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quarta-feira, 24 de junho de 2015

Programação

Cariri Cangaço Piranhas 2015

25 de Julho - Sábado

19:30hs Centro Cultural Miguel Arcanjo
Apresentação da Filarmônica Mestre Elísio
Formação da Mesa de Autoridades
Representantes de Sociedades e Grupos de Estudos
 Hino Nacional
Abertura Oficial Entrega de Diplomas Cariri Cangaço

20:00hs Palestra: Piranhas e sua Historia 
Deputado Estadual e Pesquisador
INÁCIO LOIOLA DAMASCENO FREITAS

21:00hs  Apresentação Cultural do GMAP
 Grupo Musical Armorial de Piranhas 
26 de Julho - Domingo

7:30hs Saída para Maranduba
Poço Redondo
9:00hs O Fogo da Maranduba
MANOEL SEVERO BARBOSA

11:00hs Inauguração
MEMORIAL ALCINO ALVES COSTA
Poço Redondo
Palestra: O Cangaço e o Legado de Alcino Alves Costa
ARCHIMEDES MARQUES
13:00hs Almoço em Poço Redondo
Apresentações Culturais
14:00hs Retorno para Piranhas.

15:00hs Palácio Dom Pedro II - Prefeitura Municipal 
O Estudo Cientifico das Cabeças
LAMARTINE ANDRADE LIMA
 LANÇAMENTO DO PROJETO DE RESTAURAÇÃO DAS ESCADARIAS
IPHAN 
Apresentação do Roteiro da Invasão dos Cangaceiros 
Trajeto pelas ruas de Piranhas
JOÃO DE SOUSA LIMA

Centro Cultural Miguel Arcanjo
19:30hs Painel: Corrupção na Época do Cangaço
JORGE REMIGIO
NARCISO DIAS
SOUSA NETO
20:30hs Palestra: Cinema e História do Cangaço
ANTONIO FERNANDO DE ARAUJO SÁ
VERA FERREIRA
21:30hs Centro Histórico
Teatro do Cordel da Rabeca
O Amor de Filipe e Maria e a Peleja de Zerramo e Lampião
27 de Julho - Segunda

8:00hs Fazenda Picos
Mapeamento da Rota dos Cangaceiros para Invasão de Piranhas 
8:30hs Fazenda Pau de Arara
  Contextualização Histórico-Geográfica da Invasão
INÁCIO DE LOIOLA DAMASCENO FREITAS
10:30hs Fazenda Cachoeirinha
Ataque a Cachoeirinha 

Instituto Federal de Alagoas - IFAL
11:45hs Palestra: Uma Viagem Fotografica pelo Cangaço 
IVANILDO SILVEIRA
KIKO MONTEIRO

12:30hs Almoço no IFAL
14:00hs Painel: A Vingança de Corisco no Palco dos Inocentes
CELSO RODRIGUES
ANTONIO AMAURY
SÍLVIO BULHÕES
15:00hs Homenagem a Família de Domingos Ventura
LANÇAMENTO DA PEDRA FUNDAMENTAL DA RESTAURAÇÃO 
Fazenda Patos

15:30hs Rasga Bode
16:30hs Retorno à Piranhas

Centro Cultural Miguel Arcanjo
19:30hs Painel: Arqueologia do Cangaço
 Apresentação das Repercussões e Primeiros Resultados 
LEANDRO DOMINGUES DURAN

20:30hs Painel: A Sexualidade nos Tempos do Cangaço
WESCLEY RODRIGUES
JULIANA PEREIRA
ADERBAL NOGUEIRA
28 de Julho - Terça feira

9:00hs Missa do Cangaço 
Sociedade do Cangaço
VERA FERREIRA
Grota do Angico - Poço Redondo

13:00hs Passeio pelos Canyons do São Francisco
Encerramento no Karrancas

Cariri Cangaço Piranhas 2015

Realização:
Prefeitura Municipal de Piranhas
Cariri Cangaço do Brasil

Apoio:
SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço
Sociedade do Cangaço
GECC - Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará
GPEC - Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço
Cariri Cangaço do Brasil

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O QUE VOCÊ FARIA?

Por Aderbal Nogueira

O que você diria se encontrasse Lampião em seu terreiro ladeado por Ângelo Roque e Zé Baiano? Pense bem antes de responder e seja sucinto.

Archimedes Marques respondeu:

Caros amigos Aderbal Nogueira e Voltaseca Volta, acho que qualquer um, sem outra alternativa, PASSARIA A PUXAR O SACO DELES DANDO TUDO QUE ELES QUISESSEM. Aqui, há pouco tempo atrás tinha um pistoleiro de grande fama conhecido por CHAPÉU DE COURO (acusado de matar inclusive aquela deputada Cecí Cunha de Alagoas) e então na época em que ele não estava preso em todo lugar que ele chegava, TODO MUNDO IA PUXAR O SACO DELE. 

Na penitenciária era o mais respeitado de todos, mandava em todo mundo. Falando dele na penitenciária ele tinha uma cadelinha daquelas pequeninha que era o maior amor entre os dois, todos os guardas penitenciários citavam isso, daí, determinado dia eu fui lá porque recebi um recado que ele queria falar comigo, e vi o porque de tanto amor dos dois: QUANDO CHEGOU O ALMOÇO ELE DEU AS TRÊS PRIMEIRAS GARFADAS TIRADAS DE LUGARES DIFERENTES DO PRATO PARA A CADELINHA, E SÓ DEPOIS DE UNS CINCO MINUTOS É QUE ELE PRÓPRIO PASSOU A COMER, é mole?.

Mas também foi nesse dia que Maurício Chapéu de Couro salvou a minha vida, me avisando de uma trama que tinha sido arquitetada para me matar. O pessoal através dele queria contratar UM BOM PISTOLEIRO (ele também era empresário do crime), daí ele não aceitou a proposta e até me alertou de tudo. Eu estava investigando uma GRANDE QUADRILHA DE ASSALTANTES DE CAMINHONEIROS, daqueles que roubavam as cargas e matavam os caminhoneiros. 

Ele simpatizou comigo e até se fez meu amigo, porque apesar de eu ter prendido ele, o tratei da melhor maneira possível. Acho que só estou vivo por causa de Chapéu de Couro. E ele me dizia: "- DOUTOR, QUANDO PRECISAR DE QUALQUER COISA É SÓ ME FALAR. E eu respondia: "- DO SENHOR EU SÓ QUERO O SEU RESPEITO E A SUA AMIZADE. Uma figura, como amigo uma excelente pessoa. Eis aí a fotografia do amigo Maurício Chapéu de Couro, já em idade avançada, pouco tempo antes da sua morte.

Maurício Chapéu de Couro

Antônio Corrêa Sobrinho deu a sua opinião dizendo o seguinte:

Lendo acima Archimedes Marques, nosso valoroso delegado de polícia, um dos grandes da literatura cangaceira moderna, sobre a sua experiência com "Chapéu de Couro", fez-me lembrar de um matador de aluguel com inúmeras mortes nas costas, o qual, ao ser indagado por um repórter - se não lhe pesava na consciência ter matado tanta gente? Respondeu: "- Todos mereceram!".

Ainda Archimedes marques:

Conheci outro pistoleiro caro amigo Antônio Corrêa Sobrinho, que quando perguntei se ele não se arrependia de ter matado tanta gente e então ele me respondeu: "QUE A PARTIR DO MOMENTO EM QUE ERA CONTRATADO PARA MATAR, JÁ COMEÇAVA A TER RAIVA DA VÍTIMA, PORTANTO, ERA COMO SE TIVESSE MATANDO UM INIMIGO".

Continua Archimedes Marques - Me parece que para alguns o instinto de mau já vem desde criança. Há alguns anos atrás quando eu estava dirigindo a Delegacia de Menores de Aracaju, prendemos um menor de 14 anos que tinha matado outro à faca e em seguida puxado a vítima pelos cabelos por cerca de 50 metros fazendo aquele rastro de sangue e então eu perguntei o porquê de tanta violência e ele me respondeu que era assim mesmo, que aquele não era o primeiro que ele tinha matado pois antes já matara mais dois e não estava arrependido. Logo ele foi solto e dentro de poucos dias mataram ele.

  
Mesmo eu sendo julgada por muitos por conta do que escrevo, agora me diga, Archimedes Marques: O destino dele não foi traçado por ele mesmo? Quantos outros meninos e meninas poderiam ter destino igual ou pior que esse menor e mesmo assim continuou no lado do bem? Muitos têm propostas para entrar no crime e não aceitam, mudam de amizades, mudam de escolas e seguem sempre no caminho do bem.

Respondeu o Dr. Archimedes Marques:

Também entendo que ele próprio procurou a sua morte, mas se tivesse progredido, com certeza se transformaria em um grande marginal de altíssima periculosidade, ou então se tivesse oportunidade, se transformaria em pistoleiro.

Fonte: facebook
Página: Aderbal Nogueira

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SERÁ VERDADE OU APENAS UMA BRINCADEIRINHA FEITA POR CANGACEIRÓLOGOS?


Uma das maiores pérolas do cangaço, seria alguém dizer, que uma das balas de Lampião, encontrou com outra bala, em um tiroteio !!! E você, qual foi a maior mentira que já ouviu da história do cangaço?

Fonte: facebook
Página: Adauto Silva

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Uma tragédia acontecera, outra estaria por chegar

 Por Alcino Costa

Não bastou um só tiro para tirar a vida do coronel. Ao ser baleado o velho  coronel Joaquim Wolney despencou do cavalo. Estava lúcido. Seus olhos brilhavam. Os militares assassinos não perderam tempo. Puxaram seus punhais e deram-lhe quatorze punhaladas. A voz do patriarca cala de repente. O coronel Joaquim Wolney estava morto. O saque é feito. Em um dos bolsos do gibão é encontrada a vultosa quantia de 30 contos de réis. A volante sanguinária retorna. Carregam numa rede os corpos dos dois cadáveres. E, segundo registros contidos no livro de Nertan Macedo, Abílio Wolney, pagina 45, prendem um irmão (Wolney Filho) e um sobrinho, ainda menor de idade (Oscar Wolney Leal), e ainda Voltaire Ayres Cavalcante.Todos os que fizeram parte daquela macabra missão foram assassinos. Porém, a história registra como verdadeiros matadores o cabo Justiniano Ferraz e o anspeçada Marcelino Néri que foram posteriormente assassinados. Uma tragédia acontecera. Outra estaria por chegar.


Abílio consegue fugir. É tenazmente perseguido. Homizia-se na Bahia. Ali têm muitos e influentes amigos. Solicita ajuda de dois poderosos chefes de jagunços, Roberto Dourado e Abílio Araújo. É formado, então, um exército de jagunços. Marcham sobre o Duro. É a hora da desforra e da vingança. A morte do velho Wolney não ficaria sem uma dura resposta. O juiz Calmon é esperto e treiteiro. Sabe o que lhe espera. Termina o processo e deixa a povoação. As informações que chegam ao Duro são estarrecedoras. Amedrontados, os policiais procuram meios para intimidar os agressores que já se encontram no Buracão. Os Abílio (Wolney e Araújo) e Roberto Dourado estão de bote armado. O Duro será inevitavelmente invadido e os militares trucidados. A desgraça ronda o lugarejo. Um rio de sangue irá correr.Os do governo, acovardados e impotentes, tomam uma estarrecedora e tenebrosa providência. Aprisionar e amarrar num tronco (antigo objeto de tortura usado pelos senhores das senzalas contra os escravos) o major João Batista Leal (Janjão), cunhado de Abílio Wolney; o capitão Benedito Pinto de Cerqueira Póvoa, seu filho João Pinto Póvoa (Joca); o capitão João Rodrigues de Santana e seu filho Salvador; ainda Wolney Filho, irmão de Abílio que estudava no Rio de Janeiro.

Capela das Missões, aqui tudo começou.

O tronco estava fincado no sobrado onde a polícia havia se aquartelado. Num quarto, no mesmo casarão, estavam presos Messias Camelo, sobrinho de Benedito Póvoa; Nilo Rodrigues de Santana e Nazário Bomfim, filho-agregado de João Rodrigues.Apenas sete pessoas podiam ficar aprisionadas no tronco, motivo pelo qual o capitão Benedito Póvoa foi substituído daquele instrumento de tortura por Messias Camelo Rocha.O terror dominara por completo aquele triste lugar. O desespero destroçava até os mais negros corações. Dona Ana Custódia, irmã de Abílio e de Wolnei, esposa do capitão João Batista e mãe do jovem Oscar; está em estado de choque. Enlouquecida de tanto sofrimento e agonia, monta num cavalo e corre, aflita, para o Buracão. Seu irmão terá que salvar os seus entes queridos da medonha morte que os espera. Dona Ana não tem êxito em seu aflitivo pedido. O irmão não pode decidir sozinho. Agora tudo terá que passar pelo crivo dos outros dois chefes. Abílio Araújo e Roberto Dourado se negam em mudar os planos de ataque. Agoniada, a mãe e esposa se revoltam com o irmão, e num gesto de supremo sofrimento, puxa um revolver que trazia escondido na saia e aponta-o para o corpo do mano. Rápidos, os jagunços agarram-na, impedindo-a do gesto extremo.

O desfecho que ocasionou o famoso Massacre do Tronco, na postagem abaixo...

Alcino Alves Costa
O Decano, Caipira de Poço Redondo

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JOSÉ GONGALVES HOMEM DE CONFIANÇA DO CORONEL ISAÍAS ARRUDA


O grande Conselheiro Cariri Cangaço, João Bosco André nos traz espetacular artigo sobre José Gonçalves, homem de confiança de Isaías Arruda: "O autor destas notas em conversa com Zé Gonçalves, dizia sempre, ante as suas narrativas; com riquezas de detalhes; que ele era um pedaço da história da nossa terra. Num transe doloroso da sua longa vida, quando se envolveu involuntariamente em uma briga com a família Maia, de Missão Velha, ligada por laços de parentesco ao Cel. Chico Romão de Serrita -Pernambuco, e em função dessa briga, chegou a perder dois filhos: Edmilson e o Dr. Esdras; esse, assassinado no dia que se formou em medicina, no Recife.

Em função dessa desavença, Zé Gonçalves foi forçado a sair de Missão Velha e como judeu errante, esteve em Fortaleza, no Rio de Janeiro e no Estado de Goiás, onde chegou a adquirir propriedades rurais. Na sua estada no Rio, manteve uma sociedade em uma concessionária de automóveis, revenda Jeep, com um parente da sua esposa, Sr. José Brígido. Como sempre foi ligado a agricultura, não se adaptou muito bem no ramo comercial, terminada a sociedade com Zé Brígido, após deixar tudo acertado.

Entretanto, sem o seu conhecimento, ficariam algumas promissórias por ele avalizadas, que acabaram lhes trazendo problemas tempos depois. Estando em Fortaleza, junto com a família, fora surpreendido por um telegrama do seu irmão, Quintino Gonçalves de Lucena, que ficara em Missão Velha, cuidando dos seus bens; dando ciência de que fora cientificado de uma penhora pela Justiça em cima de todo o seu patrimônio, decorrente justamente dos avais concedidos na época do negócio no Rio. A dívida num montante de 240$000,00 (duzentos e quarenta mil contos de reis). Imediatamente Seu Zé Gonçalves, dirigiu-se ao Banco Frota Gentil em Fortaleza, onde conseguiu aquela dinheirama para ir a Missão Velha pagar a dívida originária daquela sua sociedade no Rio de Janeiro e que nada devia.

Após os devidos acertos, apesar de insistentes pedidos de Dona Senhora, sua esposa, para que não retornasse a Missão Velha, decidiu fazer a viagem. Na manhã que antecedia sua ida a Missão Velha, estando em casa na Avenida Conselheiro Tristão em Fortaleza, recebeu a visita do Cel. Antonio Leite, seu velho conhecido e natural da Cidade de Milagres e Secretário da Casa Civil do Governo do Estado, a época Dr. Flávio Marcílio, emissário do Governo, pois o Governador, desejava ter uma conversa com o mesmo.

Zé Gonçalves colocou um terno e em companhia do Cel. Antonio Leite, foram ao Palácio do Governo Estadual, ali chegando, segundo palavras textuais do próprio; já estavam a sua espera, o Governador, o Secretário de Segurança do Estado e o Gal. Expedito Sampaio – Comandante da 10ª Região Militar. Antes, porém, quando a caminho do palácio, o Cel. Antonio Leite, pediu a Zé Gonçalves, “QUE DEIXASSE O GOVERNADOR DIZER O QUE QUIZESSE E NÃO LHE RESPONDESSE NADA”, no que teve o compromisso de Zé Gonçalves, de que nada responderia ao Governador. 

Ao chegarem ao Palácio, após os cumprimentos de praxe, Zé Gonçalves, foi convidado a sentar-se e o Governador o interpelou que estava sabendo da sua ida a Missão Velha, naquele dia a noite, no que foi respondido positivamente que sim, foi aí que o Governador pediu que ele não fosse a Missão Velha, pois ali quem mandava era os seus amigos (os Maias), que eram o dono do lugar. Imediatamente, para a surpresa dos presentes, recebeu a negativa de Zé Gonçalves, reafirmando que iria a Missão Velha naquele dia. O Governador insistiu de que Zé Gonçalves não fosse, sem, contudo, persuadir a Zé Gonçalves do seu intento. Após muita insistência o Governador passou a intimidá-lo, chegando a dizer que se Zé Gonçalves fosse a Missão Velha: “seria morto como um cachorro no meio das ruas de Missão Velha”... Ouvindo a ameaça, Zé Gonçalves retrucou que "não havia poder humano que empatasse dele ir a Missão Velha naquela noite", e completou dirigindo-se à escrivaninha do Governador e de punho em riste, disse: “GOVERNADOR O SENHOR DIZ QUE OS SEUS AMIGOS SÃO OS DONOS DA MISSÃO VELHA, MÁS EU TENHO UM PEDAÇO DELA E COMO EU JÁ DISSE, NÃO HÁ PODER HUMANO QUE EVITE DE EU IR A MISSÃO VELHA HOJE. AMANHÃ O SENHOR PODE ATÉ RECEBER UM TELEGRAMA, DIZENDO QUE MATARAM ZÉ GONÇALVES NA MISSÃO VELHA, MAIS O SENHOR FIQUE CERTO QUE EU CHEGO NO INFERNO A CAVALO NO CHEFE DA MISSÃO VELHA”.

À noite, Seu Zé Gonçalves, fazendo-se acompanhar de Dona Senhora (sua esposa) e os seus filhos (que pediram insistentemente que não fosse àquela viagem, porque era muito perigoso), chegou para a partida na Agência da antiga Expresso Cearense. Naquele momento recebeu novamente a visita do Cel. Antonio Leite acompanhado do Cel. Paulo Pedro, este último, designado pelo Governador do Estado, para acompanhar Zé Gonçalves à Missão Velha: faria a sua guarda pessoal. Zé Gonçalves, ainda perguntou ao Cel. Paulo Pedro, quantos filhos ele tinha e que a empreitada era perigosa e que não havia necessidade da sua ida , pois a briga ali era dele ! Naquele momento Dona Senhora, recomendou e pediu ao Cel. Paulo Pedro, de que logo na entrada de Missão Velha, tinham uma propriedade e descessem na cabeça da ladeira do Tinguizeiro e descessem por dentro do baixio até a casa do irmão de Zé Gonçalves (Quintino) no final da propriedade Santa Maria, a fim de evitar qualquer encontro com os inimigos. 

Viajaram por toda a noite até o amanhecer do dia, quando chegaram a Missão Velha; como o Cel. Paulo Pedro, não conhecia o ponto indicado por Dona Senhora para a descida antes de Missão Velha, passaram direto chegando a Praça Nossa Senhora de Fátima, já no centro da cidade; o Cel. Paulo Pedro notou que já estavam dentro de Missão Velha, Zé Gonçalves disse ao acompanhante que só queria uma coisa: "desça com a bagagem e deixe eu descer com as mãos livres". Quando desceram na Praça, Seu Zé Gonçalves de terno, com a mão palmilhada em cima da "45" avistou de prontidão à sua espera em cima da Praça seus principais inimigos: o Cel. Maia, Lebon, seu irmão, um sobrinho do Cel. Chico Romão e um desconhecido, que ela achava que fosse o pistoleiro para lhe matar. Descendo Zé Gonçalves, passou entre o Cel. Maia e Seu Lebon, no seu dizer: "rasgando os dois". Depois o próprio me confidenciou: "que ao dar às costas, sentiu a quentura das balas às suas costas", entretanto nada aconteceu e desceu ileso para a sua casa e daí por diante, jamais deixou de andar em Missão Velha, embora resguardado e respeitando os seus inimigos."

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SÓSIA DE LAMPIÃO

Por Célio Machado

Boa noite! Amigo, há algum tempo estou pesquisando sobre o CANGAÇO, e fiquei maravilhado com a infinidade de informações a respeito do assunto. 


Me parece que algumas imagens de cangaceiros são raras e difíceis de encontrar; entretanto o seu Blog tem se destacado entre todos que pesquisei, pelo conteúdo, qualidade das informações; imagens e muito mais. 


Com a pesquisa pude observar em fotografias que o irmão de meu pai e o meu pai na juventude eram muito parecidos com Lampião; então resolvi enviar a este Blog, para que caso passasse pelo seu crivo fossem publicadas a título de curiosidade de um admirador do tema CANGAÇO. 


Ainda não consegui as fotos antigas de meu tio (o que mais se parece com Lampião); mas estou enviando uma fotografia de meu pai (77 anos) nos anos 50 e de meu tio atual já com 80 anos. Tentei enviar pelo Hotmail mas deu falha no envio.

Célio Machado
celiomestre3gmail.com

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O DIA EM QUE LAMPIÃO ATACOU MOSSORÓ."tim tim por tim tim"

Por Geraldo Maia do Nascimento

Em 1927 a cidade de Mossoró vivia um período de expansionismo comercial e industrial. Possuía o maior parque salineiro do país, três firmas comprando, descaroçando e prensando algodão, casas compradoras de peles e cera de carnaúba, contando com um porto por onde exportava seus produtos e sendo, por assim dizer, um verdadeiro empório comercial, que atendia não só a região oeste do Estado, como também algumas cidades da Paraíba e até mesmo do Ceará.

A população da cidade andava na casa dos 20.000 habitantes, era ligada ao litoral por estrada de ferro que se estendia ao povoado de São Sebastião, atual Dix-sept Rosado, na direção oeste, seguindo por quarenta e dois quilômetros. Contava ainda com estradas de rodagem, energia elétrica alimentando várias indústrias, dois colégios religiosos, agências bancárias e repartições públicas. Era essa a Mossoró da época. A riqueza que circulava na cidade despertou a cobiça do mais famoso cangaceiro da época, que era Virgulino Ferreira, o Lampião.

Para concretizar o audacioso plano de atacar uma cidade do nível de Mossoró, Lampião contava em seu bando com a ajuda de alguns bandidos que conheciam muito bem a região oeste do Estado, como era o caso de Cecílio Batista, mais conhecido como \\\"Trovão\\\", que havia morado em Assu onde já havia sido preso por malandragem e desordem e de José Cesário, o \\\"Coqueiro\\\", que havia trabalhado em Mossoró. Contava ainda com Júlio Porto, que havia trabalhado em Mossoró como motorista de Alfredo Fernandes, conhecido no bando pela alcunha de \\\"Zé Pretinho\\\" e de Massilon que era tropeiro e conhecedor de todos os caminhos que levavam a Mossoró.

No dia 2 de maio de 1927 Lampião e seu bando partiram de Pernambuco, em direção ao Rio Grande do Norte. Atravessaram a Paraíba próximo à fronteira com o Ceará, com destino a cidade potiguar de Luiz Gomes. Antes, porém, atacaram a cidade paraibana de Belém do Rio do Peixe.

Lampião não estava com o bando completo. O cangaceiro Massilon, que se juntaria com sua gente ao seu ele, estava com uma parte dos bandidos no Ceará e pretendia atacar a cidade de Apodi, já no Rio Grande do Norte, no dia 10 de maio daquele ano. Depois do assalto, deveria se juntar a Lampião em lugar predeterminado, onde deveriam terminar os preparativos para o grande assalto. Essa reunião se deu na fazenda Ipueira, na cidade de Aurora, no Ceará, de onde partiram com destino a Mossoró. E ai começou a devastação por onde o bando passava. Assaltaram sítios, fazenda, lugarejos e cidades, roubando tudo o que encontravam, inclusive jóias e animais, queimando o que encontravam pela frente e fazendo refém de todos os que podiam pagar um resgate. Entre os seqüestrados estavam o coronel Antônio Gurgel, ex-Prefeito de Natal, Joaquim Moreira, proprietário da Fazenda \\\"Nova\\\", no sopé da serra de Luis Gomes, dona Maria José, proprietária da Fazenda \\\"Arueira\\\" e outros.

Coube ao Coronel Antônio Gurgel, um dos sequestrados, escrever uma carta ao prefeito de Mossoró, Rodolfo Fernandes, fazendo algumas exigências para que a cidade não fosse invadida. Era a técnica usada pelos cangaceiros ao atacar qualquer cidade. Antes, porém, cortavam os serviços telegráficos da cidade, para evitar qualquer tipo de comunicação. Quando a cidade atendia o pedido, exigiam além de dinheiro e jóias, boa estadia durante o tempo que quisessem, incluindo músicos para as festas e bebidas para as farras. Quando o pedido não era aceito, a cidade era impiedosamente invadida.

De Mossoró pretendiam cobrar 500 contos de réis para poupar a cidade, mas sendo advertido que se tratava de quantia muito alta, resolveu reduzir o pedido para 400 contos de réis. A carta do coronel Gurgel dizia:

\\\"Meu caro Rodolfo Fernandes.

Desde ontem estou aprisionado do grupo de Lampião, o qual está aquartelado aqui bem perto da cidade. Manda, porém, um acordo para não atacar mediante a soma de 400 contos de réis. Penso que para evitar o pânico, o sacrifício compensa, tanto que ele promete não voltar mais a Mossoró...\\\"

Ao receber a carta, o Cel. Rodolfo Fernandes convoca uma reunião para a qual convida todas as pessoas de destaque da cidade, onde informa o conteúdo da mesma e alerta para a necessidade de preparação da defesa contra um possível ataque dos cangaceiros. Os convidados, no entanto, acham inviável que possa acontecer um ataque de cangaceiros a uma cidade do porte de Mossoró. E de nada adiantaram os argumentos do prefeito.

Mesmo decepcionado com a atitude dos cidadãos da cidade, o prefeito responde a carta nos seguintes termos:

\\\"Mossoró, 13 de junho de 1927. -

Antônio Gurgel.

Não é possível satisfazer-lhe a remessa dos 400.000 contos, pois não tenho, e mesmo no comércio é impossível encontrar tal quantia. Ignora-se onde está refugiado o gerente do Banco, Sr. Jaime Guedes. Estamos dispostos a recebê-los na altura em que eles desejarem. Nossa situação oferece absoluta confiança e inteira segurança.

Rodolfo Fernandes\\\".

Quando o portador chega a casa do prefeito para pegar a resposta, esse, de modo cortês, diz que a proposta do bandido é inaceitável e se diz disposto a enfrenta-lo. Levou o portador ao aposento onde havia vários caixões com latas de querosene e gasolina. Junto a esses caixões, existia um aberto e cheio de balas. O prefeito na tentativa de impressioná-lo, diz que todos aqueles caixões estão cheios de munição e que já existe um grande número de homens armados na cidade, aguardando a entrada dos cangaceiros.

Lampião não esperava tal resposta e ao tomar conhecimento que a cidade está pronta para brigar, resolve mandar um bilhete escrito de próprio punho, numa péssima caligrafia, julgando que assim conseguiria o intento :

\\\" Cel Rodolfo

Estando Eu até aqui pretendo drº. Já foi um aviso, ahi pº o Sinhoris, si por acauso rezolver, mi, a mandar será a importança que aqui nos pede, Eu envito di Entrada ahi porem não vindo essa importança eu entrarei, ate ahi penço que adeus querer, eu entro; e vai aver muito estrago por isto si vir o drº. Eu não entro, ahi mas nos resposte logo.

Capm Lampião.\\\"

Mais uma vez, o prefeito responde com negativa. Diz em sua resposta para Lampião:

\\\"Virgulino, lampião.

Recebi o seu bilhete e respondo-lhe dizendo que não tenho a importância que pede e nem também o comércio. O Banco está fechado, tendo os funcionários se retirado daqui. Estamos dispostos a acarretar com tudo o que o Sr. queira fazer contra nós. A cidade acha-se, firmemente, inabalável na sua defesa, confiando na mesma.

Rodolfo Fernandes

Prefeito, 13.06.1927\\\".

Nessa altura dos acontecimentos, os mossoroenses já convencidos do intento dos cangaceiros, tratavam de preparar a defesa da cidade. O tenente Laurentino era o encarregado dos preparativos. E como tal, distribuía os voluntários pelos pontos estratégicos da cidade. Haviam homens instalados nas torres das igrejas matriz, Coração de Jesus e São Vicente, no mercado, nos correios e telégrafos, companhia de luz, Grande Hotel, estação ferroviária, ginásio Diocesano, na casa do prefeito e demais pontos.

O plano de lampião era chegar a uma localidade conhecida como Saco, que ficava a uma distância de dois quilômetros de Mossoró, onde abandonariam as montarias e prosseguiriam a pé até a cidade. O cangaceiro Sabino comandava duas colunas de vanguarda. Uma das colunas era chefiada por Jararaca e outra por Massilon. Lampião ia no comando da coluna da retaguarda.

Enquanto cangaceiros e voluntários se preparam para o combate, o restante da população, que não participariam do mesmo, tentava deixar a cidade. Eram velhos, mulheres e crianças, pessoas doentes, que não tinham nenhuma condição de enfrentar, de armas em punho, a ira dos Cangaceiros.

A cena era dantesca desde o dia 12 de junho. Nas ruas, o povo tentava deixar a cidade de qualquer maneira. Mulheres chorando, carregando crianças de colo ou puxadas pelos braços, levando trouxas de roupas, comida e água para a viagem, vagando na multidão sem rumo. Era uma massa humana surpreendente que se deslocava pelas ruas da cidade na busca de transporte, qualquer que fosse o meio, para fugir antes da investida dos Cangaceiros. Famílias inteiras reunidas, em desespero, lotavam os raros caminhões ou automóveis que saíam disparados a caminho do litoral. Muitos, sem condição de transporte, tratavam de conseguir esconderijo dentro ou fora da cidade. A ordem dada pelo prefeito era que quem estivesse desarmado saísse da cidade.

O desespero aumentava mais a medida que o dia avançava. Às onze horas da noite, os sinos das igrejas de Santa Luzia, são Vicente e do Coração de Jesus começaram a martelar tetricamente, o que só servia para aumentar a correria. As sirenes das fábricas apitavam repetidamente a cada instante. Muita gente que não acreditava na vinda de Lampião, só ai passou a tomar providências para a partida.

Na praça da estação da estrada de ferro, era grande a concentração de gente na busca de lugar para viajar nos trens que partiam de Mossoró. Até os carros de cargas foram atrelados a composição para que a multidão pudesse partir. Mesmo assim não dava vencimento, e os retardatários, em lágrimas, imploravam um lugar para viajar.

O Prefeito, o Cel. Rodolfo Fernandes de Oliveira, se desdobrava na organização da defesa, ao mesmo tempo que ordenava a evacuação da cidade, medida essa que poderia salvar muitas vidas.

Enquanto isso, a locomotiva a vapor, quase milagrosamente partia, resfolegando com o peso adicional, parecendo que ia explodir, tamanho o esforço feito pela máquina que emitia fortes rangidos e deixava um rastro de fumaça negra no horizonte. Era uma viagem relativamente curta, entre Mossoró e Porto Franco, nas proximidades da praia de Areia Branca.

Na cidade, o badalar dos sinos continuava e o desespero também, pois apesar da pequena distância que o trem deveria percorrer, a locomotiva demorava mais do que o normal para chegar, com o maquinista parando com freqüência para se abastecer de água e lenha pelo caminho. Saía de Mossoró com todos os carros lotados e voltava vazio. Era um verdadeiro êxodo.

Na noite do dia 12 de junho, não houve descanso para ninguém em Mossoró. Os encarregados pela defesa da cidade se revezavam na vigília, enquanto o restante da população esperava a vez de partir. E o movimento na estação ferroviária não parava. O embarque de pessoal virou toda a noite e só terminou na tarde do dia 13 de junho, dia de Santo Antônio, quando foram ouvidos os primeiros tiros, dando início ao terrível combate. Mas a meta havia sido alcançada; a cidade estava deserta, exceto pelos defensores que das trincheiras aguardavam o ataque.

Ao entrarem na cidade, o bando sente medo, devido ao abandono do local. Sabino encaminha-se com suas colunas para a casa do prefeito. Não perdoa o atrevimento daquele homem que resolveu enfrentar o bando de cangaceiro mais temido do nordeste brasileiro. Sabino posiciona-se sozinho em frente a casa de Rodolfo Fernandes. Os defensores da cidade ficam indecisos, sem saber se ele é um soldado ou um cangaceiro, já que não havia muito diferença entre a maneira de se vestir de um e de outro. Foi preciso a ordem do prefeito para que começassem a atirar.

Nesse momento o tempo fechou. Uma forte chuva começou a cair, comprometendo o desempenho dos cangaceiros e tornando mais tétrico o ambiente. Lampião segue em direção ao cemitério da cidade enquanto que Massilon procura os fundos da casa do prefeito.

O cangaceiro \\\"Colchete\\\" tenta revidar os tiros lançando uma garrafa com gasolina contra os fardos de algodão que serviam de trincheiras para os defensores, na tentativa de incendiá-los. Nesse momento é atingido por um tiro, caindo morto. Jararaca se aproxima do corpo, com o intuito de dar prosseguimento ao plano do comparsa morto e é também atingido nas costas, tendo os pulmões perfurados.

No mesmo instante, os soldados entrincheirados na boca do esgoto começam a atirar, encurralando os cangaceiros. Os defensores dominam a situação e não resta outra solução aos facínoras se não abandonar a cidade. A ordem de retirada é dada por Sabino que puxando da pistola dá quatro tiros para o alto. É o fim do ataque.

Não foi um combate longo; iniciou-se as quatro horas da tarde, aproximadamente, sendo os últimos disparos dados por volta das cinco e meia da mesma tarde. Lampião havia fugido, deixando estirado no chão o Cangaceiro Colchete e dando por desaparecido o Jararaca, que depois seria preso e \\\"justiçado\\\" em Mossoró. Mas com medo da revanche dos bandidos, os defensores permaneceram de plantão toda a noite, só descansando no outro dia, quando tiveram certeza que já não havia mais perigo.

Quando lembramos esses fatos, ficamos pensando que tragédia poderia ter acontecido se a cidade não houvesse sido esvaziada a tempo. Quantas mortes poderiam ter havido se a população tivesse permanecido na mesma. Só Deus pode saber.

Depois do acontecido, a população começou a voltar para casa. Foi outra batalha para se conseguir transporte, juntar os parentes, desentocar os objetos de valores que tinham ficado escondidos e tantas providências mais, que só quem viveu o drama poderia contar.

13 de junho, dia de Santo Antônio. Um dia que ficou marcado para sempre na história de Mossoró.

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Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento

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