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segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

A Praia de Tibau - 05 de Janeiro de 2015

Por Geraldo Maia do Nascimento

A palavra réveillon tem origem no verbo em frânces réveiller, que significa \"acordar\" ou \"reanimar\" (em sentido figurado). Assim, o réveillon é o despertar do novo ano. Por tradição, nos últimos dias do ano uma boa parcela da população de Mossoró migra para a praia de Tibau para passar o “Réveillon” e continua por lá durante o período de férias. E a nós, pobres cronistas da história local, não resta outra alternativa a não ser a de voltar as nossas penas para a história daquele recanto encantador, de brisa frescas e águas mornas.
               

Localizada na Região Litorânea do Médio Oeste Potiguar, o município de Tibau está a 42 Km de distância de Mossoró, na divisa do Rio Grande do Norte com o Ceará.
               
De onde vem o topônimo, não se sabe. Existem algumas suposições: para Gonçalves Dias, o vocábulo ty-pau significa baixa-mar. Para Teodoro Sampaio a palavra significa entre águas (entre rios). O mestre Câmara Cascudo, em seu “Nomes da Terra” – história, geografia e toponímia do Rio Grande do Norte, aceita a versão de Teodoro Sampaio e cita Tibau como vindo de “tipaum”, entre duas águas ou entre dois rios, que seriam os rios Mossoró e Jaguaribe.
               
A 5 de julho de 1708, o Capitão-mor do Rio Grande do Norte, Sebastião Nunes Colares concedeu uma sesmaria de 3 por uma légua, a começar do Morro do Tibau, a Gonçalo da Costa Faleiro. Em 1782, em outra data de sesmaria concedida ao Tenente-General Francisco de Souza Falcão, na Ribeira do Apodi, se faz referência às praias e morro do Tibau. É no registro dessas sesmarias que pela primeira vez aparece oficialmente o nome de Tibau para designar aquela região.
               
Henry Koster, um viajante inglês que segundo as palavras do mestre Cascudo “de pouca conversa e muito senso de observação” , fez a cavalo uma viagem de 156 léguas e meia, de Recife a Fortaleza, ida e volta, tudo observando, tudo registrando. Passou por Mossoró em dezembro de 1810, e registrou em seus apontamentos: “A volta do meio-dia passamos perto de uma choupana onde residia o vaqueiro de uma fazenda e imediatamente depois deparamos o monte de areia, chamado Tibau, junto ao qual se vê o mar.” Registrou ainda: “A nascente d´água, perto da cabana, estava esgotada mas existia outra, além do monte, dando ainda uma pequena provisão. Paramos para descansar o meio-dia numa pobre choça, erguida no alto da duna pelos moradores da fazenda, e servindo para preparar o pescado. Tinham-na construído bem no cimo, por estar completamente exposta ao vento. A descida para o mar era rápida mas não perigosa e a frouxidão do areal prevenia contra qualquer possibilidade do cavalo escorregar e rolar até em baixo”.
               
Das observações feitas durante a jornada de Recife a Fortaleza, Koster publicou um livro em Londres, no ano de 1816, com o título de “TRAVELS IN BRAZIL”, em dois volumes. Em 1917 era lançada uma segunda edição que foi traduzida para português pelo historiador potiguar Luís da Câmara Cascudo e publicada pela Brasiliana, são Paulo, em 1942, com o nome de “VIAGENS AO NORDESTE DO BRASIL”. É através dessa narrativa que ficamos sabendo como era Tibau em 1810.
               
O professor Vingt-un Rosado anotou os primeiros moradores de Tibau. Segundo ele, de 1855 a 1856, adquiriram terras naquela praia Manoel Francisco Rebouças, de quem uma parte de terra viera por compra a Bernardino da Rocha Bezerra e outra por herança de Tereza Rodrigues de Jesus, Francisco da Costa Maia e Eusébio Francisco Nogueira. Já em 1877, Leonarda Maria da Rocha era moradora no Tibau, no lugar chamado Cajueiro Antigo.
               
Em 1948, o povoado chegou à condição de distrito. Em 21 de novembro de 1995, Tibau foi desmembrado de Grossos, tornando-se município do Rio Grande do Norte. Contando com uma área de 170 Km² e com um contingente populacional de aproximadamente 4.000 habitantes, é uma cidade aprazível, com forte tendência turística, que encanta a todos que a conhece. O turismo é a sua principal atividade econômica que tem como atrativo a beleza e a tranquilidade de suas praias. 

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Os Viriatos Por Sousa Neto

Marquinélio Tavares, Manoel Severo e Sousa Neto

No meu modesto trabalho sobre "José Inácio, o Barro e o cangaceirismo no sul do Ceará" assim escrevi: “O cangaceirismo chegou ao Barro ainda no período do Brasil Império, a partir da segunda metade do século XVIII com “OS VIRIATOS” liderados por José Vicente Viriato, no povoado de Boa Esperança, hoje Iara no município do Barro, organizavam grupos de bandoleiros e aterrorizavam essa e outras comarcas de estados vizinhos. Assaltavam, saqueavam e extorquiam famílias mais abastadas da região do oeste paraibano e do Rio Grande do Norte, de Icó e Lavras no Ceará”.

Na esplêndida entrevista dos representantes do GPEC (Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço) Narciso Dias e Jorge Remígio referendaram o que publiquei. É fato que a grande maioria do povo nordestino e do Brasil desconhece esse episódio e acham que o movimento em destaque começa e termina com Lampião. É verdade que Lampião se tornou celebre e hoje é a figura mais biografada na América Latina, mas há décadas antes de seu nascimento, O CANGAÇO já era praticado no sertão do nordeste.Para ilustrar o meu enunciado vos apresento uma matéria jornalística de 1877. 

Um abraço a todos!
Sousa Neto
Pesquisador e escritor
Conselheiro Cariri Cangaço

http://cariricangaco.blogspot.com.br/2015/01/os-viriatos-porsousa-neto.html

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CONVITE DIA DE REIS - MOURA, GONZAGÃO & LAMPIÃO NA CEILÂNDIA TERÇA 06 DE JANEIRO DE 2015

Por Professor Jevan

Conterrâneos KYDELMIR E LILI:

Sei que está muito em cima da hora para convidá-los a estarem conosco nesta próxima terça-feira,  Dia de Reis, aqui na Ceilândia; mas gostaria imensamente que vocês transmitissem nosso convite para pessoas próximas da SBEC (sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço) para se fazerem presentes (e se, representantes), pois nosso REI MAIOR da cultura popular a ser homenageado vai o VIRGULINO FERRREIRA SILVA, o LAMPIÃO! 

P.S.:  peço que envie uma mensagem para que possamos divulgar neste evento, pois modestamente me sinto um membro COITEIRO da SBEC em Brasília.

Saudações Candangas!
Profº JEVAN

DIA DE REIS Moura, Gonzagão & Lampião NA CEILÂNDIA 06 de janeiro 2015 

DIA 06 DE REIS  - SEIS ATIVIDADES MEMORÁVEIS

01 - Abertura com execução do "Hino Original" de Lampião & Maria Bonita: MULHER RENDEIRA:

02 - Lançamento do concurso educacionista "Corra pros Livros ABEL": A Biblioteca de Escritores Locais (escolha do patrono ano 2015);

03 - Manha de Autógrafos com o Mestre JOAQUIM NÓBREGA na "Lan House Nordestina" (cordel "Gonzagão em Brasília");

04 - Coquetel ao ar livre com "lanche tropical" de frutas miúdas (tipo banana) & graúdas (tipo jaca): cada qual traz ao seu gosto;

05 - Visitação museal ao quadro "OS CANDANGOS DE BREGUÊDO": a menor galeria de artes do mundo;

06 - DESCERRAMENTO do "abaixo assinado da ACLAP" pela escritora Nina Toledo para a Biblioteca Pública da Ceilândia.

Enviado pelo poeta, escritor, pesquisador do cangaço e da literatura gonzaguiana Kydelmir Dantas.

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SEGUNDO CAP. VIRGOLINO


Jazigos dos cangaceiros Virgulino Ferreira da Silva e sua companheira Maris Gomes de Oliveira, a Maria Bonita. Ele nasceu no Estado de Pernambuco e ela no Estado da Bahia.

Nota: faltou apenas o Cap. Virgolino colocar o Estado e a cidade para que os estudiosos novatos tenham conhecimento do Estado, cidade que guardam os restos mortais dos cangaceiros.

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O cangaço - Você sabia?


Segundo a cangaceira Dadá companheira do cangaceiro Corisco, Lampião durante sua estada no Raso da Catarina, enterrou na região muitas armas e tesouros, e que provavelmente muito desse material ainda hoje, possa estar por lá escondido na vastidão daquele local.

As famosas "botijas"...

Fonte: facebook
Página:  Geraldo Júnior.

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TESTAMENTO DE PADRE CÍCERO NA ÍNTEGRA (INCLUINDO TERMO DE ABERTURA) - PARTE IV


Quarta - Deixo para Nossa Senhora do Perpetuo Socorro d'aqui do Joazeiro, cuja Capella está construída no Cemiterio desta cidade, os seguintes bens: - o sitio Porteiras que pertenceu ao Velho Raymmundo Pinto, sito neste Municipio, á estrada do Crato, e uma importancia em dinheiro conforme vae declarado mais adiante.

Devo declarar que esta Capella de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, que por prohibição do meu superior ainda não foi benta para ser entregue ao culto dos fiéis, fiz construir no Cemiterio publico desta cidade, para cumprir um voto feito pela virtuosa e fallecida Herminia Marques de Gouveia, quando eu tive a morte de uma molestia muito grave.

Nesta Capella fiz sepultar o seu corpo, como ultima recompensa do seu grande esforço, e bem assim os corpos das bôas servas de Deus Maria Joaquina, Maria de Araujo, minha bôa mãe Joaquina Vicencia Romana e minha querida irmã Angelica Vicencia Romana. E desejo e peço que não sejam d'ali retiradas seus restos mortaes e supplico mais que nesta mesma Capella seja sepultado parasempre meu corpo.

Quinta - Deixo para Capellinha de São Miguel nesta cidade, construida no antigo Cemiterio dos variolosos pelo bom servo de Deus Manoel Cégo, sob os meus auspicios, o terreno cercado de arame que possuo no Arisco, conhecido por terreno do Seminário.

Sexta - Deixo para o meu amigo e compadre Conde Adolpho Van den Brule e seus legitimos herdeiros o sitio Veados, deste Municipio.

Setima - Deixo para a Capellinha de Nossa Senhora do Rosario, no antigo Cemitério desta cidade, sito á Avenida Doutor Floro, antiga Rua Nova, o sitio São José que pertenceu a Gonçallo e sua mulher Dona Anna Rodrigues.

Oitava - Deixo para as duas filhas do meu primo Francisco Belmiro Maia a casa onde residem nesta cidade, á rua Padre Cícero e o sitio Carité, neste Municipio, os quaes bens por morte da ultima passarão a pertencer a Congregação dos Salesianos, salvo se durante a vida quizerem entrar em accordo com os Padres Salesianos para com elles trocarem por outros bens com a mesma condição de por morte de ambas, passarem os bens trocados aos Padres Salesianos.

Nona - Deixo para o meu amigo José Ignacio Cordeiro, pelos bons serviços que me tem prestado, o sitio Arraial, no Municipio de Missão Velha.

Decima - Deixo a casa de Caridade do Crato o sobrado onde residio José Joaquim Telles Marrocos, sito á rua Grande, na cidade do Crato, e a pequena casa encravada nos fundos do mesmo sobrado, á rua da Laranjeira, na mesma cidade.

Decima Primeira - Deixo a minha propriedade a fazenda Coxá encravada nos Municípios de Aurora e Milagres e comprehendendo na mesma área os sitios Coxá propriamente dito, Contendas, Escondido, Taveira e Bandeira com todas as bemfeitorias e com todos os meus direitos nas minas cobre que ditas terras possam conter bem como o sitio Lameiro sito mo municipio de Missão Velha para que sejam vendidos e com importancia adquirida pela venda dessas mesmas propriedades sejam pagas as dividas que eu possa deixar quando morrer, as despezas do meu enterramento e os sufragios de minh'alma.

E o que sobrar dessa mesma importancia seja entregue a Maria das Malvas, a Maria de Jesus (vulgo Babá), a Thereza Maria de Jesus (vulgo Therezinha do Padre), a Beata Jeronyma (vulgo Geluca), Maria Eudoxia da Assumpção e a cada uma das duas filhas de meu primo Francisco Belmiro Maia quinhentos mil reis (500$000) para cada uma e o que sobrar seja entregue a Congregação Salesiana que aqui se fundar para os seus respectivos Padres celebrarem missas por minh'alma e na intensão de Nossa Senhora das Dores e das almas do Purgatorio.

Decima Segunda - Deixo ainda para Maria das Malvas, Maria de Jesus (Babá), Therezinha do Padre, Beata Geluca e Maria Eudoxia de Assumpção, o sitio Barro Branco, neste Municipio, para desfructarem enquanto viverem, o qual por morte da ultima sobrevivente passará a pertencer aos Salesianos.

Decima Terceira - Desejo ser sepultado conforme já disse no começo deste testamento na Capella de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro no Cemiterio desta cidade e que os meus funeraes sejam feitos com simplicidade, bem como que sejam rezadas pelo eterno repouso de minha alma dôze missas em cada anno durante cinco annos igualmente o mesmo numero de missas durante o mesmo tempo pelas almas do Purgatorio.
Decima Quarta - Deixo mais todos os bens que escaparam de ser citados neste testamento e os que possa adquirir desta occasião até o meu fallecimento, repito, bens moveis, immoveis e semoventes á Congregação dos Padres Salesianos.

Decima Quinta - Nomeio meus testamenteiros os meus amigos Doutor Floro Bartholomeu da Costa, actualmente Deputado Federal por este Estado, o CondeAdolpho Van Den Brule e o Coronel Antonio LuiAlves Pequeno, servindo um no impedimento do outro, na ordem em que se acham collocados.

Os meus referidos testamenteiros terão a posse e a administração da herança na ordem em que se succederem e bem assim perceberão, respeitados a mesma ordem, dez por cento (10%) em dinheiro sobre toda herança liquida como compensação dos trabalhos testamentarios.

E por tal modo e fórma conclúo este meu testamento que em meu perfeito juizo e de minha livre e espontanea vontade, sem constrangimento nem tão pouco induzido por quem quer que fosse ditei ao meu amigo Luiz Teophilo Machado, segundo Tabellião desta Comarca, e assigno com o meu proprio punho, de accordo com o Codigo Civil Brasileiro em vigor.

E peço a justiça de meu paiz que o cumpram e mandem cumpril-o tão inteiro e fielmente como nelle se contém, declarando mais ficar por este testamento revogado outro qualquer testamento que por ventura existir.

E por tal modo conclúo e termino este meu testamento. Declaro em tempo que por uma resolução por mim tomada neste momento antes de assignar este testamento ficam sem effeito os legados que faço dos sitios Veados e Santo Antonio deste Municipio, cujas doações a quem desejo fazer as realizarei por escriptura publica bem como que não ficarei inhibido de vender os bens que deixo reservados na claúsula decima primeira antes de morrer para satisfação de quaesquer compromissos. Joaseiro 4 de outubro de 1923. Pe Cicero Romao Bapta. (Selado com 1 (uma) estampilha de 20$000; 3 (três) de 1000 reis e 1 (uma) de 300 reis)".

CONTINUA...

http://historiaesuascuriosidades.blogspot.com.br/2011/11/testamento-de-padre-cicero-na-integra.html

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OPINIÕES DE ESTUDIOSOS DO CANGAÇO SOBRE A MORTE DE LAMPIÃO

Por Geraldo Júnior

Lembrando que por mais de 20 anos Lampião foi perseguido incansavelmente pelas polícias de vários Estados, e nunca conseguiram capturá-lo. Porém no dia 28 de julho de 1938, Lampião, Maria Bonita e outros nove cangaceiros foram mortos, pegos de surpresa, e sem tempo para reação. Com base nisso o cangaço quer saber:

Qual dos motivos abaixo teria o levado a se deixar ser pego e abatido tão facilmente?

1 - Por achar o local (coito) seguro?

2 - Por estar desmotivado e pensando abandonar o cangaço?

3 - Excesso de confiança?

4 - Nenhuma das alternativa (Explique)

5 - Porque finalmente chegou o seu dia (destino).


Na minha opinião, Lampião não tinha confiança total em ninguém. Acredito que ele ficou em Angico por achar o local seguro. Ele não iria bobear sendo a raposa que ele era. Alguém passou as informações exatas, e isso foi a causa do seu fim. A polícia não iria armar um cerco tão bem estratégico sem informações tão precisas. Penso dessa forma.


A resposta é muito complexa. Pois até hoje existem divergências entre os estudiosos. Alguns afirmam que seu Pedro, coiteiro de Lampião, o traiu. Existem algumas especulações que os cangaceiros haviam bebido muito, e que em meio a sua bebida tinham inserido pólvora, o que na época era comum em fazer para deixar a pessoa "doidona", e aumentar o efeito do álcool. E ainda existe a especulação de envenenamento dos cangaceiros.

O estudioso Antonio Amaury, afirma que no dia da morte dos cangaceiros houve uma garoa, e que em meio ao frio, os cachorros podem ter se acuado às cabanas, e que por conta da garoa, não foi possível os cachorros sentirem o cheiro dos volantes. Essas são algumas especulações de muitas outras que existem. Provavelmente esse mistério nunca conseguirá ser desvendado. Assim como outros que ocorreram no cangaço, caros amigos.

Fonte: facebook
Página: Geraldo Júnior

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“O GLOBO” – 05/10/1927

Material do acervo do pesquisador Antônio Corrêa Sobrinho

A PSICOLOGIA DO CANGACEIRO
O BANDITISMO NOS SERTÕES DO NORDESTE BRASILEIRO
UM ENSAIO POLÍTICO-SOCIAL
(Especial para o GLOBO)

CAPÍTULO V

O número de cangaceiros mortos e capturados no curto período de seis meses de dezembro de 1926 a maio do corrente ano, é a prova mais evidente de que a perseguição atual – é um fato – nos sertões de Pernambuco.

Dos pontos diversos em que se têm ferido os combates contra esses criminosos, bem como do número de oficiais que têm comandado as forças pernambucanas em sua perseguição (os quais propositalmente citamos no artigo anterior) evidencia-se igualmente o que deixamos registrado: - que o chefe de polícia de Pernambuco tem atualmente todos os pontos estratégicos do sertão guarnecidos de tropa.

Esse número é ainda a demonstração incontestável de que a preponderância de chefes políticos do interior, protetores de bandidos, terminou felizmente nos sertões de Pernambuco, graças às enérgicas providências do Dr. Estácio Coimbra. Temos elementos seguros para poder afirmar que as ordens dadas pelo Dr. Souza Leão aos oficiais da tropa pernambucana que opera contra os cangaceiros, bem como aos comandantes dos destacamentos que se acham aquartelados nas cidades e vilas, são as mais terminantes e positivas nesse sentido, secundando as determinações do governo. Nenhum chefe político se atreverá mais a proteger criminosos, nem tê-los sob a guarda e à sua disposição para satisfazer os seus ódios pessoais, sob pena de perder o prestígio político e sofrer, como qualquer outra pessoa, os rigores da lei. E a prova temo-la no desgosto (sabemo-lo de fonte segura) que já está lavrando entre alguns desses chefes, pela atitude inflexível do governo pernambucano, que não cederá neste ponto a influências de espécie alguma.

Infelizmente não podemos dizer o mesmo relativamente a todo o sertão do Nordeste. Se é exato que o chefe de polícia de Pernambuco tem conseguido eficaz auxílio de quase todos os seus colegas de outros Estados que assinaram o convênio de 1926, não é menos certo que a solidariedade estabelecida por esse convênio está sendo altamente prejudicada com o rompimento de um deles.

Sabe-se aqui no Rio, por telegramas de notícias vindas do Norte, que o Estado do Ceará tem deixado de cumprir os compromissos assumidos, constando mesmo que, por imposição dos chefes políticos locais, o governo daquele Estado não persegue mais “Lampião” e os celerados que o acompanham, como fizera no começo da campanha, com o resultado magnífico que já deixamos assinalado.

Ainda há poucos dias o vespertino “O GLOBO”, de 22 de agosto findo, publicou dois longos telegramas procedentes de Fortaleza, sob as epígrafes: “O Nordeste assolado pelo banditismo. – Aracaty e Cascavel ameaçadas por Lampião”. Dos quais extraímos os seguintes períodos:

“Está confirmada a notícia de haver sido avistado, na vila de Palhano, distante 7 léguas de Aracaty, um grupo de 15 cangaceiros chefiados pelo já célebre Massilon, que separou-se de “Lampião”.

Aracaty está transformada numa praça de guerra, passando a noite vigiada por 30 homens armados, custeados pelo comércio local, que arca com mais esse imposto forçado porque o presidente Moreira da Rocha recusou enviar forças policiais para garantia da população, sob o fundamento de não acreditar que a cidade de Aracaty seja atacada pelos bandidos.

A cidade de Cascavel, situada próximo à capital, está sendo abandonada pela população, pois que o grupo do facínora Massilon se acha a três léguas de distância.”

Estas notícias foram confirmadas por um outro telegrama procedente do Maranhão (estado que não fez parte do convênio e, portanto, insuspeito), publicado no vespertino “A Esquerda”, de 23 de agosto, sob a epígrafe: – Os bandoleiros no Ceará. – A irritante atitude do presidente Moreira da Rocha.

Ei-lo, textualmente:

“MARANHÃO, 25 – Todos os jornais desta capital inserem notícias sobre os atos de banditismo praticados pelos vários grupos de bandoleiros no estado do Ceará.

Passageiros procedentes de Fortaleza narram o êxodo das famílias residentes na fértil zona do Jaguaribe e unanimemente censuram o descaso do presidente Moreira da Rocha. Acrescentam que os bandidos estão amparados pelos chefes políticos do interior em destaque no situacionismo local.”

Novos telegramas, procedentes de Fortaleza e de Jaguaribe-Mirim, foram aqui publicados pelo “GLOBO”, noticiando que a fazenda Michael fora assaltada pelo bandido Massilon, achando-se gravemente enfermo o Sr. Enéas Ribeiro, seu proprietário, em consequência da surra que os cangaceiros lhe aplicaram; e mais, que eram conhecidas as pessoas influentes que em Riacho do Sangue se fizeram protetoras do bando sinistro.

- “Diversos fazendeiros da região jaguaribana (acrescenta o telegrama citado de Jaguaribe-Mirim) fogem abandonando suas propriedades, cumprindo ao governo do Estado enviar pessoa idônea, alheia aos interesses locais, para apurar as responsabilidades dos que protegem o bando criminoso.”

Finalmente, esta vergonhosa proteção acaba de ser confirmada por um telegrama recente de Fortaleza estampado nos jornais aqui, e comentado pela “A Manhã”, de 14 do corrente, o seguinte gravíssimo suelto:

- “Os vespertinos divulgaram um telegrama de Fortaleza em que se comunica ao país um fato que nos deve cobrir de vergonha: - a apuração, por meio de um inquérito, da conivência oficial do Estado na proteção à Lampião.

Ficou apurado, desse inquérito, haver no regimento militar de patentes elevadas incumbidas de simular a caça ao bandido e seu bando para, no momento oportuno, facilitarem-lhes a fuga.

Políticos de responsabilidade acham-se envolvidos no caso, o que vem colocar o governo do Estado numa posição gravemente suspeita, visto como esses políticos são todos influentes na administração e figuras de destaque no partido dominante.

Ora, toda a gente se lembra da ação combinada dos governos do nordeste brasileiro para liquidar de uma vez com o bandido Lampião. E toda gente se recorda do embaraço encontrado justamente no governo cearense para o êxito da diligência.

Agora, como se vê, um fio lógico vem ligar os acontecimentos e formar contra a politicagem cearense uma robusta prova indiciária de conluio.
Explica-se, pois, a inércia sempre demonstrada pelo Sr. Moreira da Rocha na campanha policial contra os bandoleiros!”.

Diante de tais notícias, provenientes de fontes diversas e todas concordes, não é mais lícito duvidarmos de que o estado do Ceará, pelas lamentáveis influências políticas que desnaturam os melhores propósitos, se tenha desligado dos compromissos do convênio pernambucano que o seu representante assinou.

De resto, para caracterizar esse rompimento, basta o fato (publicado pelos jornais de Recife) de ter o chefe de polícia daquele Estado pedido ao Dr. Eurico de Souza Leão a retirada das forças pernambucanas do território cearense, quando essas forças iam no encalço de “Lampião” e do seu bando, sob o pretexto de estarem elas praticando violências contra fazendeiros, tomando à força cavalos e “armas” (!) dos sertanejos, e outras alegações falsíssimas.

Por uma das cláusulas do convênio, os oficiais comandantes das forças aliadas tinham o direito de requisitar animais, onde os encontrassem, para perseguição aos bandidos em fuga, mediante indenização dos respectivos governos aos seus proprietários, pois não se compreende que os soldados fossem perseguir a pé bandidos muito bem montados. E, quanto aos excessos atribuídos às forças pernambucanas, o pretexto era tão calvo, que a sua falsidade decorria do depoimento de um oficial da própria polícia cearense, o tenente Bezerra, que combateu ao lado das forças pernambucanas num ataque dos bandoleiros, o qual, em telegrama dirigido ao major Teófanes Torres, comandante em chefe da tropa sertaneja, elogiava a bravura e disciplina dos soldados pernambucanos.

No ataque de “Lampião” à cidade de Jardim (Ceará) à frente de 80 celerados, foram ainda as forças pernambucanas, comandadas pelo bravo sargento Arlindo Rocha, que livraram aquela cidade do morticínio e do saque, oferecendo combate ao bando sinistro, no qual morreram 4 bandidos, fugindo os demais em debandada.

O procedimento desse inferior foi de tal natureza, que as autoridades judiciárias de Jardim, grande número de comerciantes e até eclesiásticos, telegrafaram ao Dr. Estácio Coimbra, governador de Pernambuco, pedindo-lhe a promoção do sargento Arlindo, pelo denodo e correção de que deu provas. E o Dr. Estácio atendeu o pedido imediatamente, promovendo a tenente o referido sargento.

Pois bem: - não obstante tais e tantas demonstrações de pessoas graduadas do próprio estado do Ceará, em favor da disciplina dos oficiais e praças de Pernambuco, o chefe de polícia daquele Estado pediu a retirada das forças pernambucanas do seu território, sacrificando assim uma campanha patriótica tão bem começada, e assumindo com essa atitude uma tremenda responsabilidade perante a Nação pelo malogro dessa campanha.

Justiniano de Alencar

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Fonte: facebook
Página: Antônio Corrêa Sobrinho

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