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domingo, 12 de abril de 2015

ALGUÉM SABE ONDE ENCONTRAMOS ESSE GLOBO REPÓRTER DE 1974?

Por Raul Meneleu Mascarenhas

Fonte: facebook

http://blogdomendesemendes.blogspot.com - Esta parece mais com o cangaceiro Antonio Ferreira

A MISSÃO DE GUERRA CONTRA LAMPIÃO QUE NUNCA ACONTECEU

Por Francisco Mallet Rodrigues

No primeiro semestre de 1931, o capitão do Exército Brasileiro Carlos Saldanha da Gama e Chevalier, piloto da Aviação Militar, decidiu criar uma expedição militar ao interior nordestino para caçar Lampião. A Missão Chevalier utilizaria aviões (ou mais provavelmente um único avião), radiocomunicação, aparato bélico moderno e uns mil soldados. 


A pretensa ação militar causou muito estardalhaço na imprensa e entre a população. Voluntários apareciam nas páginas dos jornais querendo pegar em armas para matar o “rei do cangaço”. O plano foi apresentado e encampado por Osvaldo Euclides de Sousa Aranha, então ministro da Justiça.


O inusitado plano encheu as páginas dos jornais cariocas. Durante os preparativos para a missão, Chevalier deu várias entrevistas e afirmou que levaria um cinegrafista que registraria em filme para a posteridade o combate derradeiro de Lampião. Porém, a data de início da missão foi sendo adiada. Anunciou-se que a partida seria logo depois do carnaval de 1931. O jornal O Globo chegou a sugerir uma festa de gala para a despedida. A partida foi adiada para Abril, mas, novamente, adiada. Enquanto esperava, Chevalier dava inúmeras entrevistas. Chegou a declarar que havia infiltrado dois espiões no grupo de Lampião, os quais deveriam revelar os esconderijos do bando de cangaceiros. Finalmente, a missão foi “provisoriamente paralisada por falta de verbas”. Cada estado deveria levar adiante o combate aos cangaceiros usando seus próprios recursos.

A Missão Chevalier jamais saiu do papel para a ação prática. O capitão se tornou motivo de piada, enquanto Lampião se tornava cada vez mais conhecido na Capital Federal.

Fonte: facebook
Página: Francisco Mallet Rodrigues

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VÍDEO IMPORTANTES SOBRE LAMPIÃO, PADRE CÍCERO E LUIZ GONZAGA







Fonte: Youtube

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CANGACEIROS E VOLANTES

Teófilo, Durvinha, Moreno, Aristéia e Antonio Vieira.

Eles, já não estão mais entre a gente, mas, fizeram história. Há alguns anos atrás, num encontro em Fortaleza, no Estado do Ceará foram reunidos diversos cangaceiros e dois policiais volantes.

Na foto acima: 
Teófilo, Durvinha, Moreno, Aristéia e Antonio Vieira.

Foto cortesia: wolney oliveira

Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta

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PASSANDO AS INSTRUÇÕES...

Juriti (esquerda) recebe as instruções do Capitão Virgulino Ferreira (Direita). Imagem extraída das filmagens de Benjamin Abrahão do ano de 1936.

Segundo imaginação do pesquisador Francisco Carlos Jorge de Oliveira:

Parece-me que o rei do cangaço o Lampião está dizendo assim ao cangaceiro Juriti: E se aquele corno não mandar o que eu pedi, toca fogo em tudo e não deixe um fila duma égua vivo naquela peste. Depois amarre ele em uma barriguda e dê-lhe um cacete, mas é pra bater e bater sem dó, e mesmo que o cão desce lá das cafundas e peça pra ocêis parar, não pare; deixe-lhe o couro das costa mais mole que o couro da barriga. Agora vão meus cabras! 

*Ô Mendes, já pensou na barbaridade, ou melhor; na burrice que as autoridades governamentais da ditadura fizeram em ordenar que destruíssem a maior parte das filmagens que Abrahão Botto registrou do Rei do Cangaço. Eu não penso que elas foram destruídas, tenho a esperança de que alguém que foi encarregado de executar esta ordem absurda de destruir as filmagens, usou o bom senso e as ocultou em algum lugar seguro, para posteriormente alguém encontrar, e nós blindar com esse maravilhoso presente. Você não acha?

Fonte: facebook

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GRANDES VAQUEIROS DA HISTÓRIA DO CANGAÇO


Grandes vaqueiros da história que deixaram registrados em seus livros e, através das filmagens, a história do cangaço para as gerações presentes e futuras. São eles:

 Frederico Pernambucano de Melo, Aderbal Nogueira, Antonio Amaury Correa e Alcino Alves Costa,

Foto cortesia: (?)
Local da foto: Encontro em Alagadiço-SE

Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta

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SOBRADO QUE LAMPIÃO SE HOSPEDOU EM 1926 NO JUAZEIRO


Ao chegar no juazeiro, no início de março de 1926, atendendo apelo do padre Cícero Romão Batista, Lampião e seu grupo ficaram instalados no sobrado do poeta João Mendes, e, de uma janela do 1º. andar, o jogava moedas, de baixo valor para a meninada e pessoas, que se aglomeravam.

Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta

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Estrada de Ferro de Mossoró - Final - 12 de Abril de 2015

Por Geraldo Maia do Nascimento

A batalha pela estrada de ferro de Mossoró teve muitos comandantes, inclusive estrangeiros. “Todos que aqui aportavam, ou que de longe se interessavam por suas finalidades, eram logo contaminados pelo mesmo espírito de entusiasmo que vibravam nas almas sertanejas”, usando as palavras do engenheiro Luiz Saboia. E um desses comandantes foi o jovem geólogo norte-americano Roderic Crandall. Esse profissional, de reputação solidamente firmada, foi designado pelo então Ministro de Viação e Obras Públicas, Dr. Francisco Sá, juntamente com o engenheiro Horace Williams, para fazer o levantamento da carta geográfica das zonas assoladas pela seca no Nordeste e proceder aos estudos geológicos e plano geral dos serviços de combate as secas, sob a direção de Orville O. Berby, Chefe do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil. Grandall visitou todo o Nordeste, principalmente as regiões mais secas, e montou um precioso relatório sobre a situação. No capítulo especial de seu relatório, dedicado aos transportes na região que havia estudado, depois de uma série de estudos ferro-rodoviários, dedicou algumas páginas para mostrar a alta finalidade econômica da Estrada de Ferro de Mossoró. “Exige a imediata ligação de Pesqueira a Flores, na Estrada de Ferro Central de Pernambuco; o prolongamento da Baturité até Milagres e a construção da Estrada de Ferro de Mossoró que entroncaria com ela próximo a esta cidade, rumando depois a Petrolina”.

  

Mas esse sonho dos mossoroenses só se tornou realidade na segunda década do século XX, aos 31 de agosto de 1912, num dia de sábado, quando a firma Sabóia & Cia. deu início aos trabalhos da Companhia Estrada de Ferro de Mossoró S/A.
               
Em 19 de março de 1915, dois anos e meio depois, era inaugurado o seu primeiro trecho, num percurso de 38 Km, ligando Porto Franco (hoje no município de Grossos) a Mossoró, num dia de sexta-feira. As primeiras locomotivas a vapor vieram por Navio, desembargadas em Porto Franco, as conhecidas Maria Fumaça, para fazerem o tráfico dos passageiros e das cargas, iniciando ai o melhoramento da região. Levaria mais 36 anos para chegar a Souza, na Paraíba, conforme o traçado inicial do projeto. Com a conclusão da obra, a empresa que se chamava Companhia Estrada de Ferro de Mossoró passou a ser chamada Estrada de Ferro Mossoró-Souza.
               
No início dos anos 80 foi concluído o asfaltamento da RN 117, ligando Mossoró a Alexandria, no Alto Oeste Potiguar. Isso fez com que aumentasse consideravelmente o fluxo de veículos na rodovia, tanto veículos pequenos como grandes. E ônibus passaram a fazer linha nesse percurso. Como a viagem de ônibus era mais rápida e mais confortável, foi diminuindo o número de passageiros da estrada de ferro, mesmo a passagem sendo mais barata, nesse tipo de transporte. Desse modo, em 30 de janeiro de 1988, num dia de sábado, partiu de Mossoró o último trem de passageiro para Souza, para nunca mais voltar.
               
Sem os trens de passageiros, ficaram funcionando na Estrada de Ferro só os trens cargueiros e com a precariedade na falta de material de manutenção da ferrovia, como dormentes, trilhos e outros usuais necessários para a manutenção da mesma, foi diminuindo o número de trens e aumentando consideravelmente o número de acidentes com danos materiais, como descarrilamentos e viradas, chegando ao ponto que a direção da Estrada, que era sediada no Recife, resolver desativar definitivamente o Ramal Estrada de Ferro Mossoró-Souza, no dia 12 de junho de 1995.
               
Discorremos, nesses três artigos, sobre as lutas para implantação da Estrada de Ferro de Mossoró, o seu desenvolvimento ao longo de mais de oitenta anos e a sua desativação, vencida pelo desenvolvimento do asfalto que cortou o sertão e encurtou as distâncias.

Geraldo Maia do Nascimento

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Fonte:

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DECRETADA PRISÃO PREVENTIVA CONTRA LAMPIÃO.


Um oficial de justiça da comarca de Pau dos Ferros, no Rio Grande do Norte, recebeu um gordo processo-crime com o seguinte despacho do “doutor juiz de Direito”:

Manda ao oficial de justiça de sua jurisdição a quem este for apresentado, depois de devidamente assinado, que em seu cumprimento procure neste município, onde for encontrado, o bandido Virgulino Ferreira, vulgo Lampião, prenda-o e recolha-o á cadeia pública desta cidade, por ter este Juízo decretado a prisão preventiva contra o mesmo, por estar sendo processado...

O oficial não se faz de rogado e da mesma trincheira formal da inabalável linguagem jurídica, dispara o despacho:

Certifico, em cumprimento ao mandato retro, ter procurado neste município o bandido Virgulino Ferreira, vulgo Lampião, e não o encontrei. Dou fé

Do livro: Guerreiros do Sol
De: Frederico Pernambucano de Mello


 O escritor e pesquisador do cangaço Dr. Archimedes Marques disse:


Já o Oficial de Justiça de Nossa Senhora das Dores, Januário Bispo de Menezes, no Processo contra Lampião naquela Comarca disse o seguinte:

CERTIFICO QUE EM CUMPRIMENTO DO MANDADO RETRO FUI AO SÍTIO ASSENÇO DESTE TERMO INTIMEI TODAS AS TESTEMUNHAS CONSTANTES DO MESMO MANDADO FICARÃO TODAS SCIENTES DEIXANDO DE INTIMAR O DENUNCIADO DE FOLHAS TAIS, VIRGULINO FERREIRA DA SILVA CONHECIDO POR "LAMPIÃO" POR NÃO TER GRAÇAS A DEUS VISITADO ESTA CIDADE AQUELLA FERA. Contendo a verdade do que dou fé. 26 DE DEZEMBRO DE 1931

Fonte: facebook

Página: José João Souza‎

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CANUDOS: GUERRA DESUMANA E CRUEL

Por José Romero Araújo Cardoso

O estopim que acendeu a guerra de Canudos foi mesquinho e abominável, revelando personalidade doentia e escandalosa de quem perpetrou calúnia hedionda contra os membros da comunidade mística fundada no adusto sertão baiano, cujas características quanto às conquistas humanas impressionam devido ao grau de organização, tendo beneficiado a todos que lá se acomodaram, fugindo da fúria do latifúndio e da prepotência dos senhores de braço e cutelo que vicejavam de forma proeminente no sertão nordestino daquela época.

Arlindo Leone, juiz de direito de Juazeiro (BA), forjou mentira de que os conselheiristas estavam prestes a invadir a cidade, em razão que não havia sido entregue lote de madeira, comprado e pago regiamente, o qual estava destinado para o término da construção da igreja nova.

Havia antiga rixa entre o magistrado e o líder carismático-religioso de Canudos. Conselheiro, certa vez, tinha passado reprimenda no juiz devido vida pregressa levada por Arlindo Leone, sobretudo com relação ao adultério.

Colocando a população, as autoridades e a imprensa em polvorosa, Leone criou as condições necessárias para a futura destruição do arraial que mudou a vida de muitos excluídos nordestinos, pois abrigava gente de várias procedências, ávida por melhores condições de sobrevivência material e espiritual em um sertão extremamente marcado pela opressão.

A igreja católica, que também não via o Belo Monte com bons olhos, cerrou fileiras nas denúncias contra o “reduto fanático”. Anteriormente, relatório elaborado pelo Frei Monte Marciano, altamente desagradável e cheio de adjetivos caluniosos, profuso na quantidade de violência verbal inaudita contra os habitantes do arraial conselheirista, alimentou ainda mais a raiva nutrida pelo clero contra Antônio Conselheiro e seus seguidores.

A expedição comandada pelo Tenente Pires Ferreira foi ao encontro do povo de Antônio Conselheiro, atacando e sendo rechaçada violentamente com as toscas armas carregadas pelos sertanejos, não obstante o número de mortos ter sido maior entre os seguidores do Bom Jesus Conselheiro. À frente, antes do ataque covarde, devoto carregava a bandeira do Divino, sinal de que vinham em paz, apenas querendo exigir o que lhes era de direito.

Os principais jornais do país começaram a estampar matérias cada vez mais estapafúrdias contra os conselheiristas. Logo foi organizada outra expedição, dessa vez mais forte, comandada pelo Major Febrônio de Brito. Nova derrota militar foi conquistada pelos conselheiristas, sendo que esta resultou na aquisição de certa quantidade de armas e munição para a luta dos agora guerrilheiros do Belo Monte.

Mentiras, calúnias e difamações começaram a ser exponencializadas contra o arraial, agora considerado mais que maldito, pois entre as muitas inverdades divulgadas estava referente que a luta em Canudos estava ligada à tentativa de restituição do regime monárquico.

Apenas uma voz respeitada se levantou contra a histeria coletiva que se formava em torno do caso Canudos. Através de espaço que lhe era reservado na imprensa, Machado de Assis pediu, com profundo humanismo, para que deixassem em paz a gente de Antônio Conselheiro. Por outro lado, artigo inflamado, disfarçado em profunda cientificidade, sobretudo com relação ao quadro natural, era escrito por Euclides da Cunha, intitulado “Nossa Vendéia”.

Indubitavelmente, o artigo de Euclides da Cunha ajudou a inflamar os ânimos exaltados, pois Vendéia foi o último reduto de defesa da monarquia francesa,  tendo resistido por anos ao assédio militar que representava a nova ordem na França pós- revolucionária. Euclides da Cunha foi um dos catalisadores da ênfase à necessidade da destruição de Canudos, não obstante depois, no ano de 1902, ter lançado livro-denúncia, por título “Os Sertões: Campanha de Canudos”, o qual peca em pontos essenciais, como o antropológico, tendo lançado difamações e conceitos racistas e maledicentes contra os sertanejos, mas que muito serviu para bradar contra o massacre, bem como para o reconhecimento científico do quadro natural do semiárido nordestino.
Havia pouco que tinha terminado o violento governo de Floriano Peixoto. Entre os ícones da república da espada estava Coronel carniceiro chamado Moreira César, o monstro que havia sufocado as lutas no sul do país com extrema crueldade. A capital catarinense, que antes   se   chamava   Desterro,   teve   o   topônimo   mudado   para Florianópolis. A terceira expedição foi confiada a Moreira César. De forma arrogante, o corta-cabeças, como ficou conhecido o famigerado oficial, chegou com sua tropa nas imediações de Canudos, destilando desdém contra os conselheiristas. Logo a guarda católica mostrou que não era de brincadeira, pois comandados por Pajeú, infringiram vergonhosa derrota à expedição que havia propalado com alarde a fácil destruição de Canudos, de  forma imediata e fulminante, tendo divulgado na imprensa que não haveria chance alguma para àqueles “lombrosianos” sertanejos, incapazes de fomentar qualquer estratégia de guerra Era essa a errônea e distorcida concepção do homem que era tratado como estrela pelos militares aliados de Floriano Peixoto.

Moreira César subestimou os conselheiristas, pois pensava encontrar raquíticos e desnutridos sertanejos, estereotipados imemorialmente pelos brasileiros da porção mais abastada do país. Na verdade, o povo do Belo Monte era forte e saudável devido às conquistas alcançadas com o trabalho desenvolvido na “terra prometida” estabelecida às margens do rio Vaza-Barris.

Erraram grosseiramente, pois Pajeú e a guarda católica fustigaram a expedição Moreira César de forma impressionante, matando os principais oficiais do Exército Brasileiro e humilhando a república recém-instaurada.

A proporção gigantesca assumida pela guerra contra Canudos se deve em parte ao verdadeiro arsenal que a expedição Moreira César deixou na fuga do que restou da coluna arrogante comandada pelo animal de estimação da república da espada.

Não obstante o governo brasileiro quando da guerra de Canudos ser civil, o poder dos militares era incontestável, pois logo houve pressão de todos os quadrantes para que fosse organizada poderosa coluna militar intuindo destruir Canudos e vingar o massacre da expedição Moreira César.

A opinião da sociedade era quase unânime contra Canudos, recrudescendo  os brados de revolta contra a heróica “Tróia Sertaneja”, sendo que um dos cavalos-de-pau foi poderoso canhão withworth 32, trazido com esforço invulgar com o objetivo de causar as mais impressionantes baixas na população do Belo Monte.

A quarta expedição, comandada pelo General Arthur Oscar, levou desvantagem nítida quando dos combates, razão pela qual foi engrossada por uma quinta expedição vinda de todos os Estados brasileiros.

A chegada da participação militar paraense em Canudos demonstrou o grau de decisão do povo do Conselheiro. O beato já tinha morrido, mas, incansáveis, os guerrilheiros continuavam impávidos defendendo o território no qual encontraram sonhada felicidade.

O comando militar paraense não entendeu a razão por que o General Dantas Barreto se encontrava em posição de espera. Foi ordenado fulminante ataque aos “guerreiros do norte” em direção ao arraial bombardeado e dilacerado. Foram recebidos com verdadeira saraivada de balas, pois os conselheiristas, os paraenses não sabiam disso, tinham aberto trincheiras por baixo das casas e de lá se comunicavam e desferiam ataques violentos contra quem ousasse adentrar os domínios sagrados fundados por Antônio Conselheiro. Euclides da Cunha imortalizou os momentos finais de Canudos, afirmando que não houve rendição, exemplo único em toda história, quando seus últimos defensores foram mortos pela fúria de cinco mil soldados.

Canudos é exemplo de uma sociedade alternativa de grande importância para a história das lutas do povo brasileiro, pois o maior de todos os méritos do Conselheiro foi ter sido responsável pela ênfase à significativa melhoria da qualidade de vida de parcela de um povo que há tempos imemoriais vem sendo tratado pelos intransigentes donos do poder como animais e como sub-raça de quinta, sexta ou sétima categorias.
  
CARDOSO, José Romero Araújo. Notas para a História do Nordeste. João Pessoa/PB: Editora    Ideia, 2015. P. 26-29.

José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor-Adjunto IV do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.

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QUEM MATOU DELMIRO GOUVEIA?


SERVIÇO
Livro: Quem Matou Delmiro Gouveia?
Autor: Gilmar Teixeira
Edição do autor
152 págs.

Contato para aquisição:
gilmar.ts@hotmail.com
Valor: R$ 30,00 + R$ 5,00 (Frete simples)
Total R$ 35,00

MAIS UM LIVRO DO PROFESSOR BENEDITO VASCONCELOS MENDES


Saiu ontem da editora que o imprimiu o mais novo livro do professor, escritor, pesquisador do cangaço, presidente da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço e fundador do Museu do Sertão em Mossoró, Benedito Vasconcelos Mendes.

Posteriormente maiores informações como adquiri-lo

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O VELHO CANGACEIRO

Por  Rangel Alves da Costa*

Não sei se verdade, mas conto o que me contaram...

De moço alto, bem apessoado, com a força dos anos e a disposição dos destemidos, o que se tinha então era um corpo envelhecido, alquebrado, tomado das dores e marcas da idade. Além, logicamente, das ferraduras na alma e das cicatrizes das batalhas sem fim.

Mas quem era esse homem já tão carcomido pelo tempo, com feição de mandacaru esturricado, levando seu tempo em devaneios, fantasias e assombrações? Quem era esse velho senhor esquecido nas distâncias do mundo sertanejo, tendo agora como consolo a solidão num velho casebre de barro e cipó, ameaçando desabar a qualquer instante?

A História não permite revelar seu nome, nem o seu nome familiar nem o seu apelido nas lides debaixo do sol. E assim porque homens existem que devem ser eternizados nos seus momentos de pujança na luta, ainda que a sua batalha continue sendo incompreendida e quase nada tenha valido senão para a própria História.

Mas muito posso revelar sobre o tal homem, sobre o velho solitário, o afligido e desvalido sertanejo. Era um cangaceiro. E digo que era um cangaceiro – e não ex-cangaceiro - porque igualmente ao soldado japonês que permaneceu solitariamente ilhado durante quase trinta anos e após ser encontrado ainda achava que a 2ª Guerra Mundial continuava sendo travada, aquele velho continuou desconhecendo o desfecho final daquele 28 de julho de 38, lá pelas bandas da Gruta do Angico.


Na verdade, ele era um dos integrantes do bando de Lampião que havia acoitado no Angico depois da longa caminha desde as terras baianas. E se salvou por pouco, ainda assim lanhado e completamente atordoado sobre o inesperado acontecido. Nunca soube da volante comandada por João Bezerra cercando o coito nem do que aconteceu ao final, pois recordava apenas ter despertado de uma noite de pesadelos já com o barulho e a gritaria por todo lado e a bala zunido faminta.


Ao levantar já de arma à mão e procurando avistar o inimigo, não tinha tempo nem de mirar. Atirou e atirou muito, porém não sabe se acertou algum inimigo, mandacaru ou folhagem de catingueira. Quando ouviu alguém gritando que haviam acertado Maria e o Capitão e em seguida dizer que “arriba”, então correu abaixado, se protegendo nas pedras e nos tufos de mato, em qualquer direção. O “arriba” era para correr dali, e assim fez. O que teria deixado pra trás?


Não sabia que Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros haviam morrido. Muito menos sabia que aquele cerco de emboscada havia selado o fim do cangaço. Não sabia que os sobreviventes do bando ou tinham fugido ou tinham se entregado às forças policiais. Não sabia que a sua luta tinha terminado ali e nem que não fazia mais parte de bando cangaceiro. Por isso mesmo continuou cangaceiro pelo resto da vida. Mas por que assim aconteceu?


Na sua fuga do campo sangrento, adentrando cada vez mais na mataria, sequer sabia quantas léguas tinha percorrido até desabar de cansaço e dor debaixo de um umbuzeiro. Acordou atordoado e se perguntando o que fazia ali sozinho, quando toda cangaceirama deveria estar arranchada ao redor. Levantou num esforço danado e foi passando a vista pelos lados, de arma em punho, tentando avistar qualquer coisa. Avistou no alto um carcará e começou a entristecer e a se dar conta de que estava sozinho. Mas o bando cangaceiro vai logo aparecer, dizia a si mesmo. E tinha certeza disso.

Esperou ali durante dois dias e duas noites. Então decidiu entrar na mataria e seguir andando sem destino, sempre com a certeza de que a qualquer instante o bando seria avistado e o grupo novamente reunido para a continuidade da luta. Mas nada era avistado senão um sertão parecendo lutuoso, entristecido, tomado de espanto. Desalento era o seu nome naquele desvão de vida e caminhada. Desalentado, porém sem perder a obstinação pelo seu compromisso de mundo. Ora, era cangaceiro e nada lhe causaria fraquejamento. E foi com tal determinação que entrou num velho casebre abandonado naquelas distâncias sem fim.

E no velho casebre de cipó e barro foi fazendo moradia, sempre esperando o dia do reencontro com o bando do Capitão. Sentia uma saudade danada de suas ordens, de seu olhar atravessado dizendo tudo. Mas o tempo foi passando sem nenhum sinal de cangaceiro ou volante. Tudo estava estranho demais. Mas aquele silêncio poderia ser rompido por uma chuva de balas a qualquer momento. Por que os cangaceiros estavam por ali e a polícia também. Assim imaginava.

Na ausência do bando estaria ali para lutar com quem aparecesse. E por isso mesmo continuava usando farrapos da antiga vestimenta e empunhado um mosquetão sem valia. Já estava tomado de insanidade, numa loucura que foi se achegando como volante traiçoeira. Até que um dia, já envelhecido e sem qualquer noção da própria existência, juntou forças e se meteu caatinga adentro gritando que iria se juntar ao bando. “Capitão, Capitão, vim logo que recebi o recado. Cadê todo mundo que num vejo ninguém?”.

E ninguém sabe que fim levou o velho cangaceiro. Não retornou ao casebre nem foi encontrado na mata. Somente aquele carcará sabe o seu destino. Somente o carcará tem o seu destino.

Poeta e cronista

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