor o Diploma de amigo 
do Cariri Cangaço
Aderbal Nogueira Passa às mãos de Rubelvan Lira o Título de Amigo do Cariri Cangaço

Em seguida o Conselho Alcino Alves Costa do Cariri Cangaço conferiu à vultos da história de Nazaré, combatentes da mais espetacular saga do sertão, o Título de "Personalidade Eterna do Sertão" aos Nazarenos: Pedro Tomaz de Souza, Sargento Odilon Nogueira de Souza; "Odilon Flor", Sargento Luiz de Souza Nogueira; "Luiz Flor",, Tenente João Gomes de Lira, Tenente João Gomes Jurubeba, Sargento Hercílio de Souza Nogueira, Tenente Davi Gomes Jurubeba, Tenente Cirilo de Souza Araujo, Antônio Capistrano de Souza Ferraz, Coronel Manoel de Souza Ferraz; "Manoel Flor", Coronel Manoel de Souza Neto; "Mané Neto", Herculano de Souza Nogueira e Capitão Euclides de Souza Ferraz; "Euclides Flor".

"Personalidades Eternas do Sertão"

Maelbe Nogueira recebe de Manoel Severo o Título de Pedro Tomaz
Kydelmir Dantas entrega a Luiz e Odilon Nogueira o Título de Odilon Flor
Antônio Gomes Jurubeba Neto recebe o Título de seu pai, Tenente João Gomes de Lira das mãos de Geraldo Ferraz
Rita Jurubeba recebe de Veridiano Dias o Título de João Gomes Jurubeba
Hildegardo entrega a Edilene Lira o Título de Herculano de Souza Nogueira
Olimpio Jurubeba recebe das mãos de Alcides Carneiro o Título de seu pai, Davi Jurubeba
Rubelvan Lira passa às mãos de Gilson Araujo o Título de seu pai, Tenente Cirilo Araujo
Ivanildo Silveira entrega a Suely Jurubeba o Título de Antônio Capistrano Ferraz
Urbano Silva entrega o Título de Manoel Flor a George Ferraz Nogueira
Marcos Nogueira recebe de Rosane Pereira Soares o Título de Luiz Flor
Luiz Ferraz Filho entrega a João Lucas o Título de Euclides Ferraz
Netinho Flor recebe das mãos de Aderbal Nogueira o Título de Manoel Neto

As homenagens não pararam por aí na solenidade do Cariri Cangaço Floresta 2016 em Nazaré, ato contínuo a Comissão Organizadora local prestou homenagens a diversos pesquisadores que possuem uma forte ligação com a vila mais famosa do cangaço que receberam Diplomas de "Amigo de Nazaré", tendo a frente Manoel Severo, Curador do Cariri Cangaço e ainda, Ivanildo Silveira, Juliana Pereira, Jorge Remígio, Geraldo Ferraz, Narciso Dias, Aderbal Nogueira, Jair Tavares e Rostand Medeiros. 

 Família Cariri Cangaço homenageada pela família Nazarena

As conferencias da tarde/noite com a Mesa formada pelos pesquisadores José Tavares, Juliana Pereira e Aderbal Nogueira, tiveram Netinho Flor com o tema: "Genealogia dos Flor" e Cristina Amaral com "João Gomes de Lira - O Soldado e o Pai", fecharam com chave de ouro a programação no Clube Recreativo de Nazaré.

Kydelmir Dantas e as homenagens aos Nazarenos
 Netinho Flor e a Genealogia dos Flor
Cristina Amaral fala do soldado e do pai: João Gomes de Lira
 Aderbal Nogueira fala da sua experiencia ao lado de João Gomes de Lira
Juliana Pereira e os verdadeiros Heróis: Nazarenos 
 Lucinha, Elane e Archimedes Marques, Cristiano Ferraz, João de Sousa Lima, Ana Lucia, Oleone Fontes e Geraldo Ferraz
Manoel Severo recebe das mãos de Cristina Amaral, Luiz Ferraz Filho e Rubelvan Lira a Camisa Comemorativa de Nazaré do Pico - Fazenda Ema

Cariri Cangaço Floresta
27 de Maio de 2016, Clube Recreativo de Nazaré do Pico
Fotos: Magno Araujo e Louro Teles

http://cariricangaco.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

ENTREVISTA COM O IRMÃO DO CANGACEIRO ELÉTRICO

https://www.youtube.com/watch?v=teshcm7e1hY&feature=youtu.be

ENTREVISTA COM O IRMÃO DO CANGACEIRO ELÉTRICO

Publicado em 9 de maio de 2016
Meu querido Avô nos conta um pouco da vida de seu irmão, o cangaceiro Elétrico,
Categoria
Licença
Licença padrão do YouTube

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

NOVO LIVRO NA PRAÇA SOBRE O CANGACEIRO JARARACA


Mais um livro sobre o pernambucano José Leite de Santana o cangaceiro Jararaca, que foi assassinado em Mossoró no ano de 1927, após a tentativa frustrada de Virgolino Ferreira da Silva o cangaceiro Lampião e seu bando, tentando extorqui da cidade,  uma enorme quantia em valores.

O livro é de autoria do jornalista e pesquisador do cangaço Geraldo Maia do nascimento.

Quem desejar adquiri-lo entre em contato com o professor Pereira lá da cidade de Cajazeiras, no Estado da Paraíba através deste e-mail:


franpelima@bol.com.br

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

A INFÂNCIA DE LAMPIÃO

Por Pedro R. Melo

Nadava quando havia água no riacho. Usava seu bodoque e brincava de cangaceiro e volante. Aprendeu a ler e a escrever com outros meninos, graças as aulas de um senhor. Tocava sua sanfona de oito baixos (Antonio Amaury e Carlos Elydio)

Fonte: Livro - Lampião (Herói ou Bandido) ? - autor - Antonio Amaury -
Foto: Virgolino, aos 10 anos de idade, arquivo do autor.

Acesse e solicite a sua participação na nossa página de estudos do cangaço. Já participa, compartilhe!!
Pedro Ralph Silva Melo (administrador)


https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1756677034655755&set=gm.1398510686828712&type=3&theater

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

A CASA CAIU, SENHORITAS! CANGACEIRAS APRISIONADAS

As meninas Anna e Otília

Manchete de 18 de maio de 1935, no jornal “Diário de Notícias” BA

A presença de cangaceiras aprisionadas foi uma das marcas do momento. Anna Maria da Conceição, nascida em Jeremoabo, era companheira do cangaceiro "Jurema". Caminhava com Jurema, Juremeira, Beija-Flor e Nevoeiro, quando a volante do sargento Vicente caiu sobre o subgrupo. Foi alvejada com dois tiros de fuzil, que lhe atingiram os braços, sendo capturada. Já o seu parceiro e companheiros não tiveram a mesma sorte...

Jurema, Jureminha e Nevoeiro - Foto não compõe a matéria original 
Cortesia do amigo Sergio Dantas

Otília Teixeira Lima, de Poços, era companheira de "Mariano". Adentrou o cangaço em 1931, depondo que constituíam o bando, naquele momento em que adentrou, Lampeão, Mariano, Zé Bahiano, Pó Corante, Gato, Bananeira, Volta Secca, Maçarico, Cajueiro, Balisa, Cabo Velho, Nevoeiro, Luis Pedro, Virgínio, Suspeita e Medalha, além de Maria Bonita e algumas mulheres que não indicou os nomes.

Deslocava-se, em 1935, junto com Mariano, Criança, Pai Velho e Pau Ferro, quando foi o subgrupo cercado pela volante do sargento Rufino. Cerrada brigada, foi cercada, não conseguindo Mariano romper o seu cerco para libertá-la. Acabou entregando-se.

“Lampeão” não quer negocios com a policia da Bahia

Dois minutos de interessante palestra com as mulheres de Mariano e “Jurema”, chegadas, hontem, presas... A vida, para o banditismo, “no outro lado”, está melhor... 

O DIARIO DE NOTICIAS offerece, hoje, aos seus innumeros leitores, a opprtunidade de uma entrevista com as mulheres de Mariano e “Jurema”, dois dos peores scelerados que teem palmilhado a zona escaldante e longinqua do nordéste bahiano.

São ellas Anna Maria da Conceição, com 23 annos de idade, mestiça, nascida nas Baixas, no município de Geremoabo, e Otília Teixeira Lima, parda, de 25 annos, estatura média, procedente das caatingas de Poços, distante 15 leguas daquella cidade.

Fomos encontra–las, hontem, na delegacia Auxiliar. Momentos antes, haviam chegado do nordéste, pelo trem do horario, devidamente escoltadas por seis praças da Policia Militar.

Como foi presa a primeira

Anna foi presa nas caatingas do logar denominado São José, tendo, nessa occasião, recebido dois tiros de fuzil, que lhe perfuraram os braços. Estava ella em companhia de “Jurema”, “Beija–Flôr”, “Nevoeiro” e “Juremeira”, quando surgiu, inesperadamente, a força volante do sargento Vicente, que, de ha muito, vinha sequindo as pégadas do bando sinistro. Logo que viu os policiaes, “Jurema” rompeu cerrado tiroteio contra os mesmos, que, reagindo valentemente, puseram em fuga os cangaceiros. No embate, que durou poucos minutos, caiu ferida Anna Maria. “Jurema” quis, ainda, soccorre–la, mas, acossado pelas balas, teve que fugir, deixando a companheira nas mãos dos seus perseguidores.

A outra “descansava”...

Otília estava com o bando de Mariano, na Fazenda “Mucambo”, junto com “Páo Ferro”, “Criança” e “Pai Velho”. Minutos após a chegada do grupo, dois cáibras fôram escalados para arranjar montadas na vizinhança. Foi quando appareceu, de surpresa, o contingente do sargento José Rufino, que, com 15 praças, vinha procurar pousada na alludida fazenda.

Reconhecendo os bandidos, a força entrou a tiroteiar contra os mesmos, pondo–os em fuga, depois de cerca de duas horas de fogo. Otília estava descansando na casa da fazenda, quando começou a fuzilaria. Receiosa de ser attingida pelos projectis, alli deixou–se ficar, sendo finalmente presa e conduzida para esta Capital, onde se encontra. Mariano, seu velho companheiro conseguiu, habilmente, cortar a rectaguarda da força, fugindo á chuva de balas que se despejava sobre elles.

Contando a sua vida...

– E ainda dois graças a Deus, de estar aqui! Pensei que a força me fuzilasse, no momento em que fui presa. Ha cerca de quatro annos, ingressei no bando de “Lampeão”. Por essa occasião, o “Capitão” andava lá pelo Raso da Catharina, acompanhado de José Bahiano, “Gato”, Pó Corante”, Mariano, “Bananeira”, “Volta Secca”, “Maçarico”, “Cajueiro”, “Balisa”, “Cabo Velho”, “Nevoeiro”, Luis Pedro, Virginio, “Suspeito” e “Medalha”. Viajava para Poços, com meus dois irmãos, quando deparei o bando do “Cégo”.

Mariano botou os olhos em cima de mim e me ordenou que o acompanhasse. Não tive outro jeito senão seguir. Juntei–me ás outras mulheres e comecei a andar pelo matto, sem pouso, passando fome e sêde, até o dia em que fui presa.

Como ciganos

– E como vivem os bandidos?

– Pelos mattos, dormindo hoje aqui, amanhã alli, comendo carne do sol e ás vezes, um pouco de farinha. Agua arranja–se nas raizes de umbú. Á noite, todos se deitam no chão e embrulham–se com as suas cobertas. Quem tem mulher dorme separado, debaixo de algum pé de paó... É uma vida desgraçada... – concluiu Otília.

Anna Maria assistia á conversa, com o corpo descansando sobre os calcanhares.

Uma historia de amôr...

– Vivia com a minha familia nas Baixas, cerca de onze leguas de Geremoabo. Um dia, a força do tenente Macedo appareceu por lá e, sabendo aque alli moravam os parentes de “Jurema”, queimou tudo. Até as roças de feijão! Eu era noiva de um irmão de Jurema, que estava no bando de Lampeão, e tinha o mesmo appellido. Vendo–o, a força prendeu–o. E já iam longe, quando o meu noivo, conseguindo intimidar os dois soldados que o escoltavam, fugiu. No caminho, convidou–me para fugir com elle. Aceitei. Dias depois, estávamos no meio do bando de Lampeão. Quis voltar. Não tive mais jeito. Ordem era ordem. Tinha que acompanhar obando. Assisti a innumeros combates, durante estes tres ultimos annos.

... E o peor tiroteio

O peor, porém, – continúa – foi o de Maranduba, onde morreram “Sabonete”, “Quina–Quina” e “Catingueira”. Foi um tiroteio que durou varias horas. Quase fiquei surda. Eramos seis mulheres e estavamos separadas do bando. Dois caibras ficavam de sentinella comnosco, sempre que havia um combate. Depois, com os córtes da rectaguarda, Lampeão abria caminho e assim podiamos fugir.

Lampeão luta como uma féra!

– E Lampeão vai tambem para a frente?

– Sim, senhor. Lampeão é uma féra. Não tem mêdo de nada. É o primeiro que atira e vai ba frente. Quando eu entrei no bando, Lampeão estava com duas marcas de bala. Uma, no pé, e outra no braço. Foi nessa occasião que “Gato” foi ferido tambem...

Falando sobre o “Capitão”...

– Queremos alguns informes sobre Lampeão...

– O Capitão é de estatura média, bem moreno e cabello castanho. Usa oculos amarellos, pois é cégo de um olho. Traja sempre uma roupa mescla, chapéo de couro e alpercatas. Carrega um mosquetão, uma “parabellum” e tres cartucheiras, além de varios bornaes cheios de bala. Atravessado na cintura, um grande punhal.

Não quer nada com a nossa Policia

Deixei elle agora do outro lado, com varios cáibras, pois a coisa está preta no nordéste.

– E onde é o outro lado?

– Lá, em Alagôas e Sergipe. As coisas lá não são como aqui. Vive–se mais tranquillo e mnos perseguido. Estávamos satisfeitos.

A verdade, ainda uma vez...

Effectivamente, a situação do nordéste é outra, hoje. O bandido não tem para onde se mexer. Difficilmente, desloca–se de um ponto para outro. A sua acção tornou–se quase nulla. Vive, agora, passando uma vida de miserias...

As novas directrizes traçadas pelo Cap. João Facó e executadas pelos seus auxiliares, na campanha contra o banditismo, lograram, felizmente, verdadeiro exito. Hoje, já se respira nas caatingas. Não ha mais aquelle pavor de outr’ora, quando pairava nas caatingas o espectro sinistro da morte.

Cap João Facó
Cortesia de Ivanildo Silveira

Pescado no  Açude do confrade Rubens Antonio

Que mais uma vez promove um belo trabalho de resgate de fatos e fotos históricas na web. Ao transcrever não deixe de citar que, foi o C.S.I. Rubens Antonio quem fuçou! Leia aqui o tutorial.

http://lampiaoaceso.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com