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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

NOITES DE LOBISOMENS

Por Rangel Alves da Costa*

Conta a tradição popular que os lobisomens surgem das transformações humanas em bichos. Não são pessoas mortas que voltam em forma de lobos gigantes, cachorros disformes, animais asquerosos, mas pessoas vivas recheadas de maldade no coração e pecados terrenos e que acabam sendo penalizadas com a medonha transmudação, principalmente em noites santificadas. E assim porque surgem mais no período da semana santa, a chamada quaresma.

Nas noites assim, medonhamente escurecidas, cujos labirintos avançam sobre as cidades e quintais, é que os horrendos visitantes surgem para amedrontar e até querer avançar sobre as pessoas indefesas. Nos sertões nordestinos, onde tais fatos se propagam como verdades, não é difícil ouvir causos e mais causos sobre os lobisomens. Contam sobre o homem que bateu a mãe e foi sentenciando a se tornar em bicho de olhos de fogo da quarta-feira de cinzas até a madrugada da sexta-feira santa, surgindo sempre horripilante nas noites fechadas. Dizem também sobre o padre que jamais era encontrado nas noites da quaresma. E assim porque estava sentenciado a se transmudar em lobo com cabeça de cachorro uivante pelos seus pecados terrenos. Ora, o vigário tinha mais de vinte filhos sem reconhecer nenhum.

Por isso mesmo que as noites escuras sertanejas se transformam em paisagens de aflição nos períodos quaresmais. As pessoas não saem nos quintais, não enveredam pelos caminhos escuros, não abrem as portas dos fundos. Pelo contrário, se lançam às orações, aos apegos divinos, aos pedidos para que as medonhas aberrações de repente não apareçam pelos arredores. O Velho Titió, ele mesmo acusado de se transformar em lobisomem, contava como se dava a transmudação, mas o fazia sempre jurando que tinha ouvido tal história de um sertanejo bem mais antigo. Dizia o velho pecador:


“Segundo me contou o Veio Filismino, todo aquele que vira lobisomem pode ser reconhecido quando a semana santa se aproxima. Ele sabe o padecimento que vai passar e se torna noutro homem. Quem olhar bem pra o cabra logo vai perceber que já possui o olho muito mais afogueado, parece que vai babar a qualquer momento, não para quieto num canto, se coça e se pinica todo como se tivesse em riba de formigueiro. Começa a dizer coisa com coisa, parece rosnar sozinho, não para quieto num canto de jeito nenhum. A todo o momento olha pra cima pra ver se o sol já está descambando e quando a boca da noite chega é um deus nos acuda. Quando o tempo escurece mais o cabra o cabra some de vez. Ninguém sabe onde ele foi parar, mas eu sei. Gente que vira lobisomem já tem lugar certo para a transformação. No meio do mato, sabendo que a qualquer momento o corpo pode começar a se transformar, então faz uma cama de capim, no meio do escondido, e ali se deita até tudo acontecer. Daí em diante se abate de sofrimento e rola de canto a outro, urrando, uivando, esperneando, até pular no meio do tempo como o bicho mais feio do mundo. Então vai para as estradas escuras, em meio aos labirintos, quintais e malhadas das casas, onde começa a fazer estripulia com que avista ou passa. Quem quiser conhecer a cama de lobisomem basta procurar nos roçados, onde houver capim machucado, estendido pelo chão, então foi ali que o cabra se deitou esperando o pior acontecer. E é assim que sempre acontece”.

Tais fatos, pois, acontecem no período da quaresma de noites mais negras, mais escurecidas, mais misteriosas. Nos rincões distantes, nos casebres solitários, nas fazendas e pequenas propriedades, as portas e janelas das casas são fechadas ainda no entardecer. E outra motivação não há senão pelo medo dos lobisomens e suas assustadoras aparições. Até mesmo nos centros urbanos há um temor desenfreado de que a qualquer momento um bicho feio, de língua de fogo e garras imensas, seja avistado nos quintais.

Há quem jure por tudo na vida que já encontrou com lobisomem, relatando ainda ser a experiência mais medonha que lhe aconteceu. Não há retrato nem nada que possa comprovar, mas não se pode negar o que estranhamente se ouve nas noites matutas. São uivos, lamentos, gritos medonhos. De onde vêm tais uivos ninguém sabe dizer. A única certeza é de jamais se esquecer do rosário, da imagem santa, do frasquinho com água benta.

Mas também contam a história de uma solteirona que vivia contando os dias para que chegasse logo a semana santa e com ela os lobisomens. Guardava alfazemas e lavandas especiais para o período e se enchia toda de sibiteza quando alguém perguntava se já havia preparado água santa e cruz benta para colocar atrás das portas e janelas. Então dizia que era calorenta demais para fechar qualquer coisa e que também gostava de uivar noite adentro e madrugada afora. E, por falta de homem, o jeito era lobisomem mesmo.

E no outro dia aparecia lanhada e com marcas avermelhadas pelo corpo. Mas sempre feliz e cantante, só faltando mesmo apressar as horas para a noite chegar. Noites de mistérios, lobisomens e outros uivos.

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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COMPREENDER O CANGAÇO


"Estudar o fenômeno do Cangaço não significa fazer apologia ao crime, é necessário compreendê-lo."

Narciso Dias

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MADE IN COLUNA DO AMIGO EMERY COSTA NO JORNAL O MOSSOROENSE: DAVID LEITE

Por Ricardo Borges

Presentemente em Salamanca, na Espanha, nosso conterrâneo David de Medeiros Leite acaba de confirmar presença no Décimo Oitavo Encontro de Poetas Íbero-Americanos nos dias 7 e 8 de outubro vindouros. 

Espanha

Dos poetas brasileiros participantes: um gaúcho, um paulista e três potiguares, dentre eles, David De Medeiros Leite.

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UM VALENTE CANGACEIRO ATÉ NA HORA DE MORRER


Você já reconheceu a figura? É o cangaceiro Juriti, valente até na hora de morrer. 

Esta foto foi "batida" em 1940 na cidade de Salvador, quando o ex cangaceiro "Jurity" já em liberdade após um ano e meio de ter se entregado à polícia foi visitar os velhos companheiros, cangaceiros do bando de "Labareda", que estavam detidos após as ultimas entregas. 

Compare com  a sua figura na época do cangaço em foto de 1936.


Este material foi publicado no http://cangaconabahia.blogspot.com do professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio. Também foi publicado no http://lampiaoaceso.blogspot.com do pesquisador Kiko Monteiro.

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MARIA DA CONCEIÇÃO COMPANHEIRA DO CANGACEIRO “FERRUGEM”.


MARIA DA CONCEIÇÃO COMPANHEIRA DO CANGACEIRO “FERRUGEM”.

Presa no ano de 1932 pelas Forças Volantes atuantes no interior do Estado da Bahia.

Interrogada sobre o paradeiro de seu companheiro, o cangaceiro Ferrugem integrante do bando de Lampião, Maria da Conceição foi categórica e direta ao afirmar que sobre o paradeiro e as proezas de seu companheiro, somente ele poderia responder.

Fechando-se na sequência em silêncio sepulcral. Após a prisão foi conduzida para a Salvador/BA.

Fonte: facebook

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EIS O QUE RESTOU DO CANGAÇO

Material do acervo do pesquisador Antonio Corrêa Sobrinho

Encontro histórico de ex-cangaceiros e presenças especiais da filha e neta do famoso Virgulino Lampião, Expedida e Vera Ferreira, promovido pela escritora Christina Matta Machado, autora de “As Táticas de Guerra dos Cangaceiros”, que “o Estado de São Paulo” trouxe a lume nas edições de 18 e 19 de outubro de 1969.


EIS O QUE RESTOU DO CANGAÇO

“Sila saiu correndo, agachada. Uma bala acertou a cabeça de outra molher, espirrou miolo no vestido de Sila; maldade, ela só tinha 15 anos. Depois, foi munto tiroteiro, finado seo Rastejador também morreu. Vi Lampião pondo sangue pela boca. Um dia, resolvemos entregar, cangaço acabou, mas só acabou mercê da traição de cangaceiros que ajudaram as Volante, contavam os pontos da gente”. Balão ajeita a gravata, no aeroporto de Congonhas. Ele, cangaceiro do bando de Lampião, hoje batedor de estacas para fundações de prédios, está com os companheiros esperando dona Expedita, filha de Lampião, Vera, neta do cangaceiro, e mais Labareda e Saracura. Todos vão reunir-se em São Paulo para o lançamento de “As táticas de guerra dos cangaceiros”, de Christina Matta Machado.

O livro vai ser lançado dia 24, a partir das 16 horas, na Aliança Francesa, rua General Jardim, 172.

Saudade – Quando o cangaço acabou e o governo deu anistia, a Polícia separou os cangaceiros: cada um teve que ir para um lado. Faz muito tempo que vários moram em São Paulo, mas não sabiam. Só quando Christina começou a procurá-los é que eles ficaram sabendo dos velhos companheiros, puderam se reunir para relembrar os causos de então. Ontem, em Congonhas, estavam vários deles, esperando os outros. Estava Marinheiro, um ano de cangaço, hoje funcionário da Caixa Econômica Estadual; estava Pitombeira, 3 anos de bando, entrou para não ser morto pela Polícia, hoje funcionário da Prefeitura. Estava também Criança, 7 anos de lutas, a glória de enfrentar sozinho, por duas horas, a Volante, para deixar o bando escapar. Criança, hoje, vende tomate como ambulante.

Em Congonhas estava também Sila, mulher de Zé Sereno que não pode ir (está com a perna engessada) e estava Dadá, apoiada na muleta. Sua perna direita ficou no sertão, crivada de balas de metralhadora, da mesma arma que matou seu marido, Corisco, que ela atentava defender. Estava em Congonhas o Balão, acompanhado de cinco de seus 8 filhos e contando para todo mundo que até hoje é solteiro. Balão, alegria do bando, tocador de sanfona, o mais valente de todos, mostrou ontem que não mudou. Ele foi piadas o tempo todo, mesmo quando tirou os sapatos e a meia por causa de um ferimento no pé que “tá ameaçando arruinar”.

Visitas – Até o dia 24, os cangaceiros vão visitar São Paulo, conhecer coisas novas, principalmente os que vieram de longe que a Varig trouxe de Sergipe e Alagoas. Ele irão ao Ibirapuera, a cinemas, restaurantes, serão entrevistados e aguentarão as luzes fortes da televisão, e queiram ou não vão acabar entendendo que hoje eles são gente importante, que apesar dos crimes que cometeram e talvez mesmo apenas por isso, eles passaram a ser história, são uma página da vida do Brasil.

Para contar a história do cangaço, Christina viajou quase todo o Nordeste, pesquisou em 34 municípios e se tornou amiga daqueles homens. Com os dados que colheu, escreveu o livro e vai defender tese em História, sob o tema “Cangaço, aspectos socioeconômicos”.

MORRER APANHANDO OU SER CANGACEIRO

Embora arrependidos de terem sido cangaceiros, os cabras de Lampião dizem que não havia saída. Balão conta que a Polícia batia em todo mundo, para que contasse o paradeiro do bandido, muitas vezes, matava. Um companheiro dele teve que servir de cavalo para um soldado com esporas. Por isso, “quem não queria morrer apanhando tinha que ir para o cangaço”. Balão, entretanto, foi para o sertão por outro motivo. Engraçou-se – diz ele – com uma menina amiga de Lampião e alguns homens do bando quiseram matá-lo; ele fugiu com outro grupo e, depois, quando esse se uniu com o de Lampião, “a intriga foi esquecida”.

Pitombeira fugiu porque um irmão e um “primo carnal” foram mortos pela Polícia, que tentava fazer com que contassem onde estava Lampião. Ele ia ser morto também e fugiu.

O final – Para todos, o fim do cangaço foi a morte de Lampião, o líder que teve até 260 homens sob suas ordens. Quando ele morreu, o bando que chefiava tinha 36 e 11 ficaram “naquela jornada”. Havia muitos antigos colegas que ajudavam a Polícia e, por isso, fugiram todos para Sergipe, estado amigo, para combinar a “entregação ao governo”.

Balão conta como foi a fuga, “a volante matou Lampião, tive tempo só de pegar embornal de subsistência e de bala e quando a metralhadora engasgou passei no meio dos macacos, fugi. O Presidente tinha espalhado aviso em toda fazenda, para entregar, que ele garantia a vida. Fomos para Sergipe e resolvemos – Juriti, Criança, Marinheiro, Pitombeira, eu – arriscar olho e mandamos avisar o cabo Miguel da volante, que viesse conversar, com três soldados, fuzil de boca para baixo. Ele veio, ficamos amigos, mas 300 praças de outra polícia cercaram o bando, tivemos que fugir para a fazenda Cuiabá, onde dançamos com a volante e bebemos oito dias sem parar. O capitão Aníbal, que trazia a ordem do governo, mandou fechar os portos das Alagoas, para que a polícia que queria matar a gente não entrasse em Sergipe”.

O caminho – “Começou então o caminho da entrega. Mas era duro, tinha tropa do capitão Aníbal, amiga, garantia a vida, tinha a tropa inimiga, queria matar a gente. Fomos ao Araticum, a Porto da folha, a Monte Belo, mas, quando cheguei no Caveira, mataram quatro cabras meus. Foi traição dos sergipanos e tivemos que brigar ainda no Pinhão. Só conseguimos achar o capitão Aníbal em Serra Negra, para entregar as armas. Não, ninguém foi preso, a gente ficava no quartel só na hora da troca de expediente e todos entregamos por livre e espontânea vontade. Cada dia chegava mais cangaceiros. Poucos foram mortos, como Juriti, na faca, quando era guarda-freio e estava regenerado. Depois, cada um foi para um lado, ninguém viu mais ninguém. Eu, fé em Deus, sou muito feliz.”

Ideologia – É Pitombeira quem fala, muito sério: “Hoje falam de subversivo, dizem que a gente era guerrilheiro, socialista; não era não. Nós só queríamos o bem, andar longe da Polícia, só atirava quando atacado e matava muito, muito menos do que o cinema tenta contar em filme de cangaceiro. Nós não fazíamos maldade com sertanejo, tinha que viver sem ódio no coração, tinha que ser amigo de todo mundo, se não estava perdido.

É, é verdade que quando não davam o que a gente pedia, tinha que tirar à força, mas não era comum. História de usar banha de gente para lubrificar parabelo, mentira é que é. Nunca faltou o óleo nem a lixa para tirar ferrugem. Arma também tinha muita, os fazendeiros davam, se não nós perseguíamos. Tinha fuzil, mosquetão, rifle, parabelo, mauser, tudo calibre grande, 7 milímetros, 30, 38. A gente atirava no ombro, apertando bem para não dar tranco ou, quando a coisa apertava, apoiava no braço, mas muito raro atirar de cima do cavalo. As balas, também, não ficavam, furou meu braço aqui, a perna do Balão, o ombro do Marinheiro, mas era bala boa, de fuzil, entreva e saia do outro lado, tudo bala bonita, de aço, niquelada”.

- “Mas esse tempo passou, hoje é diferente, vivo com a família em São Paulo, faço economia, gasto muito pouco, tenho três casinhas aqui.”

PAULO AFONSO, A MORTE DO SERTÃO

Faz alguns anos, Pitombeira voltou ao sertão. Hoje, ele não reconhece mais aquilo, nada é como onde nasceu.

“Paulo Afonso, a usina, ela matou o sertão. Hoje, não teria mais cangaço nem guerrilha, nem nada. A Usina de Paulo Afonso devorou o sertão, está comendo a caatinga, pondo civilização; muita gente sabe ler, as fazendas são diferentes, caminhão anda por tudo, tem televisão, tem pontes, tem luz chegando a todo lugar. O meu sertão, o sertão de Lampião, do cangaço, ele não existe mais.

Não há mais precisão do cavalo para a caatinga, nem o culote, meia sobre a calça, alpercata, não existe nem mais o chapéu bom para fazer chapéu de cangaceiro. Bem que em São Paulo eu vi uns que serviam, mas não é como no cinema; a gente usava chapéu de couro, bem macio, de camurça enfeitado. Comia a carne seca, às vezes um cabrito ou o boi dos outros, matando na bala”.

Maria Bonita – Do outro lado do saguão do aeroporto, Balão está fazendo graça, dizendo que cava tão fundo para cravar estacas que algum dia acha um japonês do outro lado do mundo. Dadá, mulher de Corisco, olha para ele, comenta com uma amiga: “Piada sim, mas valente, isso é uma fera”.

Balão fala ainda. “Eu brincava com Maria Bonita, lutava com ela, derrubava, rolava no chão. Lampião ria, dizia para a gente não zangar, para não dar briga. Nem parece que faz tempo que ela morreu com Lampião, pondo sangue pela boca. E hoje, eu tenho 60 anos , não tenho mais bala no corpo, o chumbo tiraram em São Salvador. Doença? Não, cangaceiro nunca adoece, não carecia de médico. Só agora, em São Paulo, cavando um poço de estaca na Consolação é que bebi água sem saber que tinha suco do cemitério. Passei doze dias vomitando sangue, mas, no sertão, nunca adoeci. Duro era ver companheiro ferido, sabendo que a polícia degolava, implorando me leva, e não poder”.

Mulheres – Criança também tem lembranças, fala das mulheres. “Tinha pouca mulher no bando, só dos chefões, ninguém mais queria, mas era valente, brigava junto com a gente. E tudo respeitava, respeitava mesmo, muito mais que aqui, em São Paulo”.

O avião está atrasado, os descendentes de Lampião demoram a chegar. Vera, com 14 anos, quer estudar medicina, espera que São Paulo lhe arranje um dia uma bolsa. Sua mãe mal conheceu os pais; criança ainda, foi entregue a um fazendeiro para criar. Lampião não gostava de criança no bando, ficava bravo quando um cabra apresentava sua mulher, de 13 ou 14 anos, perguntava se ia criar.

Pitombeira esta falando de novo, achando difícil entender o que quer dizer o objetivo final.

CANGACEIROS, SEM REMORSOS

Os cangaceiros não dizem, mas, pela sua conversa, por suas histórias, eles não estão muito arrependidos de seus crimes. Acham que fizeram as coisas certas. Na hora de denunciar quem lhes vendeu as armas, dizem “que não se cospe no prato em que se come”. São desconfiados: na hora de dizer o nome verdadeiro, relutam muito.

Lampião era um grande líder. Representava a luta contra a opressão dos fortes, os fazendeiros da época. Essa é a opinião de Balão, Zé Sereno, Labareda, Criança, Dadá e Marinheiro. As histórias de cangaceiros são sempre iguais, só o começo é um pouco diferente. Todos se dizem injustiçados, fugidos da arbitrariedade da polícia. Acabaram na vida de crimes por consequência da situação que enfrentavam. Ninguém teve culpa. É o caso de Lampião, contado por Balão, ou Guilherme Alves. Esse cangaceiro afirma ter sido amigo e confidente do cabra Lampião:

- Lampião era comboieiro – pessoa que toca a tropa de burros de uma cidade para outra, vendendo mercadorias. Um dia, ele vortô pra casa e encontrô a famia morta. Foi uma outra famia, os Fulô. Lampião ficô revortado e entrô no grupo do padre Luiz Pereira Fagundes. Depois ele passó a liderá o grupo. Muitas vêis eu ouvi ele falá que ia se entregá pra poliça. Mais tudo mundo tirava isso da cabeça dele: se ele se entregasse, era homi morto.

Depois, Balão conta que o que estragava a moral do cangaceiro era a fama que eles tinham, quase sem culpa. Os jornais falavam mal do cangaceiro – que só queria viver, sem se sujeitar à opressão dos “coronéis de fazenda”. Para isso, é que os homens se internavam na caatinga. Geralmente, fugiam para o interior acuados pela polícia, a “volante”, por terem se insurgido contra alguma injustiça. Às vezes, eram apanhado pela “volante”, que os torturava para descobrir os cangaceiros. Eles eram obrigados a fugir e, para não morrer, matavam como cangaceiros.

E o cinema, Balão, você assistiu aos filmes de cangaceiro?

- Sisti, tudo mintira, elis qué imitá, mais num consegue.

Balão viu a morte de Lampião, viu quando o amigo tombou de costas, varado por diversas balas. Existem algumas hipóteses segundo as quais o cangaceiro teria sido morto com veneno.

O sangue de Lampião saía, pelo nariz e pela boca. Balão fugiu do lugar. Posteriormente, ficou sabendo que os “volantes” cortaram-lhe na mesma hora a cabeça e a de Maria Bonita. Consta inclusive que ela teria sido decapitada ainda viva, pois seu ferimento não era dos piores.

- Ninguém morre de um tiro só.

Quando Balão fugiu, com o seu grupo, mandou um rapaz saber se Lampião tinha sido salvo. O rapaz voltou com fotografias das cabeças do cangaceiro e sua companheira. Os volantes decapitaram-nos e colocaram as cabeças em latas com vinagre e sal. Levaram depois essas latas pelas cidades, para intimidar o povo.

Zé Sereno, ou José Ribeiro Filho, perna quebrada, bengala. Ele conta que comprava suas armas de muita gente, até de “coronéis”. Pagava 600 cruzeiros por um mosquetão e 2 cruzeiros (antigos) por uma bala.

Mas o cangaceiro não podia fazer suas compras com a mesma tranquilidade de quem entra no armazém. Ele não podia se arriscar. Por isso, utilizava os serviços de um coiteiro. Era a pessoa encarregada de fazer as compras dos cangaceiros.

Zé Sereno, você pode dizer quem lhe vendia as armas? Não moço, num mi peça isso, tem muita gente viva lá ainda, num quero cumplicá ninguém.

Dadá, a mulher de Corisco, ouve a resposta de Zé Sereno e comenta:

- Num si cospe no prato que si come.

Isso mostra que, passados muitos anos das lutas, dos crimes e de toda aquela epopeia sangrenta, eles ainda continuam acreditando no que fizeram, não achando errado. Num si cospe no prato qui come diz Dadá, que é Sérgia da Silva Chagas, a mulher de Corisco.

Criança, ou Vitor Rodrigues Lima. Outrora uma fera; ontem, de terno e gravata, passou carregando uma criança no colo. Foi gozado, disseram-lhe: ao que chegou um cangaceiro, a pajem de criança.

Labareda, ou Ângelo Roque, 65 anos, parece muito mais velho. Quase não fala. Seus companheiros falam mais do que ele. Suas palavras são difíceis de ouvir, está muito velho. Mesmo assim, ele é muito objetivo, não gosta de muitos detalhes. Até repreende seus companheiros, quando estes contam suas histórias e se perdem nas minúcias. Marinheiro não fala nada, até o nome certo não quer dizer. Finalmente diz, é Antônio Paulo dos Santos.

Imagens ilustrativas da matéria.

Fonte: facebook


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CONVITE


O escritor Geraldo Ferraz tem a honra de convidar para o lançamento do seu mais recente livro, Theophanes Ferraz Torres. 


O centenário da prisão do cangaceiro Antônio Silvino e o júri do século, na Bienal do livro de Pernambuco. 

Dia: 03 de outubro, às 19h30. 
Local: Plataforma de lançamento da Bienal, Pavilhão de Exposições do Centro de Convenções de Pernambuco.
Não percam!

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NOVO LIVRO DE JOÃO DE SOUSA LIMA


Lampião, o cangaceiro! Sua ligação com os coronéis baianos, Raso da Catarina e outras histórias

Esse é o mais novo lançamento do historiador e escritor João de Sousa Lima. O livro faz um breve relato sobre quem foi Lampião; sua ligação com os dois mais famosos coronéis da Bahia, Petronilo de Alcântara Reis e João Sá.

A presente obra ainda nos remete as histórias acontecidas dentro do lendário Raso da Catarina e traz vários capítulos colhidos com exclusividade pelo autor.

O livro tem 232 páginas e dezenas de fotografias incluindo imagens inéditas na literatura cangaceira.


Pode ser adquirido diretamente com o autor no valor de R$ 45,00 (quarenta e cinco reais) com frete incluso para todo o Brasil. Entre em contato pelos e-mails e telefone abaixo: 
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O CANTO DA ACAUÃ

De: Marilourdes Ferraz

EM TODA HISTÓRIA EXISTEM DOIS LADOS, DUAS VERSÕES, E AMBAS DEVEM SER CONHECIDAS, PESQUISADAS, EXAMINADAS E CONFRONTADAS, PARA SE TER UMA NOÇÃO SOBRE A VERDADE RELACIONADA AOS FATOS HISTÓRICOS.

Manoel de Souza Ferraz

O Livro "O CANTO DA ACAUÃ" (Foto) de Marilourdes Ferraz trás em suas páginas as memórias do Coronel Manoel de Souza Ferraz (Manoel Flor) relacionadas ao combate das Forças Policiais Volantes no enfrentamento ao cangaceirismo/banditismo que imperava nos Sertões Nordestinos entre meados do século dezenove e as primeiras décadas do século vinte. Uma das maiores obras já escritas sobre o tema cangaço de todos os tempos.

O CANTO DA ACAUÃ...

Para adquirir o livro entrem em contato com o Professor Pereira (Francisco Pereira Lima) (Cajazeiras/PB), através do e-mail:

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Entrega garantida em qualquer localidade do país.
Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador do Grupo)


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CANGAÇO ECOS NA LITERATURA E CINEMA NORDESTINOS


Como adquirir esta obra:

Entre em contato com o professor Pereira lá de Cajazeiras, no Estado da Paraíba, através deste e-mail:

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Não fique sem ele! Peça logo o seu!

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SABINO GOMES

Por Carlos Henrique

Vai lá Sabino mais Lampião
Chapéu quebrado, fuzil na mão
Tão regalado parece um cão.

Fonte: facebook
Página:
Carlos Henrique

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terça-feira, 29 de setembro de 2015

ANANIAS GOMES DE OLIVEIRA “PRETÃO”


Ananias Gomes de Oliveira nasceu em Jeremoabo (BA), no ano de 1929, e era irmão gêmeo de Arlindo Gomes (Falecido), que também residia em São Paulo.

Durante muitos anos Ananias foi apontado por vários pesquisadores e historiadores, que influenciados por informações obtidas com amigos e familiares próximos à família, como filho de Maria Bonita.

Um exame de DNA foi realizado após a coleta de material genético de Ananias e Expedita Ferreira Nunes, única filha do casal de cangaceiros reconhecida legalmente.

O resultado do exame comprovou que Ananias era na verdade IRMÃO de Maria Bonita, ao contrário do que muitos pensavam.

O ex-pedreiro Ananias Gomes de Oliveira, 79 anos, morreu no dia 22 de setembro de 2009 no Hospital Santa Marjorie, em São Paulo, após complicações cardíacas.

PESQUISA HISTÓRICA

A dúvida sobre a real identidade de Ananias foi relatada em um livro pelo pesquisador e historiador João de Souza Lima, de Paulo Afonso (BA). Na publicação, ele cita que Ananias e Arlindo eram fisicamente diferentes.

O historiador Antônio Amaury Correia também descobriu o relato feito pelo major reformado do Exército, José Mutti, no livro “Reminiscências de um ex-combatente de Volante”. O militar diz, na publicação, que a mãe da Maria Bonita, Dona Déa, lhe havia confidenciado que Ananias era filho de Lampião.

ADENDO - http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Estes são os pais de Maria Bonita

Eu acho que dona Maria Déia mexeu um pouco com a sua honra, e se tivesse ficado calada, teria sido bem melhor, em afirmar que o Ananias era filho do cangaceiro Lampião. Se o Ananias era filho de Lampião e não era filho de Maria Bonita, sua filha, segundo exame de DNA, foi comprovado que ele era irmão mesmo de Maria Bonita, isto é filho de dona Déia, então, o que ela quis dizer é meio pruético (como dizia o humorista coronel Ludugero), será que..., deixa pra lá. Aí o leitor conclua o meu pensamento da maneira que achar melhor e mais correto. 

Texto: Glauco Araújo (G1)
Adendo: Geraldo Antônio de Souza (Administrador do Grupo)

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METAMORFOSE (A NOSSA)

Por Rangel Alves da Costa*

Em seu livro mais famoso, A Metamorfose, o escritor tcheco Franz Kafka (1883-1924) desvela a condição humana de forma tão real como asquerosa. O que verdadeiramente é o homem? Há de se indagar, principalmente quando não tem mais serventia para a função materialista do mundo e tem de amargar a submissão e continuamente se sentir ameaçado pela sola dos sapatos dos seus e da sociedade. A dura analogia da transformação do homem à condição de verme e, como tal, sempre sujeito aos pisoteamentos e massacres do poder.

Originalmente um conto, A Metamorfose de Kafka trata sobre um homem comum que ao acordar descobre que o seu corpo está sendo transformado, aos poucos tomando a feição de um ser repulsivo. A transmudação de um sujeito normal em um inseto repugnante vai tomando rumos catastróficos. Mesmo querendo levar uma vida habitual, o sujeito vai sendo condicionado pelo seu novo estado. Trancado um quarto, rejeitado pela maioria dos conhecidos, de repente é avistado subindo pelas paredes. Já não passa de uma barata monstruosa e repelente, repulsiva a todos. Tenta fugir e é ferido pelo próprio pai, ferimento este que vai dominando suas forças até definhá-lo completamente, minguando como um bicho asqueroso qualquer.

A Metamorfose é também a simbologia da desvalia humana e de sua impotência para qualquer ação ante a realidade que o cerca. Mesmo transformado num bicho monstruoso, o sujeito ainda ouve tudo o que dizem a seu respeito, ainda tem sentimentos, ainda consegue discernir o que desejaria encontrar. Mantinha a família com o seu trabalho, mas agora se vê enojado e até odiado pelo que inesperadamente aconteceu na sua vida. Um triste e inexplicável acontecimento que vai levando a existência de um ser ao mais reles do chão. Uma barata, um inseto nojento, um bicho repulsivo. O que será do homem ao chegar a tal estágio?

O mais doloroso é sentir-se em tal condição e não poder reagir. Em meio aos presumivelmente normais e sadios não há lugar para parasitas. E assim, na solidão de seu quarto, sem voz nem poder de ação, envolto em dor física e espiritual, sente apenas as solas do mundo querendo pisar sobre si para expurgar de vez aquela abominação da existência. Neste sentido, talvez a verdadeira visão de ser repulsivo não estivesse no resultado da transformação, mas tão somente no homem visto como ser econômica e socialmente imprestável. Aquele que agora rasteja já não interessa àqueles acostumados a rastejar pelos seus pés.


Gregor Samsa, o personagem de Kafka, pode ser avistado muito além das paredes de seu solitário quarto. No tempo presente, aquele inseto asqueroso, aquele bicho repelente, aquela barata repugnante, pode ser reconhecido em muitos seres humanos. O próprio mundo se incumbiu de metamorfosear não só a compleição física como os sentimentos e as virtudes. As realidades do mundo novo e contraditório, moderno e ainda tão primitivo, tecnológico e estarrecedor, logo cuidam de transformar o homem num ser estranho consigo mesmo, intimamente desconhecido e relegado às imposições de um mundo opressivamente voraz. Daí que as baratas kafkianas continuam proliferando a cada instante e por todos os lugares.

Mas a metamorfose kafkiana alastra-se por horizontes ainda maiores. A transformação do valoroso homem num ser negado ante sua nova condição está mais visível no mundo moderno do que se possa imaginar. Em qualquer quadrante da vida, basta que a pobreza ou a miséria de repente recaiam sobre o sujeito e logo este será avistado como aquele ser descrito por Kafka. Igualmente, basta que os infortúnios ou o desandar de caminhos escondam um pouco do sol do sujeito, e este sequer será avistado em meio às sombras. Em muitos sentidos, é o ter ou não ter que tende a transformar um indivíduo em parasita repulsivo, sempre na visão do dono da sola do sapato pronta para pisotear.

O Brasil, por exemplo, desde uns tempos para cá, a partir dos contínuos desacertos governamentais que transformaram o cotidiano da existência num caos, a metamorfose de Kafka não se cansa de provocar novos seres rastejantes, submissos, levados aos esgotos da desesperança. Ao invés daquele quarto onde Gregor Samsa suporta seu infortúnio, é no clarão do dia ou no negrume da noite que a população brasileira se vê subindo em paredes, andejando pelos esgotos, rastejando na cada vez mais difícil sobrevivência.

Na história de Kafka, quem começa a acabar com a vida do filho/barata é o próprio pai, após feri-lo nas costas. E na realidade brasileira atual, quem faz surgir os seres rastejantes e a cada dia pisoteia um pouquinho mais é a governança maior. O governo, criador de submissos que perambulam empobrecidos, desesperançados e desvalidos, a cada medida tomada para ajustar as contas da roubalheira desenfreada, é como se estivesse avançando com os sapatos da arrogância e da insensatez sobre os já indefesos seres.

Infelizmente, a visão do ser enojado e odiado descrito por Kafka é a mesma avistada na face do brasileiro comum. A cada manhã acorda mais empobrecido, mais aviltado na sua integridade humana. A cada manhã traz consigo um pouco mais dessa metamorfose cruel. E pelas favelas, nos distantes rincões, nos lugarejos empobrecidos, em meio à tristeza das ruas, as baratas rastejam sem rumo. Ou será o homem?

Poeta e cronista
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O nosso Monumento a Liberdade - 27 de Setembro de 2015

Por Geraldo Maia do Nascimento

No dia 30 de setembro de 1883 o Presidente da Sociedade Libertadora Mossoroense, numa sessão festiva, declarava “livre o município de Mossoró da mancha negra da escravidão”. Todos os escravos do município de Mossoró tinham recebido Carta de Alforria, fruto de um trabalho que vinha sendo desenvolvido a quase um ano. Essa data, 30 de setembro, passou a ser comemorada como a maior festa cívica do município. E para que as novas gerações tomassem conhecimento do fato, foi erguido, alguns anos depois, um monumento que ficou conhecido como “Estátua da Liberdade”. 


A Estátua da Liberdade fica na Praça da Redenção, em frente ao prédio da Biblioteca Pública, antiga União Caixeiral. Foi inaugurada no dia 30 de setembro de 1904, por iniciativa do Dr. Sebastião Fernandes de Oliveira, na época Promotor de Justiça de Mossoró, sendo o mesmo o orador oficial da solenidade, proferindo vibrante discurso na ocasião. 
               
O escultor da obra foi Francisco Paulino da Silva, um mestre do cimento que já havia executado várias obras em Mossoró. Na ocasião, Mossoró comemorava os 21 anos da liberação dos escravos em território mossoroense, que havia acontecido no dia 30 de setembro de 1883, cinco anos antes da liberação oficial em território brasileiro. A idéia da libertação dos escravos em solo mossoroense surgiu por ocasião de uma homenagem prestada na Loja Maçônica 24 de junho ao casal Romualdo Lopes Galvão, líder da política e do comércio. Presente à homenagem se encontrava o Venerável da Loja Maçônica 24 de junho, Frederico Antônio de Carvalho, a quem coube a idéia da fundação de uma sociedade cuja finalidade fosse a liberação dos cativos. 
               
Em 6 de janeiro de 1883 foi criada \"A Sociedade Libertadora Mossoroense\", cuja presidência provisória ficou a cargo de Romualdo Lopes Galvão. Aderiu ao movimento os melhores elementos da terra. A diretoria definitiva ficou formada por Joaquim Bezerra da Costa Mendes como presidente, Romualdo Lopes Galvão como vice-presidente, Frederico de Carvalho como primeiro secretário, o Dr. Paulo Leitão Loureiro de Albuquerque como orador. Nessa época, Mossoró contava apenas com 86 escravos. A 10 de junho alforriava 40 desses escravos. A Sociedade Libertadora tinha um Código, com um único artigo e sem parágrafos, onde estava determinado que \"todos os meios são lícitos a fim de que Mossoró liberte os seus escravos\". 
               
A ideia empolgava a toda população, de modo que pouca resistência houve contra essa medida. 
               
O dia 30 de setembro de 1883 foi a data designada para a liberação total dos escravos; e o objetivo foi alcançado. Foi um dia festivo aquele 30 de setembro. A cidade amanheceu com as ruas todas engalanadas de folhas de carnaubeiras e bandeiras de papel coloridas. A alegria contagiava todos os lares. Ao meio-dia, a Sociedade Libertadora Mossoroense se reunia no 1º andar do prédio da Cadeia Pública, onde funcionava a Câmara Municipal, hoje Museu Municipal Lauro da Escóssia. O Presidente da Sociedade Joaquim Bezerra da Costa Mendes, abriu a solene e memorável sessão, lendo em seguida, diversas cartas de alforria dos últimos escravos de Mossoró, e depois de emocionado discurso declarou \"livre o município de Mossoró da mancha negra da escravidão\". 
               
Além dos abolicionistas, os salões da Câmara Municipal estavam lotados com familiares e grande massa da população. 
               
Depois da sessão, a festa tomou as ruas da cidade. O Dr. Almino Afonso pronunciou inúmeros discursos, empolgando os auditórios que o aplaudiam delirantemente. E foi também o Dr. Almino Afonso que criou o \"Clube dos Spartacos\" composto, na sua maioria, por ex-escravos, tendo sido eleito presidente o liberto Rafael Mossoroense da Glória. A função desse clube era dar abrigo e amparo aos escravos, que aqui chegavam por mar ou por terra. Era a tropa de choque dos abolicionistas. Como território livre, Mossoró passou a ser procurada por todos os escravos que conseguiam fugir. Sabiam que aqui chegando, encontravam abrigo. O Clube dos Spartacus sempre conseguia evitar que os escravos voltassem com os donos. Alguns eram comprados; outros eram mandados para Fortaleza e nunca mais apareciam. O dia 30 de setembro passou a ser a grande data cívica da cidade. A Lei nº 30, de 13 de setembro de 1913, declara feriado o dia 30 de setembro que até os dias atuais é comemorado com muito entusiasmo pela cidade de Mossoró. 
               
E a Estátua da Liberdade permanece firme como um guardião impávido, para lembrar as novas gerações que Mossoró é um município que sempre lutou por seus direitos. 

Geraldo Maia do Nascimento

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I Encontro sociocultural da Família Tavares de Holanda

Por Epitácio Andrade

Leide CamaraLilian HolandaFrancisco Veríssimo De Sousa NetoJosé Mendes Pereira Mendes, no dia 12 de dezembro de 2015, durante o I Encontro sociocultural da Família Tavares de Holanda na boate Pântano, em Patu/Rn, estarei fazendo uma sessão de divulgação da obra "O Fogo da Pedreira" - A Saga do cangaceiro Antônio Silvino em Caicó - Texto Teatral em Cordel, do poeta Gil Holanda.

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AS MOÇAS DA “ MARANDUBA”

Por Sálvio Siqueira
Foto com as cangaceiras Áurea e Rosinha. Áurea era filha do casal Zé Nicácio e dona Josefa. Rosinha era irmã de Adelaide, ambas eram filhas do afamado vaqueiro Lé Soares. Infelizmente não conseguimos registros de Adelaide. 

Na fazenda Maranduba, fincada no município de Poço Redondo, Estado sergipano, morava o casal Lé e Pureza.
                                                     
Lé, como tantos outros homens da época, era vaqueiro, assim como seus dois irmãos, Josias e Luiz.

Pureza era filha do agricultor João Januário, que manipulava sua enxada nos barros da localidade Curralinho.
  
Umbuzeiro da Fazenda Maranduba - grupo LCN

O casal, cumprindo a “Lei’ escrita no livro Maior, fez com que crescesse e multiplicasse sua prole. Tiveram seis filhos amados. Criados como todos da região, com muita dificuldade e sacrifício. Segundo a obra literária do ilustre Alcino Alves Costa, “LAMPIÃO ALÉM DA VERSÃO – MENTIRAS E MISTÉRIOS DE ANGICO”, na página 137, ‘Ele’ nos relata que os nomes dos amados filhos do casal Lé e Pureza, eram Adelaide, Rosinha, Cidália, Arabela e seu único filho homem, Zequinha.

Zequinha, como tantos, só via-se como adulto, quando 'lá' chegasse, um bom vaqueiro, imitando seu velho pai e tios, pois todos eram afamados vaqueiros em toda aquela região.

As meninas, também como tantas da época, tinham em seus sonhos seus ‘príncipes, encantados, seria querer de mais, mesmo, simplesmente um príncipe, já estava de bom tamanho. A vida era dura para os meninos que logo, logo, tinham que exercerem funções de adultos sem nem mesmo passarem, ou melhor, viverem suas adolescência. Para as meninas a coisa era mais dura ainda. Não podiam, muitas das vezes, nem se quer estudaram, para não ficarem sabidas, pois mulher ‘sabida’ era um perigo.

Cangaceira Rosinha - Grupo LCN

Naquele tempo, por aquelas bandas, começaram a circularem em volta da casa de Lé dois cangaceiros. Mariano e Criança. O Primeiro, após perder Otília, apaixona-se por Rosinha. O segundo, há muito estava loucamente apaixonado por Adelaide, irmã de Rosinha.

Sendo, na época quem dava as ‘cartas’ por aquelas terras, os dois cangaceiros não tiveram dificuldades de levarem para as tristes fileiras do cangaço as irmãs. Ficaram distantes por os dois atuarem em grupos e áreas diferentes. Mariano vivia e praticava seus crimes pras bandas de Porto da folha. Já Criança, atuava nas redondezas de Poço Redondo.

E o esperado acontece. Adelaide engravida. Sua gravidez, como de todas as outras mulheres que fizeram parte do cangaço, não foi moleza. Levanta daqui, corre pra li, debaixo de sol e chuva, durante o dia ou mesmo a noite, eram uma constante em suas vidas.

 Cangaceiro Mariano 

Segundo a obra citada, Criança tem grande amor e carinho por Adelaide, resultando firmeza e lealdade para com a sua companheira.

Quando aproxima-se o momento da sua companheira parir, Criança, conversa com Mané Moreno, e vão para um coito, distante, conhecido e aconchegante, se podermos dizer que haviam coitos assim, para que Adelaide ‘ganhasse’ seu filho.
  
 Cangaceiro Criança

As horas passam, as contrações há muito iniciaram-se e, com o passar do tempo, seu retorno começa a ficar quase sem intervalos. Não tem jeito. A criança do Criança não vem ao mundo, e sua companheira já tem bastante tempo que sofre.

Mandam buscar uma parteira que morava nas imediações, e esta, já prevendo complicações, já trás outra para lhe ajudar. Tudo em vão. O sofrimento da cangaceira aumenta com o passar das horas e a criança resolveu não vir ao mundo.

Em uma rede, a transportam para uma localidade que tivesse algum recurso como ajuda, nada. Não tem como parir a companheira de Criança.

Valendo-se novamente da rede, os cangaceiros procuram outro lugar para que Adelaide desse a luz... Um local que tivesse uma pessoa para ajudar, terminando assim com tão longo sofrimento. No caminho, alguém verifica e diz que o feto já está morto... Adelaide, de tanto sofrer, talvez não tenha escutado que seu filho estava sem vida em seu ventre. Embaixo de uma frondosa árvore, Adelaide, dentro da rede começa a perder suas, já tão fracas, forças... Criança, percebendo que irá perder sua amada fica louco. Grita, chora, fala, urra palavrões na tentativa de amenizar a angústia que lhe invade... Seu ‘compadre’, Mané Moreno, vendo que o amigo estava em estado complexo, sem noção do que fazia, tenta evitar uma catástrofe maior, retirando o ferrolho do mosquetão do amigo, assim como retira também, o carregador da sua pistola.

Sua amada dá seu último suspiro. Sem despedir-se do companheiro, parte para o outro ‘lado’, onde, talvez, seu filho a esperasse. Fazem seu enterro. A dor, ainda visível no semblante do cangaceiro, não quer ir-se. Naquela vida não havia tempo pra isso... Guardar dores e sentimentos por alguém que tenha morrido.

Cangaceiro Mané Moreno - Grupo O Cangaço

Seu compadre, Mané Moreno, compra várias garrafas de aguardente e diz que ele precisa beber até embriagar-se, para esquecer o que aconteceu.

Assim faz Criança. Após o enterro de Adelaide, ele toma um dos maiores porres de sua vida e, de certo tempo pra frente, junto aos companheiros, começam a dançar e cantar até que o dia raiasse... Nas quebradas do Sertão.

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