Seguidores

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

TESTEMUNHO DE SANGUE NUM TEMPO DE JAGUNÇOS E CORONÉIS

Por Rangel Alves da Costa*

Meninote sertanejo, metido a caçador de passarinho e outros bichos do mato, eis que um dia enveredei bem mais longe do que costumava fazer. Cismado em colocar na gaiola um azulão cantador avistado na galhagem da catingueira, quanto mais o pássaro voava mais eu corria em disparada no seu encalço. Quando dei por mim já estava numa mataria totalmente desconhecida.

Nada igual à vegetação costumeira, sobressaindo-se catingueiras, craibeiras, juazeiros e outras árvores típicas daquele sertão entremeado de mandacarus e xiquexiques. Era mataria de sertão, porém diferente no volume arbustivo que quase não dava passagem. Plantas espinhentas, tufos fechados, cipós impedindo a passagem, galhos pontudos fazendo sangrar a pele. Estranhei demais, pensei. Aonde será que vim parar, logo indaguei preocupado.

Atormentado com a situação, nem no desejado azulão eu pensava mais. Queria mesmo era encontrar ao menos uma vereda que levasse a um caminho seguro e afastado daquele perigoso e desconhecido lugar certamente tomado por cascáveis e outras peçonhentas. Já estava com o corpo lanhado pelos espinhos, até mesmo sangrando pelas pontas dos paus, quando ouvi o galope de cavalo. Então tive a certeza de estar perto de uma estrada.

Como o galope avançava cada vez mais, abaixei-me o quanto pude rente aos tufos mais baixos e fiquei nervosamente observado quem passaria adiante. Mas não passou não. O cavalo parou nas proximidades e dele desceu um homem de estatura mediana, chapéu imenso, bigode e um cigarro apagado num canto da boca. De botina quase chegando aos joelhos, uma roupa imunda de tecido grosso e tendo duas armas de cada lado da cintura. E mais um rifle à mão. Tremi como vara verde quando reconheci aquela feição famosa por toda a região sertaneja.

Titó Caveira, o nome do homem, ou apelido do maior jagunço que a desdita do mundo já fez pisar naquelas brenhas matutas. Ali uma terra de jagunços, de assassinos frios e covardes, mas nenhum igual àquele que acendia o cigarro com fogo de espoleta. Jagunço da malhada do Coronel Querêncio Lavandeira, dizem que vivia resguardado para os trabalhos mais perigosos e com vítima cuidadosamente escolhida entre os tantos desafetos do poderoso patrão.


Como eu sabia de tudo isso? Ora, enquanto meu avô e amigos proseavam sobre tais assuntos nas noites de lua cheia, eu fingia estar brincando de ponta de vaca só para ouvir sobre as desgraceiras encomendadas pelos poderosos sertões adentro. Todo mundo temia o ferro e o fogo coronelista, mas no pé de prosa nenhum se salvava dos impropérios e amaldiçoamentos. Foi assim que desde novinho já conhecia o festim de malvadezas dos coronéis da região.

E dali também a fama de Titó Caveira, que por sinal se preparava para mais uma empreitada sangrenta. Só podia ser, pois armado daquele jeito não estava atrás do meu azulão. Mas quem seria sua vítima e por que ali? Esforcei-me para divisar ao redor e consegui avistar uma estrada de terra batida, daquelas abertas a facão e foice no meio da mataria. Mas em seguida também avistei o jagunço espantar o cavalo e este sumir no meio do mundo num galope só. Mas certamente não ia muito distante, pois depois bastaria um assobio para ele riscar no pé de seu dono.

Agora sozinho, o jagunço preparou as armas, certificando-se de que tudo estava a contento, e depois procurou refugiar-se detrás de um emaranhado de folhas, cipós e galhos. Logo imaginei o que aconteceria dali em diante. A tocaia estava feita, restava apenas esperar o desafeto do coronel passar por ali, vindo a galope pela estradinha, e assim que estivesse ao alcance da mira do matador, então o tiro certeiro e mortal seria dado. É assim que faz todo jagunço na sua lide cruel e assassina. É para ser assim que ordena o coronel dono do mundo e de vidas, fazendo tombar num açoite qualquer um que atrapalhe seus planos. Ou até mesmo inocentes que outra coisa não possuem senão um pedacinho de terra. Só que nas vizinhanças das terras do poderoso.

Eu já não suportava permanecer naquele local nem naquela posição. O corpo todo doía, os cortes e os machucões pareciam dilacerar toda a pele. Além disso, umas malditas mutucas apareceram para piorar ainda mais aquela situação. Mas também não podia sair. O Caveira estava do outro lado com a arma em mira e não pensaria duas vezes em atirar numa pessoa que avistasse correndo. Não havia o que fazer. Então ouvi um galope distante. E quanto mais se aproximava mais eu parecia ouvir o tiro e o baque do desditado caindo da sela e rolando pelo chão. Foi quando divisei o cavalo alazão e em cima dele o Coronel Querêncio Lavandeira.

Mas não pode ser, logo imaginei. Se ali é o coronel, então o jagunço tocaiou para matar o patrão. E de repente um terrível disparo. Apenas um, mas suficiente para que o corpo do Caveira, o jagunço, fosse arremessado no meio da estrada. Outro jagunço, conhecendo de antemão o preparo da emboscada, seguiu no encalço do matador para impedir seu desfecho. E também assumir o posto de protetor e líder entre os jagunços.

Diante da cena, o coronel apenas cuspiu por cima do morto e seguiu adiante, galopando lentamente. Enquanto isso o outro jagunço cortava a cabeça do famoso matador para levar o troféu e espalhar a história pelos sertões nordestinos. Quanto a mim, por muitos anos silenciei sobre tudo. Mas agora conto tudo aos amigos de proseado e sei que meu neto está ouvindo enquanto finge brincar de ponta de vaca.

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

RESGATE DO CORONEL ANTÔNIO GURGEL


O mais novo trabalho do professor, escritor, pesquisador do cangaço e fundador da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço Paulo Gastão de Medeiros. O lançamento será anunciado nos próximos dias.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

"A MORTE DO CANGACEIRO CALAIS PELO VOLANTE TEÓFILO PIRES"

Por João de Sousa Lima
Foto do cangaceiro: www.pinterest.com - colorida pelo pesquisador Rubesn Antonio

Transcrito, na íntegra, por Sálvio Siqueira

- ESSE É UM DOS CAPÍTULOS DO NOVO LIVRO DO HISTORIADOR, ESCRITOR E COLECIONADOR DE PEÇAS SOBRE O CANGAÇO, João De Sousa Lima, "LAMPIÃO, O Cangaceiro!

"Teófilo Pires do Nascimento nasceu em 25 de fevereiro de 1919, no povoado São José, Chorrochó, Bahia. Era filho de: João Pires do Nascimento e Vitalina Pires do Nascimento.

No povoado São José, em 1932, Lampião, Corisco e mais alguns cangaceiros assistiram missa na igreja fundada em 1912.

Foto do ex-soldado volante junto ao pesquisador: joaodesousalima.blogspot.com

Teófilo entrou para a volante de Zé Soares, em 1932, ainda garoto, com apenas 13 anos de idade.

Uma das principais tarefas de Zé Soares era perseguir o cangaceiro Calais. O cangaceiro era conhecido por suas escapadas e tinha a fama de se “envultar” pelo poder das fortes orações. Por muitas vezes, Calais escapou das perseguições e dos tiroteios, deixando os soldados que vinham em seu encalço atordoados com seus repentinos desaparecimentos. O sargento armou várias emboscadas para Calais, porém ele sempre escapava. O esquivo cangaceiro ficou famoso por enganar os soldados com pistas falsas.

No tiroteio com os soldados Agenor e João Manoel o cangaceiro Calais perdeu sua primeira mulher que tinha o nome de Joana, e ele conseguiu fugir ileso, mesmo sendo alvo de vários tiros. Joana foi presa em Uauá sob o comando do tenente José Petronílio. Tempos depois Calais apareceu com outra cangaceira, chamada Delmira. Essa sua segunda companheira foi morta em uma trama impetrada entre o coiteiro Totonho Preá e os civis armados Belo Cardoso Morais e Júlio.

Armaram uma emboscada e Júlio atirou em Calais atingindo-o levemente em uma das mãos.

Delmira foi atingida no abdômen por Júlio e levada ferida para Santa Rosa de Lima. Depois de diagnosticada pelo médico Antônio Gonçalo, chegou-se a triste conclusão que o ferimento era fatal. Delmira foi enterrada ali mesmo na cidade.

Em uma segunda feira, dia 22 de dezembro de 1937, os soldados Teófilo Pires do Nascimento, Grigório Silvino do Nascimento, João Crisipa e Raimundo Soares (Mundô) entraram Raso da Catarina adentro e próximo à fazenda Marruá viram algumas pegadas e resolveram segui-las. Os soldados se espalharam diante das várias veredas. Depois de longos minutos seguindo rastros diversos Teófilo ouviu umas pancadas e achou que podia ser o cangaceiro escavando uma batata de umbuzeiro. O soldado retornou, reencontrou os amigos e falou do barulho que estava ouvindo chamando-os para cercarem o local de onde vinham as batidas. O soldado Grigório, que vinha chefiando o grupo, não deu atenção a Teófilo e eles continuaram seguindo dispersos os rastros. Teófilo seguiu seu instinto e se dirigiu na direção de onde vinha o som. Sua desconfiança o levou na direção de um frondoso umbuzeiro. Teófilo viu o cangaceiro Calais sentado com um cavador improvisado nas mãos. O cangaceiro cavava com uma espécie de lajota. Dava uma escavada e olhava para os lados, tirava a areia do colo, ajeitava o mosquetão entre as pernas e dava uma breve olhada pra ver se não estava sendo observado ou seguido.

Teófilo aproveitou o barulho da escavação e foi se aproximando. Teófilo queria na verdade, pegar o cangaceiro a mão e prendê-lo. Enquanto o cangaceiro batia a lajota no chão, Teófilo dava um passo coincidindo com o barulho do impacto da rocha com o solo. Quando Teófilo estava há uns onze passos do cangaceiro, Calais bateu as mãos nas pernas tirando a terra e pegou o mosquetão, ao tempo em que foi olhando para o lado e apontando a arma na direção de um dos soldados que vinha distante. O cangaceiro não viu Teófilo que estava bem próximo dele. Teófilo sacou a pistola e atirou no rosto do cangaceiro que caiu pra trás com o impacto do disparo. Vários tiros soaram. Teófilo correu na direção do cangaceiro pra recolher o espólio de guerra. Todos afirmavam que o cangaceiro era um homem rico, que andava com muito dinheiro. Enquanto Teófilo vasculhava os bornais quase vazios do cangaceiro, alguns tiros passaram raspando seu rosto, Teófilo olhou pra trás e viu um dos companheiros atirando de ponto em sua direção. Teófilo revidou os tiros e o soldado parou de atirar. Teófilo partiu na direção do soldado e o escorou com o mosquetão dizendo-lhe umas verdades. Teófilo lembrou que um dos seus companheiros havia dito que tivesse cuidado, pois ele podia ser traído por um dos companheiros, pois em uma discussão que houvera com outro parceiro de farda, resultou no desligamento do desafeto do grupo, o comandante o dispensou e esse novo inimigo de Teófilo falou que pagaria um valora quem matasse Teófilo.

Os outros companheiros foram chegando e cercando o cangaceiro que mesmo estando com o rosto completamente desfigurado ainda respirava.

Teófilo e os companheiros ficaram ali olhando o cangaceiro com o rosto todo empapado de sangue e que teimava em não morrer e observou no peito do cangaceiro um “patuá” pendurado em uma corrente no pescoço de Calais. Teófilo arrancou o patuá, e aí o cangaceiro morreu. Geralmente os patuás trazem orações com fechamento de corpos, símbolos religiosos, ervas e pós que atuam como proteção para quem usa.

Assim que o patuá foi arrancado de Calais o corpo ficou como se tivesse morrido há muitos minutos.

Os soldados pegaram um burro que encontraram, colocaram Calais amarrado no lombo da alimária e o transportaram até Macururé. Na cidade, a população se aglomerou no centro pra ver o famoso e valente cangaceiro, agora inerte e sem vida, transportado por seus algozes.

O comandante Zé Soares parabenizou seus comandados pela morte do cangaceiro e a cidade pôde ter um pouco mais de calma.

Teófilo teve que contar por inúmeras vezes sua façanha. Ele foi também um dos maiores vaqueiros da região. Homem sério, honesto, forte, decidido, amigo e leal.

Teófilo esteve em Fortaleza, no inesquecível encontro entre dois ex-combatentes do cangaço (ele e Antônio Vieira) e três ex-cangaceiros: Moreno, Durvinha e Aristéia. Esse encontro foi registrado pela Rede Globo, no Jornal Nacional.

O sonho de Teófilo que era conhecer a Grota do Angico, local onde morreu Lampião e Maria Bonita. Fizemos o trajeto e na trilha da Grota do Angico, Teófilo já nonagenário, percorreu a trilha aos poucos e com dificuldades, chegando ao ponto do último ato de Lampião.

Tive muito orgulho de privar da amizade de Teófilo e sua família e estive em seu sepultamento no dia 29 de setembro de 2014, no povoado São José, Chorrochó, Bahia. Lateral ao cemitério onde jaz Teófilo fica a igreja onde Lampião assistiu uma das primeiras missas em território baiano e onde estão enterrados os pais de Teófilo.

Guardo na lembrança o som de sua voz firme, seus depoimentos bem ajustados e a saudade do seu aperto de mão, de sua companhia em vários momentos. Teófilo resistiu até os 96 anos de idade, forte como a aroeira, árvore símbolo da região que tantos homens destemidos pisaram".

- Obs - esse é um dos capítulos do novo livro de João de Sousa Lima, chamado Lampião, o cangaceiro! sua ligação com os coronéis baiano, Raso da Catarina e outras histórias. Lançamento previsto para setembro.

João de Sousa Lima é historiador e Escritor. Membro da ALPA- Academia de Letras de Paulo Afonso - cadeira 06.

Fonte: facebook
Página: Sálvio Siqueira

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

VESTÍGIOS DA PASSAGEM DE LAMPIÃO...


O belíssimo casarão, sede da fazenda Campos, do fazendeiro Zenon de Souza Martins, no município de Umarizal (Umarizal, na época, chamava-se: Gavião).

O tempo não destruiu a beleza da antiga casa que foi invadida e saqueada pelo bando de Lampião em 12 de junho de 1927. O bando chegou à fazenda pela manhã, logo depois de emboscarem e matarem 3 rapazes no lugar Caboré, município de Lucrécia.

Os mesmos dirigiam-se ao lugarejo Gavião para conseguirem a soma de 10 contos de réis, valor esse que seria pago a Lampião pelo resgate de Egídio Dias, sequestrado na fazenda Serrota dos Leites, de sua propriedade. 

A fazenda Campos continua muito bem preservada, mantendo as mesmas características daquela época. A mesma fica localizada numa parte alta à direita do asfalto, antes de entrar na cidade de Umarizal, indo por Lucrécia. História viva ao alcance de todos!

Abraço.

Fonte: facebook

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

A VOLTA DO REI DO CANGAÇO


O livro custa 45,00 Reais, e basta clicar no link abaixo e pedir o seu.

http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-638907377-a-volta-do-rei-do-cangaco-_JM

MAIS PONTOS DE VENDA EM CAPOEIRAS

Amigos, nosso trabalho, A VOLTA DO REI DO CANGAÇO, além vendido direto por mim, no MERCADO ALMEIDA JUNIOR, também pode ser encontrado na PAPELARIA AQUARELA, ao lado do Correio, também na PANIFICADORA MODELO, com Ariselmo e Alessilda e no MERCADO POPULAR, de Daniel Claudino Daniel Claudino e Gicele Santos.

Também pode ser encontrado com o Francisco Pereira Lima, especialista em livros sobre cangaço.

franpelima@bol.com.br

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O CANGACEIRO SARACURA “BENÍCIO ALVES DOS SANTOS”


Trecho do depoimento coletado pelo Jornalista Joel Silveira, durante entrevista com um grupo de ex-cangaceiros (Ângelo Roque, Saracura, Volta Seca, Cacheado, Caracol e Deus Te Guie) na Penitenciaria de Salvador/BA em março de 1944, local em que os antigos comandados de Lampião cumpriam pena.


Fonte: facebook

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

FOTO INÉDITA - LAMPIÃO EM PINHÃO - SE (1929)


Essa foto inédita, logo  acima, foi feita por Joãozinho Retratista (Itabaiana), e nunca foi publicada em livro, jornal revista, etc.

Observe  que, é a única foto,  em que estão juntos (Lampião e o cangaceiro Corisco). Não existe outra nesse sentido, pelo menos, não é do meu conhecimento.

Ver, também, que nessa imagem, estão reunidos, de forma inédita, a
maioria dos  chefes de sub-grupos: (Mariano Laurindo Granja, Ângelo Roque o Labareda, Cristino da Silva Cleto, o cangaceiro Corisco, Virgínio Fortunato da Silva, etc). É uma   foto   sensacional, e, inédita.

Foto de: Joãozinho Retratista
Cortesia: Robério Santos

Abraço a   todos.
Ivanildo  Alves  da  Silveira
Colecionador do cangaço
Natal-Rn.

Fonte: http://orkut.google.com/c624939-te93dc00082afe613.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

MORTE DE MARIQUINHA- SOFREU E PÉ DE PEBA

Por: JOÃO DE SOUSA LIMA - Pesquisador, escritor, poeta... 
Eis aí as cruzes do povo do cangaceiro Ângelo Roque, vulgo " Labareda" Notem, o erro na identificação da cruz do cabra Pé-de-Peba - Ivanildo Silveira

Dia 16 de setembro de 2013, eu e Felipe Marques saímos de Paulo Afonso em direção a Jeremoabo e de lá, já na companhia de Antonio Fernandes, nos dirigimos até a cidade de Coronel João Sá, onde nos encontramos com o professor Enoque Cardoso e Antonio Vieira, dois amigos que nos auxiliaram em uma pesquisa sobre o cangaço apresentando pessoas e lugares que tiveram ligações com a história. 

Dentre as várias entrevistas estivemos com Laurinda  da Cruz de Jesus e podemos ouvir dela o relato da morte dos cangaceiros Mariquinha, Pé de Peba e Xofreu (ou também chamado de Chofreu e Sofreu). 

As cabeças dos cangaceiros foram levadas do local da morte no lombo de uma jumenta que pertencia a Maria da Cruz Gouveia, que era mãe de Laurinda. A jumenta estava com poucos dias de parida. A cangaceira Mariquinha foi uma das primeiras mulheres a entrar no grupo de cangaceiros. Ela era prima de Maria Bonita, irmã de Zé de Nenê. Mariquinha seguiu com o cangaceiro Ângelo Roque, o famoso Labareda.

A equipe: Antônio Vieira, Prof. Enoque, João de Sousa e Felipe Marques.

Os cangaceiros foram cercados ao anoitecer pela volante do nazareno Odilon Flor. Um dos soldados que estava presente nesse combate ainda
encontra-se vivo em Paulo Afonso, é o cabo Gérson Pionório. 

A seguir o relato que ele fez do combate:


- Eu destaquei em Jeremoabo, Canindé, Canudos (fui delegado), Pilão Arcado, Sento Sé, Remanso, Sobradinho, Casa Nova, Senhor do Bonfim, Juazeiro, Napele, Tucano, Calda de Cipó, Urucí, Itabuna, Canavieiras, Canacá, Jacareci (fui delegado), Euclides da Cunha (fui comandante), e Cocorobó (fui delegado). 

Gérson passou pelas volantes de Pedro Aprígio, Aníbal Vicente, Zé Rufino e Odilon Flor. Quando serviu com Odilon Flor, participou do combate onde foram mortos os cangaceiros Pé-de-Peba, Xofreu e Mariquinha. O combate aconteceu no Riacho do Negro, em Sergipe. A volante seguiu com o coiteiro nos rastros dos cangaceiros, indo encontrá-los às 23hs. O combate noturno travado entre 15 policiais e 8 cangaceiros foi ferrenho. Odilon Flor saiu baleado nas nádegas, os cangaceiros tiveram uma baixa de três componentes do grupo. Os policiais cortaram as cabeças e ainda à noite as colocaram em um carro de boi e levaram pra Paripiranga. Na cidade, a população pode ver as cabeças de Pé-de-Peba, Xofreu e Mariquinha. 

Da residência de dona Laurinda da Cruz, depois de saborearmos um doce de leite, partimos para conhecer o local das mortes dos cangaceiros. Com o sol já se pondo fizemos uma viagem contra o tempo. O local da morte dos cangaceiros fica na localidade conhecida por Serrote e pertence ao município de Sítio do Quinto, BA. Atravessamos muitas porteiras até encontrarmos com  o fazendeiro Gervásio de Carvalho Filho, que vinha montado em seu cavalo. Conversamos um pouco com Gervásio e seguimos o trajeto, tendo ainda que abrir várias porteiras e o sol cada vez mais sumindo no
horizonte.

Enoque, João, Laurinda Cruz, Toinho e Vieira.

Chegamos até a última casa da região, propriedade de José Alves da Costa, conhecido por Zé de Loló. Sem ele não teríamos conseguido chegar até as cruzes. Convidamos Zé e ele seguiu no carro com a equipe enquanto Enoque e  Vieira seguiram andando. Deixamos o carro em um ponto e subimos o “Serrote”.


Eu, Antonio de Juvininho, Felipe Marques e Zé de Loló chegamos até o local. Transpusemos uma cerca de arame farpado e Zé de Loló saiu abrindo uma trincheira, quebrando mato, desfazendo um emaranhado de cipós secos que fechava o caminho. Aos poucos fomos chegando, o sol baixando. Conseguimos fotografar o local e as cruzes. Mais um mistério estava desvendado, as cruzes de Mariquinha, Xofreu e Pé de Peba surgiram para a história.

O vaqueiro Gervásio indica o lugar das cruzes.

Nos preparamos para retornar pois a noite não demoraria a chegar. Pulamos a cerca de volta e descemos a serra. Ao longe ouvimos as vozes de Enoque e Vieira. Dirigimo-nos até o carro. Encontramos Enoque com uma vara na mão, pois acabara de ser atacado por uma raposa e a "arma"encontrada no chão serviu de defesa. 

Colocamos Enoque na mala do  veículo e retornamos. Deixamos Zé de Loló em sua casa onde ele vive solitário e pegamos a estrada de volta. Várias cancelas depois chegamos até o povoado mais próximo. Nesse povoado fomos ver a capela onde estão sepultados alguns sertanejos que foram mortos por Ângelo Roque, como vingança, as mortes dos seus companheiros cangaceiros. Estão enterrados na capela os senhores: Olegário, Antonio e Constâncio. Seguindo essa vingança o Ângelo Roque ainda matou a senhora Jovina, que estava grávida de gêmeos. Jovina residia na localidade Logradouro, e era prima do cangaceiro "Saracura".

Naquele intrincado e longínquo pedaço de chão baiano, a história deixou marcas profundas, marcas de um tempo que o povo ainda tenta entender. Tempo que tem sua compreensão fundamentada nas cruzes erigidas em lembrança de alguns cangaceiros, e de sertanejos que viram suas vidas envolvidas na história do cangaço.

João de Sousa Lima historiador e escritor. Membro da ALPA – Academia de Letras de Paulo Afonso. Membro de GECC – Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará.

Paulo Afonso, 27 de setembro de 2013.
                      
PARABENIZO O AMIGO JOÃO DE SOUSA LIMA, POR MAIS ESSE IMPORTANTE ACHADO PARA A HISTÓRIA DO CANGAÇO...

ABRAÇO  A   TODOS
IVANILDO ALVES  DA  SILVEIRA
COLECIONADOR DO CANGAÇO
MEMBRO DA SBEC E DO CARIRI-CANGAÇO
NATAL -RN

http://orkut.google.com/c624939-tbd68c8e11a077eaa.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

LANÇAMENTO DO NOVO LIVRO DE JOÃO DE SOUSA LIMA

     
Tenho a honra de convidá-lo (a) para o lançamento do meu mais recente trabalho literário: 
LAMPIÃO, O CANGACEIRO! 
LOCAL:  ESPAÇO CULTURAL RASO DA CATARINA
HORA:  19:00 HS.
DATA:  16-10-2015

“Agradeço desde já por sua presença”.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

MAIS PEÇAS NO MUSEU DO SERTÃO

Por Benedito Vasconcelos Mendes

A farinha e a goma de mandioca, ao lado da rapadura, queijo de coalho, manteiga da terra, banha de porco, carne de charque, milho, feijão e mel de abelhas nativas (Jandaíra, uruçu, mosquito, moça branca, jati, mandaçaia e abelha limão) são os alimentos básicos, não perecíveis, que originaram a culinária sertaneja, que surgiu como um imperativo do clima seco e quente da região. Estes alimentos eram produzidos nos anos chuvosos e armazenados para serem consumidos nos anos de secas periódicas e catastróficas. A farinha de mandioca é uma herança indígena. Os tapuias fabricavam farinha de mandioca sem o auxílio da prensa e do ralador de raízes (caititu).


Os índios colocavam as raízes dentro d'água para pubar e quando as mesmas ficavam mole, passavam na urupema para fazer a massa, que era espremida no tipiti (tipo de saco cilíndrico e comprido, feito de palhas de palmeiras-carnaubeira, babaçu ou ouricuri), que ao ser esticado espremia a massa úmida vinda da urupema, deixando escorrer a manipueira. Depois, a massa enxuta era colocada para secar ao sol e quando ficava seca, era torrada em um caco de barro.


Como vimos, os colonizadores luso-brasileiros aperfeiçoaram o processo indígena de produzir farinha de mandioca, introduzindo a prensa de madeira para prensar a massa e o caititu (cilindro de madeira com uma série de serras de aço paralelas encravadas na madeira, que ao rodar ralava as raízes). 


Os caititus primitivos eram movimentados pela força humana (dois homens fortes, um de cada lado da roda de aviamento, tangiam a manivela). 


Depois, apareceram as Bolandeiras (tração animal), motores a explosão (gasolina, querosene, álcool ou gás natural), motores a compressão (óleo diesel) e por último, os motores elétricos. O Museu do Sertão da Fazenda Rancho Verde (Mossoró-RN) possui uma vasta coleção de Bolandeiras, Rodas de Aviamento, Prensas e Caixões de Armazenar Farinha.

Informação do http://blogdomendesemendes.blogspot.com:

O Museu do Sertão na "Fazenda Rancho Verde" em Mossoró não pertence a nenhum órgão público, é de propriedade do seu criador professor Benedito Vasconcelos Mendes.

Quando vier à Mossoró procure visitá-lo, pois são mais de 5 mil peças para os seus olhos verem.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

28 DE JULHO NA GROTA DE ANGICO NO ESTADO DE SERGIPE

Por Sálvio Siqueira

Bom dia, meus amigos!

A passarada havia emudecido seu canto, os mocós, preás, tatus, pebas e outros animais, procuram suas locas e escondem-se todas as manhãs eles agradeciam os primeiros raios de sol em seu habitat nas encostas ao longo do riacho angicos, em terras sergipanas. Naquela manhã, 28 de julho de 1938, mudaram tudo, devido ao ensurdecedor barulho de estampidos sequenciais por vários minutos.

Após a volante comandada pelo tenente João Bezerra eliminar o "rei do cangaço", sua "rainha" e mais nove companheiros, corta seus pescoços, deixa seus corpos no leito do riacho e levam suas cabeças para a cidade de piranhas, em solo alagoano.

A notícia da façanha se espalha pelos municípios e estados do país são enviadas várias pessoas para comprovarem o acontecido. Jornalistas, autoridades e outros, chegam a grota que serve de sepulturas aos corpos sem cabeças para registrarem a macabra cena.


Em um registro muito especial, são identificados aqueles que, de certa forma, contribuíram para a realização do ato... identificando os coiteiros Pedro de Cândido e seu irmão Durval Rosa... algumas pessoas usam lenços, na tentativa de amenizar o forte odor exalado pelos corpos em estado de putrefação... todos acompanhados por uma volante, também vemos utensílios usados para transportarem a cal e/ou a creolina, que com certeza, foram lançadas em cima dos corpos para diminuir a fedentina.

Dr Rubens Antonio, o qual chamo de "o mago dos pincéis", faz um excelente trabalho de colorização digitalizada na imagem da cena macabra, trazendo-nos a imagem o mais próximo possível da realidade, na época.

Estirado no duro solo pedregoso do riacho angico, encontra-se o corpo sem cabeça daquele que, um dia, fora o terror dos sertões nordestino.

Também levamos aos amigos, parte da entrevista dada pelo comandante da volante ao jornal "A Noite", na época do ocorrido.

Fonte: facebook

http://blogdomendesemendes.blogspot.com