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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

PERFUME DE MULHER

Por Rangel Alves da Costa*

Quando cito perfume de mulher que não se imagine que tenha algo a ver com frascos, fórmulas ou perfumarias. Também não diz respeito a nomes de perfumes: Toque de Amor, Charisma, Lavanda, Chanel n. 5, Opium, Jadore, Gabriela Sabatini, Biografia, Floratta...

Também não digo respeito à química industrial contida nas fragrâncias, nos aromas, nos cheiros e nos bálsamos. Mas sempre a respeito de uma coisa bem simples e grandiosa: o perfume natural da mulher.

Digo, pois, do aroma do corpo, do perfume do corpo, da fragrância do corpo, do cheiro do corpo, do bálsamo do corpo, da cosmética perfumada, deliciosa e encantadora, sempre presente num corpo de mulher.

A mulher flor, a mulher rosa, a mulher jasmim, a mulher gardênia, a mulher manacá, a mulher lavanda, a mulher alfazema, a mulher camélia, a mulher lírio, a mulher calêndula, a mulher orquídea, a mulher flor do campo... Um jardim que é mulher, um corpo que é flor, uma flor que exala.

Mas também a mulher cheirando a fruta gostosa, olorosa, apetitosa, da estação. Mulher que faz exalar um perfume bom de manga madura sendo chupada, escorrendo pela boca, pelos dedos, provocando um querer mais. Mulher cheirando a sapoti docinho, a jabuticaba caída do pé, a araticum quando se abre em polpa macia e cheirosa.

Não é em vão que a erotização do morango e da goiaba remete ao sexo feminino. Assim também com a maçã e a pera. Mas não é preciso morder para sentir o perfume de cada fruta. Menos que o paladar, importa sentir a simbologia feminina, a presença feminina, o leve aroma feminino.


Jorge Amado fez bem ao fazer de sua Gabriela perfumada de cravo e canela. Há perfumes mais gostosos de sentir, mais prazerosos ao olfato e mais atraentes do que o do cravo e da canela? Ademais, lembram perfumes morenos, trigueiros, queimados de sol, jambeados, apetitosos, assim como um corpo de mulher. No corpo de Gabriela e tantas outras que vivem exalando as mais perfumadas essências.

Gabriela e seu perfume moreno, saboroso, gostoso, apetitoso de cravo e canela. Não foi sem razão que marinheiros e mercadores tanto arriscaram a vida pelos mares e tormentas em busca de tais especiarias. Buscados nas distâncias do mundo, o cravo e a canela valiam ouro. E ainda valem enquanto perfume de mulher.

Em Cem Anos de Solidão, Gabriel Garcia Márquez fala da bela Remédios que vivia envolta em flores e borboletas. Então se imagina aquela beleza ingênua, de fragrância floral sobre o corpo, deitada sobre um leito de pétalas. E borboletas bailando ao redor, dançando a dança das flores, de vez em quando colhendo do doce néctar.

Muitas mulheres existem que basta um olhar para que perfumes sejam sentidos, ainda que nenhuma lavanda tenha se derramado sobre o seu corpo. Mulheres que parecem cheirar a chocolate bom, a café gostoso, a hortelã macerado, a amanhecer de primavera, a incenso levemente queimando alfazema, erva doce e manjericão.

Tais perfumes de mulher, por não dependerem de frascos ou de fórmulas, são mais sentidos pela visão do que pelo olfato. Sequer depende de presença ou de aproximação. Aliás, o verdadeiro perfume de mulher é muito mais exalado através do pensamento. Mesmo distante, se imagina a mulher e nela um jardim, uma especiaria, uma horta de quintal, um pomar, um aroma perfeito.

Há um cheiro bom de suor sobre um corpo abraçado, há uma fragrância indescritível na aproximação de quem se deseja, há um aroma que exala na saudade e nesta o perfume que não quer mais partir. É por isso que tanto perfume há em abraçar o outro, estar juntinho do outro, estar como flor do outro.

Poeta e cronista
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EXALTAÇÃO AO XAXADO – HOMENAGEM A MARINÊS


A coordenação geral do Parque Cultural “O Rei do Baião”, da comunidade São Francisco, município de São João do Rio do Peixe-PB, vai homenagear em agosto deste ano de 2016, em razão da realização da tradicional festa de Luiz Gonzaga, grandes figuras nordestinas, que fazem e fizeram história ligadas ao “Rei do Baião”, o patrono do Parque.
Entre elas está a famosa Marinês, “Rainha do Forró e do Xaxado”, batizada com o nome de Inês Caetano de Oliveira, que era cantora brasileira de forró, baião e xaxado.

Apaixonada pelo ritmo de Luiz Gonzaga, foi a principal dama da banda Patrulha do Rei do Baião, fazendo a abertura dos shows de Luiz Gonzaga.

Na verdade, a canção que consagrou a famosa Marinês foi “Peba na pimenta”, cantada em todos os recantos da pátria brasileira, sob os aplausos do público presente.

Por ocasião do IX Festival de Músicas Gonzagueanas, Marinês será um dos grandes nomes do tradicional FESMUZA, exaltando o xaxado.

O Parque “O Rei do Baião” cria a cada ano homenagens especiais a artistas gonzagueanos que viveram no seu tempo, além de renovar as homenagens aos já existentes, como CONPOZAGÃO, Prêmio A Carta, Lembrança do Ídolo, SANFONZAGADA, Missa do Vaqueiro e o mais recente intitulado Louvor ao Ritmo. Tudo isso na construção do histórico FESMUZA.

O sentido especial do evento é manter viva a história de Luiz Gonzaga, levando ao Parque familiares do rei, amigos do seu tempo e um grande número de fãs e admiradores do Nordeste inteiro.

A festa cresce a cada ano, e recebe visitantes de todos os quadrantes do Brasil.

O encerramento da tradicional festa acontecerá no dia 20 de agosto, com a realização do FESMUZA, que é presidido pelo histórico seguidor do rei, o gonzagueano Juiz de Direito da capital paraibana, Onaldo Rocha Queiroga.


Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço José Romero de Araújo Cardoso.

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LAMPIÃO, O CANGACEIRO! NOVO LIVRO DE JOÃO DE SOUSA LIMA. (2ª TIRAGEM)


LAMPIÃO, O CANGACEIRO! Sua ligação com os coronéis baiano, Raso da Catarina e outras histórias.

Esse é o mais novo lançamento do historiador e escritor João de Sousa Lima que tem sua 2ª tiragem agora dia 29 de fevereiro de 2016.

O livro faz um breve relato sobre quem foi Lampião; Traça sua ligação com os dois mais famosos coronéis da Bahia, o coronel Petronilio de Alcântara Reis e o coronel João Sá; Nos remete as histórias acontecidas dentro do Raso da Catarina e cita várias histórias colhidas pelo autor e que foram vinculadas no blog:www.joaodesousalima.blogspot.com.

O livro tem 232 páginas e dezenas de fotografias incluindo muitas inéditas sobre o cangaço. E
stá sendo lançado no valor de R$ 40,00 e pode ser adquirido diretamente com o autor;


O livro já com o frete para todo Brasil fica por R$ 45,00 e é só depositar na conta:

  João de Sousa lima
B. Brasil
Ag-0621-1
CC- 25293-X 

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NOVIDADE...BOMBA...!...NOVIDADE... BOMBA...! ...

Por Volta Seca
Frederico Pernambucano de Melo

Confidenciou-me essa semana, um renomado pesquisador do cangaço, que ouviu de fonte fidedigna, que o Dr. Frederico Pernambucano de Melo (grande escritor/pesquisador), está em negociação de TODO O SEU ACERVO DO CANGAÇO com o INSTITUTO RICARDO BRENNAND - Recife, pela bagatela de 2 milhões de reais.


Você como estudioso e interessado pelo tema, o que acha dessa transação, caso a mesma se realize? 


O Instituto Brennand se caracteriza como um MUSEU muito bem organizado na cidade de Recife...

Fotos/imagens: Google

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CANGACEIROS - LAMPIÃO (VIRGULINO FERREIRA DA SILVA) – PARTE I


De personalidade alegre, disposto, temperamento inconstante, sujeito a crises de fúria e descontrole, místico, religioso, rezador, intuição apurada, perspicaz, agudeza de raciocínio, inteligente, líder nato, exímio atirador de armas curtas e longas, fazendeiro, domador de animais de montaria, vaqueiro campeão, amante de bebidas finas, cigarros, charutos e mulheres, excelente trabalhador em couro e tecidos, narcisista, jogador de baralho sem sorte, impiedoso, cruel, vingativo, justiceiro - falso moralista, abusou sexualmente de algumas mulheres, embora, hoje, não sabemos se eram esposas ou filhas de inimigos. – mesmo assim são fatos lamentáveis e inaceitáveis para qualquer época de uma geração. Desconfiado, prudente, calculista, infiel, mas respeitador das opiniões da companheira, maleável até certo ponto, principalmente em algumas decisões a ponto de alterar as ordens dadas por interferências dela, respeitado, temido, considerado, perigoso, astuto, inquisidor, julgador, musico, dançarino, corajoso, amigo, leal, acreditava nas pessoas, perfeccionista, gostava de tudo o que era bom, rico, comerciante, artífice, laborioso, habilidoso e estrategista. Nasceu no dia 4 de junho de 1898, porém, só foi registrado no dia 12 de agosto de 1900. Nascido na cidade de Vila Bela, atual Serra Talhada, no semiárido do estado de Pernambuco, foi o terceiro filho de José Ferreira dos Santos e Maria Sucena da Purificação. Sendo seus padrinhos: Manoel Freire Lopes e Maria José da Solidade.

Sua família travava uma disputa mortal com outras famílias locais até que seu pai foi morto em confronto com a polícia em 1919. Em Junho de 1921 os Ferreiras entram no grupo de Sebastião Pereira e Silva, vulgo Sinhô Pereira, cangaceiro famoso de Serra Talhada - PE.

Quando foi nos primeiros dias de junho de 1922, no sítio Feijão, zona rural do município pernambucano de Belmonte, próximo à fronteira do Ceará, Sinhô Pereira informou aos membros do seu bando, que em breve iria entregar o comando a Lampião, então o seu melhor cangaceiro. Apesar de ter menos de 27 anos de idade, Sinhô alegou problemas de saúde para a sua decisão e que seguia um apelo do mítico Padre Cícero Romão Batista, da cidade de Juazeiro, Ceará, que havia lhe pedido para deixar esta vida bandida e ir embora para fora do Nordeste.
Vinte e dois dias depois de receber a notícia que a passagem de comando está próxima, Lampião efetivamente já é chefe de grupo. Neste momento começa a imprimir sua horrenda marca pelo Nordeste e vai se tornar o maior cangaceiro do Brasil. Em 12 de março de 1926, Lampião recebe a patente de capitão do Exército Patriótico de Padre Cícero em Juazeiro do Norte - CE. Lampião tinha bastante respeito e devoção ao padre e sua chegada à cidade foi com festa, sendo até entrevistado. Foi a última vez em que reuniu toda a família para tirar uma foto. Recebeu muita munição e ordens para combater a Coluna Prestes.

Foi em dezembro de 1929 que Lampião conhece Maria Bonita, casada com o sapateiro Zé de Neném. Ela já era apaixonada pelo cangaceiro e fugiu com ele deixando uma carta para o ex-marido. Foi a primeira mulher a participar do cangaço.

Lampião e Maria Bonita junto ao bando de cangaceiros travaram muitas batalhas e tiroteios por muitos anos. Lampião com grande conhecimento de estratégia planejava junto ao seu bando as invasões e os roubos por cada cidade que passava.

Por volta das 05h00minh do dia 28 de julho de 1938, os cangaceiros levantaram para rezar o ofício e se preparavam para tomar café; quando um cangaceiro deu o alarme, já era tarde demais. O bando foi pego totalmente desprevenido. Quando os policiais do Tenente João Bezerra e do Sargento Aniceto Rodrigues da Silva abriram fogo com metralhadoras portáteis, os cangaceiros não puderam empreender qualquer tentativa viável de defesa. Nesse dia morre o rei do cangaço e sua esposa com mais nove cangaceiros.


http://www.yorubabrasil.com.br/#!integrantes-do-cangao/c1ti3

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ACONTECIMENTOS. NO DIA 23 DE FEVEREIRO DE 1926...


ACONTECIMENTOS. - NO DIA 23 DE FEVEREIRO DE 1926...

... Lampião e seu bando atacam a Fazenda Serra Vermelha (Serra Talhada/PE) de propriedade de José Alves Nogueira “Zé Nogueira”, parente de seu inimigo Zé Saturnino.

Segundo consta Zé Nogueira havia sido sequestrado pela Coluna Prestes durante a sua passagem pela região e havia acabado de chegar em casa, cansado da violência a que fora acometido, quando foi surpreendido pelos bandoleiros.

Zé Nogueira foi morto por um tiro disparado a queima roupa por Antônio Ferreira irmão de Lampião, que segundo alguns historiadores ainda teria retirado e levado as sandálias da vítima.

ACONTECEU.

Fonte: facebook
Página: Geraldo Júnior
Grupo: O Cangaço

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LAMPIÃO, O CANGACEIRO! novo livro de João de Sousa Lima. (2ª tiragem)




    

LAMPIÃO, O CANGACEIRO! novo livro de João de Sousa Lima. (2ª tiragem)

LAMPIÃO, O CANGACEIRO! Sua ligação com os coronéis baiano, Raso da Catarina e outras histórias.
esse é o mais novo lançamento do historiador e escritor João de Sousa Lima que tem sua 2ª tiragem agora dia 29 de fevereiro de 2016.
o livro faz um breve relato sobre quem foi Lampião; Traça sua ligação com os dois mais famosos coronéis da Bahia, o coronel Petronilio de Alcântara Reis e o coronel João Sá; Nos remete as histórias acontecidas dentro do Raso da Catarina e cita várias histórias colhidas pelo autor e que foram vinculadas no blog: www.joaodesousalima.blogspot.com.

o livro tem 232 páginas e dezenas de fotografias incluindo muitas inéditas sobre o cangaço.
está sendo lançado no valor de R$ 40,00 e pode ser adquirido diretamente com o autor;
joaodesousalima@bol.com.br ou joaoarquivo44@bol.com.br.......telefone75-8807-4138
o livro já com o frete para todo Brasil fica por R$ 45,00 e é só depositar na conta:
  Joãode Sousa lima
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A BATALHA DE MARANDUBA

Lampião em plena caatinga, em foto de Benjamim Abraão

Em princípios de janeiro de 1932, na fazenda Maranduba, no sertão do Sergipe, Lampião repetiu o fato militar da Serra Grande, em 1926, ao derrotar uma numerosa força militar, integrada por famosos combatentes contra o cangaço.

Na opinião de um desses destacados militares, o Tenente Manoel Neto, da força pernambucana, em Maranduba “ele nunca tinha visto tanta bala como viu ali”. A intensidade do tiroteio travado entre Lampião e o seu bando e as forças militares foi de tal intensidade que um contemporâneo dos acontecimentos registrou o fato de que “uma coisa que foi muito comentada e com curiosidade, foi que no local em que aconteceu o fogo de Maranduba, durante vários anos, das árvores e dos matos rasteiros não ficaram folhas. Tudo era preto, como se tivesse passado um grande fogo. As árvores ficaram completamente descascadas de cima abaixo, de balas”.

Tal como ocorrido em Serra Grande, Lampião preparou uma emboscada com o objetivo de liquidar, de uma só vez, todo o efetivo militar. Mais uma vez, os chefes da força policial subestimaram a competência de Lampião e acreditaram que a superioridade que detinham em homens e armas seria um fator de desequilíbrio na batalha.

Se quiser ler o material completo clique neste link:

http://cariricangaco.blogspot.com.br/2010/07/batalha-de-maranduba.html

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KIKO MONTEIRO HOJE À NOITE!


O Frigideira III abre suas portas oficialmente nesta sexta-feira,26 de fevereiro de 2016, na Praça Filomeno Hora.

Kiko Monteiro

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NESSE LOCAL FORAM REALIZADOS INÚMEROS “FORRÓS” PELOS CANGACEIROS.


Dona Generosa proprietária do local foi uma das maiores coiteiras de Lampião e residia no Povoado Riacho localizado no município de Paulo Afonso/BA.

Ainda hoje quem visita o local pode observar os símbolos do cangaço (Estrelas) nas paredes da capela que fica ao lado da casa em que morava Dona Generosa. Símbolos que passaram despercebidos aos olhares atentos e aguçados das Volantes.

Aos poucos, essas construções que fazem parte da história do cangaço se transformam em ruínas e tiram a possibilidade das futuras gerações conhecerem de perto esse local que serviu de palco para momentos de descontração de Lampião e sua gente.

Foto: João De Sousa Lima (Paulo Afonso/BA)
Fonte: facebook
Página: Geraldo Antônio de Souza Júnior 
Grupo: Geraldo Junior (Administrador)

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ONDE SE ENCONTRA O ACERVO DO PADRE CÍCERO ROMÃO BATISTA?

Material do acervo do pesquisador Antonio Correa Sobrinho

 “O ESTADO DE S. PAULO” – 15/11/1981 - O CEARÁ PODE FICAR SEM O ACERVO DO PADRE CÍCERO

Por Rodolfo Espínola (Correspondente em Fortaleza)

Por temer a ação de seus adversários políticos – ou não -, o padre Cícero Romão Batista, o popular e venerado Padim Ciço, de Juazeiro do Norte, idealizou uma espécie de “SNI” exatamente para se antecipar às manobras de seus inimigos. Quem sustenta essa versão é o escritor e historiador F. S. Nascimento, para quem o padre Cícero era uma figura que temia bastante a ação dos inimigos, pois mantinha um serviço de espionagem e contraespionagem, fichários com dados e informações sobre todas as pessoas que o cercavam, numa verdadeira antecipação do trabalho do general Golbery, ao criar o Serviço Nacional de Informações.

O desencanto com a falta de interesse de instituições culturais cearenses em adquirir um rico acervo documental sobre a revolução que depôs o presidente Franco Rabelo, obrigou F. S. Nascimento a admitir um destino indesejável a esse valioso patrimônio: ele quer vender mais de 400 páginas manuscritas de telegramas trocados pelo padre Cícero, entre 1912 e 1916, com Franco Rabelo, Floro Bartolomeu, Nogueira Acioly, Pinheiro Machado, Benjamim Barroso e outras personalidades políticas da época. De início, duas instituições já manifestaram interesse em adquirir todo acervo: o Centro de Estudos Políticos, da Universidade Federal da Paraíba, e o Instituto de Estudos Brasileiros, de São Paulo.

Com esse documentário é possível estabelecer-se uma “geografia do prestígio” do padre Cícero, que “não era restrito apenas ao nível estadual, mas nacional”, se se analisa alguns textos devidamente autenticados pelo sacerdote e que poucas pessoas têm conhecimento. Desde que foram elaborados sigilosamente pelos copistas oficiais do padre Cícero, ninguém teve acesso a esses registros, a não ser o escritor Irineu Pinheiro e o brasilianista Ralph Della Cava. Pinheiro, receoso de comprometer seu tio e prefeito do Crato – município vizinho a Juazeiro do Norte -, Antonio Luiz Alves Pequeno (aliado do padre Cícero para derrubar Franco Rabelo), preferiu ficar em rápidas e superficiais citações. Com a morte do autor de “O Juazeiro do Padre Cícero e a revolução de 1914”, os documentos quase foram queimados pelo seu herdeiro, José Cardoso, “interessado em promover uma limpeza completa nos arquivos de Pinheiro”. Não fosse a interferência de Nascimento, possivelmente a maior parte da recomposição da atividade política do padre Cícero teria virado cinzas. Nascimento, a muito custo, vem mantendo esse acervo há quase 30 anos, na certeza de que esses documentos representam muito para uma avaliação histórica dos episódios registrados àquela época.

Os manuscritos, quando observados mais cuidadosamente, revelam aspectos desconhecidos do padre Cícero, explicou Nascimento ao revelar que “antes de tudo ele era um homem preocupado em registrar tudo o que acontecia à sua volta, afora a descoberta de que mantinha em funcionamento uma verdadeira rede de espionagem, captando todas as informações que chegavam e saíam do Cariri”. O padre Cícero – acrescentou o historiador – “antecipou-se até mesmo à Gestapo de Hitler no que se refere à organização de um serviço de informações”. Durante a fase mais aguda da Revolução de 1914 para derrubar o presidente Franco Rabelo, os copistas oficiais do padre Cícero – José Fausto Guimarães e Sebastião Marques – cansaram de receber informações em código dos insurgentes. Detalhe: só o padre Cícero sabia decifrá-las. É o caso, por exemplo, de um telegrama passado por Floro Bartolomeu, no dia 28 de setembro de 1913, do Rio de Janeiro. Utilizando-se de uma linguagem como a de agentes de espionagem, o coordenador da revolução, depois de confabular toda a conspiração no Rio, mandou para o padre Cícero o seguinte telegrama: “Jardim Zinco Ouro Aguardem Minha Volta. Floro”. Outra comunicação, utilizando ainda linguagem cifrada, presumia o início da derrota do governo de Franco Rabelo: “Padre Cícero Romão Juazeiro do Norte Ceará. Maravilha Jardim e o Gazeta Tudo Ouro”. Reiterou Nascimento que se o padre Cícero sabia exatamente o que queria dizer esses textos.

Mostrando uma infinidade de documentos, telegramas e até castas, Nascimento sustentou que “nem só de planos conspiratórios e de intrigas é composto o documentário deixado pelo padre Cícero”. Há telegramas expedidos ao papa Benedito XV, em setembro de 1914, na mesma data – 10 de setembro – em que a estação dos Correios e Telégrafos de Juazeiro mandava a Paris mensagem do comandante Adolpho van der Burle – um ajudante do padre Cícero nascido na França -, oferecendo-se ao governo de seu país para lutar na Primeira Guerra Mundial. Há, ainda, mensagens de várias cidades do País congratulando-se com o padre Cícero, como também grande número de cópias manuscritas de telegramas do vigário de Juazeiro reclamando providências para a situação criada pela seca de 1915 – uma das mais inclementes já registradas no Ceará.

Num desses telegramas, enviados ao senador Francisco Sá, então ministro da Agricultura, revela-se a preocupação do padre, revoltado, para as questões de ordem social e econômica. Ele (o padre Cícero) chega a sugerir medidas práticas para resolver o problema da seca, colocando-se, inclusive, à disposição para “distribuir” ajuda. Além disso, pedia recursos para programas de açudagem, pois considerava naquela época, “a melhor forma de socorrer a população nesses dias difíceis”, conforme um outro texto.

Disse ainda Nascimento que um tio do ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes, Alexandre Arraes, na época telegrafista em Juazeiro, foi quem mais mensagens recebeu para o padre Cícero. Alexandre, aliás, era um dos homens de confiança do padre, mas nem por isso deixava de ser suspeito de possíveis sabotagens. O escritor F. S. Nascimento tem interesse em manter no Ceará todo esse acervo, mas ele continua aceitando propostas, embora esclareça desde logo que só venderá esse patrimônio se for para uma entidade “realmente idônea”.

Fonte: facebook
Página: Antônio Corrêa Sobrinho
Grupo: Lampião, Cangaço e Nordeste

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