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domingo, 21 de fevereiro de 2016

DOM ELISEU MENDES - 21 DE FEVEREIRO DE 2016

Por Geraldo Maia do Nascimento

Em 20 de fevereiro de 1954, num dia de Sábado, tomava posse como 3º Bispo da Diocese de Mossoró, Dom Eliseu Simões Mendes.
               
Nascido no Estado da Bahia, a 18 de maio de 1915, na cidade do Salvador, onde ordenou-se a 4 de dezembro de 1938. Exerceu, na capital baiana, cargos eclesiásticos de Grande Chanceler da Cúria Arquidiocesana e Secretário Geral do 1º Congresso Nacional de Vocações Sacerdotais, em 1949.


Em 21 de agosto de 1950 foi eleito Bispo auxiliar de Fortaleza, no Estado do Ceará, recebendo a sagração episcopal a 3 de dezembro do mesmo ano. Era um ano de seca no Nordeste, e Dom Eliseu conheceu de perto os efeitos da estiagem. Resolveu colocar-se a frente de todas as campanhas de âmbito social que foram surgindo na capital cearense. Promoveu obras sociais de emergência, fundou centros sociais e pequenas maternidades, estando sempre ao lado do seu povo. E assim forjou seu estilo.
               
Em 20 de fevereiro de 1954 foi nomeado pelo Santo Padre Pio XII, Bispo residencial de Mossoró. E a cidade recebeu em festa o seu terceiro Bispo Diocesano. Dom Eliseu viajou de automóvel de Natal para Mossoró, onde chegou às 16 horas. No Alto de São Manuel, autoridades eclesiásticas, civis e militares do município o aguardavam. Formou-se então uma grande carreata que o acompanhou até o centro da cidade. Na Catedral de Santa Luzia foi recebido pelo Monsenhor Luiz Mota, Vigário Capitular da Diocese. Cumpriu-se, em seguida, o que prescreve o cerimonial católico para tal ocasião. Dom Eliseu entregou então aos Paraninfos, as Bulas de sua nomeação que foram entregues depois, ao Vigário Capitular e Consultores Diocesanos, para verificação de sua autenticidade. E só então foi feita a leitura da Bula, em latim e português, lavrando-se posteriormente a ata de posse.
               
O lema de Dom Eliseu Simões Mendes era: “Salvação do Rebanho”. E em sua “Carta Pastoral” de saudação aos diocesanos, distribuídas por ocasião de sua investidura, delineava o seu programa de governo: Clero e vocações, Família, Ação Católica, Questão Social e Ação Social Rural.
               
Naquela época, havia um movimento ruralista que visava a retomada do desenvolvimento do Vale do Açu. Dom Eliseu Simões Mendes abraçou a causa, já que o seu Bispado tinha jurisdição sobre a Paróquia de Açu. Os problemas da região começaram a serem discutidos e analisados em seminários e cursos. Foi dele a ideia de irrigação do vale, que o tornaria mais produtivo. Mas para isso, precisavam de financiamento, pois a população do vale era pobre. A solução era procurar o Governo Federal. E Dom Eliseu foi pessoalmente procurar o Presidente da República, Juscelino Kubistchek de Oliveira, e dele conseguiu arrancar compromisso, apoio e presença governamental no desenvolvimento dos seus projetos para o Vale do Assu. E através desse contato, os motores bombas começaram a chegar para serem vendidos a longo prazo, beneficiando a todos, principalmente aos pequenos agricultores. Começaram a chegar também os agrônomos e os técnicos agrícolas para a orientação das plantações, os veterinários para controlar a pecuária através da defesa animal, os cacimbões e os canais de alvenaria foram construídos, deram início a mecanização do solo e as sementes e mudas foram então produzidas. As cooperativas começaram a serem criadas, criavam-se sindicatos rurais, postos telefônicos, postos de saúde, etc. Era o sonho de muitos que se realizava através de Dom Eliseu.
               
Foi Dom Eliseu quem fundou no Açu, a Maternidade Mário Pinotti, que depois veio a ser Hospital da FSESP, hoje Dr. João Carlos Wanderley. Foi também pelas mãos de D. Eliseu, que foi instalado em Pendências um posto de puericultura, em favor das crianças daquele lugar. Podemos dizer, por fim, que Dom Eliseu foi, por excelência, o Bispo da Assistência Social, notadamente ruralista, conseguindo dos altos mandatários da Nação as providências mais diferentes em proveito da nossa terra.
               
A 28 de outubro de 1959, foi transferido pela Santa Sé para a Diocese de Campo Mourão, no Estado do Paraná.
               
Dom Eliseu Simões Mendes morreu no dia 02 de março de 2001, aos 86 anos de idade, em Feira de Santana/BA.
               
Em Mossoró, o prefeito interino Antônio Capistrano decretou luto oficial pela morte de Dom Eliseu Simões Mendes. 

Todos os direitos reservados

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Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento
Fontes:
http://www.blogdogemaia.com

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LAMPIÃO E ZÉ RUFINO OS MARECHAIS DO SERTÃO E OUTROS VALENTES

Por Raul Meneleu Mascarenhas

A comparação desses dois homens que se engalfinharam mortalmente nas caatingas nordestinas, feita por Alcino Alves Costa, em livro bastante controvertido, - Mentiras e Mistérios de Angico - onde teceu algumas argumentações a respeito da história do cangaço, com raciocínios excelentes, desenvolvidos para colocar conflitos nas mentes dos estudiosos da saga. São bastantes criteriosas quando efetua um confronto paralelo de duas personalidades violentas em lados opostos. Um representava a lei e o outro a desordem. 

Qual dos dois era mais violento?

É a aproximação dos dois, em termos entre os quais existiu alguma relação de semelhança, a violência, como metáfora. A comparação, porém, é feita por meio de um conectivo (os homens violentos de além mar) e busca realçar determinadas qualidades do meio termo (liderança, coragem e inteligência) desses dois grandes homens, que viveram uma vida de sobressaltos.

Vamos então mostrar como foi que esse famoso autor da saga cangaceira levou a termo, sua apreciação por esse dois comandantes guerrilheiros:

Lampião e Zé Rufino os marechais do sertão 

Na história deste velho mundo, sempre haverá um lugar reservado, um espaço para os predestinados, excepcionais mortais que se destacam em suas atividades e tornam-se históricas personagens que o passar dos anos não consegue levar para o esquecimento; homens que receberam da divindade este DOM que os caprichos da mãe natureza delega aos seus prediletos filhos.

Em todos os campos da atividade humana existem as sumidades: química, física, medicina, enfim em todos os caminhos da vida, e, como não poderia deixar de ser, também existem aqueles que foram sumidades do crime e da violência. Não sei se podemos classificar Lampião e Zé Rufino como astros do crime e da violência. Sou de opinião que ambos deveriam ser classificados como gênios táticos de uma luta onde foram mestres, em uma arte onde eram insuperáveis, heróis que possuíam uma rara e sem igual habilidade em conduzir seus homens nas mais difíceis empreitadas, exercendo uma liderança sobre seus comandados que era qualquer coisa de fazer inveja aos exércitos mais disciplinados.

Os cabras de Lampião e os contratados de Zé Rufino lhes obedeciam cegamente. Eram realmente inacreditáveis as façanhas dos dois chefes, homens praticamente incultos, sem a mínima experiência militar, que mantinham sob seus comandos homens rudes que mais pareciam feras, filhos do sertão bravio, onde a maior lei era o chicote do coronel. Quase todos perversos criminosos, nascidos e criados naquela região hostil, onde não se conhecia o mais elementar costume de boas maneiras e educação, levados por uma estranha e misteriosa força, acatavam até as últimas consequências, até se possível à morte, as ordens e as vontades emanados dos dois grandes comandantes.

Ao acompanharmos, com os detalhes e as minúcias que a complexa história do cangaço requer, e em particular a odisseia Lampião e Zé Rufino, iremos claramente perceber, através dos tempos, os violentos eventos que abalaram o mundo e que mereceram destaque por seus extraordinários efeitos e causas. Muitos desses, ou todos eles, originados pela doentia mente de seus idealizadores, não os retiram da categoria de homens de brilhantes inteligências, tais como Napoleão Bonaparte, Adolf Hitler e tantos outros que levaram a humanidade aos clamores da guerra, guerreiros que implantaram a tirania escudados pelos fluidos negativos de suas raríssimas inteligências.

Exemplo disto é a guerra particular disputada pelos inigualáveis Erwin Vom Rommel, o famoso e genial marechal de campo do África Korps do exército alemão e o não menos brilhante marechal Bernard Law Montgomery, o célebre Montgomery of Alemain, do exército britânico, que no deserto da África travaram o mais espetacular duelo no jogo de xadrez da guerra nazista, vendo-se de um lado o fenomenal Vom Rommel, com suas temidas e afamadas divisões Panzer, e de outro a refinada técnica do insuperável Mont.

Em que pesem os tributos pagos com vidas humanas, não se pode esquecer a excepcional habilidade dos dois marechais. A luta dos titãs dos países do além-mar, era uma dimensão sem limite, do tamanho do próprio mundo, mas, guardadas as devidas proporções, luta igual foi travada nos campos ressequidos do sertão brasileiro, com bravura, coragem, sabedoria e maestria pelos marechais caboclos Lampião e Zé Rufino.

É claro que não se pode fazer comparações entre as duas causas. Uma a do sertão, era a luta dos fracos, dos injustiçados que, ao sofrerem as piores humilhações, as mais injustas perseguições, rebelaram-se e enfrentaram os donos do sertão de igual para igual, levando, na maioria das vezes, a melhor. A outra, a guerra nazista, o destempero e a loucura de um ensandecido homem, que não titubeou em empapar de sangue toda a humanidade. Verdade seja dita: o sertão, — pode-se perfeitamente dizer, — tem ou teve o privilégio de ter dado ao Brasil e, possivelmente, ao mundo dois de seus maiores estrategistas e guerreiros. É fora de qualquer dúvida que Lampião e Zé Rufino foram, na acepção da palavra, dois gênios na ciência dos combates e na tática de ataque e defesa; dois mágicos conhecedores profundos dos segredos da dura guerrilha que participavam.

Em suma, possuíam os dois fenomenais sertanejos toda a clarividência dos grandes e lendários guerreiros dos remotos tempos. Não se pode, também, desconhecer os anos de suas lutas particulares, quando os dois bravos mestiços travaram o mais espetacular duelo da sangrenta guerra do cangaço nordestino; cangaço que teve seu início nas primeiras vinditas dos clãs povoadores dos sertões, desde os tempos do Brasil Colonial indo até os colonizadores do Inhamuns, nas barrancas do Jaguaribe, em terras do Ceará, passando pelos sertões do Piauí e Paraíba até chegar aos campos desertos e bravios de Pernambuco.

Além desse fator primordial, as vinditas e pendengas, que geraram desafrontas por anos sem fim, varando toda a sertania com esta feroz e sanguinolenta disputa de força, poder e domínio, havia também aquelas disputas pessoais onde o único motivo era o despeito e vaidade de determinado potentado contra o outro.

E assim, todo o sertão foi palco de extraordinárias medições de forças e demonstrações de inimagináveis bravuras que, apesar de muitas vezes trágicas, eram ao mesmo tempo belas, heroicas e românticas. Ficaram nos livros da história sertaneja a valentia desses sanhudos e embravecidos sertanejos que não se cansaram de mostrar todo o valor de suas nunca desmerecidas coragens e o valor e peso de suas temidas armas.

Lamentavelmente, os protagonistas dessa tenebrosa luta, como Lampião e Zé Rufino, não percebiam que viviam a se matar em uma luta sem o menor sentido e sem nenhuma razão de ser; eram heróis, gigantes, verdadeiros titãs que viviam a porfiar, carregando nessa esteira um grande número de inocentes caatingueiros que não atinavam e nem percebiam os perigos a que se expunham nessa tremenda luta.
Infelizmente a matutada não sabia que estava sendo marionete que, a cada dia, mais ficava a mercê dos coronéis, os senhores do sertão.

É difícil imaginar tudo isso no sertão do Padre-Mestre lbiapina, o lendário Padre José Antônio de Maria Ibiapina, antes Juiz de Direito de Quixeramobim e velho protetor dos Maciéis, na luta desses com os Araújos. Deixando a vida de magistrado para tornar-se sacerdote e protetor dos pobres no dia 14 de novembro de 1835, Ibiapina tinha-se demitido de sua condição de Juiz no dia 10 de dezembro de 1834, um ano depois de ter sido nomeado, no dia 12 de dezembro de 1833.

Também é o sertão do grande peregrino Antônio Vicente Mendes Maciel, o Bom Jesus Conselheiro, de Canudos; sem se falar naquele que foi o maior dos sacerdotes dos sertões, o padre Cícero Romão Batista, o protetor do Juazeiro, pelos quais toda a sertanejada nutria o nobre conceito de santos.

Espanta como os sertanejos ainda se deixavam envolver por pequenas intrigas que só beneficiavam os grandes e poderosos coronéis e fazendeiros. Ora, nesse sertão, apesar de inculto e primitivo, havia a palavra altamente acreditada dos pregadores.

Portanto, a fé era criteriosamente programada e intensamente voltada para a fanatização dos ingênuos mateiros, e o que é de se estranhar é que homens, como esses missionários, com tamanho carisma, não tenham conseguido afastar Lampião, Zé Rufino, Luís Mansidão, Cassimiro Honório, Antônio Matilde, Tenente, Sabino Gomes e uma legião de facinorosos e valentões que espalharam o terror e o medo nos campos nordestinos; mesmo sabendo-se que todos esses enegrecidos homens guardavam no fundo de seus corações o mais puro, mesmo que primitivo e embrutecido, sentimento religioso.

A verdade é que todos sentiam verdadeira admiração, respeito e veneração pelos mensageiros de Deus, como assim eles julgavam os pregadores. Era realmente belo e romântico ver os bravos e heroicos bacamarteiros assistirem contritos e ajoelhados, embevecidos e humildes, aos fulgurosos e apaixonantes sermões de então.

http://meneleu.blogspot.com.br/2016/02/lampiao-e-ze-rufino-os-marechais-do.html

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ENVENENAR LAMPIÃO EM UM ALMOÇO OU JANTAR EM CASA DE AMIGOS ERA INÚTIL


“LAMPIÃO TINHA UMA COLHER DE PRATA PURA, QUE AO TOCAR EM QUALQUER TIPO DE BEBIDA OU COMIDA, ACUSAVA A PRESENÇA DE SUBSTÂNCIA ESTRANHA”.

https://www.youtube.com/watch?v=clGcrAqzhYo

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RUFINO O MAIOR DOS COMANDANTES

Por Raul Meneleu Mascarenhas
Tenente Zé Rufino

Alcino Alves Costa foi um dos grandes pesquisadores do cangaço e em seu livro "Mentiras e Mistérios de Angico" traz o seu reconhecimento desse bravo pernambucano que combateu o banditismo e através de raciocínios lógicos, nos faz ver que realmente esse grande soldado, combatente de cangaceiros, foi também um excelente estrategista, e exemplo de coragem e inteligência. 

Quando comecei a estudar e pesquisar sobre o cangaço, inicialmente via Zé Rufino com reservas, sua caçada ao cangaceiro Corisco, foi finalizada de uma forma que podemos enxergar como prepotente, pois Corisco estava rendido e sem condições de enfrentar a força da volante comandada por ele. Não me atenho aqui às acusações que fizeram contra ele, em estar em busca de uma pequena fortuna que achava, se encontrar com o cangaceiro. 

Mas sim, a forma em que abateu um homem sem forças, praticamente aleijado, e que não podia sustentar o peso de uma arma. Morreu Corisco por talvez não querer ser preso. Sua mulher, Dadá, mulher de coragem e guerreira, baleada veio a perder uma das pernas, mas que Zé Rufino em respeito não permitiu que seus homens fizessem com ela e com o marido morto, o que comumente faziam, cortar as cabeças.

Sei que alguns ainda odeiam a esse homem corajoso e guerreiro, por sua perseguição a Lampião. Mas devemos entender que os cangaceiros eram bandidos e tinham que ser caçados, presos ou mortos nos combates, pois a sociedade sertaneja já não suportava as investidas muitas vezes bárbaras de tais homens.

Aqui temos uma entrevista concedida pelo famosos Comandante de Volante Policial, Coronel Zé Rufino ao Jornalista Paulo Gil Soares em 1964.

Aqui temos uma entrevista concedida pelo famosos Comandante de Volante Policial, Coronel Zé Rufino ao Jornalista Paulo Gil Soares em 1964. -  https://www.youtube.com/watch?v=clGcrAqzhYo

Abaixo, temos então o comentário de Alcino Alves Costa, sobre o célebre José Osório de Farias, o lendário Zé Rufino, que pode ser considerado o maior dos comandantes de volante, e perseguidor de cangaceiros.

Zé Rufino o maior dos comandantes 

Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Alagoas, Sergipe e Bahia foram os Estados brasileiros que guerrearam anos sem conta os grupos bandoleiros que infestaram todo o chão nordestino. Tropas e mais tropas vagaram pelos ermos das caatingas, na perseguição incessante, expostos e sujeitos a toda espécie de perigos que o rigor da campanha fatigante os fazia enfrentar.

Luta sangrenta que via varar anos e mais anos, aumentando, cada vez mais, o sofrimento e agonia do homem do campo, assim como os responsáveis pela manutenção da ordem que padeciam sentindo o orgulho ferido, sem poderem nada realizar para impedir a crescente força, cada vez maior, das grandes estrelas do cangaço. Esses mantenedores da lei não possuíam condições e nem meios para exterminar o grande flagelo oriundo do banditismo. Lendários e famosos, respeitados e temidos, receberam de seus superiores a delicada incumbência de comandar forças militares que adentravam as caatingas com o nome temível e violento de "Volante do Governo".

Homens que, como os maiores do cangaço, se tornaram lendas na odisseia cruenta da guerra cangaceira. Poderíamos citar nomes e mais nomes de bravos chefes de volantes, heróis de envergadura de Clementino José Furtado, alcunhado de "Quelé do Pajeú", que em outros tempos havia sido um famanado cangaceiro lá das bandas de Triunfo, para depois servir ao governo de Pernambuco, comandando uma volante famosa e extraordinária, apelidada de "Pente Fino".

Ninguém esquece as façanhas dos dois nazarenos: Manoel de Sousa Neto, o falado Mané Neto e Odilon Flor. Ainda: Luís Mariano da Cruz, Teófanes Ferraz Torres, que se celebrizou por ter sido o autor da prisão do luminar Antônio Silvino, o grande Rifle de Ouro do Nordeste; João Bezerra da Silva, célebre matador de Lampião; o baiano Liberato de Carvalho, destemido comandante de forças daquele Estado; José Lucena de Albuquerque Maranhão, afamado chefe das torças alagoanas de repressão ao banditismo e cruel matador de José Ferreira da Silva, pai de Virgulino.

Ainda David Jurubeba, Arsênio de Sousa, Optato Gueiros e tantos outros que pelejaram com os facinorosos dos sertões; uns realmente caçando bandidos e muitos outros se espalhando pela imensidão das caatingas, adentrando matas e cerrados, sem pensar em caçar cangaceiro, mas com o intento único de beneficiar-se da caótica situação reinante nos campos pisados pelos bandoleiros, em nome de uma lei que, indignamente, se arvoravam de representantes, espoliavam e maltratavam ao máximo o homem e a vida daquele inculto e desconhecido mundo.

Pernambuco, meca dos volantes, paraíso das grandes vinditas, é o Estado natal daquele que pode ser considerado o maior dos comandantes de volante, o célebre José Osório de Farias, o lendário Zé Rufino. Nascido a 20 de fevereiro de 1906, na cidade de São José de Belmonte, seus pais se chamavam Osório Gomes de Farias e Maria Rufino da Conceição, residentes na fazenda "Vai Querendo". Família egressa da terra bravia do Ceará, vitimada por velhas e perigosas pendengas com os Bezerras, gente forte que os obrigara a abandonar seu solo e procurar vida nova nas regiões sertanejas do grande Estado nordestino.

Um misterioso "causo" dava conta que Zé Rufino e Lampião vinham do tronco de uma mesma árvore genealógica cearense, ambos, porém, nascidos no sertão pernambucano. Se verdade ou lenda, o que se sabe, com absoluta certeza, é que os dois notáveis caboclos possuíam elos dos mais íntimos. Como se sabe, suas famílias foram egressas do Ceará, sendo que Lampião tinha apenas o pai, filho daquele Estado, uma vez que sua mãe, dona Maria Vieira Lopes, era filha de Manoel Pedro Lopes e dona Maria Jacosa Vieira, todos filhos do Pajeú.

Possuíam, também, uma aparência física verdadeiramente impressionante: eram iguais na cor, na estatura, no formato, nos modos, na valentia, além de uma inteligência fora dos padrões normais daquela gente. Ainda tocavam fole, faziam perneiras e gibão, sapatos e rolós; ambos extraordinariamente bons no coice do mosquetão. Segundo declarações do próprio Zé Rufino, a Paulo Gil Soares, em seu livro "Vida, Paixão e Morte de Corisco o Diabo Louro", 
página 52, depois de convidado por Lampião para engajar-se no cangaço, recusa.

Tempos depois recebe uma mensagem do coronel João Novais, que o induz a seguir para o Estado da Bahia, justamente para perseguir e combater o famoso conterrâneo que se bandeara para os sertões sergipano e baiano. E lá se vai o rapaz de São João do Belmonte com mais três parentes para o Estado da Bahia, mais precisamente para a cidade de Jeremoabo, sede, naquele Estado, da campanha de repressão ao banditismo. Vem daí o começo da guerra particular e feroz travada entre os dois pernambucanos, numa medição de forças que durou longos anos, espetacular disputa onde caçado e caçador mostravam toda grandeza de suas proezas e bravuras.

Em pouco tempo vemos Zé Rufino comandando uma volante, já então iniciado nos caminhos da fama. Usando sua rara inteligência, escolhe vinte homens para com ele trabalhar. Os escolhidos eram destemidos e valentes, portadores mesmo de uma coragem muito acima dos limites da normalidade e da imaginação humana, todos experientes mateiros que, sob o comando seguro e capaz do filho de seu Osório, escreveram páginas repletas de heroísmo e glórias, escritas pelo fogo ardente e mortal expelido pela boca negra de suas temidas armas.
Homens Que Atuaram Nesta Famosa Volante 

Levando-se em conta que nem todos começaram e terminam juntos toda a campanha, de uma forma geral, a maioria sempre esteve junta, formando no mesmo grupo, com apenas uma ou outra mudança que o passar dos anos exigia. Os grandes nomes da volante foram os seguintes: Além do notável comandante, haviam: dois cabos; Artur Figueiredo e Miguel Bezerra, também conhecido como Miguel de Constança; Gervásio, que era o rastejador, aliás, um dos melhores; os soldados Leonídio, Besouro, Capão, João Doutor, Joao Severiano, Zé Serra Negra, Paulino de Belo (Paulo de Tavinha), Bentivi, Alípio, Zé Monteiro, Jovino Juazeiro, Ercílio Novais, João Fuisso, João Venâncio, Zé Firmino de Matos, Valdemar e João Redondo. 

Nessa volante trabalhou também Badu Feitosa que poderia ter sido um dos mais famosos, mas foi expulso da volante (ver capítulo sobre o mesmo)

Zé Rufino e seus comandados eram aquartelados no então povoado Serra Negra, no Estado da Bahia, nas divisas com o Estado de Sergipe, berço do clã dos Carvalhos, descendência familiar completamente diversa dos lendários Carvalhos de Pernambuco, que sustentaram a tenebrosa guerra com os Pereiras comandados pelos famosos Padre Pereira, Luís Padre, Sinhô Pereira, Né Dadu e tantos outros bravos.

Os Carvalhos de Serra Negra eram senhores de cutelo e baraço, e o tenente João Maria era o grande chefe do clã, do povoado e das redondezas. Nesse povoado, Zé Rufino fez o seu ponto de partida para as ferozes batalhas contra os grupos de bandoleiros que infestavam os sertões da Bahia e de Sergipe.

Zé Rufino e seus homens foram um dos grandes pontos de referência que ajudavam a alimentar as rezas, as crendices e o misticismo da gente sertaneja. Toda a sertanejada achava e ainda acha que os componentes dessa volante viviam protegidos pelas mandingas e rezas fortes da negra velha da serra, famosa pelas suas orações e patuás, razão pela qual os dessa volante jamais saíam feridos dos combates.

Contam-se verdadeiros milagres acontecidos durante perigosos tiroteios, quando somente uma proteção superior ajudava os valentes de Zé Rufino a se livrarem das mortíferas balas dos medonhos inimigos. O massacre dessa volante era o grande sonho, não só de Lampião, mas de toda cangaceirada.

O que se sabe, dentro do critério da mais pura verdade, se pelas rezas e crendices, ou ainda por qualquer outro mistério, é que os membros daquela lendária volante, homens que destemidamente enfrentavam, na guerra medonha dos sertões, os valentões do cangaço, vivendo quase sempre expostos aos enormes perigos dos mortais recontros, milagrosamente, nenhum deles foi morto ou sequer baleado.

Portanto, não se compreende qual a força ou o poder dessa volante que tanto brigou, tanto guerreou, tantos bandidos matou ou feriu, sem sofrer qualquer baixa. Que estranho poder envolvia e amparava Zé Rufino e os seus? Por que as balas inimigas não atingiam o comandante e nem os seus comandados? 

Este foi caso único em toda história da guerra cangaceira. Para o povo tudo não passava das rezas daquela negra protetora da volante ou, talvez, a mão divina auxiliando e guiando Os bravos componentes da volante. Mas é claro, se deve reconhecer, dentro de toda essa sorte ou proteção maior, via-se a apurada técnica e maestria do genial comandante, que sabia, como poucos, enfrentar os mais duros combates, usando perfeitas táticas e magistrais manobras.

Zé Rufino quase sempre conduzia a sorte para o lado de sua volante. Ao contrário de tantos outros comandantes, Zé Rufino procurava sempre se esmerar e se fazer respeitar não só pelos bandoleiros, mas por todos que nos sertões viviam e, mais ainda, pelos seus subordinados e superiores.

Zé Rufino é um daqueles que fazem parte da gloriosa dinastia dos bravos guerreiros da história sangrenta, daqueles que de um lado ou de outro se enfrentaram na guerra sertaneja. É um dos lendários titãs cujos bacamartes faziam todo o sertão apequenar debaixo de suas duras ameaças.

As grandes estrelas da valentia nordestina foram: Alexandre da Silva Mourão, o famanado dos Mourões; José de Barros Melo, apelidado de Cascavel, uma das feras dos irmãos Meios; o inimigo capital dos Mourões, parente muito próximo do famoso André Vidal de Negreiros, que foi um dos baluartes da luta contra os holandeses, o famoso bailarino e tocador de viola, Vicente Lopes Vidal de Negreiros, lendariamente conhecido como Vicente da Caminhadeira.

Bravos como ele foram: Simplício Pereira da Silva, um dos ferozes homens dos Pereiras, apelidado de "Peinha de Mão"; Né Dadu, que formou com seu irmão Sinhô Pereira, as maiores bandeiras dos Pereiras; Os destemidos e heroicos defensores dos Carvalhos, inimigos mortais dos Pereiras, João Lucas das Piranhas, Jacinto Alves de Carvalho, o Celebrado Cindário; José e Antônio, das Umburanas; Cirilo do Lagamar, Luís Nunes de Souza, o famanado Luís do Triângulo; João e Manoel Marcelino, que eram, respectivamente, os cangaceiros Vinte e Dois e Bom de Vera; José Bernardo, que é o José Piutá ou ainda Casa Velha; Jesuíno Brilhante, que na vida comum se chamava Jesuíno Alves de Melo Calado, um dos maiores e mais afamados cangaceiros de Afogados da Ingazeira; o grande Rifle de Ouro dos Sertões, António Silvino, sem se falar na maior e mais luminosa estrela, o grande rei, Virgulino Ferreira da Silva.

Portanto, não seria exagero juntar-se a essa plêiade de titãs, homens como o próprio Zé Rufino, Miguel e Artur, os dois cabos de sua perigosa volante; Mané Véio ou Antônio Jacó — a fera de Santa Brígida, Os nazarenos Mané Neto e Odilon Flor, os baianos Besouro e Leonídio e tantos outros que formaram nesta constelação que iluminou o universo cruento das terríveis lutas, pendengas e batalhas, que estão escritas no livro rubro da história sertaneja. 


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