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sábado, 5 de dezembro de 2015

SORVETERIA SUÍÇA EM MOSSORÓ

Por José Mendes Pereira

Nos anos 60, 70, 80 e se estendendo aos anos 90, estabelecida à Rua José de Alencar, esquina com a Rua Alfredo Fernandes, no prédio do CINE PAX, no centro da cidade de Mossoró, a “Sorveteria Suíça” prestou os seus serviços aos transeuntes, comerciantes e comerciários de Mossoró.

Cruzamento da Rua Alfredo Fernandes com a José de Alencar - Mossoró - Aqui funcionava a "Sorveteria Suíça" nos fundos do prédio do Cine Pax - Foto de José Mendes Pereira em 08 de Fevereiro de 2015

Mas ela não só dispunha de sorvetes, ainda vendia refrigerantes, bolos, pudins e outros mais. A “Sorveteria Suíça” era de propriedade da família “Pinto” (Jorge Pinto) que era e continua sendo proprietária do prédio do antigo cine PAX.

Dr. Alber Nóbrega

Posteriormente, ela passou a ser administrada pelo Dr. Alber Nóbrega, que era casado com Rosa Pinto (in memoriam), uma das filhas do empresário Jorge Pinto, a qual eu tive a honra de trabalhar com ela na Escola Estadual José Martins de Vasconcelos, sendo supervisora, e posteriormente passou a ser diretora da instituição.

Jorge Pinto era proprietário do Cine Pax

Durante os longos anos que a “Sorveteria Suíça” funcionou adquiriu uma boa freguesia, devido ao bom atendimento que ela mantinha aos seus fregueses, e me Lembro muito bem que eu fui um dos seus fregueses, e apesar de não ser um dos que gastava muito, mas o pouco que eu deixava de lucros na Sorveteria, com certeza, serviu para uma finalidade qualquer.

Francisco Luiz Araújo funcionário da Sorveteria Suiça

Um dos empregados era seu Chico, mas que seu nome verdadeiro era Francisco Luiz Araujo; tinha uma estatura baixa, magrinho, de cor clara, prestativo, educadíssimo, usava camisa passada, e sempre estava disposto a atender a clientela da família Pinto.

Os funcionários não passavam de 4 pessoas, mas, apesar da simplicidade do ambiente e dos que ali atendiam os fregueses, fazia gosto se sentar naquelas cadeiras altas, e ficar aguardando o sorvete solicitado, ou até mesmo um lanche bem reforçado ou um cafezinho.

A “Sorveteria Suíça” permaneceu por muitos anos naquele local, mas como o tempo muda, lógico que se ele muda, as coisas, as pessoas também vão mudando, e muitas vezes, mudam de lugar e de profissão. E assim a “Sorveteria Suíça” desapareceu do centro da cidade de Mossoró. Aliás, nunca mais funcionou em lugar nenhum.

Minhas Simples Histórias

Se você não gostou da minha historinha, não diga a ninguém, deixa-me pegar outro.

Clique no link abaixo:


Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo:

QUE PERIÓDICO LAMPIÃO ESTAVA LENDO NESSA FOTO, ABAIXO?


Essa, sempre foi uma curiosidade que, também, sempre quis saber. O pesquisador João de Sousa Lima, autor de vários livros, foi quem descobriu, quando estava em seus estudos e, recebeu vários documentos e, revistas de familiares do Cel. João Sá, na Bahia.

Se trata da REVISTA "A NOITE ILUSTRADA" do RJ, onde na capa da revista, visualiza-se a seguinte manchete: "ANNA EVERS, ( modelo americana ) EXHIBINDO UM FORMOSO MODELO PRAIANO, EM SANTA MÔNICA MÔNICA, CALIFÓRNIA".

Dados da Revista: Diretor: Gil Pereira, Gerente: Vasco Lima...27-05-1936

A REVISTA tem 40 páginas; dezenas de fotos e propagandas de cremes, remédios, loções, veneno para insetos além de outras matérias.

Dentre as propagandas citadas na revista, algumas coisas, ainda, temos nos dias de hoje: Vick Vaporub, canetas Parker, Emulsão Scott, Leite de colônia, Gilette, pastilha Valda, Sal de frutas Eno e creme dental colgate.

Fonte: facebook

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NOS RASTROS DO CANGAÇO - PERSEGUINDO A CANGACEIRA DULCE

Por João de Sousa Lima
Tião, Jacozinho, Jacozinho e Martha

Dulce Menezes é a última cangaceira viva. Dos que seguiram os caminhos incertos do cangaço, só ela sobreviveu.

Dulce com Jacó e alguns filhos na fazenda Jacobina, Jordânia, Minas

Em recente visita a suas filhas Luci (em Vitória da Conquista) e Martha Ruas e seu marido Tião Ruas (em Jordânia) e ainda o filho Jacozinho, tive o privilégio de conhecer a fazenda Jacobina, de João Anastácio Filho "Jacó".

João de Sousa Lima, Neli Conceição e Ledna

Nessa fazenda chegaram fugindo do nordeste, os cangaceiros Marinheiro (irmão de Sila), Sila, Zé Sereno, Criança e Dulce.


Dulce acabou ficando na fazenda e teve 18 filhos com Jacó, dos quais sobreviveram 10.



Em breve  o Tião Ruas e a Martha lançarão um livro contando toda essa história.



por enquanto estamos aqui tendo a honra de conhecer os escombros da fazenda, na companhia dos filhos Jacozinho e Martha, lugar nunca explorado por nenhum outro historiador e pesquisador.

Enviado pelo escritor e pesquisador do cangaço João de Sousa Lima

http://joaodesousalima.blogspot.com.br/
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IGREJA DE SÃO VICENTE VISTA DE OUTRO ÂNGULO


A Igreja de São Vicente vista de outro ângulo, trincheira intransponível que ajudou a derrotar o bando de Lampião. Mossoró sempre será símbolo de liberdade.

Fonte: facebook

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DEPOIMENTOS VOLTA SECA (ANTÔNIO DOS SANTOS)


Trecho de entrevista realizada pelo Jornalista Joel Silveira no ano de 1944 na penitenciária de Salvador, onde cumpriam pena alguns antigos companheiros de Lampião, entre eles; Ângelo Roque “Labareda”, Caracol, Cacheado, Deus-te-Guie, Saracura e o polêmico Volta Seca.

Durante a entrevista o ex-cangaceiro Volta Seca conta uma de suas histórias ocorridas durante o período em que esteve foragido da penitenciária, conforme depoimento abaixo.

“Uma tarde cheguei n’uma roça e pedi emprego. A dona da roça me olhou e perguntou depois:

- Você não é o Volta Seca?

Dei um pulo para trás e gritei:

- Deus me livre, minha senhora! isso é coisa que se diga!

Então a moça continuou:

- Pois eu já vi o retrato do Volta Seca e o senhor se parece muito com ele.

Respondi:

- Pois então me pareço com o diabo!”

Fonte do Texto: Livro “TEMPO DE CONTAR” de Joel Silveira
Foto: Revista O CRUZEIRO

Fonte: facebook
Página: Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)

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MUIÉ SIBITE DA GOTA!

Por Rangel Alves da Costa*

Disposta ao trabalho não tinha igual, amigueira que só, prestativa a qualquer um, uma presença para o que desse e viesse, assim ela era conhecida sertões adentro. Contudo, sua característica maior, porém não do conhecimento de todos, era sua sibiteza. Não há sibiteza igual à daquela muié, dizia um. Muié sibite da gota, confirmava outro.

Sempre estava disposta a pegar em cabo de enxada, de foice ou facão. No quesito trabalho, para garantir o pão não havia qualquer rejeição. Era avistada revirando a terra, plantando, colhendo, debulhando milho e feijão. Lavava roupa no ribeirão, chiqueirava gado, subia em jumento e alazão. Passava com lata d’água na cabeça, revirava a noite ao redor do tacho de cocada. Tinha de ser assim para sustentar a casa. Possuía marido, mas era como se nada tivesse.

Ainda moço, porém se dizendo adoentado de tudo, o marido era um verdadeiro imprestável, segundo ela mesma dizia. Não trabalhava porque se dizia cheio de dores por todo lugar. Bastava levantar da rede e caminhar meio palmo já começava a reclamar de dor nas pernas, no joelho, no espinhaço. Aliás, sua vida era ficar estendido numa rede pitando cigarro de palha. Nem pra morrer logo esse fi da gota presta, dizia ela abertamente. E de vez em quando dizia que preguiça ainda haveria de matar um fi da peste. Ele ouvia e nada dizia, apenas inventava uma dor para gemer.

Certa feita, após deixar o prato feito no fogão e saído para coivarar um roçado adiante, ela retornou do meio do caminho e surpreendeu o marido ouvindo forró no rádio de pilha e dançando sozinho. Óia o fi da peste do doente como tá, só farta mermo se rebolar. Ele me paga, disse a si mesma enquanto olhava pela fresta da porta dos fundos. Ela já gostava de festança, de forró em sala de reboco, de tomar relepada de aguardente, mas foi daí em diante que resolveu se esbaldar.


Quando a boca da noite chegava, ela botava por cima um vestido florado de chita, se enchia de perfume de feira e, empozada e de boca vermelha, olhava em direção à rede e dizia ao marido que ia pro forró e não sabia a hora que chegava. Quase todo dia assim. O marido só faltava endoidar, mas preguiçoso como era e decidido a não bater prego sequer em barra de sabão, simplesmente silenciava. Nada podia fazer, pois era ela que mantinha a casa de tudo.

Quando ela chegava nas redondezas do forró pé-de-serra, então o mundo começava a revirar. A sanfona parecia reconhecê-la pelo perfume forte, as garrafas de aguardente pela cor do batom, e os homens pelo vestido florido e o requebro mais que conhecido. Então tudo se transformava em torno daquela que chegava. Ela era assim alegre, contagiante, cheia de vigor, bebendo e dançando com qualquer um, mas também temida demais.

Certa feita, durante a dança forrozeira, um cabra passou a mão na sua bunda e nunca se viu resposta mais feia. A mulher tacou-lhe um murro nas ventas que o atrevido foi parar longe. Doutra feita, ao ouvir uma insinuação maldosa de um, deu-lhe um chute nas partes de baixo que até hoje o desafortunado anda meio torto. E se arrastasse um homem pra dançar e esse desse frouxo, então a coisa ficava de apavorar. Ou o cabra ia dançar ou tinha de se abaixar para pedir perdão. Do contrário, levava sopapo de todo lado, até restar moidinho no chão.

Quando virava umas duas talagadas em seguida e se danava pelo salão, então parecia milho de pipoca queimando na panela. Milho sibite, pulador, requebrento, desandado de canto a outro, sem parar de jeito nenhum. Daí sua fama de sibiteza, pois sibite é a mulher danada, forrozeira sem parar, de gingado nos quadris de fazer queixo cair. E por traquinagem também. Levantava a barra do vestido até as beiradas da calçola e depois perguntava quem queria do bom o bem bom.

E na cachaça e no forró ia seguindo até o último ronco do fole. Mas não se embebedava de jeito nenhum. Quando tudo parava e não havia mais quase ninguém pelo salão, então ela mandava descer a saideira, de copo cheio, bebia numa golada só, e depois retornava de chinelo à mão. Não demorava muito e já na primeira luz do dia podia ser avistada pelas estradas carregando uma enxada no ombro. Uma trouxa de pano, ou apenas seguindo para outros ofícios.

Poeta e cronista
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CONVITE

José Bezerra Lima Irmão

Convido a todos os meus amigos e parentes para a minha posse como Membro Correspondente na Academia Gloriense de Letras, no dia 12 de dezembro, a partir das 19 horas, em ato solene no Colégio Estadual Manoel Messias Feitosa, em Nossa Senhora da Glória. A Academia Gloriense de Letras é a pioneira no interior de Sergipe, e na ocasião festejará seu terceiro ano de atuação, recebendo nesse ato a sociedade gloriense. Também tomará posse como Membro Efetivo a professora e pesquisadora gloriense Cácia Valéria de Rezende. Conto com a sua presença. E como um convidado convida cem, convide também os seus amigos e amigas. Sou pequeno, mas quando abro os braços dentro deles cabe todo o mundo.


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O RIO DO PAÍS DE MOSSORÓ


Cortando o chão seco, pedregulhento e quase sempre gretado pelo calor do sol da zona oeste, corre o rio Apodi-Mossoró. Ele tem um papel determinante na existência dos seres que habitam nas cercanias de sua bacia hidrográfica, que ocupa 28,5% da superfície do Estado, sendo a maior da Província, com cerca 18.100 km². É o segundo em extensão do Estado, com aproximadamente 164 quilômetros. Nasce na serra de Luís Gomes, no sudoeste do Rio Grande do Norte próximo à divisa com a Paraíba, percorre em 51 municípios e é alimentado pelas águas que escorrem da Chapada do Apodi, pelos riachos Bonsucesso, Cabelo Negro, São Raimundo e Pai Antônio e, ainda, por águas de córregos e extravasadas de açudes e barragens construídas em seu leito. Possui um único afluente, o rio Upanema ou do Carmo. Deságua no Oceano Atlântico, quando faz o limite entre os Municípios de Grossos e Areia Branca, com uma vazão de cerca de 360 milhões m³/ano. O escoamento é iniciado no mês de março, diminuindo paulatinamente nos meses seguintes, até tornar-se nulo de novembro a fevereiro.

Na sua forma natural é um rio de regime temporário, não perene. No seu percurso alimenta alguns reservatórios naturais – neles se destacando a Lagoa de Apodi, circundada por terras de boa fertilidade –, corta a cidade de Mossoró no sentido sudoeste-nordeste, apresentando-se sinuoso nessa região e com várias lagoas nas proximidades de suas margens. Sua várzea apresenta larguras apreciáveis, da ordem de 500 a 1000 metros, porém vez ou outra se estreita, formando gargantas por onde, nas cheias, a água corre com mais violência.

Segundo Câmara Cascudo, na geografia há referências sobre o rio que datam desde os primórdios do Brasil colônia. Nesse caso estariam o Mapa de Nicolo (Nicolay) de Canerio Januensis, elaborado em 1505, que apresenta uma foz, como sendo do rio Sta. Maria da Rabida; as Cartas Marear de Pedro Reinel e Jorge Reinel, de 1516 e 1519, apresentam-no como o Rio de São Miguel (Sam Miguell); o Padrão Real de Alonso Chaves, de 1536, como o rio grande de Sainet Migiel, e o “Tratado” de Gabriel Soares de Souza, também dá o nome de São Miguel “a um rio volumoso que só pode ajustar-se ao Apodi-Mossoró”. Cascudo diz ainda que “O topônimo Mossoró não aparece ainda na cartografia do século XVII. O Rio popular é o Upanema, Opanama, Opunamà, o Ywmanim, Ipanim, Ipiuim, Wapanem, Iwypanema dos mapas holandeses seiscentistas […]. Verdade é que surge um rio ‘Murggeron’ e ‘Mouggerou’ (Johannes Jansson, 1653, de [Frederick de] Wit, 1871, o mapa que acompanha a ‘Descrition des Indes Occidentales’, de [Joannes de] Laet, 1625, 1640) que poderia ser um ‘Mossoró’ deturpado e confuso. Mas não creio ratar-se do topônimo. O nome não era vivo nesse tempo”.

O francês Guillaume de Delisle, em sua “Carte de la Terre Ferme du Perou, du Bresil et du Pays des Amazones dressé sur les Descriptions de Herrera de Laet, et des PP. d’Acunã, et M. Rodriguéz et sur plusieurs relations et observations posterieures” (Provavelmente retirada do “Atlas Geographique & Universel avec la Géographie Ancienne & Moderne”), de 1720, faz referência ao Ywipanem rio Ipanen. José Monteiro de Carvalho (?-1780), no “Mapa dos confins do Brasil, com as terras da Coroa de Espanha na América Meridional”, cita Ipanenin. No “Mapa de Todo o vasto Continente do Brasil ou América Portuguesa com as Fronteiras respectivamente constituidas pelos Dominios Espenhões adjacentes”, publicado em 1778 por Penalva do Castelo, encontramos o “Rio Ipanema ou das Salinas”.

Em 1810 o Rio ainda era mais conhecido com “Panema” ou “Upanema ou Salinas”, como citado por Koster (1942, p. 153 e 2ª prancheta). Sete anos depois, em 1817, Aires de Casal (1947, vol. II, p. 212; 1976, p. 279) cita e descreve o rio com o nome de Rio Apodi somente:“…ao qual dão quarenta léguas de curso, noutro tempo Upa­nema, nome que hoje se apropria a outro menor, que se lhe une pela margem direita, três léguas acima da embocadura, corre quase sempre por terreno plano, onde há várias lagoas, que pouco a pouco lhes restituem as águas, que suas cheias lhes introduziram. Tais são entre outras a denominada Apanha-peixe, que tem uma légua de circuito; Paco, um pouco menor; a da Freguesia das Varges, que tem seis milhas de comprido, e pouca largura. Todas secam nos anos que não são chuvosos. Grandes canoas sobem até o Arraial de Santa Luzia, situado sobre a margem esquerda, seis léguas longe do Oceano. Deste sítio para baixo, estão as famosas salinas de Mossoró, cujo sal é alvo como a neve, e faz que aquelas paragens sejam vistosas e povoadas, e o rio visitado por grande número de embar­cações, que o transportam a diversas partes”.

O Rio Mossoró ou Apodi-Mossoró somente se firmou com o nome atual em 1857, quando a marinha realizou o primeiro estudo importante das costas brasileiras ocorreu, fazendo o levantamento hidrográfico entre a foz do rio Mossoró e a foz do rio São Francisco. Esse trabalho foi elaborado pelo capitão de fragata Manoel Antônio Vital de Oliveira, em 1862.

Em 1917, Pedro Ciarlini projetou e dirigiu a construção de sete barragens submersíveis no município. No final dos anos 30 e começo dos 40 do século passado, o padre Mota, então prefeito, iniciou o processo de canalização do rio, pela sua margem esquerda, na região urbana central da cidade. Também na sua gestão foi construída a primeira ponte, a ponte Jerônimo Rosado. Depois vieram as outras pontes e Dix-huit rasgou o braço que abraça a ilha de Santa Luzia, a sua direita.

Hoje o rio é uma grande cloaca para onde vai toda espécie de dejetos, domésticos e industriais. Esgotos não tratados, águas servidas, os rejeitos das empresas de carcinicultura, salineiras e de outros setores, lixo, todo é jogado no seu leito. E aguapé (eichornia crassipes), muito aguapé. O aguapé encontra na água do rio uma rica fonte de nutrientes (esgotos sem tratamento etc.), o que favorece a sua reprodução com rapidez. É uma questão de falta de saneamento básico e consciência da população. Enquanto o problema existe, a Secretaria dos Recursos Hídricos do governo estadual divulga que “se não fosse tão poluído, o rio Mossoró poderia ser cartão postal da cidade”. Por sua vez, a Federação das Indústrias do Estado diz que “a poluição atualmente existente no Rio Mossoró é um obstáculo importante à consolidação da cidade como polo turístico e às intervenções destinadas a criar um Parque Linear às suas margens”.

E a solução para esse problema? Isso é coisa que os governos do município, do estado e do país não veem.

PS – Com dados do meu livro “Padre Mota”.
Leia também:

http://www.tomislav.com.br/o-rio-do-pais-de-mossoro/

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RELAÇÃO DE LIVROS À VENDA (PROFESSOR PEREIRA - CAJAZEIRAS/PB).


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VEJAM COMO FOI A PRIMEIRA VISITA DE LAMPIÃO A POÇO REDONDO, POVOADO DE PORTO DA FOLHA-SE. - PARTE 01


O bando deixou Arrastapé no dia 18 de abril, passou pelas fazendas Riacho e Malhada da Caiçara, varou pelas caatingas de Santa Brígida e entrou em Sergipe, indo pernoitar na fazenda Pedra d’Água, perto de Canindé. No dia seguinte, os cangaceiros acordaram cedo, arrearam os cavalos e tocaram em direção a Poço Redondo. Embora Lampião já tivesse entrado em Sergipe pelo menos duas vezes, esse fato era desconhecido em Poço Redondo, um povoadozinho com umas trinta casas separadas umas das outras, na beira do Riacho Jacaré, afluente do São Francisco.

Naqueles ermos, não havia rádio nem telégrafo, as notícias corriam devagar. Ouvia-se falar nas estripulias de um cangaceiro chamado Lampião, mas isso era lá para os lados de Pernambuco ou Paraíba, lugares que ninguém nem sabia para que lado ficavam, terras tão longínquas que para os matutos era como se ficassem no estrangeiro. De modo que no Poço ninguém podia imaginar que o temível cangaceiro se encontrasse em Sergipe, e mais precisamente a caminho daquele povoado pobre, perdido nos cafundós.

No dia 19 de abril de 1929, o arraial estava em festa, pois, conforme acontecia pelo menos uma vez por ano, seria ali celebrada uma missa pelo padre Artur Passos, de Porto da Folha. O vigário, um homem já velho, ranzinza, malcriado e mandão, já se encontrava no Poço desde a tarde do dia anterior. Estava hospedado na casa de Teotônio Alves, conhecido como China, descendente de uma das famílias fundadoras do lugarejo, os Garra. China, casado com dona Marieta Alves de Sá, era considerado um homem rico: era dono da fazenda Recurso e tinha uma bodega no povoado, onde vendia de tudo – jabá, café, açúcar, sal, pimenta-do-reino, rapadura, cocada, querosene, fumo de rolo, alpercatas, perfume, remédio e, claro, cachaça.

Naquele dia, muita gente acordou cedo, ansiosa pela festa. João Cirilo e Miquéias foram os primeiros a entrar na bodega de China e, para aproveitar o dia, ainda em jejum, já tinham tomado os primeiros goles de pinga, a fim de limpar o estômago. Entre uma conversa e outra, escutaram um tropel de cavalos. Quando olharam, viram uns cavaleiros estranhos vindo pela estrada de Curralinho. Os cavaleiros pararam em frente à bodega. As roupas sujas de terra indicavam que aqueles homens não vinham por causa da festa. Apesar de usarem chapéus de couro, não pareciam ser vaqueiros, pois vaqueiros não carregavam armas, e aqueles tinham fuzis atravessados nos cabeçotes das selas e deixavam entrever os cabos de grandes punhais metidos nas bainhas, sobre as vestes suadas. Um deles adiantou o cavalo, deu bom-dia e perguntou se era ali a casa de China. O próprio China respondeu ao cumprimento e identificou-se. Então o estranho apresentou-se, amistosamente, mas sem perder o tom severo do rosto:

– Munto prazê, seu China! Me dero boas informação sobre o sinhô. Eu sou o Capitão Virgulino Ferreira, vurgo Lampião.

China e os companheiros quase caíram para trás com o susto. Dona Marieta, que ia chegando naquele instante, preocupada com os preparativos da festa, ao ouvir a terrível revelação pensou logo no padre, que ainda estava dormindo, alarmada com o que aqueles malfeitores poderiam fazer com ele.

Percebendo o vexame, Lampião disse que não precisavam ter medo, pois estava ali de passagem, não iria fazer mal a ninguém, só queria descansar um pouco e comer alguma coisa. Dito isto, desmontou do cavalo, no que foi seguido pelos outros cangaceiros.

Enquanto os homens amarravam os animais nas árvores, China, ainda atordoado com aquela situação, foi providenciar cadeiras para os recém-chegados. João Cirilo e Miquéias se prontificaram a ceder seus tamboretes, na esperança de poder cair fora, mas Lampião mandou que se sentassem:

– Tem cadera pra todo mundo, rapazes, nun tão veno qui seu China é home privinido? Fiquem aí!

China trouxe um banco e algumas cadeiras.

Percebendo que dona Marieta ainda estava meio atarantada, Lampião voltou a explicar, falando para o marido:

– Seu China, diga a sua muié qui ninguém vai fartá cum respeito na sua casa. Diga a ela qui pegue suas fia, tranque no quarto e bote a chave no bolso.

China, sabendo por que sua mulher estava tão ansiosa, resolveu expor logo o problema:

– Sabe o qui é, Capitão, mĩa muié tá munto preocupada purque o vigaro de Porto da Foia, o pade Artu Passo, tá hospedado aqui na mĩa casa... Ele veio celebrá missa, vai ter ũa festa hoje im Poço Redondo.

Fonte: facebook


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