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quarta-feira, 30 de novembro de 2016

PROCESSO DE 76 ANOS CONTRA LAMPIÃO É ACHADO PELA POLÍCIA


Clique no vídeo e assista ao vídeo:

http://noticias.band.uol.com.br/jornaldaband/videos/16074437/veja-as-ultimas-imagens-dos-jogadores-da-chapecoense.html

Um processo criminal em que aparece o nome de Lampião e seus cangaceiros foi encontrado no Rio Grande do Norte. O documento de 76 anos estava perdido em uma sala desativada da polícia científica. 

Veja todos os vídeos do Jornal da Band.

28/11/2016

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O AVANÇO DAS ARMAS

Por Clerisvaldo B. Chagas, 30 de novembro de 2016 - Escritor Símbolo do Sertão Alagoano - Crônica 1.599

Não fosse a tragédia que se abateu contra a Chapecoense que levou um jogador alagoano, poderíamos dizer que foi ótima a notícia sobre economia em Alagoas. Estamos falando apenas de uma notícia específica que foi o anúncio da implantação de mais uma fábrica no estado. Para os padrões desta terra, até que a indústria apontada é fato esquisito. Mesmo sendo pacifista, não se pode ser ingênuo e contra o negócio proposto. Trata-se de uma fábrica de armas, estrangeira, procurando se instalar por essas bandas. Aproveitando a cadeia do plástico que tem atraído outros empreendimentos, os fabricantes de armas também escolheram Alagoas para utilização desse material em grande percentagem do fabrico. 

Foto divulgação

Uma empreitada dessa natureza faz com que outras fábricas afins também venham mais tarde fazer parte do futuro cinturão do fogo. Geração de empregos e renda, circulação do vil metal em todas as camadas sociais, são as coisas mínimas que se esperam dos grandes investimentos. O que faz pena é que as fábricas que vão chegando para o estado não sobem para o Sertão. Mas, de qualquer maneira é melhor que seja em Alagoas de que em outro estado vizinho. Bom seria que grandes fontes de energia limpa dessem conta dos parques industriais, como a eólica e a energia solar.  

O estado de Alagoas já foi rico e filé do Nordeste. Poderia ter sido e ainda poderá ser a pequena Califórnia do Brasil, dependendo apenas do grau de comprometimento de mais de uma geração de seus dirigentes. 
Caso façamos um balanço do estado na Agropecuária, Indústria e Serviços, iremos notar significativos avanços em todos os setores. É preciso, porém, não baixar a guarda em nenhum setor sob pena de alongar muito mais a espera do desenvolvimento total. Revendo o PIB de 2014, vimos como a atenção que foi dada ao abacaxi, ao coco- da-baía e a laranja foram de grande valia nas contas de final de ano. Ora, se esses produtos simples da Agricultura foram tão importantes no PIB, imaginemos todos os outros olhados com eficiência e carinho pelos governantes.

Não cabem aqui mais detalhes sobre a fábrica de armas que virá, até porque muita coisa não foi dita, contudo, deixem que venha canhão, metralhadora, revólver, granada... Ora, ora, ora... Queremos empregos para os alagoanos.


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SECOS, MOLHADOS E NOSTÁLGICOS

*Rangel Alves da Costa

Os armazéns e mercearias de antigamente, principalmente aqueles localizados em cidades interioranas, eram verdadeiros mercadinhos sortidos de tudo. Contudo, quanto mais rústico o comércio mais o prazer aumentava pelo que logo se avistava. Geralmente em esquinas, com duas ou três portas à frente e uma na lateral, tanto balcão como as prateleiras eram de madeira antiga, de lei, envernizada ou tomada de cor escurecida pelo tempo. O sortimento era vasto, tendo cajuína, bolachão, goiabada, mariola, sardinha, quitute, bolacha doce e salgada, e muito mais. Vinho de Jurubeba, Cinzano, Cortezano, Pitu, Serra Grande, Pau de Arara, Teimosinha, bem como litros e mais litros de aguardente com casca ou raiz de pau. Um pouco abaixo do balcão e pelos cantos, os sacos de farinha, de milho, de arroz e café com casca, de açúcar e sal grosso. Mas o mais gostoso mesmo fica em riba do balcão, espalhando em profusão. Eram fardos de carne seca, de jabá e charque, de bacalhau e carne de porco salgada. E descendo do telhado as mortadelas e os apresuntados de dar água na boca. Um baleiro, de vez em quando uma cafeteira e uma compota de doce de leite batido. Era entrar e se apaixonar. Tomar, mandar cortar fiapo de carne seca, tomar outra, e depois não querer sair mais do lugar. Até que o menino chegava correndo para dizer que a mãe estava raivosa à espera do charque com pé de porco pra botar no feijão.


Em muitos armazéns, beber somente no lado do balcão, na parte lateral, pois a parte da frente era de outro tipo de freguesia. Não tinha graça nem cabimento que uma moça chegasse para comprar um sabonete Gessy, Alma de Flores ou Palmolive, e ter de suportar olhares cínicos e piadinhas maldosas dos beberrões. Aliás, nem todo dono de mercearia permitia que o cabra permanecesse por muito tempo ao pé do balcão, fazendo hora até se embebedar. Depois das duas goladas já estava liberado para ir embora, ainda que voltasse no passo seguinte. Alguns vendeirins tinham o cuidado de oferecer um umbu ou fruta miúda para acompanhar a cachaça. Se o cabra chegasse com uma caça já no prato, pronta para ser saboreada com a pinga, tinha de sentar à mesa e, além da cachaça, também acenar pedindo cerveja. E cerveja apenas refrescada, pois sempre em geladeira a gás e sem certeza de um resfriamento maior. Por isso mesmo é que o bebedor, desejando uma mais gelada, sempre pedia uma do fundo do pote. E era como se viesse do fundo do pote mesmo, vez que a espuma logo testemunhava seu estado quase natural. Dado o ambiente familiar, com pessoas idosas e mulheres casadas a todo tempo chegando ao balcão, também não se permitia galhofa, piadinha, qualquer palavreado mais chulo. Ou se comportava ou era convidado a pagar a conta e sair pela porta lateral, sem direito à reclamação. Ora, o porrete do vendeirim, ou mesmo a faca afiada, nunca se mantinha distante da ousadia.

Muitos armazéns mantinham espaços reservados às frutas e verduras frescuras que chegavam em cestos grandes. Melancia, tomate, cebola, pimentão, abóbora, maxixe, quiabo, manga, de um tudo. Mas nem sempre era garantia de tais produtos nas mercearias e armazéns interioranos. Contudo, não podia faltar a farinha boa de mandioca, o feijão novo da safra da região e açúcar. Bastava pedir e o vendeirim metia a medida pela boca do saco e de lá retirava a quantidade certa. Não errava uma. E a balança pendia também na medida certa, ainda que muita gente desconfiasse das gramas a menos a cada quilo. Mas não adiantava reclamar. Do mesmo modo acontecia com o corte de jabá ou de bacalhau. A pessoa pedia seiscentas gramas e a faca já dava o bote certeiro, sem um tantinho a mais ou a menos, a não ser o desconto daquele fiapinho experimentado pelo comprador. Assim se fazia pela segurança do negócio, como bem asseverava o pequeno comerciante. Já corria o risco no vender fiado, no esquecimento do pontual pagamento, e não podia ver o seu negócio fechando as portas por causa de espertalhões.

Sendo bom freguês, nada faltava a hora que desejasse. Levava desde o fumo de rolo ao cigarro de palha já pronto, desde o ki-suco ao bolo de feira. E numa ou noutra talvez encontrasse uma lavanda, uma água perfumada ou mesmo uma alfazema mais cheirosa. E quando chegava a solteirona escolhendo a melhor fragrância, logo o vendeirim dizia que com aquele perfume ela ia apaixonar muita gente. Então a pobre gastava todo o dinheirinho da aposentadoria naquela esperança irrealizável de amor. No mês seguinte retornava tristonha, com cara de que ninguém havia sentido sua fragrância ao entardecer à janela. Então ouvia do vendedor: Parece que o aquele perfume todo não deu muito certo. Agora faça diferente, além do cheiro leve também um bote de velas de Nossa Senhora. E a coitada saía carregando perfumes e velas de todos os santos. 

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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FOTO RARA DE LAMPIÃO, AINDA, JOVEM..!


FOTO RARA DE LAMPIÃO AINDA JOVEM..!

Existem pouquíssimas fotos de Lampião, quando ainda era o jovem Virgulino. Abaixo, visualiza-se o rapazote, em foto publicada por um importante matutino carioca.

Fonte? Facebook
Página: Voltaseca Volta
Link: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=595107867357858&set=gm.564286153780333&type=3&theater

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82 ANOS DA DIOCESE DE MOSSORÓ - 20 DE NOVEMBRO DE 2016

Por Geraldo Maia do Nascimento

No dia 18 de novembro de 1934, num dia de domingo, dava-se a inauguração da Diocese de Mossoró, conforme determinação do Sr. Bispo de Natal, D. Marcolino Dantas. O padre Luiz Ferreira Cunha da Mota registrou no 4º Livro de Tombo da Matriz: “Tendo recebido procuração de S. Excia. Revma. para em seu nome oficiar na cerimônia conforme as prescrições canônicas, o fiz com toda a solenidade na Catedral de Santa Luzia em sessão pública, com o comparecimento de todas as associações católicas, clero, autoridades e grande público. Nesta ocasião, tomei da palavra para explicar o grande acontecimento e declarar oficialmente inaugurada a Diocese de Mossoró. 


O Cônego Amâncio Ramalho, como secretário do ato, procedeu à leitura em vernáculo da Bula de criação da Diocese, do S. Padre Pio XI, datada de Roma, no dia 28 de julho do corrente ano como também da Provisão da Nunciatura Apostólica do Rio de Janeiro, nomeando o Sr. Bispo de Natal, D. Marcolino Dantas, Administrador Apostólico da nova Diocese até a nomeação do seu primeiro Bispo. De tudo fez-se ata especial em livro próprio para os atos da Diocese e foi assinada por todos os presentes. Em seguida à solene sessão, oficiou-se um “Te Deum” em ação de graças. A Catedral estava repleta de todo povo católico de Mossoró, representado por todos os seus elementos sociais. Era notada a satisfação geral com a elevação da sua Igreja à dignidade de Sé-Catedral e nossa cidade distinguida com tão grande honra pela Igreja de N. S. Jesus Cristo. Renovaram-se os cumprimentos ao Sr. Bispo de Natal, nosso Administrador Apostólico, ao Vigário da Catedral de Santa Luzia, ao Clero.” 

Assim foi a instalação da Diocese de Mossoró que ora completa oitenta e dois anos de existência, com a leitura da “Bula de criação da Diocese de Mossoró”, pelo Padre Mota.
               
No dia 20 de dezembro de 1935 chegava a Mossoró a notícia da nomeação do seu primeiro Bispo, que recaiu na pessoa do Monsenhor Jaime de Barros Câmara, que era Reitor do seminário menor de Azambuja, em Brusque, no Estado de Santa Catarina. Na Catedral foi dada oficialmente a notícia ao povo pelo vigário Pe. Luís da Mota. Foi também feita à comunicação a todos os vigários da Diocese.
               
No dia 2 de fevereiro de 1936 foi sagrado em Florianópolis, Estado de Santa Catarina, como estava determinado, o Esmo. Sr. D. Jaime Câmara, 1º Bispo de Mossoró. A cerimônia foi presidida pelo Exmo. Sr. D. Joaquim Domingos de Oliveira, tendo como assistente os Exmos. Srs. D. Daniel Hostin, Bispo de Lajes, e D. Pio de Freitas, Bispo de Joinvile.
               
Avisado o povo mossoroense, antecipadamente, houve muita assistência dos fiéis às missas em que se fizeram comunhões na intenção de S. Excia. Revma. Foram passados muitos telegramas de felicitações a D. Jaime.
               
Dom Jaime Câmara chegou a Mossoró no dia 26 de abril de 1936, às 5 horas da tarde, sendo recebido na Estação da Estrada de Ferro pelo Clero, Associações, Autoridades e grande massa de populares. Paramentando-se ali e depois de ouvir a saudação que lhe dirigiu o Dr. Epitácio Fernandes, Juiz preparador, em nome do Governo do Município e do povo católico da Diocese, seguiu para a Catedral, onde tomou posse solene do Bispado, com todas as prescrições da liturgia da Igreja.
               
Como 1º Bispo, D. Jaime fez um grande trabalho de cunho apostólico e social. Para ilustrar as suas ações, podemos citar as visitas pessoais feitas as salina, então focos de insurreição, a organização dos operários em Círculos Católicos, as pregações nas próprias fábricas, onde se confessavam anualmente os operários para as grandes solenidades cívico-religiosas de 1º de maio, a construção da Vila Operária, construção do Abrigo “Amantino Câmara”, para a velhice desamparada, instituição até hoje em funcionamento, a doação de uma casa para instalação do Lactário mantido pela Prefeitura e muito mais.
               
Assim começou a Diocese de Mossoró. Fazemos o registro para a perpétua memória do acontecido.
Todos os direitos reservados

É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.

Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento
Fontes:
http://www.blogdogemaia.com

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CANGAÇO LAMPIÃO NA SERRA GRANDE PARTE 1

 Por Louro Teles

Quando celebramos os 90 anos do Combate de Serra Grande e após a Expedição dos confrades Louro Teles e Marcelo Alves, nos permitam rever momentos marcantes referentes a esse que sem dúvida se configurou como o maior combate do cangaço.

https://www.youtube.com/watch?v=A2_61Q51p8g

Publicado em 10 de junho de 2013

Este vídeo mostra o verdadeiro local do combate da "Serra Grande". Nele veremos que tudo aconteceu no município de "Calumbi", e não em Serra Talhada como se pensava.

Pesquisador - Lourinaldo Teles.
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SAINDO DO "FORNO" MAIS UMA RARIDADE HISTÓRICA. MORENO E DURVINHA EM ENTREVISTA À REDE MINAS DE TELEVISÃO. INÉDITA E NA ÍNTEGRA.

Por Geraldo Júnior

Matéria jornalística da Rede Minas de televisão sobre Moreno e Durvinha que na época da gravação era o último casal de cangaceiros vivo. Moreno e Durvinha foram integrantes das hostes cangaceira de Lampião durante o período do Cangaço. No ano de 1940 devido a intensa perseguição policial e a derrocada do cangaço na região Nordeste do Brasil, o casal partiu em fuga rumo a região sudeste do país onde, após passar por alguns Estados, se estabeleceram no Estado de Minas Gerais, onde constituíram família e permaneceram até o final de suas vidas.

No novo Estado assumiram novas identidades, Moreno (Antônio Ignácio da Silva) passou a se chamar José Antônio Souto e Durvinha (Durvalina Gomes de Sá) passou a se chamar Jovina Maria da Conceição. Ao deixarem sua terra natal deixaram para trás seu pequeno filho recém nascido (Inacinho), o qual foi criado pelo Padre Frederico da cidade Pernambucana de Tacaratu. 

Inacinho filho de Moreno e Durvinha

Moreno e Durvinha mantiveram suas vidas passadas em sigilo e permaneceram escondidos durante sessenta e cinco anos. Somente no ano de 2005, o segredo que juraram guardar para sempre foi revelado e pais e filhos puderam novamente se reencontrarem.

A história do casal cangaceiro Moreno e Durvinha é uma das histórias mais fascinantes de todo o período do cangaço, uma história que se alongou por décadas até finalmente todos (as) terem conhecimento sobre suas existências e suas histórias.

Nesta foto Neli está parecida com a Noviça Rebelde

Essa filmagem foi a mim gentilmente cedida por Neli Maria da Conceição (Lili Neli) filha do casal Moreno e Durvinha e à ela todo o meu carinho e agradecimento, pois sem essa atitude jamais teríamos conhecimento dessa e de tantas outras histórias desse célebre casal cangaceiro.

MORENO E DURVINHA - O ÚLTIMO CASAL CANGACEIRO (MATÉRIA DA REDE MINAS DE TELEVISÃO)


Geraldo Antônio de Souza Júnior 

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?fref=ts

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A QUESTÃO HÍDRICA ATUAL DO NORDESTE SECO!

ARTIGO DE JOÃO SUASSUNA

O setentrional nordestino, que há cinco anos vem enfrentando situações de seca, está em “estado de emergência” e muitos dos municípios da região, como o de Campina Grande, na Paraíba, que tem aproximadamente 355 mil habitantes, e Caruaru, em Pernambuco, com 300 mil habitantes, enfrentam problemas de abastecimento de água para o consumo de suas populações.

O maior problema da seca é que não há gestão dos recursos hídricos e, em muitos municípios, se não chover o volume esperado para este mês de novembro, “não há um plano B para o abastecimento do povo”. “Para se ter uma ideia dessa problemática, represas do porte de Boqueirão, na Paraíba, que abastece Campina Grande, está atuando com 6% da sua capacidade. Represas enormes no interior da Paraíba, como Coremas e Mãe D’Água, que juntas acumulam um bilhão e 200 milhões de metros cúbicos de água, hoje atuam, respectivamente, com 2% e 7% de suas capacidades. Uma delas (Coremas) já está em colapso, e a tendência é que até o final do ano, essas represas venham a secar” completamente. A represa de Sobradinho, na Bahia, que tem capacidade de armazenar 34,1 bilhões de metros cúbicos de água, e que há quatro meses atuava com 25% da sua capacidade, hoje atua com 5% e já há uma previsão de hidrogeólogos de que a represa, caso não chova o suficiente, entrará em volume morto até o final de dezembro.

O abastecimento de água na região está sendo feito por frotas de caminhões-pipas, mas não se sabe qual é a origem dessa água que tem sido utilizada para o consumo humano. Temos que nos perguntar de onde essas águas estão sendo retiradas para o abastecimento do povo, já que o Nordeste inteiro está desidratado e com baixos volumes em suas represas. Temos que questionar a origem dessas águas que estão sendo trazidas pelos caminhões pipas. Essas águas, de origem duvidosa, são realmente imprestáveis para o consumo humano, mas são as únicas de que se dispõe no momento. Certamente iremos ter problemas sérios de saúde pública, porque populações inteiras estão tendo acesso a essa água de péssima qualidade. Provavelmente, elas serão acometidas por hepatites, esquistossomoses, schistosomose [barriga d’água], isto é, doenças veiculadas pela água.


A seca no Nordeste normalmente se dá de forma lenta e gradual, mas a atual agravou-se porque houve secas sucessivas nos últimos anos. Desde 2012 as chuvas estão ocorrendo abaixo da média, e quando isso acontece os açudes secam e a agricultura sofre um impacto muito forte: colheitas de milho e feijão (culturas de subsistência) são perdidas e a pecuária também sofre um impacto considerável. A seca de 2013, por exemplo, diminuiu, em cerca de 70%, a pecuária paraibana.

Atualmente, o maior problema da seca é que, no Nordeste, não há gestão dos recursos hídricos. Para se ter uma ideia dessa problemática, represas interanuais (aquelas que alcançam a quadra chuvosa do ano seguinte, mesmo com o uso continuado de suas águas), como é o caso de Boqueirão, na Paraíba, que abastece a cidade de Campina Grande, está atuando com cerca de 6% da sua capacidade. Represas igualmente interanuais no interior da Paraíba, como Coremas e Mãe D’Água, que juntas acumulam um bilhão e 200 milhões de metros cúbicos de água, hoje atuam, respectivamente, com 2% e 7% de suas capacidades. Uma delas já entrou em colapso (Coremas), e a tendência é que, até o final do ano, essas represas venham a secar por completo.

Represas como a de Jucazinho, que abastece a cidade de Santa Cruz do Capibaribe e Caruaru, em Pernambuco, entraram em exaustão. Mas por que isso acontece? Por falta de gestão no uso das águas. Quando uma represa é construída, ela pereniza o rio por ela represado, numa determinada vazão, chamada de “vazão de regularização”, com 100% de garantia. Essa vazão de regularização não pode ser utilizada em volumes superiores aos determinados e garantidos por essa represa. Se isso for feito, as represas secam, como secaram as mencionadas acima (Jucazinho e Coremas/Mãe D´água), como, também, os açudes de Itans e Gargalheiras, no RN, por falta de gestão de suas águas. O problema é que os volumes de regularização das represas estão sendo superutilizados na irrigação, perdidos nos vazamentos, nas infiltrações e no próprio abastecimento das populações. Essa regra de uso dos volumes das represas tem que ser cumprida sistematicamente e com muita determinação porque, agindo-se de forma contrária, elas vêm a secar.

A represa de Sobradinho está atualmente (novembro de 2016) com cerca de 5% da sua capacidade, e já há previsão de hidrogeólogos de que a represa entrará em volume morto no final de dezembro, caso não haja chuvas satisfatórias na bacia hidrográfica do rio, principalmente nas regiões do Alto e do Médio São Francisco. A Companhia Hidrelétrica do São Francisco - Chesf e a Companhia Energética de Minas Gerais - Cemig, que gerenciam os volumes de regularização do São Francisco na região de Três Marias e de Sobradinho, estão fazendo de tudo para que Sobradinho não entre em volume morto. Estão liberando volumes expressivos da hidrelétrica de Três Marias (cerca de 600 m³/s), prejudicando a capacidade de armazenamento da própria hidrelétrica, para salvar a represa de Sobradinho. Os técnicos estão com muita esperança de que, adotando essas manobras arriscadas, a entrada da nova quadra chuvosa possa salvar, não só a represa de Três Marias, mas, também, a de Sobradinho. Então, estamos vivenciando um momento crítico no qual se depende da providência divina para a solução definitiva dessa situação. A dependência agora é por chuvas! No atual momento, as chuvas estão sendo por demais esperadas, e se constituem no fiel da balança para a salvação do abastecimento do povo.

O Rio São Francisco tem aquíferos importantes, sendo o mais importante deles o Urucuia, localizado no Oeste da Bahia, na região do município de Barreiras. Esses aquíferos desempenham um papel fundamental no regime volumétrico do São Francisco, porque têm geologia sedimentária, de solos porosos, e quando chove há uma grande infiltração de água, formando os lençóis freáticos em seus subsolos. Com isso, há também os chamados fluxos de base, que são emissões de água que saem dos subsolos dos aquíferos em direção à calha dos rios. O aquífero Urucuia é responsável por mais da metade da vazão regularizada do São Francisco, em Sobradinho. No entanto, a água do aquífero está sendo super utilizada para produzir soja e milho irrigados, por intermédio de equipamentos de irrigação, os chamados pivôs centrais, que consomem uma quantidade expressiva de água. Só na região Oeste da Bahia existem mais de cem pivôs centrais, que chegam a retirar, do subsolo, cerca de 2600 metros cúbicos de água por hora. Multiplique esse volume por 100, que é a quantidade de pivôs existentes na região, e tem-se ideia da quantidade de água que é destinada para fins da irrigação dos plantios.

Quando a represa de Sobradinho foi construída em 1979, foi regularizada a vazão do São Francisco em uma média de 2060 metros cúbicos por segundo. Se, atualmente, for feita uma mensuração de vazão na foz do rio, veremos que esta é de 1850 m³/s. E essa vazão vai diminuir mais ainda por conta do uso indiscriminado das águas, nas irrigações praticadas sobre os seus aquíferos. É isso que está matando o Rio São Francisco atualmente, reduzindo suas vazões, porque não se está obedecendo aos princípios fundamentais da hidrologia, quais sejam, à necessária gestão dos recursos hídricos, o que se consubstancia numa questão fundamental, principalmente em regiões onde ocorrem secas sevaras.

No Nordeste existem áreas nas quais as secas ocorrem com menor intensidade, mas existe uma área chamada de Miolão da Seca (descrita por Otamar de Carvalho), em que as situações de estiagem são mais frequentes: 80% das secas do Nordeste ocorrem nessa área do setentrional nordestino. É para lá que foi planejada a chegada das águasdo Rio São Francisco, com o projeto da Transposição. Hoje, praticamente todos os municípios do Miolão da Seca estão em estado de emergência, por conta dos últimos cinco anos de secas sucessivas na região. O pior é que, em cidades que enfrentam problemas de abastecimento, como Campina Grande e Caruaru, não existem um plano B para o atendimento das demandas hídricas das populações. O abastecimento de água está sendo feito com frotas de caminhões-pipas. Mas como é possível abastecer cidades com mais de 300 mil habitantes, a exemplos de Campina Grande e Caruaru, com frotas de caminhões-pipas? As autoridades deixaram de pensar, porque isso tem uma implicação imediata no trânsito das cidades. Já imaginaram uma frota de cinco mil caminhões pipas abastecendo um município sedento?

Além do mais, temos que nos perguntar de onde essas águas estão sendo retiradas, já que o Nordeste inteiro apresenta um problema sério de baixos volumes em suas represas. Temos que questionar a origem dessas águas que estão sendo transportadas pelos caminhões e ofertadas ao povo. Essas águas de origem duvidosa são certamente imprestáveis para o consumo humano, mas são as únicas que se dispõe no momento. Certamente teremos problemas muito sérios de saúde pública, porque populações inteiras estão bebendo dessa água não potável.

A saída mais honrosa seria iniciar um programa de gestão adequada dos recursos hídricos. Mas estamos em uma situação na qual não existem volumes suficientes nas represas para se começar a promover tal gestão. Com isso, não se vislumbra outra saída, a não ser se esperar a quadra chuvosa que já iniciou no mês de novembro, com chuvas significativas no Alto e no Médio São Francisco. Temos que apostar que essas chuvas irão ocorrer com intensidades expressivas, acima da média, para a solução definitiva da situação caótica existente.

Agora, se essas chuvas vierem abaixo da média esperada, teremos um desastre muito grande no Nordeste, porque não iremos ter alternativas para o abastecimento do povo, já que as represas estão em estado crítico. Também não existe água de subsolo, porque temos uma geologia cristalina em 70% da superfície da região, ou seja, a rocha que dá origem ao solo está praticamente aflorando em alguns pontos da superfície e isso dificulta as infiltrações a e existência de água. Normalmente, essas fontes hídricas têm baixas vazões e, como se isso não bastasse, as águas são extremamente salinizadas, tanto que, às vezes, nem o gado consegue bebê-las.

É imperioso dar a importância devida, ao trabalho que a Articulação do Semiárido, a ASA Brasil, está fazendo no Nordeste. A ASA Brasil é uma instituição não governamental, que trabalha congregando as ações de 600 outras ONGs no Nordeste, que têm trabalhos voltados para a convivência no Semiárido. A ASA trabalha com cerca de 40 tecnologias no setor hídrico, a exemplo de cisternas rurais de placas, barragens subterrâneas, mandalas, entre outras. Agora, para que essas tecnologias funcionem a bom termo, é preciso usar água de forma racional.

A ASA Brasil trabalha com cisternas rurais com capacidade de 16 mil litros e, também, com as ditas produtivas, com capacidade para 52 mil litros. Essas cisternas captam água dos telhados das casas para fornecer uma água de boa qualidade para uma família de cinco pessoas, durante os oito meses sem chuvas na região. Essa é uma tecnologia extremamente viável, como viável, também, é a criação de animais adaptados às situações de secas (grandes e pequenos ruminantes). Em outros momentos de seca, era muito comum, no Nordeste, haver saques em supermercados e feiras livres, porque o povo não tinha o que comer e o que beber. Hoje em dia esse cenário mudou e, certamente, isso tem a ver com o uso e a implementação dessas tecnologias que estão dando certo no Sertão.

Outra tecnologia importante de convivência com as secas, é o plantio de Palma-forrageira adensada. Antigamente eram produzidas, no Nordeste, cerca de 50 toneladas de palma por hectare. Hoje, na forma adensada de plantio, que é uma tecnologia oriunda do México e dos Estados Unidos, estão sendo colhidas, com essa cactácea, cerca de 400 toneladas por hectare, ou seja, está se conseguindo um ganho 10 vezes maior nas colheitas. A palma é um excelente alimento para os animais em época de estiagem e ajuda a manter a atividade de pecuária em regiões secas, como é o caso do Nordeste brasileiro. A saída honrosa para se conviver com as secas é juntar todas essas experiências que estão dando certo e começar a trabalhar de forma planejada. O planejamento é à saída de tudo. Agora, temos que rezar – esse é o termo certo – para que essa quadra chuvosa que se inicia em novembro de 2016, venha com volumes de chuvas acima da média para, a partir daí, se começar a usar essas águas de forma racional. Insisto mais uma vez: se a seca se prolongar por mais um sexto ano no Nordeste, ficam sombrios os cenários do que possa ocorrer com a sua população.

Em relação à Transposição do Rio São Francisco, o programa encontra-se desacelerado ou mesmo parado em alguns trechos do projeto. Tem-se a impressão de que, primeiro, o governo Temer está arrumando a casa, para os ajustes necessários à alocação dos recursos. Houve a pretensão inicial de se começar um trabalho de revitalização na bacia do rio, mas ficou somente nas pretensões; não houve maiores evoluções nas ações, desde o anúncio da intenção do governo na revitalização do Velho Chico. Então, a informação que se tem é a mesma recebida no início do governo Temer: de que o governo está negociando 10 milhões de reais para investir em ações de revitalização.

*João Suassuna – Engenheiro Agrônomo e Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco

Recife, 29/11/2016


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LIVROS PAJEÚ EM CHAMAS – O CANGAÇO E OS PEREIRAS (CONVERSANDO COM SINHÔ PEREIRA).

Por Geraldo Júnior

Finalmente terminei de ler e posso afirmar que se trata de um trabalho de referência sobre a história da tradicional família “PEREIRA” e a sua ligação com o cangaço nordestino.

Resta-me apenas agradecer mais uma vez ao Professor Helvécio e parabenizá-lo por magnífico trabalho, que na verdade é um presente de valor inestimável para as futuras gerações, ao que se refere ao estudo, pesquisa e conhecimento histórico.

ADENDO - http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Hervécio Neves Feitosa

Eu também já o li e aconselho aos amigos amantes do tema "Cangaço", que procurem lê-lo, é um excelente trabalho do escritor Hervécio Neves Feitosa.

Quem desejar adquirir o Livro PAJEÚ EM CHAMAS – O CANGAÇO E OS PEREIRAS (CONVERSANDO COM SINHÔ PEREIRA), basta entrar em contato com o Professor Francisco Pereira Lima através do e-mailfranpelima@bol.com.br
Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador do Grupo)

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O CASO DO CANGACEIRO MENINO DE OURO.

Por Geraldo Junior
Professor Pereira e Geraldo Júnior

Embora identificado na tradicional fotografia do bando de Lampião em Limoeiro do Norte/Ce tirada em 15 de junho de 1927, alguns pesquisadores/historiadores afirmam que o cangaceiro "Menino de Ouro" foi ferido gravemente durante a tentativa de invasão à Mossoró/Rn, e que veio a falecer durante a fuga, antes de chegar a Limoeiro do Norte/Ce, sendo enterrado em terras cearenses.


Segundo o pesquisador/escritor Antônio Amaury Corrêa de Araújo "Menino de Ouro" não foi o cangaceiro que foi morto nessa ocasião, e que inclusive, esteve pessoalmente com ele há algumas décadas atrás.

Um detalhe que devemos observar com atenção é o fato de todos os moradores da região da Lagoa do Rocha (Chapada do Apodi) em Limoeiro do Norte/Ce, serem unânimes em afirmar que o cangaceiro que foi ali enterrado é realmente o “Menino de Ouro”. Inclusive, o próprio senhor que serviu de guia para Lampião até Limoeiro, afirmou ser o referido cangaceiro.

Onde está a verdade nisso tudo? Será mais um enigma não solucionável do cangaço?

Na imagem abaixo em destaque (círculo) aquele que é apontado por alguns como sendo o cangaceiro "Menino de Ouro". Observem que na foto ele está identificado como “Alagoano”.

ADENDO - JOSÉ MENDES PEREIRA

Sobre o cangaceiro "Menino de Ouro" vou apenas repassar para os leitores o que me informou em sua residência em Mossoró, dona Francisca da Silva Tavares viúva de Antonio Luiz Tavares, o ex-cangaceiro "Asa Branca", pois na verdade eu não sou nenhuma autoridade sobre este caso, e nem tão pouco sobre outros relativos ao cangaço.

Dona Francisca Tavares me informou que muitos falam que "o cangaceiro Menino de Ouro" foi morto em 1927, quando houve a tentativa de assalto à Mossoró, pelos facínoras da "Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia", mas que não é verdade.

Em décadas passadas, Asa Branca, ela e filhos residiram por um longo tempo em Macaíba, próxima à Natal, capital  do Rio Grande do Norte, e o cangaceiro "Menino de Ouro" era seu vizinho (e amigo de Asa Branca desde o tempo do cangaço).

Como eles viviam em dificuldades para sustentarem a família, o "Menino de Ouro" foi um salva-vidas para toda a família, pois o que ele ganhava, os ajudava com alimentos e o que ele podia fazer por todos. Ela afirma que ele foi um verdadeiro irmão e pai para eles, ajudando-os a sobreviverem.

Com esta informação, fica conformado o que falou o Dr. Antonio Amaury Correia, que esteve com ele em décadas passadas.

Lembrando ao leitor que o que aqui repassei não prejudicará as informações do pesquisador Geraldo Júnior. É apenas mais uma informação que me foi repassada pela viúva do ex-cangaceiro Asa Branca.

Fonte: facebook
Geraldo Antônio de Souza Júnior (administrador do grupo O Cangaço)


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TRAUMA NORDESTINO

Por Diosmen Avelino

Sou fino pernambucano
Isso nunca causou dano
Cada dia e cada ano
Amo mais o meu sertão
Sertão que sofre demais
Com as secas infernais
Sofre gente e animais
Sem cair chuva no chão

Quando a chuva se ausenta
Muita gente se lamenta
Paciência se arrebenta
E abandona o seu torrão
Pega a tralha vai embora
Sai por esse mundo a fora
Com saudades de outrora
Derrama lágrima no chão

A saudade torturando
O seu peito machucando
Ajoelha-se implorando
Para cristo lhe ajudar
Reza dizendo senhor
Ajude-me e, por favor,
Acabe com a minha dor
Que não posso suportar

Ô senhor faço oração
Pra chover no meu sertão
Pra nascer à plantação
E meu povo se alegrar
Chovendo na minha terra
A tristeza se encerra
Dou adeus pra essa guerra
E volto pro meu lugar

Enquanto a chuva não cai
Pro nordeste ele não vai
Sente saudade do pai
E da mãe que lá deixou
Como é duro o seu viver
Passa o dia sem comer
Pensando é no sofrer
De quem no sertão ficou

De noite se vai dormir
Escuta a chuva cair
Acorda-se a sorrir
Pensando que é real
E depois de se acordar
Começa logo a chorar
Vendo que tava a sonhar
Baixa, mas o seu astral.

Senta e fica calado
Com um semblante abalado
Passa a noite acordado
Lembrando de sua gente
Lembra do boi afamado
Do cavalo bom de gado
Do terreno preparado
Para plantar a semente

Lembra com muita emoção
Das festas de apartação
Do chapéu e do gibão
Quando andava em corado
Mas a seca é muito ingrata
Cada dia mais maltrata
E o vaqueiro se afasta
Pra viver no isolado

Peço para o pai divino
Um salve pro nordestino
Cuide bem desse inquilino
Acabe com o seu sofrer
Ó meu Deus onipotente
Olhe mais pra essa gente
Que quer plantar a semente
Para colher e pra comer

Olhe para os animais
Que são tão irracionais
Eles não sabem o que faz
Sem ração e sem bebida
Morrem gemendo de fome
O urubu já vem e come
Como quem assina o nome
Pula em cima da comida

Todo ano o mau proveito
A seca causando efeito
E não tem quem de um jeito
Nessa grande maldição
Só nos resta é apelar
E de joelhos se curvar
E pedir pra Deus mandar
É uma grande salvação

Deus ouvindo a nossa prece
O nordeste não decresce
Por que o povo carece
De chuva para viver
Chovendo é uma beleza
Alegra-se a natureza
E o povo na, mas certeza.
Que não vai só perecer

Bem no fundo lá dá alma
Eu tirei com muita calma
Resumindo esse trauma
Que assombra o nordeste
Desde o tempo de menino
Que vejo o nordestino
Pedindo ao pai divino
Que acabe com essa peste

Essa peste é o verão
Que destrói nosso sertão
Acaba a vegetação
Sem pena e sem piedade
Deixando a serra cinzenta
À água muito barrenta
Só o sertanejo aguenta
Esse tipo de maldade

A maldade judiando
Lentamente vai matando
Como quem tá se vingando
Sem nenhuma paciência
Deixando tudo obscuro
Para o nordestino puro
Que se sente inseguro
Com tamanha violência

Violência violenta
Tanto mata e tormenta
Mas o nordestino tenta
Encontrar a salvação
Sobrevive no sufoco
Corta pau arranca toco
Em troca de qualquer troco
Pra comprar o seu feijão

Quando não arranja nada
Come a palma assada
Divide com a criançada
Com os olhos marejados
A mulher baixa a cabeça
Ó meu Deus não se esqueça
Faça com que a chuva desça
Pra florir nossos roçados

Apela para o prefeito
Fica mais insatisfeito
Quando sente o rejeito
Dessa tal autoridade
Autoridades em vão
Só aparece na eleição
Pegando de mão em mão
Dizendo ser dá bondade

É assim que se relata
Essa sina muito ingrata
Que chega e nos maltrata
E nos deixa é sem ação
Dar vontade de chorar
Quando eu chego a lembrar
Que só serve pra votar
A nossa população

Acredite meu irmão
Tem gente sem coração
Que zomba dessa aflição
Aproveitando pra lucrar
Vendendo água na lata
Por uma quantia alta
No preço de ouro e prata
Só pensando em ganhar

É tanto aproveitador
Desonesto e malfeitor
Que aproveita sem clamor
Desse pobre vitimado
Vitimado da estiagem
Que engole a barragem
Que destrói uma paisagem
E deixa o quadro mudado

O quadro fica mudado
O curral escancarado
Não se ouvi o badalado
Dum chocalho a tocar
Não tem galo no poleiro
Não tem porco no chiqueiro
Não tem pinto no terreiro
E nem tem cão pra vigiar

A cena é de tristeza
Falta comida na mesa
Só sobra muita tristeza
Nos confins do meu sertão
A pobreza transbordando
Como barragem sangrando
Como um rio que vai jorrando
Entre grota e grutilhão

Eu termino a poesia
Esperando com alegria
Escrever num outro dia
Falando em coisa boa
Falando que o sertão
Tem água no ribeirão
Tem fartura de montão
E gente sorrindo a toa.

Diosmam Avelino= 30-11-2013



Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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INICIADA A REVISÃO DO PROCESSO DELMIRO

Tadeu Rocha (*) Recife, 25 de abril de 1982


Acaba de ser requerida ao Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas a revisão do Processo Delmiro. Os descendentes de Róseo Morais do Nascimento (uma das vítimas inocentes da Polícia e da Justiça, incluído entre os autores materiais da morte violenta de Delmiro Gouveia) iniciaram a líder por intermédio do criminalista Antônio Aleixo de Albuquerque e do historiador Moacir Sant’Ana, ambos inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil e, também, professores da Universidade Federal de Alagoas. Eles vão, provar, juridicamente, a verdade a que chegamos, sob o ponto de vista da Moral e da História, nos meados de 1972.

Róseo e Jacaré, acusados e condenados...inocentes???

Pesquisas por nós iniciadas em Maceió, no mês de abril de 1968 e concluídas em Penedo e Aracaju, em maio e junho de 1972, permitiram que denunciássemos a existência de “erro jurídico no Processo Delmiro”, em página inteira do DIÁRIO DE PERNAMBUCO, edição de 20 de junho do mesmo ano.

Menos de cinco anos e meio a pós a nossa fundamentada denúncia, o historiador Moacir de Medeiros Sant’Ana descobriu no Arquivo Público de Alagoas importantes documentos sobre o hediondo crime do núcleo industrial da Pedra. O códice então descoberto data dos fins de 1918 e consta de um “conjunto de autos de perguntas formuladas pelo próprio secretário do Interior da época, dr. Manoel Moreira e Silva”, segundo declarações do historiador Moacir Sant’Ana ao Jornal de Alagoas, de 10 de dezembro de 1977.

No referido códice, figuram depoimentos de Firmino Rodrigues Pereira, Róseo Morais do Nascimento, José Inácio Pia, Joventina do Carmo, Ulysses Luna e Ângelo Gomes Lima, depoimentos que, inexplicavelmente, não foram apensos ao Processo Delmiro, então em andamento na Comarca de Água Branca, no sertão de Alagoas.

O CRIME DA PEDRA

No ano de 1917, Delmiro Gouveia não estava morando na casa-grande da fábrica da Pedra. Ele residia, então, num elegante chalé, existente no largo fronteiriço à fábrica, porém fora da cerca de arame do grande núcleo industrial sertanejo. Terminada a faina do dia 10 de outubro, numa quente quarta-feira de verão, o Pioneiro de Paulo Afonso recolheu-se ao chalé, onde jantou em companhia do seu compadre Firmino Rodrigues, com que m foi palestrar no alpendre lateral esquerdo da residência. Depois que seu compadre se retirou, Delmiro passou a ler jornais, sentado em uma cadeira de balanço, à luz de forte lâmpada elétrica.

Eram oito e meia da noite, quando três tiros de rifle ecoaram por toda a vila industrial da Pedra. Os tiros foram deflagrados de um corte ferroviário próximo ao chalé. José Alexandre Cordeiro (o jovem Zé Pó), que antes servira o jantar ao cel. Delmiro e seu convidado, foi encontrar o patrão gravemente ferido, agarrando-se nas cadeiras do alpendre. Muita gente acorreu à residência do chefe, que foi conduzido ao seu leito.

Coronel Delmiro Gouveia

Gravemente ferido, Delmiro ainda recebeu socorros do médico da fábrica da Pedra, dr. José Maciel Pereira. Dos três tiros deflagrados contra o Pioneiro, uma bala varou-lhe o coração. Poucos minutos teve de vida aquele homem de belo porte e grande resistência física. Nos últimos alentos da existência terrena, Delmiro Gouveia fez a mais cristã das súplicas e mais nordestina das preces: “Valha-me Nossa Senhora!”. Esta prece foi ouvida pelo referido José Alexandre Cordeiro, segundo informações que nos prestou em fevereiro de 1953.

O grande comércio de peles de caprinos e ovinos, uma pecuária modernizada e a montagem da fábrica de linhas, com a extraordinária façanha do aproveitamento da cachoeira de Paulo Afonso, transformaram Delmiro Gouveia na maior autoridade dos sertões nordestinos. A inveja e o despeito não tardaram em criar duas sérias inimizades ao moderno sertanista: os “coronéis” José Rodrigues de Lima, de Piranhas, e seu parente José Gomes de Lima e Sá, residente em jatobá, hoje Petrolândia. O ódio dos dois parentes armou sicários, que nas caladas da noite abateram, traiçoeiramente, a mais importante figura da moderna História Econômica do Nordeste.

ÚLTIMOS AUSENTES

A confusão que se seguiu à morte violenta do Pioneiro de Paulo Afonso, na vila industrial da Pedra, foi indescritível. Fervilhavam os boatos e multiplicavam-se as insinuações sobre a autoria do crime, até que as hipóteses recaíram nos derradeiros ausentes do núcleo industrial. Entre estes, estavam os operários José Inácio Pia, que fora despedido da fábrica de linha pelo gerente Adolfo Santos, e seu compadre Róseo Morais do Nascimento, que pedira suas contas. E logo no dia 14 de outubro (uma semana após a morte de Delmiro) surgiram as primeiras acusações a estes derradeiros ausentes, ao que consta dos autos do Processo Delmiro.

Não foi difícil à Polícia Militar de Alagoas capturar os dois supostos assassinos de Delmiro Gouveia: o operário José Inácio Pia, apelidado de Jacaré, foi preso no dia 7 de novembro, em Própria, onde estava de volta à Pedra de Delmiro, para ir buscar sua mulher; quanto ao operário Róseo Morais do Nascimento, foi preso a 10 d novembro, na usina Pedras, onde estava empregado, no Município sergipano de Maruim. Noutro inquérito, feito um ano mais tarde, apareceu Antônio Felix do Nascimento como terceiro mandatário do crime de 10 de outubro de 1917.

A custa de violências de toda espécie, que iam do pistolamento às constantes ameaças de fuzilamento, o famigerado Capitão Nolasco, da Polícia alagoana, obteve de Jacaré e Róseo a “confissão” da autoria do crime... O mesmo processo foi utilizado em relação ao pernambucano Antônio Felix do nascimento, que não tinha qualquer parentesco com o cearense Róseo Morais do Nascimento. Denunciados pelo Ministério Público e pronunciados pela Justiça da Comarca de Água Branca, esses três humildes sertanejos foram submetidos a julgamento pelo tribunal do Júri daquela Comarca sendo condenados á pena máxima de 30 anos.

ÁLIBI VERAZ

Em nenhum processo criminal, a palavra álibi pode ter mais expressão do que no caso dos finados Róseo Morais do Nascimento e José Inácio Pia. O advérbio latino alibi significa – em outro lugar. Era, precisamente, em outro lugar, bem distante do núcleo industrial de Pedra, onde pernoitavam os dois antigos operários da fábrica de linhas, na noite em que Delmiro Gouveia foi covardemente assassinado. Chegamos a esta certeza absoluta, após dois anos e meio do lançamento, em 1970, da 3ª edição do nosso livro intitulado Delmiro Gouveia, mo Pioneiro de Paulo Afonso.

O álibi dos derradeiros ausentes da vila industrial da Pedra, antes do hediondo crime de 10 de outubro de 1917, não foi acreditado pela Polícia, nem pela Justiça, durante marcha do Processo Delmiro. Ao que dissemos, coube-nos a obrigação moral de fazer pesquisas sobre o assunto. E o fizemos como biógrafo de Delmiro Gouveia e filho de Manoel Rodrigues da Rocha, seu grande amigo e constante hospedeiro, em Santana do Ipanema. As nossas pesquisas concluíram pela veracidade do importante e desprezado álibi de Róseo Morais e José Inácio Pia.

Na última semana de setembro de 1917, eles pegaram o trem, na estação de Pedra, onde embarcaram para Propriá, logo nos primeiros dias de outubro. Desceram em S. Francisco na canoa Pirapora, em que também viajavam o industrial Manuel de Souza Brito e o cabo José Marinho de Melo Morais, do destacamento de Piranhas. Róseo e José Inácio pediram emprego ao cel. Neco Brito, que lhes ofereceu colocação em sua fábrica de tecidos em Própria. Na terça-feira, 9 de outubro, foram à residência do industrial, dizer-lhe que não aceitavam o emprego, por serem baixos os salários.

Na quarta-feira, dia 10, tomaram o trem de Própria a Aracaju, o qual pernoitou em Japaratubinha (hoje Muribeca) por motivo de avaria. No dia seguinte, o trem se arrastou até a estação mais próxima, que era o entroncamento ferroviário de Murta, onde se iniciava o ramal de Capela. Ali na estaco de Murta foi, então, que souberam da morte de Delmiro, transmitida pelos passageiros do trem da quinta-feira, saído de Própria. Viajando nessa data, 11 de outubro de 1917 os dois operários desceram na estação de Maruim dirigindo-se à usina Pedras, do “cel.” Gonçalo Prado, onde se empregaram como pedreiros.

Três fatos nos impressionaram profundamente, nos fins da nossa pesquisa sobre o importantíssimo álibi. No dia 4 de maio de 1972, em Penedo, a veneranda senhora Maria Etelvina Brito Andrade (filha do “cel.” Neco Brito) confessou-nos que foi ela mesmo quem escreveu o telegrama, ditado por seu pai, informando o “cel.” Ulysses Luna de que Róseo e Pia estavam em Propriá. No dia 9 de outubro de 1917. Ainda em penedo, o venerando José Correia de Figueiredo confirmou-nos ser voz corrente, em Água Branca, que os verdadeiros matadores de Delmiro Gouveia foram o agricultor Herculano Soares Vilela, seu cunhado Luis dos Anjicos e seu amigo Manuel Vaqueiro.E no dia 5 de junho do mesmo ano de 1972, em Aracaju, tivemos a grande ventura de conversas com o sr. Florival Garangáu, filho do famoso mecânico “mestre” Garangáu, que Róseo Morais do nascimento viu ser cego de um olho e ouviu discutir fortemente com o chefe da estação de Murta. O sr. Florival Garangáu nos garantiu que seu pai era, de fato, cego do olho esquerdo, era um homem valente e falava muito, “pois gostava de dizer a verdade”.

(*) Advogado, Escritor e Jornalista

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