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terça-feira, 20 de dezembro de 2016

É NATAL (ESCOLHA AQUI SEU PRESENTE)

*Rangel Alves da Costa

Já é Natal. E já que vai ser presenteado ou presentear, então escolha aqui o seu presente. Não se espante, contudo, se não há menção de joias, grifes, luxos e ostentações. Apenas aquilo que possui outros inestimáveis valores.

Para presentear, que tal se aproximar da pessoa querida e conversar longamente, confessando sem rodeios tudo o que de bom vem alimentando o amor ou a amizade. Dizer do quanto faz bem sentir a sua presença e do quanto confia em cada palavra, gesto e ação. E levar também uma garrafinha bonita de vinho.

Para ser presenteado, que os seus olhos brilhem ao receber uma lembrancinha qualquer. Pessoas existem que a simples presença supre qualquer fortuna. Outras pessoas existem que são como chegadas em papel de presente e laço de fita. Fazem tão bem ao coração que tudo o mais sempre terá menor importância.

Para presentear, que tal um caqueirinho com planta já florescendo, com flores tão miudinhas que mais parecem de plástico. Ou um rosário de contas com cruz de madeira. Ou uma garrafa de cajuína, dessas que não são facilmente encontradas nas prateleiras mais chiques. Não há coração que não se contente com a singeleza da recordação.

Para ser presenteado, que tal mostrar toda a alegria do mundo ao receber uma concha de mar, um barquinho de papel com seu nome desenhado, uma folha seca envelhecida com um poeminha rabiscado. Que tal seu olho brilhar diante de uma cuia de araçá, de um araticum ou de um melão coalhada. Eu mesmo adoraria ganhar um beijo beijado na mão e jogado em minha direção.

Para presentear, que tal um Salmo numa bela e envelhecida moldura: “Eu te amarei, ó SENHOR, fortaleza minha. O Senhor é o meu rochedo, e o meu lugar forte, e o meu libertador; o meu Deus, a minha fortaleza, em quem confio; o meu escudo, a força da minha salvação, e o meu alto refúgio” (Salmo 18:1,2).


Para ser presenteado, que sua alma glorifique por ter sido recordada com abraço apertado, um afago carinhoso, uma palavra docemente sincera. Nada mais cativante que receber um olhar profundamente iluminado, que receber um carinho de uma mão tão sincera e amiga como a própria mão, que ser presenteado pela brandura de uma voz que diz: Estarei sempre ao teu lado!

Para presentear, que tal uma porção de doce de cabeça-de-frade, de doce de leite feito por Vanuza ou de cocada feita por Jovanete. Uma renda feito por Dona Conceição de Laura ou um bordado feito por Dona Domingas. Um artesanato em barro feito pelo filho de Telma ou uma relíquia nascida das mãos do Mestre Tonho. Um livro de Alcino, um cordel de Belarmino, uma obra do poeta Edézio.

Para ser presenteado, que sua vida floresça ainda mais com a visita de um velho amigo que, mesmo não muito distante, desde muito que não é avistado. Que se encante e se alegre com o retrato antigo trazido como lembrança. Que seu espírito se enobreça com a voz humilde e cativante dizendo: Infelizmente não pude trazer nem uma lembrancinha. Passei somente para visitar e dar um abraço.

Para presentear, que tal um rosário de aricuri para ser mastigado no pé da calçada como se fazia nos velhos tempos. Que tal um buquezinho de flores do campo colhidas em beira de estrada. Que tal enviar uma cartinha escrita à mão, que tal um pedaço de pano com o nome rendado, que tal um poema de qualquer rima ou escrito de qualquer jeito, mas nascido na profundidade do coração.

Para ser presenteado, que sua força se confirme ao ouvir do mais velho: Que Deus o abençoe, meu filho! Ou de alguém que da calçada ao longe ou da janela distante grita em sua direção: Feliz Natal, Feliz Ano Novo!

Eis o meu humilde presente a você: Feliz Natal, Feliz Ano Novo! Aceite. É de coração.

Escritor
Membro da Academia de Letras de Aracaju

blograngel-sertao.blogspot.com

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