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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

VAMOS DEIXAR OS CANGACEIROS JANTAREM - QUEM TEM SENTIMENTO APRECIA ISTO


Fonte: facebook
Página: Artur Leite

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A MULHER NO CANGAÇO 1976

https://www.youtube.com/watch?v=g6n2ia1Bb04

https://www.youtube.com/watch?v=tU-qXDJtedo

https://www.youtube.com/watch?v=NTXy2ynWFHE

https://www.youtube.com/watch?v=clGcrAqzhYo

https://www.youtube.com/watch?v=sI8SN3G1pyY


Fonte: Youtube

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“O GLOBO”- 19/11/1958 - PARTE XIII

Material do acervo do pesquisador Antonio Corrêa Sobrinho

COMO SE FORJA UM CANGACEIRO

O BAILE DE VASSOURA

Brigam os Irmãos – Cirilo Ficou Desconsolado Por Ter Matado Antônio – O Mais Perverso do Bando – A Aparência de Gato Enganava os Mais Entendidos.

OS DOIS primos de José Baiano, apesar de não serem santos, não eram cruéis assim. Eram irmãos e viviam sempre juntos, entendendo-se perfeitamente bem. Antônio e Cirilo eram mesmo unidos, e até em combate um estava sempre atento ao outro, pois parecia que não queriam de forma alguma separar-se. Apesar disso, uma desgraça procurada por eles mesmos pôs fim àquela união. Vale a pena contar:

O bando encontrava-se na fazenda de Vassoura, no interior da Bahia, e, certa noite, os “cabras” resolveram organizar um baile. Havia fartura de tudo nesse baile: bebida, comida, música, cantadores, porém... poucas mulheres. Essas eram disputadíssimas pelos “cavalheiros” e, horas depois, com a cachaça subindo à cabeça de todos, começaram a surgir desentendimentos.

Cirilo, desde o começo, dançava com uma cabocla, e seu irmão, sem sorte, não conseguia par. Os que tinham dama zombavam dos outros, cujo consolo era beber, beber bastante, e engolir as zombarias.

Em dado momento, Antônio resolveu arranjar uma dama, e cismou que essa devia ser a que dançava com o mano. Cirilo não concordou com a ideia do irmão, que estava bastante bêbado, e protestou. De nada valeram os protestos, pois Antônio insistia em tomar-lhe o par, a tal ponto que quase deu em briga. Lampião não estava presente, senão a coisa não chegaria a tanto.

Os outros “cabras” interviram e Antônio acalmou-se, esperou a música e tirou a dama do irmão, que, sem saber o que fazer, calou. Todavia, enfurecido, resolveu embriagar-se também. Quando estava bêbado, tal e qual Antônio, resolveu retomar o seu par. Nova discussão, e Cirilo puxa do revólver e vara a cabeça de Antônio com uma bala, matando-o quase que instantaneamente.

DEPOIS DE ANTÔNIO, CIRILO

QUANDO Antônio tombou, Cirilo deixou a arma ao chão e, aturdido, saiu, cambaleante e aparvalhado. Sumiu-se naquela noite e só voltou no dia seguinte, na hora do enterro. Estava alquebrado e chorava muito. Parecia uma mulher, tal o desespero de que estava possuído.

Lampião soube de tudo naquela noite mesmo e depois do enterro de Antônio, chamou Cirilo e disse-lhe:

“Você bebe para isso... tirar a vida de seu irmão...”

Mas como Cirilo não parasse de soluçar, com as mãos cobrindo o rosto, arrematou com um tapinha nas costas, ao mesmo tempo em que se afastava:

“Mas que se há de fazer?”

Cirilo levou muito tempo acabrunhado, sem querer comer, chorando a todo instante. Não se cansava de dizer:

“Meu irmão... meu irmão foi sempre meu defensor, e eu o matei...”

Daí por diante, Cirilo virou um trapo e era um autômato de Lampião. Fazia o que lhe mandasse, sem discutir, nem comentar. Estava sempre triste, até que um dia a Volante teve um gesto inconscientemente caridoso, matando aquele infeliz fratricida que perambulava pelas caatingas com a alma em farrapos e a consciência corroída pelo remorso. Cirilo morreu uns seis meses depois de matar o irmão, num combate que travamos no interior de Sergipe.

“CABRA” RUIM

A FALTA de Cirilo não foi das que Lampião deixava passar sem punição, mas creio que foi o fato da bebedeira, bem como da grande amizade que unia os dois irmãos, que o fez não intervir no caso. Depois, Cirilo foi bem castigado pelo arrependimento. Mas o fato é que Lampião não aprovava muito a morte de parentes, estranhando sempre que houvesse gente com coragem para tanto... Sei disso porque se alguém lhe perguntasse qual o mais perverso “cabra” de seu bando, ele não lembraria de Corisco, de José Baiano ou outro realmente mau. Mencionaria um baiano forte, de boa estatura, caboclo, com cerca de 25 anos (quando ingressou no bando) e de que só se conhecia o sobrenome Santo e o apelido: Gato. Esse “cabra”, que não ficava muito atrás de um felino em agilidade, tinha Santo no nome e era um demônio. Valente e ruim como ele só, mas o que fez Lampião arregalar os olhos foi um caso que passo a narrar:

Gato era natural de Brejo do Burrico, interior da Bahia, e nunca se deu bem com a família. Sempre foi um “incompreendido” em casa e, como perdera os pais cedo, foi criado pela avó e duas tias. Tinha, porém, vários irmãos de ambos os sexos, e sua família morava toda no arraial. Um dia deixou a casa e passou a viver criminosamente, acabando por ingressar no bando de Lampião. Levou um ano nessa vida, e de quando em vez se ausentava, sendo que numa delas foi ver a família. Esta, ao vê-lo, denunciou-o à Volante, que por um triz não o pegou. Ele deixou o tempo correr e, um belo dia, quando o bando se encontrava na fazenda do Juá, pediu licença para ver a família novamente, dizendo: 

“Eles estão me devendo...”

Foi e voltou sem nada contar, e ninguém nada lhe perguntou. Gato, daquela feita, fora a Brejo do Burrico, e dizimara toda a família. Interrogando-o, ele respondeu:

“É seu Capitão, eu liquidei todos os que encontrei. Só não morreu quem não estava lá. Só não matei meu pai e minha mãe, porque eles já são mortos, mas, em compensação, acabei com minha avó, duas tias, quatro irmãos e dois primos sem-vergonha que nunca foram comigo!”

Lampião, admirado, indagou:

“Mas... você matou seus irmãos? Por que não deu uma surra?”

E gato calmamente explicou:

“Eu batia neles, eles fugiam para o mato, contavam aos ‘macacos’, e eles vinham me matar... Não, o melhor era mesmo dar cabo logo”.

Lampião afastou-se, intrigado, e de vez em quando comentava o caso. A mim me parecia que não simpatizava muito com Gato, mas o suportou por muito tempo, pois ele só morreu anos depois de eu já estar preso. Foi morto pelas balas da volante nas margens do São Francisco.

Não convém encerrar, porém, sem acrescentar que Gato não aparentava ser o que era, pois sempre foi brincalhão e dava-se bem com todos. Era mesmo o mais alegre do bando, o que fortalece o ditado:

“Quem vê cara não vê coração”. Aquele coração ninguém viu jamais...

Fonte: facebook
Página: Antônio Corrêa Sobrinho

Informação do http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O cangaceiro Volta Seca afirma que o facínora Zé Baiano era primo dos cangaceiros Antonio de Ingrácias e Cirilo de Ingrácias, mas não era. Zé Baiano era sobrinho destes cangaceiros, segundo informações de vários pesquisadores do cangaço.

O cangaceiro Volta Seca não teve tempo suficiente para saber tudo sobre o cangaço, pois ainda adolescente, foi preso e condenado a passar mais de 20 anos na cadeia. Durante este período ele fugiu da cadeira algumas vezes, mas sempre era capturado pela polícia, fazendo com que continuasse por trás das grades. 

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O CANGACEIRO ZÉ BAIANO

Mané Moreno, Zé Baiano ao centro e Zé Sereno, os três eram primos entre si

Zé Baiano foi assassinado no dia 7 de julho de 1936. Foi um cangaceiro que integrou o bando de Lampião. Conhecido por sua crueldade, tinha o costume de marcar com um ferro em brasa as iniciais "JB" no rosto ou no púbis de mulheres de cabelo curto ou por estarem usando vestidos cujo comprimento ele considerava inconveniente, passando a ser conhecido por isso como o "ferrador de gente". Devido à cor de sua pele, foi apelidado também de "pantera negra dos sertões".1 Liderou seu próprio bando, em companhia do qual foi morto em 1936, após uma emboscada em Alagadiço, povoado do município de Frei Paulo.2

Lampião e seu bando invadiram Alagadiço pela primeira vez em 1930, arrombando casas e roubando pertences dos moradores. Pelo povoado estar em uma posição estrategicamente privilegiada, e por não contar com destacamento reforçado de polícia, os cangaceiros transitavam livremente pela região. Lampião voltou mais três vezes à Alagadiço; na segunda ocasião, procurou o coiteiro Antônio de Chiquinho, querendo informações sobre um destacamento policial que perseguia seu bando.3
A última visita de Lampião ao povoado foi em 1934, quando deixou Zé Baiano no comando da região. 

Da esquerda para direita: Demudado, Chico Peste, Acelino e Zé Baiano

Acompanhado de seus comparsas Demudado, Chico Peste e Acelino, ele aterrorizou a localidade, cometendo atrocidades, saqueando e impondo sua própria lei em Frei Paulo e vizinhanças. O bando costumava esconder-se da polícia nas casas de fazendeiros, ou então na mata, mas foi o coiteiro Antônio de Chiquinho que acabou pondo um fim ao reinado de criminalidade de Zé Baiano.3


Cansado de ser perseguido pelos policiais devido ao envolvimento com o cangaço, o comerciante armou uma emboscada aos criminosos. Durante uma entrega de alimentos em 7 de julho de 1936, acompanhado dos conterrâneos Pedro Sebastião de Oliveira (Pedro Guedes), Pedro Francisco (Pedro de Nica), Antônio de Souza Passos (Toinho), José Francisco Pereira (Dedé) e José Francisco de Souza (Biridin), Antônio deu fim a Zé Baiano e seu bando. Manteve segredo do fato durante quinze dias, temendo represálias de Lampião. O cangaceiro, contudo, decidiu não se vingar após ser convencido por Maria Bonita que o empreendimento poderia ser perigoso, pois o povoado contava com a presença de um canhão.3

ADENDO - http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Existem ainda mais duas hipóteses que podem ter causado a vingança de Antonio de Chiquinho contra o seu amigo Zé Baiano:

1ª. hipótese: Zé Baiano estava tentando um futuro relacionamento com a filha do coiteiro. Como ele não queria esse relacionamento, temendo que o cangaceiro poderia fazer o mesmo que fez com a sua amada Lídia, formou um grupo e juntos, foram ao encontro do bandido, pois nesse dia ele iria entregar alimentos ao bando de cangaceiros, e lá aconteceu o pior, chacinaram os 4 cangaceiros.

2ª. hipótese: Zé Baiano estava sendo agiota, isto é emprestava dinheiro aos seus amigos, e o Antonio de Chiquinho era um dos seus devedores. Como ele não tinha mais condições de acertar o seu débito com o cangaceiro, formou um grupo e juntos, foram ao encontro do bandido, pois nesse dia ele iria entregar alimentos ao bando de cangaceiros, e lá aconteceu o pior, chacinaram os 4 cangaceiros.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Z%C3%A9_Baiano

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LENDAS DO CANGAÇO LAMPIÔNICO - Lampião e a Língua de trapo

por Nertan Macedo

Amigos do Lampião Aceso:

O escritor cearense Nertan Macedo (Autor de 10 obras sobre o cangaço), em seu livro "Cinco Histórias Sangrentas De Lampião”, Editora Monterrey, pags. 105/107, sem data a edição, nos traz mais um fato interessante, sobre Rei do Cangaço:

“... Ia já avançando o verão inclemente de 1936, quando Lampião chegou com seu bando à cidade de Simão Dias. Aí travou um rápido combate com as tropas do Tenente Osório e foi obrigado a fugir pela estrada velha no rumo de Propriá. Alguma légua adiante parou, com seu bando, em uma tendinha que a preta Carmolina havia montado na beira do caminho para vender magros cafés com bolachas mofadas aos eventuais caminheiros daquela zona.

Lampião ficou decepcionado com a falta de sortimento da venda e resolveu dar à preta velha um auxílio, em dinheiro, para que melhorasse seu estoque:

- Tome quinhentos mil-réis... - disse o chefe do cangaço. - e compre muita carne de sol e farinha, que na próxima passagem por aqui, eu quero encher o bucho dos meus cabras. Couro de barriga de cabra meu tem que andar tinindo que nem corda de viola..."

E, abalou, em tropel ruidoso, com seus homens famintos, pois a Volante lhe vinha nos calcanhares, sem descanso. Algum tempo depois, o Tenente Osório, seguindo o rasto do bando, foi dar também à vendinha da preta Carmolina.

Tenente Zé Rufino

- Por onde seguiram os bandidos? - Perguntou ele à mulher.

A velha soltou todas as informações. Contou que Lampião pessoalmente lhe dera quinhentos mil-réis para comprar maiores sortimentos e, pelo visto, pretendia voltar ali, com seus cabras, para encher a pança, quando tivesse outra chance.

A volante do Tenente Osório continuou no encalço do bando e várias vezes lhe deu combate nos povoados seguintes. Muitos meses depois Lampião foi informado, pelos seus espias, de que a velha Carmolina dera com a língua nos dentes e traíra a confiança do chefe. Não soubera retribuir à generosidade do Rei do Cangaço.


- Essa velha língua de trapo não perde por esperar! - rosnou Lampião - Dei-lhe quinhentos mil-réis e ela me traiu. Pois vai ver, quando chegar o tempo!

Com efeito, quase dois anos depois Lampião voltou à tendinha para ajustar contas com a velha. Mas, que podia ele fazer de pior àquela pobre mulher indefesa?

- Piedade, Capitão! - Chorava ela, tremendo, nas mãos dos cabras do bando.

- Pode deixar que eu vou ter piedade, muita piedade! - Rosnou o bandido. E chamando um dos seus ajudantes: -Traga-me depressa um tamborete, um prego e um martelo.

A ordem foi cumprida. Lampião mandou segurar a velha, abrir-lhe a boca a força e puxar-lhe a língua para fora. Depois ele próprio, munido do martelo, pregou a língua da preta no tampo do tamborete.

A negra velha urrava de dor. Lampião falou de manso:

- Agora vá usar sua "língua de trapo" para mim delatar aos macacos (policiais), sua burra velha!

O cangaceiro Zé Baiano

Zé Bahiano, usando uma foice, cortou, de um só golpe, o pedaço da língua entre o prego e a boca. E guardou-a, como troféu, no seu embornal, já cheio de orelhas ressequidas de outras vítimas exemplares. A partir daí dona Carmolina deixou de ser informante dos macacos. O bando de Lampião lhe confiscara a língua para sempre.
  
NOTA: O presente texto foi postado para discussão e conhecimento dos leitores, com a finalidade de aprofundarmos o conhecimento sobre o fato, haja vista, que tal evento, só é citado pelo escritor Nertan Macedo (Foto). Embora haja em seu relato, determinação: Data, Local, Ano e Personagem. Acrescente seus comentários sobre o fato, sem fanatismo, ideologia etc..

Um Abraço.
Ivanildo/Natal/RN

http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2009/11/lampiao-e-lingua-de-trapo.html

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A FAMÍLIA DE LAMPIÃO


Retrato da família Ferreira, tirado em Juazeiro, em 1926.  Lampião está à direita.  Seu irmão Antonio Ferreira está à esquerda. Em pé, no meio, João, o único irmão Ferreira que não entrou para o cangaço. Ezequiel Ferreira, o irmão mais moço, está a direita de João. João está com a mão no ombro de sua mulher. As outras senhoras são irmãs dos rapazes. Os outros no grupo são primos. Foto liberada por João Ferreira. Propriá   

Todos os filhos de José Ferreira da Silva nasceram em Passagem das Pedras, uma parte de terras desmembrada da fazenda Ingazeira, às margens do Riacho São Domingos, no município de Vila Bela, atualmente Serra Talhada, no Estado de Pernambuco.

O sítio ficava aproximadamente 200 metros da casa de dona Jacosa Vieira do Nascimento e Manoel Pedro Lopes, avós maternos de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.                      

Por causa dessa proximidade, Virgulino residiu com eles durante grande parte de sua infância. Seus avós paternos eram Antonio Ferreira dos Santos Barros e Maria Francisca das Chagas, que residiam no sítio Baixa Verde, na região de Triunfo, em Pernambuco.

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O PASTORIL DE DONA JABIRA

Por Clerisvaldo B. Chagas, 11 de fevereiro de 2015 - Crônica Nº 1.364

Tudo estava bem encaminhado no pastoril Estrela do Norte. Aliás, em matéria de pastoril, Dona Jabira fazia o melhor de Alagoas. Atraída pelo ritmo, a beleza das pastorinhas e a rivalidade de azul e encarnado, a multidão se aglomerava defronte o “sobrado do meio da rua”.


Um empresário chamado Zé Rico, chamava muitas vezes a “contramestra, em cena”, e como de praxe, depositava o dinheiro pendurado no decote da chefa do cordão azul. A palma dos torcedores azulinos cobria. Mas a mestra reagia bem e inúmeras pessoas chamavam o cordão encarnado.

De repente chegou um matuto de nome Tonho Bicudo e, começou a chamar a contramestra em cena; uma vez, duas, dez... Desgostando o empresário Zé Rico que antes estava absoluto. Mesmo sendo o dinheiro do matuto aplicado no cordão azul, o seu mesmo cordão, Zé ia ficando irritado com a concorrência. O matuto cochichou para uma pessoa próxima: “Vendi uma vaca para botar o dinheiro todo no azul”, e não parava de chamar a contramestra em cena.

Somente a diana, representante dos dois cordões, não ganhava dinheiro porque era muito feia.

Lá para às tantas, Dona Jabira ria à vontade, nos bastidores, pois nunca havia visto tanto dinheiro em sua vida.

Zé Rico estava para explodir a qualquer momento, quando Tonho Bicudo levantou o braço com uma nota graúda e disse para a contramestra: “Se me der um beijo, eu boto essa” e agitou a cédula no alto.

A contramestra balançou a cabeça e o matuto subiu ao tablado beijando a pastorinha e colocando o dinheiro em seu vestido. Ora, Zé Rico subiu a pequena escada de madeira com dois passos, empurrou Bicudo e disse:“Você pode botar dinheiro à vontade, seu peste, mas beijar a minha contramestra, você não beija mais”.Danou-lhe a mão no pé do ouvido que Tonho Bicudo caiu de cima do palanque.

Óóóóóó!!! ─ exclamou a multidão horrorizada.

O matuto levantou-se atordoado, sacou um bicho bruto que trazia sob a camisa, atirou em Zé Rico, conseguindo atingir-lhe a bunda.

A multidão espanou numa correria desordenada que até o pastoril de madeira robusta de Dona Jabira, foi no peito.

Após a chegada da polícia e as seguidas investigações, foram encontrar Tonho Bicudo, cinco dias depois, nos braços amorosos da mestra do pastoril, isto é, a primeira do cordão encarnado.

Ninguém conseguia entender o mistério. O homem havia gastado o dinheiro da vaca com a contramestra que representava o azul e, como fora encontrado em amores com a mestra, guardiã do encarnado?

Somente muitos anos depois alguém descobriu que Bicudo era namorado da mestra e com ela havia brigado. A questão com a contramestra era apenas uma grande vingança do matuto.

Após o tiro na bunda, tudo voltara aos velhos amores.

A multidão mudou a roupa, mas o povo brasileiro continua diante do pastoril de Dona Jabira.


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