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segunda-feira, 18 de maio de 2015

SILA COMPANHEIRA DO CANGACEIRO ZÉ BAIANO


Seus irmãos eram: João, Maria, Manoel, Humberto, Gumercindo, Antonio e Abdias. O pai se chamava Paulo Gomes de Souza e a mãe era Josefa Gomes de Souza. O pai era proprietário de uma pequena fazenda onde viviam da criação e da agricultura.  Aos seis anos de idade, a mãe faleceu, mas apesar das dificuldades, eles viviam em harmonia. Com um ano depois da morte da mãe, o pai casou-se com a irmã de sua mãe. 

O cangaceiro Zé Sereno

Sila entrou no bando de cangaceiros por ter sido raptada por Zé Sereno que a levou para a mata, introduzindo-a na mais perigosa aventura que possa parecer. Ela foi para o bando com a roupa do corpo. Os irmãos nem viram a sua saída e, mesmo que tivessem visto, quem era louco de reclamar?  Eles foram andando pelo mato, calados. Zé Sereno na frente e ela atrás. Para ela era tudo tão estranho, parecia que ia flutuando. Ela chorava quietinha, e a Neném, uma amiga que adquiriu em um forró (Noite em que o bando pernoitou na casa do seu irmão), chamava a atenção dizendo que não adiantava chorar. Se ela pisava em uma pedra e tirava do lugar, um cangaceiro voltava e a colocava no lugar evitando pistas para os policiais.

Sila depois que abandonou o cangaço foi residi em São Paulo, e trabalhou de costureira na TV Bandeirantes, fez figuração na novela ''Os Imigrantes'', da emissora. Era quem costurava as roupas das chacretes do Chacrinha, e foi também camareira das atrizes Regina Duarte e Fernanda Montenegro.

Em 1980 participou das filmagens da minissérie Lampião, apresentada pelo canal Globo, fazendo-a regressar ao palco de sua tragédia, Com essa oportunidade, dada pelos canais de televisão, Sila começou a viajar, fazer palestras e resgatar a epopeia do cangaço, que ela viveu na carne.

Não me recordo o ano, mas a ex-cangaceira Sila esteve em Mossoró para participar de encontros de escritores e pesquisadores, juntamente com alguns ex-componentes do cangaço, direta ou indiretamente. 

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UM LIVRO COMPLETO SOBRE CANGAÇO


A 2ª edição continua sendo vendida através dos endereços abaixo:
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CARIRI CANGAÇO - José Cíceor


Jornal Diário do Nordeste
Caderno Especial de domingo [Debates e Ideais]
Artigo de opinião - JC
31 de março de 2013.

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PALAVRAS DO SINHÔ PEREIRA SOBRE O APELIDO DE VIRGOLINO FERREIRA DA SILVA - LAMPIÃO

              
Claro que ainda existem muitas coisas que aconteceram no cangaço e até hoje não se tem uma afirmativa correta, isto é "FOI ASSIM, ASSIM, ASSADO", porque nem tudo foi comprovado. Mas em relação ao apelido que Virgolino Ferreira da Silva adquiriu no cangaço de: "LAMPIÃO" não tem mais precisão de usarmos outra ou outras versões sobre ele. 


Em uma entrevista que Sebastião Pereira da Silva, o ex-cangaceiro Sinhô Pereira cedeu ao seu parente Luiz Lorena e Sá, ele falou como Virgolino Ferreira da Silva adquiriu este apelido "LAMPIÃO" dizendo o seguinte:

 “Num combate à noite, na fazenda Quixaba, o nosso companheiro Dê Araújo comentou que a boca do rifle de Virgolino mais parecia um lampião. Eu reclamei, dizendo que munição era adquirida a duras penas. Desse episódio resultou o Lampião que aterrorizou o Nordeste”.

Se o Sinhô Pereira que foi chefe de Virgolino Ferreira da Silva por algum tempo (e acho que ele não foi um homem mentiroso, porque homem valente não tem medo da verdade, e não abre a boca para dizer mentira), por que até agora nós ainda queremos acreditar em quem não era chefe e quis se promover como um bom depoente? Lógico que da minha parte, outra ou outras versões não me convencerão. Somente a que foi dita pelo Sebastião Pereira da Silva, o Sinhô Pereira das terras do Pajeú. Alguns dizem que talvez esta versão seja a mais correta, mas para mim não existe talvez, esta versão da entrevista é a correta.

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SÁBADO 23/05 Baile SAMBAIÃO PRÉ-JUNINO com Gafieira João de Barro


Misture forró com samba! Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Sivuca, Altamiro Carrilho, Chico Buarque, Noel Rosa, João Bosco, João Nogueira, Gilberto Gil. Todos à maneira João de Barro. Salão de baile, pista pra dançar, samba de gafieira, muito improviso e classe numa roupagem contemporânea e eletrizante de clássicos da música brasileira.

Abertura da casa: 22h / início da apresentação: 00h
Entrada 20,00.

MISCELÂNEA CULTURAL

RUA CUNHA GAGO, 678 - PINHEIROS (Metro Faria Lima)
(paralela a av. pedroso de moraes, altura da loja Fnac)
www.miscelaneacultural.com.br

*Se quiser comemorar o seu ANIVERSÁRIO é só mandar um e-mail para contato@miscelaneacultural.com.br com a data, nome completo, número aproximado de convidados e aguardar nossa confirmação. Direito à entrada e convidado Vip, mais uma bebida!

O Grupo:

O João de Barro é um grupo integrado por músicos em sua maioria formados na USP e Unicamp, cujo trabalho é voltado ao resgate e releitura da música brasileira, principalmente do choro e samba.

Liderados por André Bachur e Pedro Bruschi, apresentam-se com diferentes formações, escolhidas de acordo com o público, espaço e repertório, mas sempre mantendo o que é essencial para eles: a qualidade musical e a beleza do espetáculo.

Para o repertório da Gafieira o grupo agrega novos instrumentistas, na bateria, no contrabaixo, no trio de metais e o cantor Zé Leônidas que, com muita voz e bossa, comanda o espetáculo, ao som de sambas de compositores e intérpretes consagrados, como João Bosco, Elis Regina, além dos clássicos da Gafieira.

Os integrantes se dividem na elaboração dos arranjos preparados especialmente para a banda, que faz a dança rolar solta. Não há como ficar parado!

Formação:
Zé Leônidas - Voz / Percussão
Pedro Bruschi - Guitarra
Andre Bachur - Bandolim
Kiko Woiski - Baixo
Pedro Henning- Bateria
Ed Woiski - Trompete
Luís Santiago - Sax / Flauta
Edinaldo Santos - Trombone

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https://www.facebook.com/joaodebarrogrupo

Fonte: facebook

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MARTHA E ESPOSO - ELA É FILHA DA EX-CANGACEIRA DULCE.

Por Neli Conceição

Gente, essa é a Martha filha da ex-cangaceira Dulce com seu esposo Ruas. Casal lindo Uma saudade de vocês, amigos!!!

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A ex-cangaceira com o pesquisador Geraldo Júnior

Para quem não sabe Dulce foi uma sobrevivente do massacre aos cangaceiros na madrugada do dia 28 de Julho de 1938, lá na Grota de Angico, em terras da cidade de Poço Redondo, no Estado de Sergipe. 

O ex-cangaceiro Criança

No cangaço Dulce Menezes era companheira do cangaceiro Criança, e é a última cangaceira viva de todos os facínoras que participaram deste movimento social. Ela já passa dos 90 anos e reside em Campinas de São Paulo.

Fonte: facebook
Página: Neli Conceição

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O CORPO DE LAMPIÃO LÁ NA GROTA DE ANGICO EM 1938 NO ESTADO DE SERGIPE

Acima fotografia do corpo de Lampião em estado avançado de putrefação.

Após ter sido morto durante o ataque da Força Policial Volante em Angico em 28 de Julho de 1938, Lampião teve sua cabeça decepada e levada para ser exibida em inúmeras cidades do Nordeste, enquanto isso seu corpo permaneceu exposto ao relento, onde permaneceu até seu completo desaparecimento.

Nas quebradas do Sertão...

Fonte: facebook
Página: Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)

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ESCRITOR DE LIVROS INFANTIS PUBLICA LIVRO SOBRE LAMPIÃO


Escritor de livros infantis, Ziraldo, com nosso trabalho: O romance A VOLTA DO REI DO CANGAÇO.

Acredito que posteriormente ele deverá publicar como adquirir a sua obra e o valor a pagar.

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MISTÉRIO QUE AINDA NÃO FOI DESVENDADO SOBRE A MORTE DE LAMPIÃO

Por José Mendes Pereira

O único mistério que ainda não foi desvendado na história de Lampião é sobre sua morte. Mesmo traído pelo coiteiro Pedro de Cândido, que na verdade eu não considero como traição, vez que ele não fez entrega de Lampião às volantes por espontânea vontade, e sim foi maltratado até descobrir o local que o facínora se encontrava. Assim não podemos considerar uma traição praticada pelo coiteiro Pedro de Cândido contra, o rei Lampião. E tenho plena certeza que, muitos se tivessem sofrido o que Pedro de Cândido sofreu nas mãos dos policiais, cuspido, humilhado, chutado, unhas arrancadas com alicate..., entregariam até o grande salvador Jesus Cristo, só para amenizar o seu sofrimento. A traição seria aquela feita por espontânea vontade, aí, sim, seria traição.


Pedro de Cândido à esquerda

ESTAS SÃO AS INTERROGAÇÕES QUE OS ESTUDIOSOS DO CANGAÇO FAZEM E AINDA NÃO OBTIVERAM RESPOSTAS:

1 - Por que Lampião como bom estrategista que era escolheu a Grota do Angico, um buraco sem saída (ver foto abaixo), para acampar durante 15 dias? 
                                     
O buraco que se fala não é este que aparece, e sim em volta das terras desta grota

2 - Como é que pode um grupo de 34 cangaceiros ter sido pego de surpresa por um outro grupo de 48 policiais, que caminhou e rastejou morro acima por quase duas horas e ninguém viu?

3 - Por que os cães e os vigias do bando de Lampião não notaram nada durante o tempo em que os policiais se preparavam para dar o bote final e mortal aos cangaceiros? 


4 - Por que duraram 15 minutos para eliminar o bando de cangaceiros que nem resistiu, já que a volante policial tinha metralhadoras para eliminá-lo em cinco minutos, no máximo?   


5 – Por que o cangaceiro Amoroso não foi metralhado na hora que foi fazer XIXI, pois o mesmo ficou cara a cara com um policial, segundo reportagem que eu li?                          

Amoroso à esquerda e Canário à direita

Cada um de nós diz o que quer sobre este ataque que Lampião se perdeu na sua estratégia, mas eu admito que alguém diga que não, todo mundo pode errar, mas eu acho que tinha boi na linha. 

Observação: Lembrando ao leitor que o que eu escrevi não tem nenhum valor para a literatura lampiônica. Esta é apenas a minha simples opinião, já que não é proibido opinar. 

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“OS ETERNOS MISTÉRIOS DE ANGICO” PARTE I


São infinitos os mistérios que se sucederam na manhã daquele fatídico dia 28 de julho de 1938. Os pesquisadores não se cansam, jamais se fadigam, de irem em buscar da verdade. Abaixo, ótima matéria postada pelo cariri cangaço, nos mostra uma entrevista, feita pela pesquisadora Juliana Ischiara, com o pesquisador Alfredo Bonessi, sobre os fatos ocorridos na grota do angico.

Boa leitura.

“Os eternos mistérios de Angico” Parte I

Por Alfredo Bonessi

“Carissíma Juliana;

Todas as respostas as suas perguntas serão de minha parte “possivelmente” – não temos como afirmar com precisão o que realmente aconteceu na madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota de Angicos – Sergipe, onde foram mortos 11 cangaceiros pela tropa volante comandada pelo Tenente João Bezerra da Força Alagoana. Quem estava lá e quem esteve lá, deixou de esclarecer a pura verdade - aquilo que hoje interessa a todos nós. Temos ainda um volante vivo e dois cangaceiros vivos (acredito) – os cangaceiros somente contarão a versão deles, onde estavam no momento do ataque, o que eles fizeram para escapar do tiroteio, depois aonde aconteceu a reunião do grupo qual foi lugar, o rumo que cada um tomou depois dessa reunião e nada mais(...)”.

(INÍCIO DA ENTREVISTA)

“1. Quais armas foram usadas em 28 de julho de 38 em Angico?

As armas que foram usadas foram o fuzil mauser modelo 1898, 1908, Metralhadora Bergman 24, 32, possivelmente a winchester 44.40, facas, facões e punhais. Ambas as partes em confronto portavam revólveres em calibres variando do 32 ao 44 e pistolas Luger 7,65, 9mm. As Armas que entraram em combate na Grota naquela madrugada de 28 de julho de 1938, fizeram parte da listagem das armas objeto da nossa palestra no Cariri Cangaço II. Por exclusão, possivelmente não tomaram parte na luta, a metralhadora Hotkiss (beijo quente), o bacamarte, o fuzil chuchu, o manlicher, a conblain.

Fusil Mauser 1898

Metralhadora Bergman

2. O primeiro tiro, partiu de que tipo de arma? Qual o alcance do projétil e em que distancia se podia ouvir o estampido?

Possivelmente de um fuzil mauser, calibre 7 mm de um volante. Declino o ano da arma. O soldado errou o tiro no Cangaceiro Amoroso, imaginamos ser em distância de menos de 5 metros, e com certeza não deu somente um tiro, deu vários, de igual maneira todo o grupo de soldados, depois do primeiro tiro, abriu fogo nutrido em cima de Amoroso, que saiu em desabalada carreira. Amoroso morreu anos depois de maneira trágica. O alcance do projétil dessa arma é para 2400 metros. Para atirar em um homem isolado seu alcance de precisão é de 600 metros. E para um grupo de homens é de 1200 metros. O tiro de combate em um confronto bélico é de 300 metros. A velocidade da bala é de 700m/s e a força do projétil na boca do cano é de 300 Kg ( seis sacos de cimento).

O som derivado do estampido da arma pode ser ouvido em variadas distâncias, dependendo do fator local, aí incluindo temperatura, velocidade do vento, pressão atmosférica e naturalmente o estado de concentração e de saúde do ouvido de quem houve. Normalmente o som do estampido pode ser ouvido entre 1,5 Km até 3 Km de distancia.

3. Na sua opinião, independente de Amoroso ter sido atingido há 50 ou 100 metros do restante do grupo, daria para se ouvir o som do tiro?

Sim. Amoroso estava aproximadamente a 80 metros de distância de Lampião e a 60 metros de Maria Bonita. Ocorre que após este tiro a tropa (28 homens) atirou nos alvos previamente estabelecidos. O soldado Noratinho estava com Lampião na mira de sua arma e Maria Bonita estava correndo quando recebeu um tiro nas costas, bala que saiu pela frente. Caiu, levantou e saiu correndo novamente quando recebeu um outro tiro a curta distância, de lado, no ventre, indo cair próximo a Lampião. Em um combate os estrategistas se utilizam destas condicionantes para um ataque em que se visa alcançar sucesso, com menos perda possíveis: cerco - surpresa - velocidade e força. Quem cai nessa armadilha dificilmente vencerá uma luta. Nisso João Bezerra foi perfeito.

Além do mais o ataque foi ao amanhecer, quando os cangaceiros estavam se levantando, se espreguiçando, ou fazendo suas necessidades, a sua higiene. Uma pessoa nessas circunstancias está sonolenta, sem reflexos, seus sentidos ainda não estão alertas, tempo depois de acordar e levantar e aos poucos é vão entrando na realidade da vida que o cercam, para bem depois tomar um café, fumar um cigarro, bater um dedo de prosa com alguém ou com o grupo, tratar sobre as atividades para aquele dia, quais sejam remendar o equipamento, desmontar e lubrificar o armamento, afiar facas, tratar algum ferimento, realizar o asseio corporal, tomar um banho, e até mesmo voltar a dormir por debaixo de uma fresca ramada. Mas se ainda estiver dormindo e entrar na bala, será um Deus-nos-acuda.

Juliana Ischiara e Alcino Alves Costa

4. A volante levou muitas armas, me refiro ao peso das mesmas, dada a circunstâncias, levando-se em consideração a distancia e as condições geográficas, no caso muito íngreme?

A polícia levava o equipamento de costume que não era pesado, uma vez que o soldado saía para uma operação e depois de poucos dias retornava para sede. Bem diferente do Cangaceiro cujo equipamento necessário pesava bem mais que 24 Kg, (no mínimo). No dia 27 de julho, a noitinha, os soldados não sabiam para onde iam e nem quem iriam combater. Ficaram sabendo horas antes do combate quando já deslocavam para a Grota que o ataque seria contra Lampião. Essa medida foi adotada pelos oficiais como medida de segurança, para evitar que a operação chegasse aos ouvidos de Lampião. Se o deslocamento da polícia fosse de dia e nas vistas de pessoas de Piranhas e ao longo do rio, com certeza Lampião seria avisado a tempo. Após o combate João Bezerra foi conduzido ao porto por dois homens, uma vez que estava ferido e mesmo por segurança uma vez que os Cangaceiros estavam espalhados por todos os lados. O restante, 45 homens, trouxeram com folga e certa vantagem o equipamento dos cangaceiros. Acredito que remar, e subir o rio até Piranhas foi o maior transtorno encontrado pela tropa, que faminta, com sede e muito cansada - estava a mais de dezoito horas sem repouso. Mas a alegria pelos troféus que conduziam em suas canoas apagavam qualquer sinal de enfado, pois os soldados orgulhosos e felizes não acreditavam que tinham matado o Cangaceiro mais famoso e o homem mais valente do sertão.

5. Como militar, como o senhor pensa que foi a estratégia usada pelo Tenente João Bezerra? Lampião morrera por falta de sorte ou atenção/descuido?

A morte de Lampião não foi por acaso. Lampião foi vítima de uma manobra policial que deu certo entre tantas outras que não deram certo. Lampião não era fácil de ser encontrado. Quem o ajudasse de alguma forma era sustentado a peso de muito dinheiro e sabia muito bem que se o delatasse e fracassasse na tentativa, pagaria bem caro com a vida sua e de seus familiares. Além do mais entre os coiteros e informantes de Lampião cada um vigiava as atitudes dos outros. Pelo lado de Lampião, ele mesmo mantinha um certo segredo em não revelar entre eles quem era ou deixava de ser para que se fosse pego um coitero, não houvesse a denúncia de todos. Mesmo dentro da polícia, com certeza, havia informantes que poderiam avisar Lampião para que se cuidasse daquele ou outro coitero. Dinheiro é tudo e tudo é por dinheiro. Assim como Lampião aliciava as autoridades e policiais em seu favor, a policia também aliciava e fingia que fazia corpo mole com alguns informantes seus. O objetivo da policia era Lampião e não o coitero. Aquele coitero que a polícia sabia que era amigo de Lampião, ficava de “molho” para troca de informações, estratégia utilizada pela própria policia para descobrir o paradeiro do procurado, que era quem realmente interessava.

Depois, em pressão, a coitero assumia o compromisso de cooperar com a policia – fato esse que ficava somente com o comandante da tropa e não chegava aos ouvidos dos soldados, uma vez que dentre os soldados havia aqueles que tinham parentes Cangaceiros. O próprio vaqueiro Domingos dos Patos, que foi o canoeiro que atravessou em canoa o bando de Lampião para Sergipe, trabalhava na fazenda do pai da Dona Cyra, esposa de João Bezerra, o comandante que queria pegar Lampião. Na volante que matou Lampião e Maria Bonita estava um soldado parente dela.

Os coadjuvantes vitais...

Joca Bernardes, ou Joca da Fazenda Capim, era um desse coiteros, que descoberto, tinha se comprometido com o Sargento Aniceto a cooperar naquilo que soubesse contra os cangaceiros. Joca era coitero de Corisco e ficou sabendo da chegada de Lampião pela boca do cangaceiro Vila Nova – só não sabia onde ele estava. Com as compras de Pedro de Candido de queijos fabricados por Joça e já encomendados, em grandes quantidades, Joca denunciou Pedro ao sargento Aniceto. Pedro era aquele coitero que estava na mira da polícia, tinha tido vários encontros com o Tenente Bezerra, mas estava de “molho” para uma ocasião futura e propícia e essa hora havia chegado.

Mesmo assim ao receber o telegrama em Pedra do Delmiro o Tenente João Bezerra não alarmou o pessoal e marcou um encontro com o Sargento na metade do caminho entre Piranhas e Pedra do Delmiro, onde os comandantes das frações fizeram conferência dentro do mato, quatro horas depois da saída de Pedra e três horas depois da saída do caminhão com o Sargento Aniceto de Piranhas. Era aproximadamente 16 para 17 horas da tarde. Mas ainda faltavam as confirmações que o Tenente tanto esperava. Antes da saída de Pedra passou um telegrama para ele mesmo, dizendo que alguém avisara ele que Lampião estava para os lados de Moxotó. Mas alguém de Moxotó enviara de fato um telegrama a ele sobre o aparecimento de cangaceiros na região de Moxotó, só que não eram cangaceiros, mas a tropa do próprio Sargento Aniceto. O Tenente antes de seguir destino para o encontro com o Sargento e de telegrama na mão gritou a pleno pulmões no meio do pessoal civil aglomerado, entre eles estavam alguns suspeitos de serem coiteros de Lampião: vou combater o cego no Iapi. Essa informação que a força tinha ido para o Moxotó chegou ao entardecer a Lampião no coito de Angicos, tendo Lampião brincado e dado risadas, pilherando afirmou: então pode dormir de cueca.

Volante do Tenente João Bezerra

A força ainda se encontrou com Joca que relatou tudo ao Tenente, depois ainda na incerteza se deslocou até um ponto com segurança para então mandar buscar Pedro que relatou tudo o que sabia, e sabia até demais, sabia onde o pessoal dormia e por onde estavam os sentinelas, se é que haviam. Mesmo assim o Tenente ainda desconfiava de tudo aquilo, porque Lampião não era fácil de ser pego assim tão facilmente. Avaliando o tamanho do efetivo de cangaceiros e se deixando levar pelos desconhecidos chegou a querer desistir da operação – só um temerário atacaria Lampião naquelas circunstancias – e mesmo porque já sabia que Lampião o tinha ameaçado de morte - aquilo tudo poderia ser uma armadilha. Mas no momento de indecisão entra em cena a figura do Aspirante Ferreira de Melo, que contestou a idéia de atacar os cangaceiros somente pela manhã, de dia e com seus 16 homens iria mesmo assim atacar Lampião. Se tivesse ido, ele mataria Lampião somente com esses homens, uma vez que Pedro conduziu a Policia até a menos de dez metros da barraca de Lampião e ainda apontou Lampião que estava em pé, fora da barraca.

No mais a sorte de Lampião se acabara naquele dia, o destino pos ponto final em sua vida naquela manhã. Na hora do início do tiroteio se ele estivesse deitado dentro da barraca ou mesmo a alguns metros por detrás das pedras teria escapado, mas veria a sua mulher ser morta a vinte metros de distância. Dado o primeiro tiro naquela manhã, Lampião não teve tempo para raciocinar, para saber o que poderia ser - uma arma disparou por acidente ? – alguém deu um aviso ? – tudo isso e mais poderia pensar que despertava no interior das toldas, não imaginavam que estavam cercados pela polícia e fugir daquele local era a salvação de suas cabeças. Quem cercou Lampião naquela manhã sabia o que estava fazendo e era assim que sempre procedia: o quadrado mortífero. Só não conseguiu a exterminação total dos cangaceiros porque o alvo era Lampião e além do mais a mata espinhenta ao redor da grota e a hora do ataque, o amanhecer, sem os raios do sol, dificultava em muito quem precisava enxergar alvos e necessitava da claridade para ajustar a mira das armas e abrir fogo. Depois outro fator que contribuiu para a fuga dos cangaceiros foi a fumaça originada pela queima da pólvora por ocasião dos disparos das armas em conflito, que cobriu a grota como um manto de morte.

Negligência???

Negligência ? sim. Descuido ? sim, a começar pela escolha do local. Nada de lugar com uma só boca, como falaram depois quem escapou para contar história. Não foi isso que matou Lampião. Lampião foi morto por uma estratégia militar, num jogo de informação e contra-informação utilizado até hoje nos meios policiais. Aquele lugar, aquela gruta não é local para defesa, mas as cercanias, no cimo dos morros sim. Homens bem distribuídos , em locais previamente marcados, acordados, vigilantes, e sóbrios, impedem qualquer efetivo que se aventure a abater quem estiver no interior da furna. Quem estiver no interior da furna terá tempo suficiente para escapar ileso de qualquer ataque que venha a sofrer, desde que a força atacante se encontre previamente com sentinelas postados a mais de cem metros de distância da furna. Além do mais o local não serve para esconderijo porque do meio do rio se enxerga com relativa facilidade o rolo de fumaça que sobe das fogueiras onde eram cozinhadas as comidas, e deveria haver mais de uma. Não é crível que 45 homens comam de um mesmo fogo. Quanto maior a fogueira, maior é o rolo de fumaça, maiores serão os odores que exalam das carnes assadas, do café requentado, do fumo dos cigarros de palha. E o som dos vozerios compartilhados, das músicas, das toadas, das gargalhadas, dos casos contados, dos acontecidos, das boas empreitadas com ganhos fáceis, e aquele cabra que implorou para não morrer ?, aquele rosto desfigurado pelo assombro da morte, quando a ponta do punhal sangrador foi afundando devagarinho na base do pescoço ? – motivos de comemorações e de alegrias para aquele bando de gente impiedosa não faltavam.

Não se pode culpar Lampião por isso ou aquilo, ou pelo que deixou de fazer, mesmo porque o bando não era uma milícia organizada, com estratégia de defesa e ataque, as manobras de guerra a bastante tempo não eram postas em práticas depois que Antonio Ferreira e Sabino haviam desaparecidos. As orientações do chefe eram quase sempre as mesmas: não enfrente os macacos – fuja ! A policia, sabendo desse proceder dos cangaceiros, se sentia motivada a se aproximar dos grupos e de abrir fogo sobre eles, com a certeza que correriam abandonando o campo da luta. Fugiam não por medo, mas por economia da munição, cara e escassa, pela preservação da própria vida, além do mais o que se ganharia em matar uns poucos macacos – depois desses viriam mais e mais numa seqüência de mortandade que nunca terminaria. Por isso a melhor defesa residia simplesmente na grande mobilidade, nas andanças, percorrer grandes distâncias em poucas horas, e nessas poucas horas estarem em vários lugares diferentes – assim a informação dos delatores não chegaria aos ouvidos da polícia com tempo suficiente para ser transformada em uma ação planejada a ponto de surpreender o grupo. Outro fundamento do grupo era sumir sem deixar rastros, ou deixar vestígios bem visíveis que conduziriam os soldados a um lugar determinado, culminando em uma emboscada. Outras vezes os rastros não levavam a lugar nenhum e a volante ficava bobando no meio da catinga. Na maioria das vezes os grupos de cangaceiros sumiam por meses e ninguém sabia por onde andavam, até que um caçador informava a pista deles, na maioria das vezes falsa e sem sentido, às vezes a mando dos próprios cangaceiros para despistar uma ação de assalto a alguma localidade.

Portanto, a escolha de Angicos como ponto de reunião, mesmo que seja para passar uma semana, foi um erro mortal, mesmo com a desculpa do tratamento de Maria Bonita em Própria, ou para tratar operações futuras, ou pela necessidade de aproximação com a água devido presença de mulheres, nada justifica a desatenção para com o fator segurança do chefe em particular e do grupo em geral. Caso fosse irremediavelmente necessário a permanência na área - isso até não seria considerado um problema desde que os homens fossem dispostos estrategicamente ao redor, no cimo dos morros, no leito do riacho, em vigilância constante e protegendo quem estava no fundo daquele buraco(...)”. 

Juliana Ischiara e Alfredo Bonessi
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Transcrito por Sálvio Siqueira
PS// A matéria com a entrevista continua em uma segunda parte, a qual, em outra oportunidade, a veremos...
Fonte cariricangaco.blogspot.com (Postado por CARIRI CANGAÇO)

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