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domingo, 2 de outubro de 2016

AS OBRAS DO ESCRITOR ALCINO ALVES COSTA..!


Esse saudoso ESCRITOR/poeta/contador de histórias/compositor e, radialista escreveu uma dezena de livros, a maioria sobre o cangaço e regionalismo.

OBS: ALCINO faleceu em 01-11-2012. Era natural de Poço Redondo-SE.

Confira abaixo, algumas obras dele. Você pode adquiri-las com o professor Francisco Pereira Lima.

franpelima@bol.com.br

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CAICÓ - RN - DATAS E NOTAS PARA A HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE CAICÓ NO RIO GRANDE DO NORTE

Por José Ozildo dos Santos

Clique no link abaixo para ler e ver todas as fotos postadas da cidade de Caicó no Rio Grande do Norte:

http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2012/01/caico-rn-datas-e-notas-para-historia-do.html

NOVO LIVRO NA PRAÇA "O PATRIARCA: CRISPIM PEREIRA DE ARAÚJO, IOIÔ MAROTO".


O livro "O Patriarca: Crispim Pereira de Araújo, Ioiô Maroto" de Venício Feitosa Neves será lançado em no próximo dia 4 de setembro as 20h durante o Encontro da Família Pereira em Serra Talhada.

A obra traz um conteúdo bem fundamentado de Genealogia da família Pereira do Pajeú e parte da família Feitosa dos Inhamuns.

Mas vem também, recheado de informações de Cangaço, Coronelismo, História local dos municípios de Serra Talhada, São José do Belmonte, São Francisco, Bom Nome, entre outros) e a tão badalada rixa entre Pereira e Carvalho, no vale do Pajeú.

O livro tem 710 páginas.
Você já pode adquirir este lançamento com o Professor Francisco Pereira Lima ao preço de R$ 85,00 (com frete incluso) Contato: franpelima@bol.com.br 

fplima1956@gmail.com


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HISTÓRIAS DO CANGACEIRISMO NO CEARÁ

Por: Angelo Osmiro Barreto

Bibliografia do Cangaço: 

História do Cangaceirismo no Ceará do autor Abelardo F. Montenegro. Editado em 1955. Tive a honra de conhecer o autor e ter esse exemplar autografado por ele.



https://www.facebook.com

Para adquirir esta obra entre em contato com o professor Pereira lá de Cajazeirasm no estado da Paraíba através deste e-mail: 
franpelima@bol.com.br

Não tenho o e-mail do escritor Ângelo Osmiro Barreto

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CAPANGAS E CORONÉIS

Por Apolônio Cardoso

Este pedaço de Brasil denominado Nordeste a´te os finais de 1930, mais ou menos, tinha por característica o coronelismo, acobertado por outro "ismo", que era o banditismo.

O cangaceiro Virgolino Ferreira da Silva (Lampião) ou o "capitão Virgolino", como assim era chamado, cujo título lhe fora dado pelo então presidente da República e entregue em mãos pelo padre Cícero, que era seu protetor, percorria estes brasis do lado de cá com seus companheiros de infortúnio, sendo herói para uns e bandidos para outros. O jovem pacífico tornou-se um bandoleiro devido a rixas e o morticínio entre famílias - um dos primeiros guerrilheiros do Nordeste brasileiro.

A comenda que lhe foi outorgada pelo presidente, tinha uma única finalidade: perseguir e extinguir a "Coluna Prestes". Resultado os dois comandantes de tropas palmilharam seus próprios caminhos. Prestes seguiu seu itinerário, semeando os sonhos de Marx e Mao-Tsé Tung por onde passava, e Lampião morreria depois, assassinado às margens do Rio São francisco. 

Os cangaceiros eram bandidos perante a lei e os coronéis da época, mas tinham seus amigos, protetores e admiradores que os amavam silenciosamente.

As leis são nacionais, mas os senhores de engenho e grandes fazendeiros, os coronéis sem divisa, criavam suas próprias leis". Não digo todos, que entre eles houve os homens de bem que protegiam os mais fracos em seu "território". Entretanto, havia aquele coronel de chibata, que açoitava e matava a quem quisesse, sepultando suas vítimas em seus cemitério" escondidos em suas propriedades.

Matronas, "coronéis!" e escravos brancos, são resquícios da sociedade colonial do Brasil de outrora. Os cambiteiros, vaqueiros e cantadores, senzalas, e casas grandes, são os retratos de uma civilização que foi construída à força, sangue, suor e lágrima, com raízes de barbeirismo e perfume de educação, a civilização que hoje está aí rindo e zombando do tempo. Tendo embora, no estandarte de sua liberdade senzalas destruídas e casas grandes destruídas, governadas por homens brutos que ainda matam por motivo fútil ou em troca de quase nada.

O progresso chegou, a luz iluminou as cidades e as montanhas, o asfalto cortou os cascalhos,onde dormia uma fera, hoje estuda uma criança, a comunicação aproximou os homens. Tudo hoje é diferente. Os "coronéis" e os capangas não têm mais vez (ou quase não). 

Leandro Gomes de Barros, um dos maiores poetas brasileiros em relação à Literatura de Cordel, em seu histórico folheto. "O cachorro dos Mortos", fez pingar de sua pena de mágico, esta obra-prima.

"Os nossos antepassados 
eram muito prevenidos
diziam, matos têm olhos
e paredes têm ouvidos
e os crimes são descobertos
por mais que sejam escondidos.

Os capangas e os "coronéis" são hoje, figuras distantes em nossas mentes, lembranças na história e peças de teatro do Folclore Nacional.

Apolônio Cardoso é advogado e membro da Associação Paraibana de Imprensa.

Fonte: Jornal "O MOSSOROENSE"
Cidade: Mossoró-Rn
Data: 27 de julho de 1995
Ano: ?
Número: ?
Digitado e ilustrado por José Mendes Pereira

Este jornal foi a mim presenteado pelo pesquisador do cangaço e sócio da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço Francisco das Nascimento (Chagas Nascimento). Desculpem-me alguma falha na digitação, sou um pouco cego. 

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LAMPIÃO - SANGUE EM BELMONTE (Em 3 versões)

Por Raul Meneleu Mascarenhas

As versões dos acontecimentos variam de uma forma contundente na história de Lampião e seus inimigos. Para um leitor desatento, que não registre em sua memória o que leu em diversos livros sobre os episódios vividos por aqueles da época e narrados pelos escritores, por certo ao conversar sobre os assuntos, em algum momento, poderá ouvir outra versão do acontecido. Temos disparidades e citarei aqui apenas três ou quatro livros, de autores que merecem todo o nosso respeito, e que colheram informações de fontes diferentes.


Em O Canto do Acauã, na página 157 da sua segunda edição, revista e ampliada, temos a narrativa do histórico episódio sobre Ioiô Maroto e a morte do coronel Gonzaga, narrada por sua autora, Marilourdes Ferraz, que nos conta: "... Apenas quatro meses depois do grande assalto à Água Branca o olho de lince de Virgulino mirou a riqueza de Luís Gonzaga Lopes Gomes Ferraz, residente em São José do Belmonte. Esse senhor gozava do apreço e admiração das pessoas da terra por sua capacidade de trabalho e probidade. Igual à imensa maioria dos sertanejos, teve um difícil começo na vida; foi almocreve e iniciou suas atividades comerciais junto a seu pai, Cândido, e ao seu irmão, João, ainda na vila de São Francisco. 

Quando ali não foi mais possível permanecer, os comerciantes partiram e entre eles estavam Gonzaga e Francisco Pita, mais conhecido por Chico Pita. Este, transformar-se-ia em industrial no agreste pernambucano, mas Gonzaga não foi tão longe, ficando ali mesmo no sertão, em São José do Belmonte, onde seria atingido pela violência na segunda quinzena de outubro de 1922. 

Ampliando suas atividades comerciais, Gonzaga conseguiu reunir bens consideráveis depois de longos anos de extenuante trabalho, movido pelo desejo de assegurar o futuro de sua família. Além de comerciante, era também fazendeiro, industrial, proprietário de uma usina de beneficiamento de algodão e de armazéns. Efetuava transações com couro de caprinos e com algodão, prestava assistência aos agricultores da região através de pequenos financiamentos e não se recusava a auxiliar parentes e amigos. Foi ele que ofereceu uma boa quantia como ajuda financeira para a construção da igrejinha de Nazaré. 

Gonzaga há muito tempo vinha atendendo às exigências dos cangaceiros, fornecendo-lhes dinheiro, tecidos e objetos, para ser deixado em paz, até que sobreveio o incidente que o levou a cair no desagrado dos bandoleiros. Estava ausente de casa quando chegou um mensageiro com uma relação de pedidos a serem atendidos; sua esposa, indignada, negou-se a atender às exageradas solicitações, com um comentário final que o irritou: "Que fossem trabalhar como meu marido sempre o fizera". 

Antes mesmo desse episódio, ainda em maio daquele fatídico ano de 1922, parte do grupo de Sebastião Pereira, incluído Lampião, interceptou na estrada um comboio de tecidos para Gonzaga, proveniente de Arcoverde; a mercadoria foi arrebatada e fartamente distribuída entre os componentes do bando e moradores das proximidades a fim de silencia-los enquanto outra parte foi queimada. O comerciante sofreu com isso enormes prejuízos; depois disso, temendo outros assaltos e como medida de precaução, reuniu um grupo de homens armados para a sua segurança. Foi então que ocorreu outro fato desagradável.

O tenente Montenegro, comandante de uma força volante do Ceará que estava no encalço de Sebastião Pereira em terras pernambucanas, recebeu uma carta falsamente escrita em nome de Gonzaga, (vejam a segunda versão*) na qual se denunciava Crispim Pereira, mais conhecido por "Yoyô Maroto", como colaborador dos cangaceiros. Esse oficial, sem pistas ou sem informações sobre o grupo, foi levado a acreditar na carta-denúncia e antes de regressar ao Ceará passou pela casa de "Yoyô", procedendo a uma rigorosa arguição que levou "Maroto" a passar por sério vexame. 

Inconformado com o acontecido, Gonzaga logo entrou em contato com "Maroto" para explicar-lhe a sua inculpabilidade no caso. Este simulou acreditar na inocência de Gonzaga, tanto que dias depois lhe tomou emprestada uma máquina de descaroçar algodão. Foi nesse tempo que o comerciante resolveu dispensar o pessoal armado que se encontrava à sua disposição encarando com incredulidade um boato que então corria sobre um suposto ataque contra ele, promovido por seu compadre "Yoyô Maroto" juntamente com Lampião. 

E o ataque aconteceu realmente. No dia 20 de outubro, às cinco horas da manhã, a residência de Gonzaga estava cercada por numeroso grupo de cangaceiros liderados por Lampião e "Yoyô Maroto". Gonzaga pelejou com todo empenho ouvindo os golpes de machados contra as portas, que foram arrebentadas. Quando os facínoras conseguiram entrar, Gonzaga refugiou-se no sótão, mas uma tábua do assoalho cedeu e ele caiu no meio da horda, que o liquidou friamente. Seguiu-se o saque, estendido a um armazém vizinho pertencente a Gonzaga; as mulheres da casa foram violentamente despojadas de suas joias. 

Foi então que o cangaceiro Zé Terto, apelidado de "Cajueiro", vendo aquela situação constrangedora para as mulheres, reuniu-as num compartimento e postou-se à entrada em guarda, não permitindo que os companheiros tentassem outras violências. Aliás, era esse o comportamento habitual de "Cajueiro" durante os assaltos, proteger as mulheres contra-ataques sexuais; dizia relacionar essa atitude com seus próprios sentimentos de respeito à sua mãe. 

Os cangaceiros aquartelados na casa invadida respondiam agora ao tiroteio do bravo sargento José Alencar de Carvalho, que mesmo enfermo estava à frente de seu pequeno destacamento composto por oito soldados, tentando impedir que o assalto se estendesse a outras casas e estabelecimentos comerciais. Também extraordinária foi a atuação do parente e vizinho de Gonzaga, Manuel Gomes de Sá; juntamente com os filhos, João e Antônio, também sustentou a resistência, disparando contra os cangaceiros desde o início. O bando não conseguiu suportar por muito tempo o tiroteio cerrado do famoso sargento Alencar e bateu em retirada; deixava três mortos (Antônio "da Cocheira", "Baliza¹" e "Berdo") e seis feridos (entre os quais "Yoyô Maroto" e Cícero Costa). 

A facção contrária perdeu, além de Gonzaga, o soldado Heleno; houve um ferido, João Gomes de Sá. O trauma provocado pelo trágico desaparecimento de Gonzaga levou sua esposa, Martina, a retirar-se do sertão com sua família, fixando residência no Sudeste do país. Com ela seguiu a família de seu cunhado, João Lopes Gomes Ferraz. Gonzaga, que foi também prefeito de São José do Belmonte, deixou os seguintes filhos: José, médico na Marinha Mercante (falecido); Napoleão, químico (falecido); Laércio, funcionário do Banco do Brasil; Ramiro e Otacílio, dentistas; e as filhas Nair, Diva, Maria de Lourdes e Edy (as duas últimas falecidas)."


¹ - Segundo Baliza (Dic. Biográfico Cangaceiros e Jagunços pg 66 - Renato Luís Bandeira

* A segunda versão:

Já no livro de José Bezerra Lima Irmão, Lampião a Raposa das Caatingas, a tratativa entre Gonzaga e o tenente Montenegro deu-se não por causa de carta anônima, e sim por um conchavo, pois a política afasta até mesmo irmãos, quanto mais compadres.

Nos tópicos "Lampião faz justiça à sua maneira" na pg 122 sobre o "Desagravo a loiô Maroto e a morte do coronel Gonzaga, o autor cita sua fonte no escritor Billy Jaynes Chandler em seu livro Lampião o rei dos cangaceiros.**

Desagravo a Ioiô Maroto — a morte do coronel Gonzaga 

"Dando seguimento ao seu projeto de vingança, o próximo passo de Lampião foi o cumprimento da promessa feita a Sinhô Pereira, com relação aos maus-tratos infligidos à família de Crispim Pereira de Araújo, conhecido como Ioiô Maroto. O episódio era ainda resquício das desavenças históricas entre as famílias Pereira e Carvalho. Ioiô Maroto, fazendeiro em Belmonte, Pernambuco, parente de Sinhô Pereira, havia tido um problema com o coronel Luís Gonzaga Gomes Ferraz (coronel Gonzaga), prefeito (intendente) daquela cidade, ligado à família Carvalho, porque, apesar de serem compadres e amigos, Ioiô votara contra sua chapa na eleição para prefeito.

Aborrecido com o fato, Luís Gonzaga aproveitou o ensejo da passagem de uma força policial do Estado do Ceará que tinha andado por Pernambuco à procura de jagunços de Zé Inácio do Barro e fez um conchavo com o comandante, o tenente Peregrino Montenegro, para que a volante fosse à fazenda São Cristóvão, de Ioiô Maroto, e desse uma surra nele. Os soldados fizeram mais que isso: saquearam a casa, maltrataram o fazendeiro e fizeram propostas obscenas às mulheres da família. Ioiô, profundamente desgostoso, sentindo-se desmoralizado, deixou de ir à cidade, não tirava a barba nem cortava o cabelo.

Lampião procurou Ioiô Maroto e disse ao que vinha. Maroto ponderou que não queria vingança, entregava tudo a Deus. Lampião insistiu: — Eu prumiti a Sinhô Perera que risurvia esse negoço, e vou risorvê. Vá tirá essa barba e corta esse cabelo, seu Maroto! Quero qui o sinhô vá cumigo, pra vê a coisa! Vão se arrependê do dia qui pensaro qui o sinhô nun era home!

O coronel Luís Gonzaga, também conhecido como Major Gonzaga, além de fazendeiro era também comerciante, dono do maior armazém da cidade, vizinho da sua residência, na praça da igreja. Lampião entrou em Belmonte com uns 70 cangaceiros na madrugada de 20 de outubro de 1922. Levava em sua companhia o jovem Tiburtino Inácio de Sousa, vulgo Gavião, filho de Zé Inácio do Barro, amigo de todas as horas de Sinhô Pereira. Chovia muito. Gonzaga e os vizinhos acordaram com uns estrondos, que a princípio pensaram ser trovões — eram os cangaceiros derrubando o portão do muro e em seguida a porta da cozinha a golpes de machado.

Um vizinho foi correndo avisar ao sargento José Alencar de Carvalho Pires, conhecido como Sinhozinho Alencar, tido como sujeito valente, dotado de uma pontaria invejável. Embora na cidade só houvesse 7 soldados, alguns moradores se juntaram à polícia e logo começaram a atirar dos telhados e janelas das casas próximas. Os primeiros a entrar na casa foram Livino e Cajueiro. Na sala de jantar, toparam com dona Martina, mulher de Luís Gonzaga. — Cadê o Majó Gonzaga? — perguntou Livino. — Tá aí... — respondeu a mulher, assustada. Os cangaceiros espalharam-se pela casa, vasculhando cada cômodo — casarão enorme, com um corredor central, quartos de um lado e do outro.

Livino entrou no quarto do casal, olhou atrás da porta, debaixo da cama, escancarou os armários. Nada do homem. Ao ouvir um ruído no sótão, Livino subiu a escada, forçou a porta e meteu a cabeça para espiar lá dentro. Mas o sótão era muito escuro. Gonzaga, de pijama, com uma pistola Browning na mão, recuou para o fundo do compartimento. Por azar, uma tábua do assoalho arrebentou e ele estatelou-se no chão, na sala da frente. Com uma perna quebrada, ele entrou num quarto e tentou saltar a janela, mas foi agarrado e arrastado de volta à sala.

Ioiô Maroto aproximou-se manejando o rifle cruzeta. Gonzaga arregalou os olhos, levantou os braços, as mãos espalmadas e trementes, suplicando clemência. Ioiô deu-lhe três tiros — dois no coração e um no meio da testa. Lampião abaixou-se, tirou a aliança do coronel e enfiou nela o próprio dedo médio. Contemplou a valiosa joia e calculou: — Esta vale pelo meno um conto de réis... Jogou em cima do corpo roupas e lençóis, e tocou fogo. Dona Martina despejou um balde de água sobre o corpo, debelando as chamas, de modo que o morto ficou apenas chamuscado.

Um cangaceiro chamado Vereda ia arrastando Abgail (Biga), filha de Gonzaga, para um quarto, mas foi impedido por Cajueiro: — Você nun vai fazê isso, Vereda, só se me matá premero. Quais foi as orde qui nóis recebeu? Depois disso, dona Martina e a filha foram postas na despensa, e o cangaceiro Fiapo foi encarregado de protegê-las até o momento da retirada."

** A terceira versão:

Trago agora para os amigos, a obra apontada pelo autor do livro Lampião: Raposa das Caatingas, como referência, essa é terceira versão que comento. Billy Jaynes Chandler em seu livro Lampião o rei dos cangaceiros, na referência que faz ao assassinato de Luis Gonzaga, diz que não se sabe ao certo se Maroto pediu a Lampião para - se vingar, ou se Lampião, ao ouvir o que tinha acontecido a seu amigo acorreu e induziu-o a agir, pois contam as duas histórias. Uma versão conta que Sebastião Pereira, antes de deixar o cangaço, pediu a Lampião, na despedida, para matar Gonzaga. 


"Lampião... Uns dois meses depois, matou, de novo, por vingança, desta vez em Pernambuco. Foi um dos crimes mais famosos do princípio de carreira, pois a vítima foi um chefe político muito conhecido, Coronel Luís Gonzaga de Souza Ferraz.*¹º

Gonzaga, que morava na cidade Belmonte, em Pernambuco, perto da fronteira com Ceará, não era inimigo pessoal de Lampião, mas este ajudou a matá-lo, por causa do amigo, Ioiô Maroto.

Maroto era parente de Sebastião Pereira, que um dos companheiros de Lampião no cangaço, enquanto que Gonzaga pertencia à família dos Carvalho, inimigos tradicionais de Pereira. Durante anos, Gonzaga viveu armando intrigas contra os Pereira, também morou em São Francisco, a cidade natal de Sebastião Pereira. Mas o que realmente provocou o assassinato, foram os maus tratos que Maroto sofreu nas mãos de uma força da polícia do Ceará, que tinha vindo para Pernambuco, para caça aos bandidos. Em Belmonte, o comandante fez amizade com Gonzaga. No caminho de volta ao Ceará, os soldados passaram por São Cristóvão, a fazenda de Maroto e o maltrataram, bem como à sua família. Além de saquear a casa e dependências, eles insultaram Maroto e fizeram propostas obscenas às mulheres da família. Maroto pôs a responsabilidade da afronta a Gonzaga."

E continua Billy Jaynes: 

"Não se sabe ao certo se Maroto pediu a Lampião para - se vingar, ou se Lampião, ao ouvir o que tinha acontecido a seu amigo acorreu e induziu-o a agir, pois contam as duas histórias. Uma versão conta que Sebastião Pereira, antes de deixar o cangaço, pediu a Lampião, na despedida, para matar Gonzaga.

De qualquer modo, Lampião e Maroto, à frente de setenta homens, chegaram a Belmonte, uma pitoresca cidadezinha situada num planalto, numa região de serras, na madrugada do dia 20 de outubro. Ao entrarem na cidade ainda adormecida, pensaram que não precisavam se preocupar, pois haviam só sete soldados no destacamento da polícia. O bando então se encaminhou para a casa de Gonzaga, situada na praça principal. A futura vítima era um fazendeiro abastado, e homem de negócios, e seu armazém, o maior da cidade, ficava pegado à casa. 

É evidente que o assalto foi por vingança, mas uma vingança que trazia lucro. Ao tentarem entrar na casa, os cangaceiros foram recebidos à bala. Isto serviu para alertar a polícia e outras pessoas na cidade. Seguiu-se, então, um tiroteio que durou umas quatro a cinco horas. Quando terminou, Gonzaga estava morto e seu armazém tinha sido saqueado. Maroto estava vingado. Terminado o trabalho, o bando teve que abrir seu caminho à bala, porém, com vítimas: quatro ou cinco cangaceiros morreram. 

Maroto nunca pagou pelo crime. Na confusão que se seguiu, a polícia não estava em condições de processá-lo, e portanto, ele continuou a viver em paz, e bem protegido, na sua fazenda, a uns dez quilômetros da cidade. Quando as condições melhoraram e finalmente foi aberto um processo contra ele, deixou a região e se refugiou na casa dos Feitosa, em Inhamuns, Ceará. Os Feitosa tinham adquirido a fama de dar proteção aos fugitivos da lei, de mais prestígio. 

Alguns anos antes, mais ou menos em 1905, os Feitosa tinham também dado proteção a vários membros da família de Antônio Silvino, quando estavam sendo perseguidos pela polícia de Pernambuco. Seus descendentes, assim como os de Maroto, ainda vivem em Inhamuns. Os descendentes de Maroto se misturaram com os Feitosa."

* 10 - A narração da morte de Gonzaga se baseia principalmente numa entrevista com João Primo de Carvalho, Belmonte, 30 de julho de 1975. O Diário de Pernambuco deu uma pequena nota, no dia 21 de outubro de 1922. Ver também Wilson: Vila Bella P 338-340. 

Vemos assim três versões mais ou menos iguais, se complementando em informações, mas com alguns conflitos. Nessa avaliação não me arvoro em opinar o que está certo ou errado, pois sei que até mesmo grandes historiadores e pesquisadores, colhem suas investigações na procura da verdade, buscando-as nas indagações a pessoas que viveram à época ou que ouviram a história de quem esteve presente, também averiguando jornais, revistas, e livros, explorando e indagando. E que a mente humana é falha em guardar os acontecimentos ao longo dos anos que se passaram. 

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O CANTO DA ACAUÃ

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Publicado em 10 de mai de 2013
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A PRESENÇA DA EMA NO BRASÃO E NA BANDEIRA DO MUNICÍPIO DE MOSSORÓ (ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE)

Por José Romero Araújo Cardoso

Tempos atrás era bastante comum encontrar bandos de emas (Rhea americana, Linnaeus, 1758) percorrendo os mais diversos quadrantes da chapada do Apodi, tanto em território cearense como potiguar.
          
Além dessas aves, cujo habitat restringe-se à América do Sul, também destacava-se a presença de imensas varas de porcos-do-mato perlustrando a imensidão ressequida do domínio cretáceo localizado na divisa desses Estados Nordestinos, assinalando-se, ainda, ocorrência dessas espécies animais em outras unidades que integram a região. 

Bandeira do Município de Mossoró - Estado do Rio Grande do Norte

O município paraibano de Emas, localizado na microrregião de Piancó, integrante da Região Metropolitana de Patos,  deve seu topônimo à presença pretérita bastante enfática dessas aves de grandes asas, mas que não voam. Usam-nas para se equilibrar e mudar de direção enquanto correm.
          
A Ema também é chamada de nandu, nhandu,  guaripé e xuri, sendo considerada a maior ave brasileira, razão pela qual a caça predatória e indiscriminada vem responsabilizando-se pela inserção da espécie na lista de animais ameaçados de extinção no Brasil.
          
A Ema encontra-se praticamente desaparecida de seu habitat natural nos Estados do Rio Grande do Norte e do Ceará. Experiências de criatório em cativeiro não tem se revelado de forma satisfatória como era esperado, pois os desafios são múltiplos e variados no que tange a reprodução.

Bandeira do Município de Mossoró - Estado do Rio Grande do Norte


O Brasão Holandês do Rio Grande do Norte, quando das invasões da Companhia das Índias Ocidentais ao Nordeste Brasileiro, constava uma Ema figurando em alto relevo, talvez  como forma de vislumbrar destaque faunístico de maior proeminência no território conquistado.
          
A Ema integrava a cadeia alimentar da ecologia regional antes da chegada do colonizador, atraindo, junto com porcos-do-mato, ferozes onças pintadas. Koster, quando chegou em Mossoró às 10 horas da manhã do dia sete de dezembro de 1810, encontrou um sertanejo curtindo o couro de um felino de grande porte que havia incorporado aos hábitos alimentares o rebanho miúdo criado a duras penas pelos heroicos filhos das caatingas que habitavam o arraial de Santa Luzia e suas imediações.
          
As crenças e tradições nordestinas não deixaram de fomentar a presença da Ema, pois, conforme João do Vale, em belíssima pérola do cancioneiro regional, por título O Canto da Ema, essa ave traz em sua sonoridade azar que pode resultar em romance terminado.
          
Devido a presença intensa em solo potiguar, Mossoró encimou em suas bandeira e brasão a presença discreta de uma Ema, ao lado de uma carnaubeira e em tangencia com raio solar, tendo acima destaque ao 30 de setembro de 1883 e do lado oposto salinas conhecidas desde a presença dos holandeses quando do domínio batavo no nordeste brasileiro.

Brasão de Armas do Rio Grande do Norte no período Colonial Brasileiro

A consciência ambiental dos ditos homens primitivos, cujo sentido pejorativo revela mesquinhez do civilizado, revelou-se mais salutar que a do moderno homo sapiens que ocupa o território potiguar, bem como nordestino, pois, ao contrário de eras passadas, quando encontravam-se Emas em grande quantidade, atualmente é quase impossível encontrarmos algum remanescente da altiva espécie que sobreviveu a duras penas, cuja permanência por tanto tempo talvez tenha sido por representar reserva alimentar para tempos de secas que castigaram notavelmente a região.
          
O desrespeito do homem para com a natureza pode ser indicada como responsável direta pelo extermínio de uma das mais belas aves do planeta, cuja presença na região nordeste marcou indelevelmente o imaginário de estrangeiros e nativos conscientes do valor da vida.

José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo e Escritor. Professor-Adjunto IV do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Sócio da SBEC (Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço), do ICOP (Instituto Cultural do Oeste Potiguar) e da ASCRIM (Associação de Escritores Mossoroenses). E-mail: romero.cardoso@gmail.com

Enviado pelo o autor.

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RELATÓRIO DO BB DE MOSSORÓ FAZ DENÚNCIAS - FINAL


O gerente Jaime Fernandes Guedes analisa em seu relatório que o cangaceiro não é originariamente “um caso psicológico”. Não é também o caldeamento da raça, nem outras fantasias literárias que surgem amiúde, ora em artigos pela imprensa, ora nos duelos oratórios nas duas Casas do Congresso.  O cangaceiro é, em geral, um tipo normal, degenera-se pelo consórcio permanente de duas calamidades: a falta de polícia e a falta de Justiça, resumidas em uma outra maior, a falta de governos”.

Continua: “ O cangaceiro é uma fonte de receita de certos, determinados e conhecidos coronéis do sertão que, explorando a ignorância a falta de instrução dos trabalhadores de suas fazendas e sítios, que hajam em qualquer ocasião demonstrado coragem, os faz ingressar na senda do crime, primeiramente, na consecução de certos “servicinhos”, insinuando-os depois ao banditismo, mediante as seguintes condições: metade dos roubos, abrigo, proteção, armas e munição. Contam também esses bandos de celerados com a proteção de alguns oficiais das milícias, comandantes de colunas volantes que aparentemente os perseguem em troca de gordas gorjetas. Isso está mais do que provado.

Estão aí os depoimentos dos cangaceiros aprisionados e as entrevistas concedidas num momento de revolta por oficiais das polícias cearense e norte-rio-grandense que estiveram ao encalço do nefando grupo de Lampião, que atacou esta cidade, motivadas pelas ocorrências deprimentes verificada durante a perseguição movida, pela primeira vez, pela polícia cearense, cujo comando, segundo afirmam aqueles oficiais, estava entregue a um oficial que é cunhado de um dos maiores protetores daquele execrante facínora, se não bastasse o testemunho insuspeito  de vária pessoas de fé, residentes nas localidades em que Lampião e seus assecla são bem recebidos: Aurora, Lavras, Missão Velha, Juazeiro, Crato, Barbalha, Milagres e muitas outras localidades situadas na zona do Cariri são focos permanentes do banditismo. Ali se refazem constantemente em armas e munições, homens e animais, esses grupos que andam levando o desassossego, a desonra e o luto, através do imenso território de quatro Estados: Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas.

Por residirem em território cearense os maiores protetores desses bandos nefastos e certamente por insinuação daqueles, essas feras tornam-se em verdadeiros cordeiros logo que ingressam em território cearense. Daí atribui-se com visos de verdade, ao governador daquele Estado, quando interpelado, antes dessa última excursão do grupo de Lampião, quando acoitados em território cearense, a resposta foi a seguinte: “Eles não cometiam nenhum crime no Ceará”.

O relatório denuncia que “de todos os Estados citados, quando tem o seu território invadido por essa malta de degenerados, são recebidas notícias frequentes sobre a posição dos bandidos e o rumo que tomaram, porém logo que penetram em território cearense, as notícias escasseiam até desaparecer completamente, ou então são mentirosas, como se constatou quando lampião, antes de entrar no rio Grande do Norte, atravessando Estado da Paraíba, se passou para o Ceará. Deste foi comunicado que Lampião e seu grupo havia rumado para o Estado do Piauí, quando efetivamente ele se encontrava em Aurora, preparando-se para o ataque a Mossoró”.

O relatório adverte: “Se medidas severas e radicais não forem tomadas a tempo, na repressão ao banditismo, este tende a se alastrar, sendo previsível até que ponto chegará. Consequências ruinosas para a nação já se vão verificando. Os proprietários de terras situadas nas zonas infestadas por esses grupos de bandidos, que dispõem de alguns recursos, já estão abandonando as suas propriedades. Por todos os motivos de ordem moral, financeira e econômica, esses fatos deprimentes e ruinosos para a nação não devem continuar. Urge que o governo federal, reconhecendo a importância ou a indiferença dos governos estaduais, tome medidas enérgicas para extirpar de uma vez esse cancro do organismo nacional”.

Ao centro o cangaceiro Jararaca

O documento do gerente do Banco do Brasil conta todos os detalhes do ataque à Mossoró quando morreram dois dos mais famosos cangaceiros de Lampião, Jararaca e Colchete. Os bandidos, segundo o relato, foram expulsos à bala da cidade, voltaram para o Ceará. Entraram em Limoeiro do Norte, dando vivas ao padre Cícero e ao governo do Estado. “Foram inclusive recepcionados com um banquete oferecido pelas autoridades de Limoeiro num verdadeiro congraçamento entre a lei e o banditismo.

O gerente Jaime Fernandes Guedes conclui o seu relatório sugerindo o fechamento da agência do Banco do Brasil de Mossoró por absoluta falta de segurança. O relatório é um libero contra os cangaceiros, mas evidencia a influência dos coronéis”. Mostra que os cangaceiros foram vítimas de uma ordem social injusta e discriminatória.

O documento enviado na época da Superintendência do Banco, depois que o bando tentou invadir Mossoró, faz uma análise sociológica do cangaço, denuncia as crueldades cometidas por Lampião e as ligações com os que chamou de "coronéis do sertão".

"As incursões de grupos de cangaceiros ocasionaram séria paralisação nos negócios nos meses de maio e junho do ano corrente".

"O cangaceiro, na sua horrenda psicologia, é ainda um tipo superior a dessas teratológicos/coronéis, seus mandantes e protetores. Pelo menos, aquele arrisca a própria vida, enquanto estes comandantes aguardam o produto dessas vilegiaturas, em que a morte é o mais humano de todos os crimes".

"O cangaceiro não é originariamente "um caso psicológico". Não é também o caldeamento da raça, nem outras fantasias literárias que surgem amiúde, ora em artigos pela imprensa, ora nos duelos oratórios nas duas Casas do Cangaço.

"O cangaceiro é, em geral, um tipo normal, degenera-se pelo consórcio permanente de duas calamidades; a falta de polícia e a falta de Justiça, resumidas em uma outra maior; a falta de governo".

FINAL.

Fonte: Jornal "DIÁRIO DO NORDESTE"
Cidade: Fortaleza-CE
Data: 26 de julho de 1997
Ano: ?
Número: ?
Digitado e ilustrado por José Mendes Pereira

Este jornal foi a mim presenteado pelo pesquisador do cangaço e sócio da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço Francisco das Nascimento (Chagas Nascimento). Desculpem-me alguma falha na digitação, sou um pouco cego. 

http://blogdomendesemendes.blogspot.com