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domingo, 30 de agosto de 2015

DOIS FILHOS DOS CANGACEIROS MORENO E DURVALINA

Neli Conceição e Preto, ambos filhos dos cangaceiros Moreno e Durvalina

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HISTÓRIA DE PADRE CÍCERO


Padre Cícero nasceu em Crato, uma cidadezinha no Estado do Ceará. A data de nascimento foi dia 24 de março de 1844. Filho de Joaquim Batista e Joaquina Romana, que era conhecida por todos como “Dona Quinô”. Em seu sexto aniversário, Cícero começou a estudar. Já com 12 anos, fez voto de castidade, influenciado pela leitura da vida de São Francisco de Sales.

Em 1860, aos 16 anos, Cícero foi estudar em Cajazeiras, Paraíba, onde ficou apenas dois anos, pois seu pai faleceu em 1862. Isso o obrigou a parar de estudar e voltar para ajudar sua mãe e suas duas irmãs solteiras. A perda do pai trouxe graves problemas financeiros à família. Em 1865, aos 21 anos, entrou no seminário em Fortaleza.

Padre Cícero foi ordenado no dia 30 de novembro de 1870, com 26 anos. Voltou para Crato, à espera de uma paróquia para liderar. Nesse tempo, lecionou Latim no Colégio local.

A mudança de Padre Cícero para Juazeiro

No Natal de 1871, aos 28 anos, Padre Cícero conheceu o povoado de Juazeiro. Ele gostou tanto do povo de lá que dali a alguns meses, em 11 de abril de 1872, ele voltou para ficar, acompanhado de sua família.

Vários biógrafos afirmam que Padre Cícero mudou-se para Juazeiro por causa de um sonho onde viu Jesus Cristo e os doze apóstolos. De repente, uma multidão de pessoas carregando seus pobres pertences invadiu o local. Então, Jesus virou-se e disse: “E você, Padre Cícero, tome conta deles!”  Pe. Cícero obedeceu sem pestanejar.

Apostolado

O lugarejo tinha umas poucas casas de taipa e uma capelinha de Nossa Senhora das Dores, Padroeira de Juazeiro. Padre Cícero reformou a capela e depois, começou um intenso e trabalho pastoral através da pregação, do aconselhamento, das confissões e das visitas domiciliares. Por isso, ele logo ganhou a simpatia do povo, tornando-se uma grande liderança na comunidade.

Padre Cícero moralizou os costumes do povo, acabou com os excessos de bebedeira e a prostituição que havia em Juazeiro. O trabalho cresceu. Por isso, Cícero recrutou mulheres solteiras e viúvas e organizou uma irmandade leiga, formada por beatas, sob sua inteira autoridade, para auxiliá-lo no trabalho pastoral.

Padre Cícero milagreiro

No dia 1 de março de 1889, um fato mudaria a vida de Padre Cícero para sempre, bem como a rotina de Juazeiro. Naquele dia, quando a beata Maria de Araújo recebeu a comunhão das mãos do Padre Cícero, a hóstia consagrada se transformou em sangue na boca da beata. O fenômeno aconteceu outras vezes. Por isso, o povo entendeu que se tratava de um novo derramamento do sangue de Jesus Cristo.

Diferentes visões Igreja

Prudente, Padre Cícero pediu que dois médicos e um farmacêutico estudassem o caso. Estes acompanharam o fenômeno, estudaram, analisaram e assinaram atestados afirmando que o fato era inexplicável à luz da ciência.

O atestado reforçou a fé no milagre. Começaram, então, as peregrinações para Juazeiro. O povo queria ver a beata e adorar os panos manchados de sangue. O bispo de Fortaleza chamou Padre Cícero para esclarecimentos. Depois mandou que os fatos fossem investigados oficialmente.

A Comissão nomeada pelo bispo foi a Juazeiro, assistiu às transformações, examinou a beata, ouviu testemunhas e concluiu que o fato era realmente de origem divina. Mas o bispo, influenciado por clérigos que rejeitavam a ideia de milagre, nomeou outra Comissão, que foi a Juazeiro, convocou a beata, deu a comunhão a ela e nada de extraordinário aconteceu. Então, foi concluído que não houve milagre.

O Padre Cícero, o povo e todos os padres que acreditavam no milagre protestaram. Isso foi visto como desobediência ao bispo. O bispo enviou um relatório à Santa Sé e esta confirmou a decisão do bispo contrária ao milagre. Os padres foram obrigados a se retratarem e Padre Cícero foi suspenso de ordem, acusado de manipulação da fé.

Durante toda a vida Padre Cícero tentou revogar essa pena, mas não conseguiu. Ele até conseguiu uma vitória em Roma, quando lá esteve em 1898. Mas, o bispo não voltou atrás.

A vida política de Padre Cícero

Proibido de celebrar Missas, Padre Cícero entrou na vida política atender aos apelos dos amigos, quando Juazeiro começou a lutar por emancipação política, o que ocorreu em 22 de julho de 1911. Padre Cícero foi nomeado Prefeito do novo município. Além de Prefeito, também foi nomeado Vice-Governador do Ceará, mas nunca ocupou o cargo.

Era muito grande o volume de correspondências que Padre Cícero recebia e mandava. Não deixava nenhuma carta, mesmo pequenos bilhetes, sem resposta, e de tudo guardava cópia.

Encontro com Lampião

Padre Cícero encontrou-se com Lampião em 1926. Aconselhou-o a deixar o cangaço, e nunca lhe deu a patente de Capitão, como foi dito em alguns livros.

Importância de Padre Cícero para a fé de Juazeiro

Padre Cícero é o maior benfeitor e a figura mais importante de Juazeiro. Ele a fez crescer transformando-a na mais importante do interior do Ceará. Os bens que ele recebeu em vida foram doados para a Igreja, principalmente para os salesianos que ele próprio levou para Juazeiro.

Devoção a Padre Cícero

Padre Cícero faleceu no dia 20 de julho de 1934, aos 90 anos. Depois disso, Juazeiro prosperou e a devoção a ele só cresceu. Até hoje, todo ano, no Dia de Finados, uma grande multidão de romeiros, vinda dos mais distantes lugares do Nordeste, vai a Juazeiro para uma visita ao seu túmulo, na Capela do Socorro.

Padre Cícero é uma das figuras mais biografadas do mundo. Sobre ele, existem mais de duzentos livros. Ultimamente sua vida vem sendo estudada por cientistas sociais do Brasil e do Exterior. Não foi canonizado pela Igreja, porém é tido como santo por sua imensa legião de fiéis espalhados pelo Brasil.

O binômio, oração e trabalho era o seu lema. E Juazeiro é o seu grande e incontestável milagre. Em março de 2001, Padre Cícero foi escolhido O CEARENSE DO SÉCULO.

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O HOMEM DO SERTÃO

Na foto, o sertanejo Pedro da Silva, do Cariri Paraibano (Amparo). Ele está na Tese.

(Trecho da minha Tese de Doutorado, intitulada O Sertão Educa)

Entre os espinhos dos cactos vorazes; sob um sol inclemente, abrasador e causticante; sobre os cascalhos e os tocos pontiagudos; acariciado pelas flores perfumadas, pelas asas de seda das borboletas multicores e pelos cantos dos pássaros; o sertanejo se faz terra e se transforma no imenso corpo do sertão. Envolto de esperança e desilusão, mergulha em si mesmo, procura o equilíbrio da existência diante de uma natureza impiedosa e acolhedora, a qual afeta a sua vida sensível com os movimentos, cores e sons da caatinga. Atordoado pelas contingências dos dias vindouros, reinventa-se a todo instante; adapta-se, constrói relações com os vegetais, minerais e os outros animais; elabora a beleza da expressão artística por meio de uma cultura diversificada e vive na eterna busca de um sentido de convivência compartilhada, numa terra onde os excessos e as faltas fazem parte do cotidiano.

Gilmar Leite Ferreira.

Fonte: facebook
Página: Gilmar Leite

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“O FIM DE VIRGULINO LAMPIÃO” O que disseram os JORNAIS SERGIPANOS


O livro “O FIM DE VIRGULINO LAMPIÃO” O que disseram os JORNAIS SERGIPANOS custa:
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RODOVIA ESTADUAL VIRGULINO FERREIRA DA SILVA


Com aprovação do Projeto de Lei Ordinária N° 1089 em 2005, pela Assembleia Legislativa de Pernambuco, Lampião voltou ao noticiário, como patrono de uma rodovia estadual no Sertão pernambucano, a PE-390, que liga os municípios de Serra Talhada e Floresta. A partir de então, a Rodovia se chama Virgulino Ferreira da Silva. A proposta partiu do deputado estadual Nelson Pereira, do PC do B. A ideia provocou a ira de alguns jornalistas, que na época, chegaram a dizer: Ladrões de carga e assaltantes de ônibus estão felizes com a Rodovia do Diabo, que, na verdade, é uma homenagem que se faz a todos os bandidos. Por outro lado, algumas pessoas acharam oportuna a proposta do deputado em sugerir o nome de Virgulino Ferreira da Silva para batizar a PE-390, trecho que Lampião fez muitas vezes mesmo antes de entrar no cangaço, transportando mercadorias em lombo de burros.

Fonte: facebook
Página: José João Souza

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TÁTICA DE LAMPIÃO - O SILÊNCIO DA MORTE

Por Raul Meneleu Mascarenhas
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Nertan Macêdo em seu livro "LAMPIÃO", traz a narrativa do Coronel Antônio Gurgel, prisioneiro/refém de Lampião, a respeito da sua fuga do Rio Grande do Norte, depois do ataque fracassado à cidade de Mossoró. Relato esse que impressiona pois poderemos ver as táticas de guerrilha que eram aplicadas e a total obediência dos cangaceiros a seu líder.

Onde Lampião aprendeu essas táticas de guerrilha? Onde buscava inspiração para desenvolver essas manobras militares?

Era assim Virgulino Ferreira da Silva. Tinha rasgos de herói e saídas de poltrão. Inteligente e astucioso, era um homem de vocação perdida.

Se aquele talento cru fosse devidamente aproveitado, Lampião poderia ter sido, não simplesmente um bravo vaqueiro do Pajeú ou um amaldiçoado chefe do cangaço, mas poderia ter sido um poeta, músico e artista, qualidades que revelou em seus versos, tocando sanfona, confeccionando belos e artísticos objetos de couro.

Poderia ter sido um bispo católico, ou quem sabe um general brasileiro, pois em seus combates que travou, demonstrou acentuada capacidade de estrategista. Não foram poucas vezes em que empregou planos bem arquitetados e bem executados para enfrentar e desestruturar seus inimigos. Possuía tato e qualidades de comando. Era na verdade um estrategista nato. Até hoje se discute o por que de Lampião ter atacado a cidade de Mossoró. Mas vamos ao relato:

Lampião e seu bando chegavam à fronteira do Ceará. De Cacimba do Boi, lugar conhecido também por Buraco do Gado, Lampião mandou portador a Limoeiro. De volta, o emissário vinha de matula graúda: caixas de charuto, garrafas de vinho quinado, pacotes de biscoito. Não despendera um vintém nas aquisições.

O emissário contou: O povo do Limoeiro está em festas. Vai receber o senhor com grande satisfação. Até já mandaram embora os soldados pra não haver atrapalhação. O recado tocara, fundo, na fibra orgulhosa de Virgulino. Era por Isso que ele gostava do povo do Ceará. Meteu o fura-bolo na cara animada dos comparsas e repetiu a advertência já feita durante o trajeto, quando avistaram os campos do Jaguaribe:

– Daqui pra frente é o Ceará, terra do meu padrinho. Não se rouba e nem se mata! Não quero ver desavença nem safadeza!

Os cabras baixaram os olhos. Os campos do Jaguaribe fumegavam, espichados no mundo. Todos se enfeitaram para a entrada em Limoeiro. Botaram fitas coloridas nos chapéus de couro e nas cartucheiras. No cano e bandoleira dos rifles — as fitas esvoaçavam, sopradas pelo vento quente daquelas planuras lavadas de sol.

Entraram assim em Limoeiro, o chefe na frente, os óculos faiscantes, feliz com a recepção que lhe proporcionavam as autoridades e o povo. Gritos estrugiram na rua.

— Viva o Capitão Virgulino! - Vivá...!

Coqueiro, mais afoito, tirou o chapéu, ergueu-o no ar, o rifle seguro na esquerda, e bradou em resposta:

— Pois viva o govêrno Moreirinha! — Vivá... !

Outro cangaceiro berrou:

— E viva meu padrinho padre Cícero! — Vivá...!

O tempo esquentou debaixo das aclamações. Os vivas se multiplicavam, um nunca acabar de aclamações.

— Viva São Francisco do Canindé!
— Viva São Francisco das Chagas!
— Viva Nossa Senhora da Penha!
— Viva a Mãe das Dores!
— Viva Nossa Senhora da Conceição!
— Viva o Bom Jesus da Lapa!

Eram vivas em cima de vivas, bando e povo dialogando alto, festivamente. No patamar da igreja, o Capitão fez parada. Rezou ao padroeiro da terra e distribuiu esmolas aos mendigos que lhe estendiam as mãos. Comeu, em seguida, banquete regado a vinho e cerveja. Deram-lhe automóvel para passear na cidade. E o coronel Antônio Gurgel ia anotando tudo no seu caderninho.

Padre Vital Guedes, o vigário, animou-se a pedir a Virgulino:

— Capitão, tenho um pedido a lhe fazer...
— Diga, seu padre, que estando na medida dos meus poderes, eu atendo...
— Eu queria que o senhor soltasse os prisioneiros do Rio Grande do Norte.
— Pelo menos um, seu vigário, eu deixo ir embora. Os outros vão comigo, mando soltar depois.

Libertou o preso mais barato, cujo resgate era de apenas dois contos de réis, um rapaz chamado Leite, do Apodi. Padre Vital Guedes ficou muito agradecido pelo gesto. E lá se foi de novo o bandido pelo sertão, tangendo os seus reféns, o coronel Antônio Gurgel, dona Maria José e o velho Joaquim Moreira. Este, por ser malcriado, ia montado num cavalo em pêlo, sem direito a sela.

De Limoeiro, Lampião partiu para a Fazenda Armador, de propriedade de um cearense magro, fanhoso, de voz arrastada, insolente como os seiscentos diabos, de nome João Quincola. A tudo que o Capitão perguntava, João Quincola respondia de má vontade, carregando no cenho e sem despregar o ôlho do chão.

Aí Sabino não se conteve mais:
— Cabra, respeite Lampião, se não vai conhecer no lombo o gosto desta peia,
— e esfregou o relho na cara de Quincola, que se limitou a fungar e responder:
— Não tenho mêdo não, seu Sabino.

Deixando a casa de João Quincola, que ficou de surra prometida por Sabino, o bando foi para o Saco do Garcia. Lampião já sabia que vinham volantes no seu rastro. Esperou-a jogando o 31, balas fazendo às vezes das fichas.

Já cansado de esperar, saiu dali no rumo de Arara, onde chegou um portador, trazendo os vinte contos de réis do resgate do pobre Joaquim. Moreira. O velho começou a dar pulos de contentamento quando viu aproximar-se a hora de ir embora.

Quanto ao memorialista, continuaria arrastado pelo bando, ele e dona Maria José, sofrendo as agruras daquele jornadear inapelável, com as volantes nos calcanhares. Além do mais, era obrigado a comer o molho de pimenta que Sabino, seu companheiro na hora da bóia, fazia questão de preparar e servir ao coronel.

Enquanto isso, a soldadesca rondava. E o Capitão jogando 31 com Sabino, Moreno e Luiz Pedro, seus parceiros de baralho, para os quais, de uma feita, perdeu sete contos que pagou, estrilando e mal-humorado.

Estavam agora no Serrote da Rocha, quando receberam a visita do tenente Pereira, comandante de uma volante cearense. O tenente chegou lascando tiro. Foi aí que o coronel Antônio Gurgel pôde ver, bem de perto, o quanto valiam aqueles guerreiros endemoninhados. O Capitão pulava e rolava no chão como um condenado, no meio da fuzilaria, e não havia bala para roçar-lhe a figura encapetada.

Morreu o meu cavalo e Moreno quase entrega o couro às varas, com o osso do braço à mostra, rasgado por uma bala. Puseram-lhe ali mesmo uma tipóia, envolvendo-lhe o braço num lenço sujo e trataram de abandonar o local da escaramuça, rumando para outros brejos.

Caminharam sem alimento e água até meia-noite. Desvencilhando-se do grupo, um cangaceiro logrou comprar, numa casa, alguns queijos, mastigados às pressas. Calados, esfomeados, os homens do Capitão varavam as trevas da noite.

Afinal, dormiram na margem de um riacho. Quando acordaram, estavam outra vez cercados pela polícia. Novo combate violento, sob vivas ao padre Cícero, rolando, pulando pedra, saltando moita.

De repente, Lampião fez um gesto conhecido do grupo: exigia silêncio absoluto. Não consentia mais gritos e impropérios contra a soldadesca. Queria silêncio, silêncio completo, de morte. Todos obedeceram e o campo ficou mudo. A volante veio avançando, avançando, e quando já estava chegando ao lugar onde Lampião se enfurnara, este se levantou como um gato e bradou:
— Fogo!

Uma fuzilaria intensa rompeu das moitas e os soldados foram caindo no chão, varados pelos cangaceiros. Era assim que o Capitão Virgulino armava as suas arapucas aos destacamentos, no meio do mato.

E sumiu, outra vez, pelos serrotes em garranchados.


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CHIQUINHO RODRIGUES - LASER VÍDEO - ADERBAL NOGUEIRA - Parte 2

https://www.youtube.com/watch?v=NsmvnogGuN8&feature=youtu.be

Publicado em 29 de out de 2010

Parte 2_ Depoimento de Chiquinho Rodrigues, um dos defensores da cidade de Piranhas durante o ataque de Corisco e Gato, por conta da prisão da cangaceira Inacinha.

Os cangaceiros Inacinha e Gato

Depoimento gravado em 1998 pelo cineasta e pesquisador do cangaço Aderbal Nogueira da Laser Vídeo.

2ª Fonte: facebook

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FIM DO CANGAÇO: AS ENTREGAS

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VEJAM COMO FOI A PRIMEIRA VISITA DE LAMPIÃO A POÇO REDONDO, POVOADO DE PORTO DA FOLHA-SE. - Parte 02


Diante de tão boa notícia, o rosto austero do Capitão Virgulino se alargou:

– Mais qui dia de sorte é esse, seu China! Fais tempo qui eu nun vejo um pade! E cadê ele?

– Tá durmino...

– Durmino ainda a estas hora? Apois vamo acordá ele, seu China!

China e sua mulher trocaram um olhar apreensivo. O padre Artur era notório pelo seu gênio forte, de homem destemido, acostumado a dar ordens e ser obedecido pelos matutos daquelas brenhas. Era capaz de querer dar um esbregue também no Capitão.

– Marieta – disse China, tentando desviar o assunto –, vá prepará um armoço reforçado pros nossos amigo.

Lampião deixou que a mulher fosse se desincumbir daquela providência, pois a lembrança do almoço era uma boa ideia, mas não esqueceu o assunto:

– Seu China, vamo acordá o pade. Daqui a pouco nóis vai simbora, e eu priciso sabê qui hora vai sê as reza.

Não tendo outra saída, China foi até o aposento onde o vigário estava dormindo. Lampião seguiu atrás. E foi o próprio cangaceiro quem chamou, com voz firme, mas respeitosa:

– Seu pade? Ô seu pade? Acorde, home, se alevante, tá na hora do café!...

Supondo que era China quem chamava, o vigário, que já estava acordado, respondeu, pachorrento:

– Já vou, China, já vou. Me desculpe. Eu estava muito cansado da viagem. Já estou velho. Não aguento mais andar a cavalo. Mas dormi bem, graças a Deus.

– Quem tá falano aqui nun é China não, seu vigaro – explicou o cangaceiro. – Aqui quem fala é o Capitão Virgulino Ferreira da Silva, vurgo Lampião!

O padre Artur, lá de dentro, acabando de vestir-se, admoestou:

– Que brincadeira é essa, China? Como é que você fala no nome daquele malfeitor, se comparando com um criminoso tão miserável?

Lampião não ligou para o insulto e continuou o diálogo:

– Nun se apuquente não, seu vigaro, mais quem tá falano é Lampião mermo, im carne e osso...

O padre Artur Passos nem respondeu, abriu a porta, já aborrecido com aquela brincadeira estranha do seu anfitrião, que nunca tinha sido de muitas intimidades, e, quando levantou os olhos, deu de cara com um homem de altura mediana, queimado de sol, usando um chapéu de couro cheio de espelhos, calçado de alpercatas de sola, com uma calça meio curta, mostrando as canelas longas e finas. Ao lado dele estava China, embasbacado, encolhido, e atrás dele dona Marieta, que segurava o braço do marido, como se nele pudesse encontrar alguma proteção. Foi ela quem quebrou o silêncio, explicando, como se fizesse as apresentações:

– Pade Artu, este home chegou aqui agora mermo, dizeno qui é Lampião, mais garante qui é de pais e nun vai matratá ninguém...

– De paz o quê, dona Marieta?! – respondeu o padre Artur, cônscio do que estava acontecendo, pois já tinha ouvido falar que Lampião havia fugido de Pernambuco –. A senhora já viu criminoso de paz? Seja ou não seja Lampião, um miserável deste está querendo é desgraçar com todo mundo!

Virgulino explicou, sem perder a calma:

– Seu vigaro, a muié de seu China falou certo. Eu tou pur aqui de passage, sou de pais, nun vou fazê má a ninguém, nun tenho inimigo aqui, e nun vou matratá quem nun é meu inimigo. O sinhô vai rezá missa?

– Por que você quer saber se eu vou ou não rezar missa? – perguntou o padre. – Isso é de sua conta?

– É qui se fô tê missa eu quiria assisti.

– Você endoideceu, foi? – exasperou-se o sacerdote. – Pois fique sabendo que um bandido como você, que vive matando e roubando cristãos, não assiste à minha missa de jeito nenhum!

– Pade, eu já diche...

– Mas eu também já disse, seu bandido atrevido e insolente, que não permito! Na missa quem manda sou eu! Na casa de Deus, cangaceiro não entra não!

Virgulino cedeu:

– Tá bom, seu pade, tá bom. Eu nun vou assisti a missa, já qui o sinhô nun qué.

Vieram nesse instante avisar que o café estava pronto. China convidou todos para comer, sem saber como se sairia agora.

O precavido Lampião cuidou das providências de praxe:

– Seu China, aqui tem delegacia?

– Tem não, seu Capitão – respondeu China.

O cangaceiro pensou um pouco. Falou de seus receios:

– Ói, vai tê festa hoje. Se o povo subé qui eu tou aqui, adeus festa, corre todo mundo, nun sei pur quê... Vou tê qui prendê esses dois cabra – referia-se a João Cirilo e Miquéias –, se não eles vão saí pur aí falano bestera...

China resolveu o problema: João Cirilo e Miquéias estavam convidados para comer também.

– Nun quero cumê não, seu China – disse João Cirilo –, eu tou sem apitite...

– Deixe de sê besta, home – interveio o Capitão –, você vai cumê, sim! Nun tá veno seu China cunvidá não?

Providencialmente, tudo deu certo: o velho padre, sem nenhuma objeção, sentou-se à mesa junto com os cangaceiros – o Padre Artur, Ministro de Deus, numa cabeceira, e o Capitão Virgulino, o Rei do Cangaço, na outra cabeceira.

O clima inicial de confronto havia-se dissipado. Os cangaceiros comeram calados. O padre, também.

Terminada a refeição – cuscuz com leite, macaxeira e carne de bode assada –, o padre Artur falou, como se estivesse dando continuidade a um diálogo silencioso:

– Virgulino, ouça bem o que eu vou lhe dizer. Como sacerdote, eu sou responsável pelo povo desta freguesia. Não vou permitir que você maltrate esta pobre gente. Escute isto: se algum dia você tiver coragem de judiar alguém por aqui, eu mesmo reúno gente e vou arrancar a sua cabeça, onde você estiver.

– Nun se avexe não, seu vigaro – respondeu o Capitão. – Tudo o qui eu quero é sussego. O povo daqui nun tem pur que tê medo deu. O meu poblema é cum os macaco. Sordados. Eles mataro meu pai im Alagoas. Mĩa mãe morreu de disgosto, tudo pur causa dos macaco e das oturidade, qui só considera cumo gente quem é rico. Quano mataro meu pai, eu cheguei a dizê qui se pudesse tocava fogo im Alagoas. Despois mataro meu irmão do meio, Livino, qui nóis chamava Vassoura. E despois mataro meu irmão mais véio, Antonho, qui eu chamava Isperança. Agora dos home só resta treis: eu, João e Zequié, aquele cabra ali – e apontou o dedo para Ezequiel. – João nun é cangacero, veve im Propiá, as veis passa uns tempo im Juazero do Meu Padim ou no Piauí, purque a nossa famia é munto grande, tem gente ispaiada no mundo todo. Eu e Zequié tamo cumprino a nossa sina. Aquele ali tamém é da famia – apontou para Virgínio.– O apilido dele é Muderno. Era casado cum mĩa irmã, chamada Angerca, qui morreu de ũa febre braba. O sinhô me chamou de bandido insulente. Mais eu digo uma coisa, seu pade. Eu nun sou ladrão. Quano eu quero ũa coisa, eu peço. Se ũa pessoa me ajuda, vira meu amigo. Se peço dimais e o sujeito me mostra qui num pude dá o qui eu quero, então eu abaxo o valô. Agora, tem ũa coisa qui eu nun perdoo: é traição! Se o cabra qué sê meu inimigo, seja! Se nun qué, nun seja! Eu respeito o home qui tem corage! Mais nun me atraiçoe! Eu nun tulero safadeza, o cabra se fazê de meu amigo na mĩa presença, mais nas mĩas costa se cunluiá cum os macaco, purque aí eu viro ũa fera, e se eu pudé pegar o fio da peste!...

– Olhe as palavras, Virgulino. Basta. Já andei lendo sobre você, conheço as suas justificativas, sei da morte do seu pai, enfim, toda essa situação. O problema é como você quer resolver as coisas. Pra tudo neste mundo tem um jeito, homem de Deus. Você não pode querer impor sua vingança diante do mundo todo, pois desse jeito a coisa não vai acabar nunca...

– Só mexo cum quem mexe cum eu.

CONTINUAREMOS AMANHÃ...

Fonte: facebook

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