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segunda-feira, 17 de novembro de 2014

"Uma semana na vida de Lampião" - O Globo de 14/10/1930


Artigo de Leonardo Mota falando do incidente entre Ezequiel e seu irmão Lampião, que se deu em Sergipe, na fazenda Curituba. Ezequiel desafiou Lampião, para um combate a punhal e o destratando como sendo...

Leiam o artigo "Uma semana na vida de Lampião" - O Globo de 14/10/1930




Fonte: facebook

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A SBEC trabalhando pela nossa historia - Vem aí, o IV Congresso Nacional do Cangaço !


A SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço realizou uma reunião na tarde de sábado na UNIVASF - Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus de São Raimundo Nonato-PI, para discutir a realização do IV CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDOS DO CANGAÇO, que será realizado nos dias 27, 28, 29 30 e 31 de outubro de 2015 em São Raimundo Nonato-PI.

Estavam presentes o presidente da SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, Benedito Vasconcelos, e os sócios, Paulo Gastão, Lemuel Rodrigues, todos de Mossoró – RN e Marcos Damasceno e Leandro Fernandes de Teresina; Vanessa Caruza, representando o IFPI, o diretor Leonado representando a UESPI, o professor Guilherme Medeiros representando a UNIVASF, Damiana Crivelare representando a prefeitura municipal, dentre outros professores e intelectuais.

A comissão organizadora foi escolhida: Benedito Vasconcelos, Marcos Damasceno, Leandro Fernandes, Guilherme Medeiros, Vagner Ribeiro e Damiana Crivelare. Com a temática “Caatinga: patrimônio natural e cultural", o evento será realizado no IFPI com apoio da FUMDHAM, UESPI e UNIVASF e outras parcerias. É esperado um público de cerca de 500 inscritos, vindos de várias cidades do Brasil.

Fonte: Blog Cariri-cangaço

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Crônica para Luitgarde...

Por Renato Casimiro
Renato Casimiro, Manoel Severo e Luitgarde Barros

Boa Tarde para Você, Luitgarde Oliveira Cavalcanti Barros. Como a 43 anos já passados e vividos, será muito prazeroso, logo mais, abraçá-la neste reencontro durante a abertura do IV Simpósio Internacional sobre Padre Cícero, aqui no Memorial. Será inevitável, Luitgarde, que me ocorram velhas lembranças desde aquele dia, numa manhã ensolarada de domingo, na residência de Mons. Azarias Sobreira, em Fortaleza, quando dele recebi a incumbência para protegê-la e facilitar-lhe a vida nas pesquisas a caminho do Juazeiro.

O que foi possível fazer desde então, varou este novo século, carregando para a atualidade uma maravilhosa vivência de nossas famílias, de tantas outras famílias deste Cariri, em torno da memória e das histórias destas nossas terras. Pena que o tempo abateu do nosso convívio um grupo numeroso de gente maravilhosa que fazia este relacionamento, velhas e amadas criaturas, guardiãs da tradição e de afetos que marcaram definitivamente os nossos trajetos curiosos.

Agora você está de volta, aos apelos intransferíveis dos que partilharam grandes emoções, trabalhos e reflexões acadêmicas, para revisitar os caminhos antigos. E aí, jagunça? (para lembrar-lhe o apelido posto e merecido, do seu velho colega docente de faculdade, Darci Ribeiro), que ânimo ainda lhe traz a esta santa terra do Tabuleiro Grande, em busca dos caminhos de nosso Patriarca?

Padre Roserlânido, Luitgarde Barros e Aderbal Nogueira

No começo de 1971, Luit, você era uma estudante na UFRJ e depois na PUC de São Paulo, e chegou aqui para realizar a pesquisa que redundaria no belíssimo A Terra da Mãe de Deus, sua dissertação de mestrado, depois tornada livro de leitura e menção obrigatórias a quem desejasse continuar-lhe a missão. Fazia pouco, mas você havia deixado a Fisioterapia, graduação anterior pela Escola de Reabilitação do Rio de Janeiro, em 1966, para se tornar antropóloga, licenciando-se e bacharelando-se em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1968. 

Daí por diante, foi o que vimos e pelo qual tanto vibramos: Doutorado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em 1980; Pós-Doutorado em Antropologia pela UNICAMP, em 1999 e, de novo, outro Pós Doutorado em Ciência da Literatura pela UFRJ, em 2008. Invejo-a, Luite, por vê-la sempre com tanto gás, agora, depois da aposentadoria na UFRJ, novamente professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), tanto em graduação quanto em pós-graduação, porque não é fácil, e seria temeroso, dispensar a sua larga experiência na área de Antropologia, com ênfase nos temas de pensamento social brasileiro, movimentos sociais, catolicismo popular, antropologia política, antropologia da violência, antropologia da literatura, memória e história oral. 
  
Tenho num canto especial da biblioteca aqui de casa, com grande afeição, o ajuntamento magnífico das leituras de quase tudo o que você produziu nestes anos em livros sobre Padre Cícero, Arthur Ramos, Lampião, Nelson Werneck Sodré, Octávio Brandão, Nise da Silveira, Guerra-Peixe e a memória e a história oral dos bairros portuários do Rio de Janeiro, bem como uma boa parte da mais de uma centena de capítulos de livros e artigos em periódicos e jornais, no Brasil e no exterior.


Aí eu a encontro, firme, ereta, digna e competente para transitar leve e solta por conteúdos tão apaixonantes. Aí eu a encontro irredutível nas suas convicções, a não fazer concessões fáceis e a interpretações simplórias que nos ajudam a compreender esta realidade que ainda nos cerca, por exemplo, no contexto da grande nação romeira.

Seja bem vinda a esta sua terra, professora Luitgarde Barros, você que é cidadã juazeirense de tantos méritos. Méritos estes lembrados por serviços continuados de permanente atenção a tantos quantos que se socorreram da sua competência em todos estes anos.

Renato Casimiro, Juazeiro do Norte

(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 17.11.2014)

http://cariricangaco.blogspot.com.br/2014/11/cronica-para-luitgarde-por-renato.html

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A VELHA BODEGA DE SEU ANTONIO SIQUEIRA DA MISSÃO NOVA*

Por José Cícero da Silva

Nunca me esqueço do Seu Antonio Siqueira... da sua bodega do designer do seu belo balcão de cedro curvado e liso pela ação dos anos. 


Do seu jeito manso, austero e fino - o homem mais bem informado daquele lugar num tempo em que até o rádio era um privilégio para poucos. 

Menino curioso sempre o escutava contando as notícias que ouvia no seu aparelho de válvulas para o povo da comunidade. Todos o tinha como um delegado (juiz de paz) resolvia muitas encrencas entre os matutos com a tenacidade da sua voz embasada no bom conceito que detinha. Era uma uma figura singular e respeitado por todos. 

Longe e já homem feito fiquei profundamente triste quando soube que morrera tragicamente em MV num acidente rodoviário. Triste fiquei igualmente quando estes dias vindo do Juazeiro onde fui escolher um carro resolvi à francesa entrar na Missão Nova. O pequeno povoado dantes alegre em que vivi parte importante da minha infância. 

contudo fiquei desolado quando não avistei o velho prédio da sua bodega(agora totalmente descaracterizado, tampouco a casa da minha vô), nem o brejo, nem as árvores, nem a cacimba, nem o engenho, nem a levada-riacho que trazia a água do pé da serra, nada... apenas a capela ainda está lá quase como no passado agora com um Santo Antonio(assim como eu) meio desolado pela saudades de um passado que não voltará jamais. 

M. Nova agora é apenas uma grande lembrança que nunca me deixará; onde quer que eu vá, onde quer que eu ande. 

E seu Antonio Siqueira seguramente é parte desta minha história, dentre tantos outros personagens da velha Missão Nova que não existe mais.

JC - Aurora-CE

Fonte: facebook

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COCOTA E LUIS DE TIBÚRCIO FAZEM SERENATA AÉREA


Olá, amigo José Mendes:

Sou Leonardo Oliveira, neto do saudoso comerciante de Mossoró, o Sr Tibúrcio Soares da Silva, personagem que já se destacou em suas páginas.


Luiz Soares ou Luiz de Tibúrcio

Sou filho do também saudoso Luis Soares, popularmente conhecido por Luis de Tibúrcio. Por último, também o apelidavam de "Cão", situação em que o mesmo aproveitou para me apelidar de "Cãozinho". 

Cocota irmão dos membros do antigo Trio Mossoró

Mas, com relação à história do seresteiro Cocota, irmão do pessoal do trio Mossoró, venho registrar um relato que ouvi do meu próprio pai, que também já o acompanhou, digo, acompanhou o Cocota em algumas situações de entretenimento, nas serestas das praças de Mossoró.

blogdoborjao.blogspot.com

Contou-me que em certa ocasião, juntou-se ao Cocota e resolveram fazer uma seresta na praça por traz do cinema Pax, em frente ao Caiçara, e no momento em que começaram a tal serenata, foram abordados por um guarda da prefeitura, tendo ocorrido uma proibição, não lhes permitindo a continuação de tal evento, tendo os mesmos seresteiros parado com a dita serenata, situação em que o guarda retirou-se, e logo em seguida, para surpresa do mesmo guarda, novamente ouviu-se as melodias da dupla poética, tendo o referido guarda retornado para agir com mais rigor, sendo que não avistou os ditos seresteiros, haja vista estarem trepados em uma frondosa árvore que existia na referida praça.

Joao Mossoró, Hermelinda e Osaas-Lopes - Trio Mossora -1965

Tal situação encabulou o dito guarda, que ouvia o cantarolar dos seresteiros, mas ao mesmo tempo não os tinha em seu campo de visão, tendo aproximado-se da árvore que os dois poetas estavam trepados, veio a repetir a mesma reclamação que havia feito aos dois, a pouquinho tempo.

Quão surpreso ficou o mesmo guarda, com a resposta dos dois:

- Seu guarda, o senhor pode proibir a serenata aí no chão, mas aqui em cima só quem pode proibir é a aeronáutica. Aqui é uma serenata aérea.

Esse é o relato da famosa 'SERENATA AÉREA" promovida por Cocota e Luis de Tibúrcio nos anos 50.

Enviado por Leonardo S Oliveira

Se quiser saber o que aconteceu com o seresteiro Cocota clique neste link

http://jmpminhasimpleshistorias.blogspot.com.br/2013/09/cocota-o-maior-seresteiro-de-mossoro.html?showComment=1416176215779#c3249638905621611710

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LIVROS SOBRE CANGAÇO É COM O PROFESSOR PEREIRA


Para adquirir este livro e outros sobre cangaço,  entre em contato com o "Professor Pereira" através deste e-mail:
franpelima@bol.com.br,
ou pelos telefones: 
(83) 9911 - 8286 - 8706 - 2819.

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VERSOS DE LAMPIÃO


'Hoje sei que sou bandido
Como todo mundo diz
Porém já fui venturoso
Passei meu tempo feliz...
Quando no colo materno
Gozei (do) carinho terno
De quem tanto bem me quis'.



Muitas foram as atrocidades cometidas ao 'homem' na época do cangaço. Atrocidades quando as vítimas ainda estavam com vida ou não, enterradas ou não. 

Sabendo disso, o cangaço pergunta: De quem são estes corpos, mostrados no registro fotográfico abaixo, qual o local do acontecimento e qual ligação tinham com a história do cangaço?

Fonte: facebook

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Convite - Centenário da prisão de ANTÔNIO SILVINO


Caro(a)s Amigo(a)s,
Saudações fraternais!

Envio-lhes o Convite, em imagem virtual, para vosso conhecimento.
Espero contar com vossa honrosa presença.

Atenciosamente,
Geraldo Ferraz
  

Enviado pelo poeta, escritor, pesquisador do angaço e Gonzaguiana Kydelmir Dantas

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Talento e Sertão, uma mistura sensacional !

Por Manoel Severo
Casarão de Patos em São José de Princesa : Patos de Irerê

O nome de nosso querido "Sertão" teve origem em épocas de nossa colonização. Os portugueses no período das entradas e bandeiras, quando desbravavam o interior de nosso Brasil a partir do litoral do querido nordeste,  percebendo a absurda diferença climática típica do semiárido; quente e seco; começaram a chamar de "desertão". Logo, essa denominação foi sendo entendida como "de sertão", desaguando em "Sertão".

Na verdade o sertão é o nosso habitat, nosso chão... nossa pátria ! Aqui vivem homens e mulheres apaixonados pelo seu lugar, acostumados com a dureza da vida e dispostos, sempre, a vencer desafios.


Neste começo de novembro nosso estimado confrade, companheiro e amigo, pesquisador e escritor Rostand Medeiros esteve ao lado de Álvaro Severo e Francisco Mourato, recepcionando a equipe da TV Brasil na produção de mais um sensacional documentário sobre esse Espetacular Sertão.

O cenário das filmagens foi o vale do Pajeú, no município de Serra Talhada e depois a maravilhosa serra que divide os estados de Pernambuco e Paraíba, desaguando no município de Princesa Isabel e São José de Princesa.

 Rostand Medeiros e a equipe "sertaneja" da Tv Brasil... 

Já vai longe o tempo dos primeiros processos de interiorização de nosso país e de nosso sertão; os séculos XVI e XVII ficaram para trás, mas até hoje esse torrão de "mata branca" que só existe aqui , nos surpreende e encanta; foi esse encantamento que fez com que Bianca Vasconcellos, Alexandre Nascimento, Eduardo Domingues e Célio Rodrigues, da equipe da TV  Brasil saíssem daqui apaixonados...

Estradas, veredas, cercas e porteiras; muito gado: bode, cabra, boi, vaca. Tatus, Nhambus e quantos mais desejaram participar... Os vaqueiros da história se encontrando com os vaqueiros de gibão, "guerreiros do sol", com a devida permissão de Frederico Pernambucano; a cada minuto um novo cenário, uma nova emoção, um novo sertão descortinado para o Brasil inteiro conhecer.

 Esse Sertão maravilhoso e a bela casa de Pedra em Serra Talhada

Todas as histórias e lendas, dos matutos aos letrados, esse sertãozão de Nosso Senhor, tem muita coisa pra mostrar! Rostand Medeiros, Alvaro Severo e Francisco Mourado que o digam... Só para ilustrar o quão grande é o nosso amor pelo nordeste e por esse chão. As visitas foram a Serra Talhada em Pernambuco; Princesa, São José de Princesa e Manaíra, na Paraíba.

 ...a cada minuto um novo cenário, uma nova emoção, um novo sertão descortinado para o Brasil inteiro conhecer

Em Serra Talhada, a velha Casa de Pedra, primeira edificação da região, remanescentes dos colonizadores; em Princesa e Patos de Irerê, a tradição do mandonismo próprio da época da velha república e dos grandes coronéis com a espetacular "Revolta de Princesa"; o Solar de Zé Pereira e o Casarão de Patos, consolidam a presença nordestina, firme na história do Brasil. 


O que dizer mais ? Nada mais a dizer, a não ser, abraçar aos amigos desbravadores e apaixonados pelo sertão como nós; Rostand Medeiros, Augusto Severo e Mourato. Aos que chegam para filmar e ficar; Bianca Vasconcellos, Alexandre, Eduardo e Célio Rodrigues: Se abanquem, se avexe não... tudo está só começando !

Costumo dizer que somos brasileiros, cidadãos de todos os estados, pernambucanos, baianos, paraibanos, cearenses... enfim, mas nossa verdadeira pátria chama-se Sertão.

Manoel Severo
Curador do Cariri Cangaço
Fotos: Álvaro Severo e Bianca Vasconcellos

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A fuga de Vicente Venâncio do bando de Lampião - Parte final.

Por Antonio Morais

Momentos depois da saída de Mário de São, um dos cangaceiros, eram 46 ao todo, trouxe preso o velho Lúcio, em cuja casa Venâncio se hospedara. Levado à presença de Sabino, declarou haver mandado um menino buscar o cavalo que, segundo informação em poder do bando, era gordo, descansado e ligeiro. Sabino, ao ouvir de Lúcio a conversa da ida do menino, chamou-o de velho safado e mentiroso, dizendo-lhe ainda que fosse logo ver o animal, sob de levar umas chibatadas na cara. 

- Vamos, Seu Lúcio, ver o cavalo do homem - disse Venâncio, temendo pela sorte do amigo. 

Em companhia de um cangaceiro indicado por Sabino, seguiram os dois com a missão de trazer o animal. O local não ficava muito longe de onde o grupo se encontrava. O cabra que nos acompanhou - explica:

 - Era um tipo alto, delgado e vestia uma túnica de oficial da polícia. Ia a cavalo, enquanto nós íamos a pé. Quando subimos, a capoeira era grande. Depois vinha o carrasco. Aqui e acolá uma moita no meio da caatinga. Foi aí que me veio a ideia salvadora: Olhei para o cangaceiro e disse: - moço, além do cavalo que seu Sabino mandou ver para o capitão, existe outro mais adiante, também bom e descansado. 

- Se estiver mentindo cabra safado, eu te mato. 

Venâncio jogava a última cartada com a história de um cavalo que só existia em sua imaginação. Mas como evitar que o cangaceiro fosse até lá? Parecia impossível. Veio-lhe a vontade de segurar no cabeçote do animal do cangaceiro e derrubá-lo da sela e depois fugir. Mas o bando estava perto.

Minutos depois chegava o menino com o cavalo, comprovando que de fato, o velho Lúcio havia falado a verdade. Empolgado com a beleza do animal, após ouvir a expressão: - Este é o cavalo que o capitão preferiu, o cabra mandou Venâncio ver o cavalo imaginário, levando o outro pela corda para mostrar ao chefe. Um episódio acorrido antes da decisão do cangaceiro: Venâncio olha para o velho Lúcio e diz baixinho: 

- Seu Lúcio, eu vou fugir. Eu não volto mais aqui. Daqui não vai escapar ninguém. 

- Venâncio, não faça isso, que eles me matam. Cala a boca que o cabra vem aí.

Voltando a falar sobre a fuga, disse Venâncio: 

- Enquanto o cabra ia seguindo com o cavalo eu ia andando de costas, em sentido contrário. Vendo que ele não olhava, fui pulando de moita em moita, pois conhecia a serra como a palma da minha mão, até que alcancei o carrasco. Nem vaqueiro bom me pegava. O coração batia como se quisesse saltar. Aqui e acolá era surpreendido com barulho no mato e me escondia pensando serem os bandidos. Eram reses pastando. Às duas da tarde alcancei a estrada que demandava a Jardim. A essa altura já me encontrava a salvo do famigerado grupo. Mesmo assim me assustava com qualquer barulho. Só penetrei na estrada bem perto da cidade. O itinerário maior foi vencido dentro do mato bravo, cansado, suado, com fome e com medo. Mário de São percorreu todo comércio de jardim, e não conseguiu reunir os cinco contos de reis. Era muito dinheiro para aquela época. Apelando para familiares de Vieira que moravam próximo da cidade, completou a importância do resgate, que não foi entregue, pois, ao chegar em Caririzinho, o grupo já havia batido em retirada, depois do insucesso do cerco de Ipueiras dos Xavier. No meio do caminho, Lampião, duplamente revoltado - os cinco contos de reis não recebidos e o malogro de Ipueiras, matou perversamente o fazendeiro Pedro Vieira, que não teve, como os seus companheiros, inclusive o velho Lúcio, a sorte de escapar com vida da fúria insopitável do famoso Rei do Cangaço - Capitão Virgulino Ferreira da Silva.

Fonte - Andanças e Lembranças.

FIM.
Enviado pelo autor Antonio Alves de Morais

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