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sábado, 12 de setembro de 2015

ESCRITOR GILMAR TEIXEIRA PÕE NO MERCADO LIVRO COM O TÍTULO "PIRANHAS NO TEMPO DO CANGAÇO"


Dia 27 de julho de 2015, na cidade de Piranhas, no Estado de Alagoas, no "CARIRI CANGAÇO PIRANHAS 2015", aconteceu o lançamento do mais novo livro do escritor e pesquisador do cangaço Gilmar Teixeira, com o título: "PIRANHAS NO TEMPO DO CANGAÇO".

Um excelente trabalho. Eu o recomendo, pois já o li. O autor me presenteou com um exemplar

Para adquiri-lo entre em contato com o autor através deste e-mail: 

gilmar.ts@hotmail.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O MATADOR DE "CORISCO"

Por Sálvio Siqueira
 Subgrupo de cangaceiros comandados por Zé Sereno e Mané Moreno

... um certo acontecimento na localidade de Pia Nova, deixa familiares e vizinhos com uma profunda tristeza. Acontece que um grupo de cangaceiros assassinam sogro e genro numa ação de monstruosa criminalidade.

São executados o pai de João Torquato, José Torquato, e seu cunhado Firmino. Daí por diante a angustia, tristeza e revolta corroem o íntimo do jovem que tinha muitos planos para a vida. O sofrimento interno o faz perder toda e qualquer perspectiva de vida futura. Cabisbaixo, vendo a todo instante a imagem do pai naquele ataúde, sendo colocado dentro daquele buraco profundo... seu último adeus. Quando as lembranças da sua voz, do seu jeito, da cor do seu rosto, da maciez de seus cabelos quando, com muito amor e respeito afagava, a angustia aumenta por saber que o perdera sem motivo. Não fora um chamado de Deus. Anteciparam sua 'viagem' simplesmente por maldade. Um bando de proscritos, não só mataram seu 'véio' e seu cunhado, mas, sua alegria, esperança e sensatez.

Toda a vizinhança ficou comovida com os assassinatos do sogro e do genro naquele recanto de terra esquecido pelas autoridades. Aos poucos, um sentimento turvo, mesquinho, chegando a sentir o cheiro do sangue que havia de ser derramado, invade e toma por completo o corpo, a mente e a alma do jovem João Torquato. Virou uma obsessão vingar seu querido genitor.

Sua índole nunca fora de bandido, mesmo tendo os 'porquês'...com as razões maiores que poderia ter, não entrara nas fileiras das veredas dos fora- da - lei. Entrou para a Força Policial que dava combate aquelas feras humanas que lhe tiraram o prazer de pedir sua bênção e escutar uma resposta trazida pelas ondas sonoras geradas nas cordas vocais da garganta de seu pai.

Após entrar nas Forças Especiais, as Volantes, seu pensamento não muda nem um pouco. Continua na busca dos assassinos que mataram seu pai. Tem vários comandantes, famosos na História do Fenômeno Cangaço.

Em determinado dia, estando com o companheiro de farda Chico Amaral, veem um bando de cangaceiros. Procura, no local, um lugar adequado para enfrentar aquele grupo de bandidos. No início da 'peleja', seu parceiro se acovarda e corre, ficando só na empreitada contra os bandoleiros.


O valente João Torquato - lampiaoaceso.blogspot.com

João, vislumbrando, dentre os componentes daquele grupo, um homem muito forte, de corpanzil avantajado, que caminha a frente dos outros, de imediato vem na mente que seria o famoso bandoleiro Corisco. Então Torquato atira de ponto. Acerta em cheio aquele corpo enorme, levando-o ao seco solo sertanejo sem vida. No entanto, não se tratava do subchefe Corisco e sim do cangaceiro Guerreiro que vinha na vanguarda do grupo. Talvez como batedor por ordens do chefe. Continuando o embate, ao som do disparo, os outros cabras jogam-se por terra a fim de protegerem-se. João Torquato segura, já sozinho, o fogo. Sua posição era privilegiada, com bons anteparos naturais evitando assim, ser atingido pelas balas inimigas.


O cangaceiro Corisco - lampiaoaceso.blogspot.com

Prosseguem-se os disparos, acompanhados de frases fortes em desafios de ambos os lados. Corisco, com pouca munição, quer evitar a continuação do combate, mas, ao virar-se para adentrar na mata, escuta a voz desafiadora de João. Ora, nunca tinha corrido com medo de ninguém, por que correria daquele 'macaco'? Mas de maneira alguma. João, dosando seus disparos, consegue manter a turba distante. De repente nota um vulto movendo-se sorrateiramente, se arrastando mesmo, na direção de um de seus flancos. Se atingisse, o cangaceiro, seu  objetivo, deixaria ele em maus lençóis, pois teria que defender duas frentes ao mesmo tempo. Sabedor do perigo, faz mira, prende a respiração e faz fogo. Atingido, o bandido grita de dor e fica contorcendo-se. Vendo que seu tiro não fora fatal, protegido, chega-se para junto do bandoleiro e desfere-lhe vários golpes com o coice do mosquetão, terminando de dar cabo daquele inimigo.

Volta sua atenção para o restante do grupo, que havia tido duas baixas, Guerreiro e Rouxinho, esse último, apenas um garoto, mas, tão fatal quanto qualquer outro de seus companheiros. Ver Corisco se afastando e começa a dizer que não fuja, que fique para continuarem lutando. Como sempre, Corisco, no reflexo dos valentes, gira o corpo na intenção de atirar na direção que vinha aquela voz que tanto incomodava-o. Nesse instante, o valente volante atira. O projétil da sua arma vai de encontra ao braço direito do chefe cangaceiro. Encontrando pouco obstáculo, a bala prossegue seu caminho e atinge o outro membro superior do "Diabo Louro".


A sua companheira, a cangaceira Dadá, vira uma fera. Torna-se em um obstáculo para que o volante termine com a vida de Christino Gomes. Ela saca de sua pistola e dispara todos os projéteis na direção do soldado João Torquato. Acabam-se as balas... não há tempo nem como recarregar o carregado. Dadá agacha-se e 'cata' algumas pedras. Começa a atacar o volante arremessando pedras... o volante faz mira e aperta o gatilho, clic, também está descarregado. Rapidamente leva a mão no bornal a procura de mais balas. Encontrando-as, recarrega sua arma e quando faz pontaria, sente uma dor horrível na mão. Seus companheiros chegam e o confundem com um cangaceiro. Então atiram, acertando sua mão.

No instante que se acabam as pedras colhidas e arremessadas, Dadá volta-se na direção de Christino e o empurra para dentro da mata. Saindo rapidamente da linha de tiro.

Para mim, nesse momento deu-se fim o Cangaceiro Corisco. As sequelas desses ferimentos não deixam mais o valente alagoano combater, lutar com armas de fogo e/ou brancas. Termina, no instante em que a bala da arma do soldado volante, João Torquato, atinge seus braços, a trajetória de um cruel assassino. Daí para frente, Christino segue com suas sequelas.

Dadá, a companheira 'viúva' do cangaceiro Corisco, faz curativos nos ferimentos de Christino. A mesma relata que teve que fazer desbridamento nos tecidos necrosados. Não sabia como ele nada dizia, nem gemia, quando a pequena lâmina, cortava sua carne para o pus, junto com sangue, acumulados, pudessem sair.

Seguindo em frente, Christino tornasse um bêbado, sem autoridade para seus cabras. Aquele que causava medo, terror mesmo, ficara morto, no pé daquela laje, pelas balas da arma de João Torquato. A 'viúva' Dadá, tomou as rédeas do grupo. Impôs e ordenou. Na tolda, Sérgia cuidava com carinho e dava amor a Christino. No acampamento, Dadá ordena, grita, torce e distorce, os poucos cangaceiros que permaneceram no grupo.

Os jornais, naquela época, noticiam que Corisco iria se entregar. Christino Gomes ainda cogita uma entrega com autoridades, mas, a 'viúva' Dadá, não permite que ele se entregue. Como? Impossível, pois perdera seu cangaceiro há algum tempo atrás e, de maneira alguma, iria permitir que Christino tomasse o lugar de Corisco na História.

O jovem Christino Gomes morto - Grupo LCN


Pouco tempo depois, uma volante, comandada pelo tenente Zé Rufino, quase no ocaso de uma tarde de um dia, já se notando as primeiras sombras da noite, as quais trazem sempre os espectros daqueles que foram vítimas, tanto pelos cangaceiros como pelas volantes, quase no final do mês dedicado a Maria, mata o jovem de 38 anos, Christino Gomes da Silva Cleto.

OFÍCIO DAS ESPINGARDAS MEMORIAL CANGAÇO

http://oficiodasespingardas.blogspot.com.br/2015/09/o-matador-de-corisco-por-salvio.html?spref=fb

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LIVROS DO ESCRITOR GILMAR TEIXEIRA


Dia 27 de julho de 2015, na cidade de Piranhas, no Estado de Alagoas, no "CARIRI CANGAÇO PIRANHAS 2015", aconteceu o lançamento do mais novo livro do escritor e pesquisador do cangaço Gilmar Teixeira, com o título: "PIRANHAS NO TEMPO DO CANGAÇO". 

Para adquiri-lo entre em contato com o autor através deste e-mail:

gilmar.ts@hotmail.com


SERVIÇO – Livro: Quem Matou Delmiro Gouveia?
Autor: Gilmar Teixeira
Edição do autor
152 págs.
Contato para aquisição

gilmar.ts@hotmail.com
Valor: R$ 30,00 + R$ 5,00 (Frete simples)
Total R$ 35,00

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LIVRO "CASO CARLINHOS, UMA HISTÓRIA QUE NÃO TERMINOU". VIVO OU MORTO?

Por Carlos Henrique Silva Pontes


Um abraço, bom fim de semana.....
Carlos Henrique Pontes
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"Mas, e quanto ao passado?

Qual o destino da criança sequestrada em Laranjeiras, em 1973? Onde estaria?
Teve futuro?

Lembrei que o cantor Fernando Mendes, com a música “Meu Pequeno Amigo”, à
época censurada, falava assim do caso:

“(...) Digam pra mim, digam pra mim onde está
E o que foi que fizeram
Com o meu pequeno amigo”.

Teria eu a oportunidade de ter um não mais um pequeno amigo, mas um grande amigo, seja quem fosse? Sonho ou realidade? Onde mora a verdade?

(Trecho do livro "Caso Carlinhos, uma história que não terminou". Conheça o projeto em www.bookstart.com.br/casocarlinhos).

Enviado pelo autor Carlos Henrique Silva Pontes

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“O FIM DE VIRGULINO LAMPIÃO” O que disseram os JORNAIS SERGIPANOS


O livro “O FIM DE VIRGULINO LAMPIÃO” O que disseram os JORNAIS SERGIPANOS custa:
30,00 reais, com frete incluso.

Como adquiri-lo:
Antonio Corrêa Sobrinho
Agência: 4775-9
Conta corrente do Banco do Brasil:
N°. 13.780-4

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MANOEL VICTOR OU MANOEL VICTOR MARTINS


. Ingressou no cangaço no ano de 1926. Nesse mesmo ano agrediu dois sobrinhos do Coronel Ângelo da Gia.

. Chegou a executar várias missões por ordem de Lampião, na região de Tacaratu/PE.

. Participou da batalha da Serra Grande em 26 de novembro de 1926.

. Foi morto em junho de 1937, no Sítio Brejinho, município de Tacaratu/PE, pela Volante comandada pelo Tenente Arlindo Rocha.

. Seu cadáver foi exposto por todas as vilas e cidades da região, com o objetivo de "servir de exemplo".

Fonte: Livro "CANGACEIROS DE LAMPIÃO DE A À Z" de Bismarck Martins de Oliveira.

Transcrito por: Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)

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A CRUZ DO SOLDADO "ADRIÃO" na Grota do Angico ( local da morte de Lampião e mais 10 cangaceiros )


A CRUZ DO SOLDADO "ADRIÃO" na Grota do Angico (local da morte de Lampião e mais 10 cangaceiros).

Numa iniciativa de alguns estudiosos do cangaço capitaneado pelo escritor 
Antonio Vilela, João De Sousa Lima e outros, foi colocado em março de 2012, na aludida Grota, UMA CRUZ homenageando o bravo soldado que pereceu no combate realizado em 28-07-1938. Bela iniciativa, e, que merece, aplausos.

Foto: Edson Barreto


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SE VOCÊ SENTISSE NO SEU CORAÇÃO O QUE EU SINTO NO MEU, VOCÊ NUNCA RIRIA AO ME VER, CHORARIA COMIGO

Por José Mendes Pereira

O ser humano é cheio de erros. Uns erram pouco. Outros erram muito. Outros erram o pouco e o muito. Mas por que nós erramos tanto? Algumas vezes, erramos por não querermos acertar, e deixamos que as coisas aconteçam.

Este é o meu neto João Victor que nós, pais, avós, tios, primos tanto amamos. Não levou sorte ao nascer, irresponsável médico não cuidou de fazer a cesariana, e tentou esperar que o parto acontecesse normalmente, e foi aí que tudo deu errado. E o que aconteceu, é que meu netinho nada devia, porque ainda não conhecia o mundo, irá pagar por outro, o que não fez de errado na vida, e vejo os outros meus netinhos todos andando normalmente, só ele não teve a sorte de nascer perfeito. Não anda, não diz tudo que quer dizer, apenas algumas palavrinhas monossílabas, mas com muita dificuldade, e tudo que ele faz, é com os pezinhos, as mãos não têm coordenação motora. 


O sonho de João Victor é ser bombeiro. Nas comemorações ele desfila no carro dos bombeiros de Mossoró, vertido com o uniforme de bombeiro

Vive sobre uma cadeira de rodas, mas o que ainda nos faz esquecer um pouco o erro de outro, é que ele é muito inteligente, e está na 7ª. série ginasial, e gosta de viver entre os seus parentes e amigos.

Fiz na minha casa uma espécie de engenhoca para que ele tente sempre, pelos menos, desajeitado, andar sozinho, mas ainda não foi possível. E o mais que me dói, é quando ele me diz: "- Voooô, aaandar!". Isso me dói tanto, sabendo que ele, apesar dos 12 anos vividos, parece que ainda não sabe, que eu não sei fazer ele andar. Ah, se eu soubesse fazer meu netinho andar, pois ele estaria comigo, andando e conversando junto com os meus outros 6 netinhos!



O sonho de João Victor é ser bombeiro. Nas comemorações ele desfila no carro dos bombeiros de Mossoró, vertido com o uniforme de bombeiro

Com ele, a mãe e eu frequentamos a Igreja Mundial do Poder de Deus em Mossoró, para ver se havia uma solução, um fio de esperança, que com a continuação dos dias, ele desse umas passadas admiradoras, mas, o que mais me deixou chateado, o pastor nem foi até à sua cadeira, para dar um tiquinho de esperança. Isso me doeu tanto, tanto, tanto, e vi que o reino de Deus não fica onde o dinheiro reina.

Se você soubesse as noites de sono que eu perco, só me lembrando e me perguntando: - Qual será o futuro do meu netinho? Será que um dia ele irá ser beneficiado pelas células troncos? Ou será que Deus mesmo, diante do seu poder, fará o João Victor e outros e outros tantos andarem, falarem normalmente como todos nós?

Sei que você pensa que eu não me lembro do meu netinho, mas se engana. Quando você me ver em um canto, solitário, olhando para o mundo, mas com alvo certo, lembre-se que eu estou me lembrando do meu netinho João Victor, pensando no seu futuro, ou pensando em uma visita de Deus para fazê-lo andar. Vem Deus, fazer o meu João Victor e outros tantos andarem!

Se você sentisse no seu coração o que eu sinto no meu, você nunca riria ao me ver, choraria comigo.

Minhas simples histórias

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.

Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo:

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O FAMOSO NAZARENO "Cel. MANOEL NETO" (Série grandes artigos) SINOPSE DA VIDA DESSE BRAVO POLICIAL NAZARENO – PARTE I


Antônio Mendes de Sá morava na beira do rio São Francisco quando, em 1865, viu-se envolvido na intriga que se chamou de questão do Sabiucá (v. Gomes de Sá, N 12). Acabou sangrado, depois que foi arrancado para fora da prisão, pelos inimigos. Dos seus filhos, Ana (Aninha “Braba”) casou-se com Cazuzinha “do Roque” (MOM, B 9) e lhe deu a neta Maria.

Maria casou-se com Gregório Nogueira do Nascimento, conhecido por Gregório Flor por ser filho de Florência Filismina de Sá (Flor) e de Manoel de Souza Ferraz (Manezinho - JSF, Tn 18). O casal deixou oito filhos: Auta, Amerina e Filomena; Alonso, Afonso, Ancilon, Arconso de Souza Ferraz e Manuel de Souza Neto.

Manuel de Souza Neto nasceu nas terras da antiga fazenda Algodões, município de Floresta, no dia 1º de novembro de 1901. Cresceu ao lado dos parentes, os “nazarezistas”. Ao lado deles, se engajaria numa luta ingrata, dura, heróica. Virgulino Ferreira da Silva - o futuro Lampião - ali chegara muito cedo, instalando-se com a família na fazenda Poço do Negro, nas imediações de Nazaré, e logo se indispôs com os filhos da terra, fazendo uma história já conhecida e que levou luto a muita gente da região.

Em 1921, o primeiro filho de Nazaré seguiu com destino ao Recife para ingressar na polícia: Arconso de Souza Ferraz deixou seu emprego em loja para se tornar militar. Outros seguiriam seus passos.

Diz Marilourdes Ferraz (O Canto do Acauã, p. 141) que, em 1922, “Manuel de Souza Neto partiu da casa do seu tio João Flor, ao lado do comerciante Adão Feitosa, para Rio Branco (atual Arcoverde), a fim de comercializar peles de bode. A viagem foi extenuante, feita a pé e parte a cavalo mas, ainda assim, por iniciativa própria, prolongou seu itinerário até a capital para efetuar alistamento, seguindo o exemplo do seu irmão Arconso.”

Estava destinado a ser um dos mais valorosos combatentes do cangaço. Com 21 anos de idade incompletos, engajava-se com coragem numa luta que duraria pelo menos 16 anos. E logo se destacaria por sua bravura.

Em janeiro de 1924, Manuel Neto foi um dos soldados que mais se fizeram notar, sob o comando do sargento Higino José Belarmino, nas lutas travadas contra o grupo de Lampião e em defesa de Clementino Quelé, que vira seu distrito de Santa Cruz, em Triunfo, ser atacado violentamente. No dia 5, o jovem soldado avançou correndo de Triunfo até aquele local, onde Virgulino procurava liquidar o antigo companheiro Quelé. Seis dias depois (dia 11), entrava novamente em choque com o grupo de bandidos, forçando-os a deixar o Estado de Pernambuco e fugir para a Paraíba.

Um ano depois (fevereiro), ao lado de uma força volante composta de civis, procurava descobrir o paradeiro de Lampião. Tomara conhecimento da presença do bando na região de Betânia. Encontrou a força sob o comando do sargento José Leal, seguindo todos na direção da Cachoeira dos Galdinos. Ali estavam os cangaceiros. A força se compunha de pouco mais de vinte homens; os bandidos, trinta e tantos. Avistados os cangaceiros, foram descobertos, iniciando-se o tiroteio. Batalha duríssima, com resistência tenaz. No auge da luta, o sargento José Leal e o soldado João Preto abandonaram o campo da luta. Manuel Neto assumiu, nessa ocasião, pela primeira vez - segundo João Gomes de Lira -, um comando na campanha contra o banditismo.

Ao seu lado, secundando-o, os primos Euclides e Manoel Flor. A luta durou cerca de três horas, terminando com a fuga dos bandidos que levaram um morto e três feridos. A força nada sofreu.

Foi nesse ano de 1925 que Manuel Neto foi promovido a anspeçada. Junto com Manoel Teotônio, no lugar Malhada do Boi - entre Betânia e São Caetano (Navio) -, eliminara o cangaceiro Luiz Cazuza.

Em junho ou julho de 1925, o anspeçada, ao lado, entre outros, dos parentes David Gomes Jurubeba, Hercílio de Souza Nogueira, Antônio Capistrano de Souza e João Domingos Ferraz, sob o comando do tenente Higino, partiu em reforço à força paraibana que lutava, quase sem munição, contra o grupo de Lampião no lugar Tenório. Já se brigava havia várias horas. Com os tiros disparados pelos pernambucanos, os bandidos correram. Diz Marilourdes Ferraz que aí tombou morto Levino Ferreira. Frederico Maciel (Lampião, seu tempo e seu reinado, v. II, p. 171), entretanto, diz que o irmão de Lampião morreu num tiroteio da véspera, na Baixa do Juá, atingido por um tiro do soldado José Inácio Morais.

O COMBATE DA CARAÍBA:

Era o dia 4 de fevereiro de 1926. As forças sob o comando de Higino Belarmino seguiam a pista de Lampião que, da fazenda Volta, no Navio, município de Floresta, escrevera diversas cartas pedindo dinheiro a moradores da região.

Daí seguiu e, na Caraíba, sabendo que a força vinha em sua perseguição, montou uma grande emboscada com seus 35 a 40 homens. Distribuiu estrategicamente os companheiros, conforme conta Manoel Flor (O Canto do Acauã, p. 213):

“Os cangaceiros estavam bem apoiados em lugares seguros e distribuídos vantajosamente, dispostos em três posições. O primeiro grupo de adversários estava à margem esquerda do riacho, num serrote; o segundo, à frente do primeiro, na margem oposta, apoiado na ribanceira do riacho; o terceiro, em barrancos e valetas naturais”.

A posição permitia que a força fosse alvejada com três frentes de fogo e os bandidos, situados nos barrancos e ribanceiras, “apesar de estarem entre o fogo dos companheiros e da força, não eram atingidos pois sua posição os resguardava bem.”

A força de 34 ou 35 homens foi colhida de surpresa. Seguiu-se um dos mais ferozes combates travados em toda história do banditismo nordestino. Os mais traquejados, acostumados a liderar tropas, tomaram decisões individualmente. Manuel Neto seguiu pelo lado esquerdo, em busca dos cangaceiros entrincheirados no serrote.

Aproximou-se de tal forma que teve o braço direito varado por uma bala dos bandidos. Escapou “quase milagrosamente com seus homens, apesar de servir como alvo para os bandidos do primeiro e do segundo grupos”. Foi retirado para Betânia pelos companheiros Pedro Tomás de Souza Nogueira, João Jurubeba de Sá Nogueira, soldado Jacobina e outros.

Vendo Manuel Neto ferido, os bandidos saltaram para fora das trincheiras dispostos a eliminar o inimigo. Foram várias vezes bravamente repelidos.

Conta João Gomes de Lira (Lampião: Memórias de um soldado de volante, p. 249) que, em Betânia (então distrito de Floresta), “por não existir medicamento nem farmacêutico, foi Manuel Neto medicado pelo curandeiro Manoel Jerônimo (v. MOM, B 86). Contudo, Manuel Neto ainda criou bicho no ferimento. Ele mesmo puxava as filapas (sic) de osso do ferimento.”

Dias depois, foi transportado de Betânia para Flores, onde submeteu-se a rigoroso tratamento.

O combate da Caraíba durou cerca de 7 horas e a tropa enfrentou desesperada os bandidos. Conta Lira que Higino, já baleado e vendo a falta de ânimo da força, procurou retirar-se da linha de fogo. David Gomes Jurubeba, vendo isso, teria gritado:

- “Tenente Higino, não abandone a tropa. Seja homem que eu sou homem e só sou comandado por homem. Bota galão no ombro quem é homem. Não tente retirar-se da linha de frente. Se isto fizer, atiro-lhe pelas costas!”

Higino - um dos mais bravos oficiais que se engajaram na luta contra o banditismo -, mesmo ferido, teria respondido:

- “David, agora se morre até o último homem mas não se corre. Vamos agora morrer todos, como homens, no campo da luta!”

No cair da tarde, Lampião retirou-se. Perdera cinco homens; a força três: os soldados Aristides Panta da Silva, Benedito Bezerra de Vasconcelos e Antônio Benedito Mendes. Foram feridos, além do anspeçada Manuel Neto e tenente Higino, o rastejador Antônio Joaquim dos Santos (Batoque), com a perna fraturada, Altino Gomes de Sá (v. GS, Tn 196), João Pereira dos Santos, João Pinheiro Costa e João Cavalcanti (mais tarde morto no combate de Maranduba/SE).

A CHACINA DA TAPERA:

Horácio Cavalcanti de Albuquerque, filho de Manoel Cavalcanti de Albuquerque (Dé - AFN, Ttn 84), nasceu em 23.08.1891. Foi, na vila de Floresta, aluno do velho professor Trindade, em 1901. Fortunato de Sá Gominho (Siato), seu colega de escola, recordou: “tivemos a oportunidade de nos submeter por mais de uma vez às boas sabatinas, com perguntas e respostas recíprocas e com palmatórias em nossas mãos, nos dias de sexta-feira. Enquanto eu, felizmente, sempre consegui sair das mesmas vitorioso, plenamente livre da palmatória indesejável, Horácio tinha grandes e boas mãos que bem suportavam a ação da festejada palmatória”.

Membro de uma das mais tradicionais, ilustres e honradas famílias de Floresta, Horácio foi, entretanto, uma ovelha desgarrada.

Denunciado como implicado em furtos de animais, foi, segundo Billy Jaynes Chandler (Lampião, o rei dos cangaceiros, p. 92), “condenado ‘in absentia’, no meado de 1925”. Passou a integrar o grupo de Lampião.

Diz Chandler: “Este acontecimento iria trazer terríveis conseqüências para a família Gilo, de Floresta, pois um de seus membros, Manoel, estava entre os que tinham acusado Horácio de roubo de cavalos. Pouco antes do seu julgamento, Horácio e 2 cangaceiros apareceram uma madrugada na fazenda Tapera, em Floresta, onde moravam os Gilo, e, depois de acordar todos que lá estavam, procuraram por Manoel por toda a casa, dizendo que iam matá-lo. Não o encontrando, ameaçaram matar seu pai, Donato, mas foram embora sem o fazer.”

Horácio tramou então uma das mais sangrentas chacinas verificadas naqueles tempos. É ainda Billy Chandler quem diz que chegou às mãos de Lampião uma carta, feita “como se fosse pelos Gilo, mas escrita pela mulher de Horácio”. Não só insultava como punha em dúvida a coragem do bandido. Aquilo era demais para Virgulino.

Sentindo-se ameaçado, Manoel de Gilo, temeroso, levou sua inquietação ao conhecimento do capitão Muniz de Farias, comandante de uma grande força volante estacionada em Floresta. Esclarece João Gomes de Lira (obra citada, p. 317) que o capitão aconselhou a Manoel de Gilo, “junto a toda a família, armarem-se na fazenda Tapera e aguardarem a vinda dos bandidos.” Assim, no momento de um ataque, “podia ficar Manoel de Gilo despreocupado, pois a Força daria retaguarda.” E Manoel voltou tranqüilo a sua fazenda.

Na madrugada de um sábado, dia 28 de agosto de 1926 (alguns autores, erradamente, indicam esse dia como sendo 26 de agosto), ainda turva a noite, “a barra ainda longe”, Lampião iniciou a execução do seu plano para massacrar os moradores da Tapera. Ao seu lado, Horácio Cavalcanti de Albuquerque. Batem à porta dos vizinhos de Gilo, prendendo todos.

Amarradas as mãos atrás das costas, foram conduzidos a uma quixabeira que ficava perto da casa, sendo ali vigiados severamente.


CONTINUREMOS AMANHÃ...

Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta

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