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quarta-feira, 1 de julho de 2015

SUSI RIBEIRO CAMPOS, NORA DE SILA E ZÉ SERENO

Por Susi Ribeiro Campos

Boa noite meu grande amigo José Mendes Pereira, como lhe prometi, vou dar continuidade ao que relatei anteriormente sobre minha convivência com minha sogra Sila ex-cangaceira de Lampião.


Já em Julho de 1993, quando comecei a namorar Wilson, no dia seguinte ao dia 08 de Julho, Sila havia me feito um elogio e Wilson se dirigindo a ela e disse:

- Ela pode ser sua nora...

Disse e saiu rindo, alegre como sempre foi.

Sila me olhou assustada, estávamos na cozinha de sua casa:

- É verdade? Mas seus pais não vão deixar... Wilson é pobre... ele bebe.

Susi Ribeiro e o coronel do exército Conrado Lima 

Ao que logo lhe respondi:

- Mas ele vai parar de beber (tinha comigo essa certeza) e meu pai vai deixar sim, sabe o quanto gosto do seu filho.

Susi Ribeiro Campos e sua mãe Lea Ambrogini de Lima

Sila se preocupava, pois, meus pais me haviam dado estudo e tinham uma posição socioeconômica privilegiada. Meu pai era Coronel da Aeronáutica aposentado. Logo fomos conversando e arrumando a mesa para o almoço, enquanto eu procurava dissipar suas preocupações.

Susi e Wilson

Sila tinha se apegado muito ao Wilson e com razão, pois viúva, tinha perdido o filho mais velho Ivo Ribeiro de Souza, em um trágico acidente ainda muito jovem, lhe restava Wilson e Gila.  

Gilaene (Gila) filha do ex-casal de cangaceiros Zé Sereno e Sila. - www.youtube.com

Wilson era quem cuidava dela, estava sempre ao seu lado, a acompanhava ao médico, enfim Wilson era seu "tudo". Sila tinha muito medo de perder esse filho, que ele se casasse de novo e a abandonasse, como dizia.

Não foi fácil, procurei explicar a ela que eu não estava ali para afastar Wilson dela, mas para que pudéssemos todos ser mais unidos.

Aos poucos, quando fui morar nos fundos de sua casa, ela pode então compreender, que realmente minha intenção não era levar Wilson embora, e ficou mais tranquila.

Voltando a hora do almoço... esse demorava, rsrsrsrs nos fins de semana, eu e ela preparávamos o almoço e ficávamos por horas jogando Buraco, até a hora de Wilson voltar, do bar “Toca do Sapo”, que pertencia aos meus padrinhos de Batismo, o casal baiano Eriberto Pereira de Jesus e Maria José Pereira.

A diversão de Wilson era a cerveja, mas voltava alegre para casa e ia dormir... rsrsrs e nós duas almoçávamos sozinhas.

Durante a semana, ele trabalhava o dia inteiro, como fotógrafo e cinegrafista do Instituto Oceanográfico da USP, voltava direto para casa, e ficávamos juntos na sala, assistindo as novelas, filmes...

Sila ainda costurava, fazia roupas para peças de teatro sobre o Cangaço, escrevia livros, dava entrevistas em programas de Televisão, fazia exposições e Lançamentos. Era muito ativa, vaidosa. Era eu que cuidava dos cabelos dela, fazia suas unhas, maquiagem, e a deixava prontinha para suas entrevistas.

Wilson e eu a levávamos, quando suas entrevistas eram em São Paulo, como no Programa do Amaury Júnior, Jô Soares e Sílvia Poppovic. Wilson programava o videocassete para gravar, a acompanhávamos e esperávamos por ela.

Muitas vezes, ela insistiu para que eu a acompanhasse em suas entrevistas, mas nunca quis aparecer às custas da vida, do sofrimento dela, era sua história, seu momento, respondia... preferia esperar por ela lá fora.

Na volta para casa, íamos correndo assistir, ele então fazia uma pequena edição e ficava completo, porque ela tinha brilho, força, luz e a História encantadora de sua vida

Sempre tivemos desavenças familiares quanto a limpeza da casa, forma de como passar a roupa do Wilson... quem cuidava melhor dele, rsrsrs, mas nada nunca nos desuniu, ela era realmente para mim não uma sogra, mas uma madrinha, aquela da infância. Íamos juntas à feira fazer compras, ela adorava peixe, e o que me fazia fazer cara de nojo... gostava da cabeça do peixe assado.

Muitas vezes ela foi conosco (Wilson e eu) à casa de meus pais, tinha seu quarto e sua televisão particular, para assistir sua novela preferida "Maria do Bairro".

xonatas.blogspot.com

Sila gostava muito de passear, viajava muito ao Nordeste, e ficava por lá durante meses, na casa de amigos.

Sobre o cangaço, comigo, não falava muito, pois eu a ouvia contar repetidas vezes suas histórias, durante as entrevistas que dava aos repórteres que a procuravam em sua casa. Eu já sabia de trás para frente, de frente para trás..., mas algumas coisas me foram confidenciadas sim. "Que Lampião era um chefe justo, calmo, sua fala era pausada, tranquila e era além de muito inteligente, como um pai para todos. Não gostava de maldades e refreava os cangaceiros que tinham índole violenta. 

Lampião rezando

Que era um homem religioso, com uma fé enorme e muito respeito pelas famílias. Que havia sido "carregada" para o Cangaço por Zé Sereno, não tinha ido por livre e espontânea vontade.

Cangaceiro Zé Sereno

Chorava ao lembrar de seus irmãos que a acompanharam e morreram no Cangaço, do filho que teve "no mato" e por incrível que possa parecer, do gênio forte de Maria de Lampião, que a desagradava. Ela dizia que "Maria era meio louca" instável, xingava muito e ridicularizava quem não gostava." 

Maria Bonita

Que pouco se viram, Sila não gostava de Maria, não sei o que houve e não vou entrar em detalhes, pois ela não me contou o porquê, mas pude sentir isso várias vezes, em todas as entrevistas que dava, durante as exposições e quando falava conosco, nos contando particularmente. 

Segundo Sila ela foi a última pessoa a conversar com Maria Bonita antes do Massacre de Angico, mas como todos nós temos outras pessoas que mais nos agradam, Sila não era diferente, Maria não era sua melhor amiga, como dizia aos historiadores. Ela nunca quis revelar isto aos historiadores, somente contava a nós, e é claro, a Vera Ferreira neta da Maria Bonita  sabe disto também.

Ex-cangaceira Dulce - a última cangaceira que está viva

Das cangaceiras amigas, falava muito de Dulce, Nenê de Luiz Pedro, que havia falecido no dia seguinte de sua entrada no cangaço e de Dadá após o Cangaço.

Neném do Ouro e Luiz Pedro
Dadá e Corisco

Sila e Zé Sereno haviam feito muitas amizades com ex-policiais e volantes que também foram morar em São Paulo, e até uma vez, tive a oportunidade de acompanhá-la à casa da família de um ex-volante, foi uma tarde muito agradável, conversei muito com uma senhorinha já bem idosa, esposa do ex-volante falecido. Infelizmente não me recordo o nome deles.

Minha sogra tinha momentos de tristeza, lembrava muito de Ivo, o filho falecido, logo eu procurava mudar de assunto... "vamos jogar? Eu perguntava, ela adorava jogar.

De tempos em tempos, eu a acompanhava ao médico. Ela sofria de hipertensão sistêmica, e tinha crises terríveis de pressão alta, com dores de cabeça que a atormentavam muito, principalmente no tempo frio de São Paulo.

Um dia chegamos, Wilson e eu a ter que correr com ela, de madrugada, para o hospital, acordamos e ela sangrava muito pelo nariz. “- Foi a sorte dela”, disse o médico, pois se o sangue não houvesse saído, poderia ter causado um derrame cerebral.

Ainda existe muito a ser dito sobre nossa vida em comum, após o falecimento de meu pai, quando Sila ficava muito em nossa casa em Rio Claro, mas vou terminar por aqui hoje meu amigo, e continuar um outro dia.

Realmente tenho vontade de lhe escrever mais, mas após o falecimento do Wilson, venho sofrendo com astigmatismo e hipermetropia e detesto usar óculos, mas mesmo com eles, minha vista se cansa.

Se Deus quiser próximo ano acaba a carência do plano de saúde por doença pré-existente, e eu poderei fazer a cirurgia da vista.

Agradeço por mais uma oportunidade!
Um grande abraço a você
À Sila, sempre minha eterna gratidão e carinho!
Susi Ribeiro Campos, nora de Sila e Zé Sereno


Enviado pela nora do casal de cangaceiros Zé Sereno e Sila Susi Ribeiro Campos.

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LAMPIÃO O CANGAÇO E SEUS SEGREDOS

 Por Sabino Bassetti

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UMA HISTÓRIA DE TRAIÇÃO, AMOR E ÓDIO NOS SERTÕES DO BRASIL


Há 77 anos, o terrível encontro entre militares do Governo Getulista e cangaceiros liderados por Lampião e sua esposa, Maria Bonita, estes pegos de surpresa e quase sem nenhuma reação na madrugada de 28 de julho de 1938, na grota de Angico, em Sergipe, pôs fim à chamada Era do Cangaço. Em meio àquelas árvores retorcidas da caatinga, resultando num verdadeiro banho de sangue no sertão nordestino, 11 integrantes do afamado bando, incluindo o casal líder, foram mortos e tiveram suas cabeças decepadas. 


Esta tragédia verdadeira é o tema do grandioso espetáculo ao ar livre e gratuito “O Massacre de Angico – A Morte de Lampião”, concebido a partir do texto dramatúrgico escrito pelo pesquisador do Cangaço, Anildomá Willans de Souza, natural de Serra Talhada, mesma cidade onde Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, nasceu.

Numa realização da Fundação Cultural Cabras de Lampião, a montagem chega ao 4º ano com absoluto sucesso e será apresentada de 22 a 26 de julho às 20h na antiga Estação Ferroviária. 

A frente da encenação, que conta com mais 80 profissionais entre atores/atrizes, equipe técnica e produção, está um mestre das grandes encenações teatrais ao ar livre no Estado, o diretor, ator, dramaturgo e iluminador José Pimentel.

Com cenas de relances quase cinematográficos, “O Massacre de Angico – A Morte de Lampião” reconta a vida do Rei do Cangaço, desde o desentendimento inicial de sua família com o vizinho, Zé Saturnino em Serra Talhada, suas terras faziam extrema e os jovens viviam em pé de guerra por pura vaidade.

Para evitar uma tragédia, que de fato aconteceu, seu pai, Zé Ferreira, seguiu com os filhos para Alagoas, mas acabou sendo assassinado por vingança. Revoltados, Virgolino Ferreira da Silva e seus irmãos entregaram-se ao Cangaço, movimento que deixou muito político, coronel e fazendeiro apavorado nas décadas de 1920 e 1930 no Nordeste. Temidos por uns e idolatrados por outros, os cangaceiros serviram como denunciantes das péssimas condições sociais daquela época, tanto que a honra e bravura de Lampião foram decantadas pelos poetas populares, ao mesmo tempo em que o Governo o via como uma doença que precisava ser eliminada.


Foi pela decisão do então presidente da República, Getúlio Vargas (cena presente no espetáculo), que as tropas militares conseguiram preparar, após diversas tentativas, uma emboscada em local propício, de única entrada e saída. Mas, até sua morte, fatos importantes da trajetória deste homem que marcou a história do Brasil, afamado como herói e bandido, são revelados, como seu encontro com Padre Cícero para receber a patente de capitão do Exército Patriótico; seu amor à esposa, a quem chamava de Santina, a festa da cabroeira dançando xaxado e coco; culminando com a traição de Pedro de Cândida, coiteiro que foi torturado pelos militares e acabou informando o local de repouso dos cangaceiros em terras sergipanas (Lampião foi assassinado aos 41 anos. Maria Bonita estava com 27).

No elenco, atores de Serra Talhada, mas também do Recife, Olinda e Limoeiro além da atriz/cantora Roberta Aureliano, que interpreta Maria Bonita e é natural de Maceió, Alagoas, mas passou toda a infância na Capital do Xaxado.
         
Venha viver conosco essa história de traição, amor e ódio.

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A JUSTIÇA TARDA, MAS NÃO FALTA...

Por Roberto Soares
Coronel Cornélio Procópio

A vida é cheia de surpresas e quando menos se espera a verdade aparece repentinamente. No dizer popular, “a mentira tem pernas curtas”. É prazeroso quando o bom imprevisto bate à sua porta de forma súbita! Contudo, para facilitar o entendimento desse caso que passo a narrar, preciso discorrer sobre fatos pretéritos, nascidos a partir de falsas premissas, ou melhor, de uma “estória mal contada”.

Devo esclarecer que vários autores, transcreveram trechos do equivocado livro de Rodrigues de Carvalho, “que alguns escritores consideram um clássico” (?), assinalando na parte que cita o Cel. GN/PE Cornélio Soares e o Cel. PM/PE Teofhanes Ferraz, verdadeiros exemplos no Sertão de outrora, como prováveis responsáveis pelo envio de armas para cangaceiros num certo dia de 1925. 

Aliás, é bom registrar que falar mal de policiais causa exultação, e afrontar os falecidos coronéis de uma época em que as únicas referências sertanejas eram a seca e o cangaço, afigura-se como provocação extasiante, quiçá sensação de turgescência. Escritores por vezes omitem fatos positivos e exteriorizam vastamente os negativos, ocultando ou distorcendo a verdade, almejando não se sabe bem o que.
Pois bem, depois que “Serrote Preto” apresentou essa versão esdrúxula, um dos que transcreveram resolveu insinuar que esses dois coronéis eram “BANDIDOS” numa entrevista ao repórter Francisco José na Rede Globo de Televisão, emissora de larga divulgação, o que torna desmesurado o prejuízo à imagem desses íntegros homens públicos.



Tem-se que a palavra “BANDIDO” significa bandoleiro, quadrilheiro, salteador, ladrão, criminoso, assassino, delinquente, homicida, pistoleiro, trapaceiro, facínora, salafrário, malfeitor, mau-caráter, etc. Porquanto, advirta-se que o sujeito para ser de fato assim considerado, precisa de culpa ou dolo formal, além de uma condenação protocolar. Sem condenação na verdade não pode ser chamado de “bandido”, mesmo que contra si tramite uma situação “sub judice”.

Interpelado, o equivocado narrador fincou premissa em outros livros que incidiram na mesma versão (de “Serrote Preto”), e proferiu que “não era crime naquela época vender armas”, todavia, não sucumbiu qualquer condenação, mesmo administrativa, imposta aos ilustres Cornélio e Teophanes sobre o aludido caso de 1925, embora tenha sido instado. E, não apresentou alguma prova material do imaginável “delito” que pudesse corroborar a escrita ou declaração à imprensa, já que teceu acusação tão séria. Ora, seria adequado que tivesse anexado a cópia de um inquérito, intimação, citação, recibo, nota fiscal, carta, bilhete, documento, etc., porém, nada disso veio à tona, salvo cópias dos tais livros que na verdade se constituíram em réplicas do saltério “Serrote Preto” de Rodrigues de Carvalho.


Rodrigues de Carvalho

Não bastasse, a insensata e exasperada escrita de Rodrigues de Carvalho em Serrote Preto (pág. 293), que demonstra simples e claramente “uma presunção”, porque na verdade ele não prova o que diz com algum documento. Tão-somente, cinge-se a repassar, de forma irresponsável, uma variante fantasiosa criada pelo cangaceiro conhecido por “Cancão”, que o fez obviamente de forma maldosa para se vingar de Teophanes, o qual, heroicamente jamais deu trégua a bandoleiros. Por que Rodrigues não pesquisou um pouco mais antes de escrever?

É cediço que com base no direito, quando se tem a presunção de um fato, aplica-se o consagrado princípio jurídico “in dubio pro reo”.  Na dúvida, o juiz é compelido a absolver o réu.  Mas, alguns escritores tendem a agir, desfigurando princípios éticos e de Direito, talvez por não aceitarem os fatos optam em repassar situações advindas da paixão, divorciadas da realidade histórica. Só tendem a preocupar-se mesmo quando um caluniado, difamado ou injuriado resolve ingressar com um processo criminal para saldar a inverdade, ou uma ação cível para reparar os danos morais causados ao inocente da vez. Escondem-se na sombra de terceiros. É uma lástima, mas é a mais pura verdade.


Geraldo Ferraz

Retornando ao ponto essencial, aconteceu um lance espetacular que pode mudar o curso da história, ou da “estória”, como queira designar o leitor. Confesso que devemos isso ao GECC – Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará, ao GPEC – Grupo Paraibano de Estudo do Cangaço, ao ditoso “CARIRI CANGAÇO” e, por óbvio, em especial ao escritor que revelou o fato, bem como à investigação realizada por Geraldo Ferraz junto à PMPE.  A pesquisa responsável e imparcial empreendida por esses grupos compostos por homens de bem dedicados e estudiosos, vem produzindo bons frutos e com isso a verdade começa a aparecer de forma cristalina.

O ápice da questão é que um dos bons amigos de Rodrigues de Carvalho (autor de Serrote Preto), o eminente escritor Antônio Amaury Correia de Araújo, de São Paulo/SP, homem isento e de reconhecida responsabilidade, em texto muito claro para o GECC/Cariri Cangaço (set./13), colocou em dúvida a versão de 1925 que eventualmente teria ocorrido na Serra do Saco em Serra Talhada/PE, próximo da divisa com a Paraíba. Disse o estudioso Amaury que o respeitável escritor e pesquisador Geraldo Ferraz, vasculhou os arquivos da Polícia militar de Pernambuco e nada encontrou sobre o sangrento episódio contado por Cancão, o cangaceiro cujo nome era José Firmino e fora a fonte única de Rodrigues de Carvalho nesse episódio, que inclusive acabou por envolver os Cels. Cornélio e Teophanes. Ressalte-se: qualquer cidadão poderá fazer essa pesquisa no Comando da PM/PE. Finalmente, Amaury fechou a questão revelando que a imprensa sempre atenta aos acontecimentos relevantes, na época nada noticiara. Lamentavelmente, somente agora tomei conhecimento desse relevante texto de Amaury.


Romero Cardoso, Thiago Pereira, Manoel Severo, João de Sousa e Roberto Soares

Veja a lógica: “Cancão” disse que fora ferido nessa ocorrência de altíssima magnitude em que morreram vinte e cinco (25) soldados (pasme) nas mãos dos cangaceiros. Como pode isso ter acontecido se não consta qualquer registro nos arquivos da Polícia Militar de Pernambuco que, na época trabalhava em conjunto com a Polícia da Paraíba? Onde estão essas viúvas? Do mesmo modo, a imprensa dos dois Estados sempre alerta quanto aos casos mais relevantes como esse, absolutamente nada noticiou. Na verdade, essa ação nunca existiu nem produziu morto ou ferido.

A Polícia de Pernambuco e da Paraíba faziam ações conjuntas contra o cangaço, especialmente na divisa, mas nesse dia não houve nenhuma movimentação militar naquelas imediações. Ora, se não consta na imprensa nem nos anais da Polícia Militar tal episódio, com obviedade não aconteceu! Assim, não há como incriminar pessoas em evento inexistente. Seria um imaginário transloucado. Além disso, quando aferimos a biografia do Cel. Teophanes amparada em documentos oficiais do Governo de Pernambuco, da própria Polícia e analisando os atos de nomeação e designação, constatamos que nessa época esse ínclito oficial estava prestando serviço muito longe. 


Theophanes Torres

Encontrava-se em Petrolina, onde era delegado de polícia desde novembro de 1924 e de lá informava ao Governador de PE e ao Comando da PM as andanças da Coluna Prestes. Logo, como poderia esse oficial estar em dois lugares ao mesmo tempo, em época tão complexa para deslocamentos? Por sua vez, Cornélio que era genro de um Juiz de Direito da região, representava o Ministério Público Federal uma vez que fora nomeado em 1920 pelo Ministro da Justiça de Epitácio Pessoa para a nobre e honrosa função e agia repetidamente como mediador da luta entre Saturnino e Lampião. Tudo como se comprova no livro de José Alves Sobrinho e Antônio Neto (PEGADAS de um SERTANEJO – Vida e memórias de José Saturnino – Ed. dos Autores, 2015). Amiúde, atuava em conjunto com o Juiz de Serra Talhada, então Vila Bela. 

Dessa forma, essa variante esquisita sempre foi integralmente incompatível com a verdadeira história de Teophanes e Cornélio. É quase como acusar Duque de Caxias de traidor. Por isso, me senti na obrigação de escrever às pressas um livreto em defesa do meu avô (“Coronel Cornélio Soares – Uma História de Vida em Serra Talhada”), onde por óbvio, acastelei a conduta sempre ilibada dos dois coronéis.



Indagações: é peremptório que Lampião sempre foi heterossexual, pois se relacionou somente com mulheres. Contudo, um Juiz de Direito de Sergipe disse no seu livro que Lampião era homossexual. O citado livro foi suspenso pela Justiça e o autor fora agredido verbalmente por escritores que não aceitaram essa variante. Mas, homossexualidade é opção e não crime. Assim, como o seu livro foi liberado pela Justiça em nome da liberdade de expressão, deduz-se que isso dá o direito a outros escritores transcreverem essa versão absurda, evidentemente citando a fonte. Se hipoteticamente o mesmo juiz tivesse contado essa versão a Rodrigues de Carvalho, ele teria assentado isso no seu parcial livro? Aproveitando o mesmo entendimento, faço a seguinte inquirição: por que Cornélio e Teophanes jamais foram defendidos pelos escritores, salvo pelas suas famílias? Observe que há uma total inversão de valores!

Após essas fortíssimas comprovações e esclarecimentos, amplamente ratificados pelas contestações exibidas pelas famílias dos mortos ofendidos, constata-se que o falacioso episódio de 1925 não passa de uma grande falsidade. Pura fantasia. De tal modo, depois de tantas ilações como reparar a honra desses dois cidadãos injustamente aniquilada, quando certamente o direito de ação já se encontra prescrito?

Roberto Soares
Serra Talhada , Pernambuco

http://cariricangaco.blogspot.com.br/2015/07/a-justica-tarde-mas-nao-falta.html
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CHEGOU AO RECIFE UMA DAS VICTIMAS DE LAMPEÃO Diário de Pernambuco – 26 de maio de 1936


Testemunha viva da barbárie do cangaço Leia a história publicada em 1936 na íntegra em http://diariode.pe/b6ie

O trem vinha de Rio Branco (hoje, Arcoverde). Dentro dele, entre os passageiros com destino ao Recife, um morador do Sítio Catimbau, nos arredores de Buíque. Localizado pelo repórter do Diario de Pernambuco no vagão de segunda classe, ele teve a sua triste história estampada no jornal no dia 26 de maio de 1936. Aos 22 anos de idade, vestindo camisola branca e calças de brim comum, o sertanejo sangrava nas partes baixas e vinha buscar socorro médico na capital depois de ter sido vítima do bando de Lampião.

De casamento marcado, dono de uma pequena propriedade rural, ele acabou castrado como represália a um possível informante da polícia. A malvadeza foi praticada por Virgínio, cunhado de Virgulino, que usou um trinchete - faca grande e muito afiada com cabo de madeira - para emascular o coitado. O relato, feito de forma entrecortada pelos espasmos, é um raro registro em primeira pessoa de uma das mais bárbaras punições realizadas pelos bandoleiros das caatingas.

Fonte: facebook
Página: José João Souza

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