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domingo, 9 de novembro de 2014

Lampião e Maria Bonita


Lá ia ela, ao lado do Capitão, caminhando ou a galope, sempre bela, coleante, amorosa e redondinha.

Orgulhosa como um pavão a ombrear com o macho temível. Sorrindo sempre, mesmo na hora de praticar amor.

E sempre seguida de perto por um cachorro negro e comprido que o Capitão lhe dera de presente, o Zé Rufino, nome com que a bonita Maria batizara o animal, em debochada homenagem ao sanguinário e destemido comandante de polícia José Rufino, que estava constantemente nos calcanhares dos dois amantes famígeros.

http://meneleu.blogspot.com.br/2014/11/lampiao-o-capitao-do-sertao-foi-ou-nao.html

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ENTRE HERÓIS E MARGINAIS: CONHEÇA OS FORA DA LEI QUE VIRARAM LENDA - JOAQUIM MURIETTA– PARTE VII


O Zorro da Califórnia - (?) Joaquim Murietta (1829-1853) - (¿) Califórnia, EUA ($) 257 mil
 - (±) – (?) 24 anos

Joaquim Murietta foi um dos milhares de latino que rumaram para o Oeste dos EUA atraídos pelo sonho do ouro. Mas a coisa já começou mal. Alguns americanos teriam estuprado sua esposa, o que fez jurar vingança. Logo ele fazia parte de uma gangue que roubava e matava policiais. Também passou a ser endeusado pelos oprimidos, ao lutar contra a série de abusos cometidos pela “Justiça” local. Fonte de inspiração para a criação do Zorro, Murietta acabou sendo preso e decapitado.

 http://ahduvido.com.br/entre-herois-e-marginais-conheca-os-fora-da-lei-que-viraram-lenda 

SITE DA BIOGRAFIA ABAIXO:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Joaqu%C3%ADn_Murietta


Joaquín Murietta (por vezes escrito Murrieta ou Murieta) (1829-1853), também chamado de Robin Hood do El Dourado foi uma figura lendária da Califórnia durante o período da febre do ouro Na década de 1850

Dependendo do ponto de vista, era um bandido ou um patriota da América Latina. De qualquer maneira, para alguns activistas políticos o seu nome tem simbolizado resistência latino-americana perante a dominação económica e cultural dos "Anglos" nas terras da Califórnia.

Murietta é um nobre e trágico herói romântico da luta pelo ouro na Califórnia que tem mil e uma variantes. De acordo com a teoria da origem chilena1 , Joaquín Murietta terá nascido em Quillota (província de Valparaíso) ou em Santiago2, após a morte do seu pai, tinha ele a idade de 15 anos, ter-se-ia alistado como um soldado da escolta presidencial de Manuel Bulnes. Em 1848 teria viajado para São Francisco, como parte da grande migração chilena desses anos, para procurar o seu irmão que havia partido um ano antes3 e faleceu na Califórnia, em 1853.

Uma das teorias relativas à origem mexicana de Joaquín Murietta está relacionada com o liberal espanhol do século XIX, Luciano Murrieta García, homem leal ao regente de Espanha, o general Baldomero Espartero. De acordo com esta fonte4 Luciano começou a interessarsse pelo cultivo da vinha durante um período de exílio em Inglaterra e os primeiros ensaios foram com o vinho Rioja. Dois anos mais tarde (1852), os vinhos foram exportados para o México e Cuba, sendo esta uma das primeiras vinícolas espanholas a exportar os seus vinhos para terras mexicanas. Luciano, teria sido transformado em Marquês por Espartero e faleceu em 1911.

No entanto, esta fonte é obscura quanto à precisão da consanguinidade entre o cavalheiro espanhol e o personagem Hispano-americano.

Pelo menos duas cidades disputam o título de ter sido a sua casa, (houve também uma cidade em se pensa Joaquín Murrietta terá vivido, Trincheras em Sonora.) Quillota perto de ValparaísoChile e Alamos no estado deSonoraMéxicoVíctor Jara, na sua canção Así como hoy matan negros afirma que era chileno, tal como Pablo Neruda, em Fulgor y muerte de Joaquín Murieta que também afirma que era chileno.

Tradicionalmente, afirmasse que chegou à Califórnia em 1850, à procura de fortuna durante a corrida do ouro. No entanto, em vez de oportunidades iguais, encontrou racismo e discriminação, primeiro através da aprovação da acta que obrigava a pagar uma elevada carga fiscal sobre os mineiro de origem latino-americana que trabalhavam nas minas da Califórnia e, mais tarde, pela violação e o assassinato da sua esposa. Incapaz de ganhar a vida legalmente, Murrietta tornou-se o líder de uma banda chamada de Los cinco Joaquines (os cinco Joaquins), Joaquín Botellier, Joaquín Carrillo, Joaquín Ocomoreña y Joaquín Valenzuela.

Entre 1850 e 1853, estes homens, ao lado do braço direito de Murrietta, Manuel Garcia, conhecido como "Three Finger Jack", foram responsáveis pela maioria dos assaltos, roubos e assassinatos que foram cometidos na área da Mother Lode (filão mãe ou mor), em Serra Nevada. Foi-lhes atribuído o furto de mais de US$ 100.000 em ouro e mais de cem cavalos, bem como da morte de 19 pessoas (a maioria deles mineiros chineses) e de fugiram de três processos de “posse comitatus” matando três policias. Até agora, não houve nenhum consenso sobre o nome do líder deste grupo, que tem sido chamado simplesmente de Cinco Joaquins, também nunca se soube se era de facto apenas um bando, ou se havia outros. Pressupõe-se que o bando foi apoiado e protegido por californianos, incluindo Robert Livermore.

11 de Maio de 1853, o então governador da Califórnia John Bigler, assinou uma legislação a criar os Rangers, na Califórnia ", sob o comando do capitão Harry Love (um antigo Texas Ranger), cuja finalidade foi a de eliminar os Cinco Joaquins. O salário desses guardas era de aproximadamente 150 dólares, mas também tinham a opção de ganhar uma recompensa de US$ 5.000, se fossem bem sucedidos a acabar com a chaga de Murrietta. A 25 de Julho de 1853, um grupo de rangers encontrou um grupo de mexicanos perto de Paso Panoche no Condado de San Benito, a cerca de 50 km da Mother Lode e, como esperado, Houve um confronto em que dois dos mexicanos foram mortos e os Rangers afirmaram que se tratavam de Murrietta Garcia.

Os Rangers cortaram uma mão a Garcia e cortaram a cabeça a Murrietta, como prova da sua morte e colocaram-nas em uma pipa com etanol levando-as em seguida para StocktonSão Francisco onde exibiram a cabeça do suposto Murietta conservada dentro de um frasco de vidro, onde espectadores curiosos a podiam ver a troco de um dólar. Devido a duvidas levantadas sobre a suposta autenticidade da cabeça, os Rangers coagiram dezassete pessoas a identificarem a cabeça, como pertencente a Murrietta, pelo que Love e os seus Rangers receberam a recompensa em dinheiro. No entanto, uma jovem mulher que alegou ser irmã de Murrietta afirmou que a cabeça não era a cabeça dele, pois não tinha uma cicatriz na cara que lhe era característica. Ouve também numerosos avistamentos de Murrietta após a sua suposta morte. Muitas pessoas criticaram Love por ter exibido a cabeça de Murrietta, em cidades longe dos campos da mineração onde Murrietta poderia se reconhecido. Inclusive se chegou a dizer que Love e seus rangers inventaram a história da captura e morte de Murrietta para cobrar a recompensa.

A alegada cabeça de Murrietta foi perdida durante o terremoto de San Francisco em 1906.

Pouco depois do seu desaparecimento, o bandido-patriota passou a ser o sujeito da história e da lenda. O primeiro texto sobre a vida dele apareceu em 1854, assinado por John Rollin Ridge. A história narra a forma como a mulher de Murrietta foi violada e morta pelos americanos e o seu irmão, foi enforcado por um crime que não cometeu, fazendo com que Murrietta jurasse vingança matando todos os "gringos" que encontrasse. Apesar de não haver provas que confirmem que estas coisas acontecem de facto a um homem chamado Joaquín Murrietta, a verdade é que era algo muito comum de acontecer aos latino-americanos que viviam na Califórnia naquela época, logo o paralelismo5.

A atribuição da nacionalidade chilena pode ser o resultado de Murrietta ter lutado ao lado dos mineiros naturais daquele país durante a chamada  "Guerra chilena". Um fragmento do livro de Ridge que foi reimpresso em 1859 na California Police Gazette("Diário da Polícia da Califórnia), foi traduzido para o espanhol, de lá para o francês e finalmente de volta para o espanhol, por Roberto Hynne que afirmou ter estado na Califórnia durante a febre ouro. Esta última versão afirmava que Murrietta teria nascido no Chile em vez do México.

A lenda de Joaquín Murrietta possivelmente teria sido esquecida se não tivesse sido por John Rollins Ridge, um jornalista de origem Cherokee que escreveu o livro Life e Aventuras de Joaquín Murrietta famoso Califórnia bandit em que descreve a vida, aventuras e morte de Joaquín. A prosa de Ridge ajudou a colocar Murrietta em um lugar proeminente no âmbito das tradições da Califórnia mexicana e, para os mexicanos, a sua imagem foi ampliada ao ponto de ser intitulado de El Patrio (A Pátria), um símbolo da causa perdida na guerra de invasão do México em 1847 perpetrada pelos EUA e que terminou com o Tratado de Guadalupe Hidalgo com a perda de metade do seu território.

Segundo a história de Ridge, Joaquín Murrietta e os seus homens usavam como refúgio as montanhas circundantes da população mexicana ao Mother Lode. Juntou o seu bando, a outros da região, criando "Os cinco Joaquins", um bando mais forte que granjeava a simpatia da população mexicana aumentado dessa forma as suas operações com mais eficácia. Portanto, Joaquín Murrietta e os seus homens, sublimavam a expressão e a vontade dos mexicanos, em combater o jugo dos "Anglos" até à morte, a admiração dos seus compatriotas reflectiu-se em canções e corridinhos que compuseram, levando aos dias de hoje a criação da sua própria história épica.

Provavelmente, uma versão em espanhol da história de Ridge, também inspirou vários corridinhos sobre Murrietta, mostrando-o como um furioso vingador de injustiças contra os mexicanos. Gilberto Velez, em seu livro "Corridos Mexicanos"6 , fez a recolha de duas músicas com o título Joaquín Murrietta.

Universidade de Berkeley na Califórnia, tem uma cooperativa habitacional nomeada em sua homenagem, a Casa Joaquín Murrietta7 .

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O primeiro assalto com reféns em Mossoró

Por José Mendes Pereira
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A primeira tentativa de assalto com reféns em Mossoró aconteceu na manhã do dia 3 de Maio de 1988, quando Reginaldo Cardoso da Silva, de 28 anos, conhecido apenas por "Falconi", que há poucos dias havia chegado do Estado de São Paulo, e aqui, planejou o assalto ao antigo Banorte, localizado à Rua Idalino de Oliveira, no centro da cidade de Mossoró.

O jovem "Falconi" era mossoroense, mas há anos que vivia na região Sul, e que já tinha sido preso por lá, acusado de envolvimento com coisas ilícitas. Tendo ganhado a liberdade, "Falconi" resolveu voltar à sua terra natal, Mossoró, no Rio Grande do Norte, talvez nesse sentido de continuar as suas desordens, já que por onde andou, os assaltos não seriam tão fáceis como aqui no Nordeste.

http://omossoroense.uol.com.br

Já com o plano feito e guardado em sua mente, isto é, de tentar arrancar uma boa quantia de dinheiro do Banorte, assim que o banco abriu as suas portas para atender os seus clientes, "Falconi" foi um dos primeiros que lá entrou, e com um revólver em uma das mãos, e na outra, uma seringa, segundo ele, era sangue contaminado com o vírus "HIV", o assaltante fez logo de refém um dos administradores do banco, o senhor Hamilton César Dantas, que ficou durante horas sobre a mira do revólver do delinquente, e a todo o momento, ele dizia que, se os diretores do banco não atendessem as suas exigências, iria aplicar o sangue contaminado com o vírus "HIV" nas veias do refém. 

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Os clientes que estavam dentro da agência bancária, no momento do anúncio feito pelo assaltante, todos passaram a ser reféns, além do revezamento que o delinquente fez, trocando o Hamilton César Dantas, por outro administrador, chamado de Francisco Canindé Morais. A cidade estava em pânico, muita gente ocupou toda a Rua Dionísio Filgueira. 

A polícia já estava presente, mas nada podia fazer, e não iria arriscar o resgate do homem, antes que acontecessem as negociações com o jovem "Falconi". 

As emissoras de rádio mossoroenses transmitiam o andamento das negociações feitas pelas autoridades e policiais com o assaltante. Ali, ninguém entrava e nem ninguém saía.

Um dos clientes que estava dentro do Banorte, reconheceu o delinquente, e ligou para o seu tio, (Tota), que reside na Romualdo Galvão, comunicando-lhe que o seu sobrinho, o "Falconi" enrascara-se com a polícia, fazendo de refém um dos administradores do Banorte.  

Foi solicitada a sua presença para tentar convencer o "Falconi para uma possível entrega. Mas ao chegar, o marginal não obedeceu o que o seu tio lhe pedira, e continuava com as mãos ocupadas com o revólver e a seringa, com sangue contaminado com vírus "HIV". O Falconi estava nervoso, e de vez em quando, solicitava alimentos, e inclusive cerveja para ingerir e tentar acalmar os seus nervos.

Vendo que o "Falconi" não se entregaria à polícia, as autoridades resolveram resgatar o refém, e sem uma outra alternativa, infelizmente o "Falconi" estava marcado para morrer. E logo os atiradores de elite posicionaram-se. Um fez gesto para o refém que se abaixasse. Foi neste momento que o tiro saiu pelo cano. "Falconi" foi atingido com um balaço no meio do peito, dando um assustador urro, como se fosse um touro, quando é morto no abatedor.  

Como não aceitou a proposta do seu tio Tota a rendição aos policiais, finalmente "Falconi" estava sem vida, e o sangue vivo e escarlate, banhava todo o ambiente em que ele antes se encontrava com o refém.

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Assim que recolheram o corpo do marginal "Falconi", que se encontrava estirado dentro da agência bancária, rodeado por um lençol de sangue, tangeram-no para o ITEP de Mossoró, para as devidas providências, as quais seriam feitas por peritos capacitados do próprio órgão. 

O revólver que o delinquente usava como arma, apesar da excelente perfeição, foi constatado que se tratava de uma arma de plástico (brinquedo). 

E a seringa com o suposto sangue contaminado com o vírus do "HIV", que a todo o momento ele ameaçava o refém, afirmando-lhe que  o líquido seria injetado nas suas veias, depois de visto e analisado pelos peritos, constataram que não se tratava de sangue, e sim, era suco de morango.

"Falconi" morreu de graça dentro da agência bancária. Se tivesse recebido o conselho do tio Tota, ainda estaria vivo, já que ainda era um homem de pouca idade.

Publicado no blog "Minhas Simples Histórias" em 15 de Fevereiro de 2014
http://jmpminhasimpleshistorias.blogspot.com.br/2014/02/o-primeiro-assalto-com-refe-m-em-mossoro.html

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixa-me pegar outro.

Fonte:
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A HISTÓRIA DO CANGACEIRO SERIDOENSE CHICO JARARACA

Autor – Rostand Medeiros 

A região do Seridó Potiguar nunca foi pródiga na formação de cangaceiros, nem ocorreram surtos sérios deste fenômeno de banditismo social. Contudo, existiram alguns cangaceiros originários desta região, basicamente ligados ao bando de Antônio Silvino. Um deles foi Gitirana, cujo nome real era Bento Gomes de Lira. Nascido em Catolé do Rocha em 1889, entrou no bando de Silvino aos 18 anos de idade, permanecendo nas correrias pelo sertão até 1910. Segundo o pesquisador Adauto Guerra Filho, autor do livro “O Seridó na memória de seu povo”, Gitirana faleceu em 1978, sem ter concedido nenhuma entrevista sobre o assunto, pois não gostava de falar de sua passagem pelo cangaço. Apenas declamou versos sobre o seu ex-chefe e suas lutas. Aparentemente Gitirana viu muita coisa interessante no período que esteve no bando, mas calou-se e praticamente se encontra esquecido para aqueles que se debruçam sobre este tema.

Diferentemente foi o caso de Francisco Nicácio da Silva, nascido em 9 de dezembro de 1893, na Fazenda Coelho, atualmente município de São Fernando, Rio Grande do Norte. Nicácio vivia com seus pais e quatro irmãos uma infância aparentemente tranquila, caçando nas terras das Fazendas Coelho e na vizinha Saboeiro, nas imediações dos riachos da Roça e da Pitombeira. Um dia foi mordido por uma jararaca, passando a ser conhecido pelo apelido que o tornaria conhecido no cangaço; Chico Jararaca.

CHICO JARARACA, ex-cabra de Antonio Silvino

A propriedade Coelho pertencia a Joaquim Saldanha, conhecido como Quincas Saldanha, rico fazendeiro que tinha Catolé do Rocha como sua área de atuação política. Quincas Saldanha era um chefe político de atitudes violentas e prepotentes, possuindo numeroso bando de “cabras” a sua disposição e prontos a cumprir suas ordens.

Controvérsias 

Como sua família era “gente” de Quincas Saldanha, seguindo a risca as ordens do chefe, não é difícil de compreender a razão de Chico Jararaca fazer parte de um grupo de sete “cabras” que seu patrão levou para Serra Negra do Norte, no Rio Grande do Norte, para colocar este pessoal ao grupo de Silvino.

Aqui abro um parêntese na história de Chico Jararaca para apontar ao leitor a dificuldade de se levantar uma história baseada, na sua totalidade, em entrevistas orais. Os pesquisadores Carlos Lyra e Adauto Guerra Filho, que entrevistaram o ex-cangaceiro em diferentes anos das décadas de 70 e 80 do século passado, não são coincidentes nas informações básicas.

Um assunto controverso é a data de nascimento de Nicácio, bem como o período em que Chico Jararaca entrou e participou do bando de Silvino. Entre os dois pesquisadores existe uma diferença de dez anos sobre a data de nascimento do cangaceiro seridoense.

Sobre a entrada do mesmo no cangaço, Carlos Lyra indica, através do depoimento prestado em 1972 pelo ex-cangaceiro, que o mesmo permaneceu nas hostes de Antônio Silvino dois anos, de 1911 a 1913. Já Adauto Guerra aponta, através de entrevista concedida por Chico Jararaca em junho de 1982, que ele teria pertencido ao bando por quatro anos, de 1909 a 1913.

Saber quando e em qual período Chico Jararaca entrou no bando é difícil. Acredito que neste aspecto Carlos Lyra obteve mais sorte, devido ao fato do próprio Chico Jararaca ter lhe fornecido uma data, 30 de maio de 1911.

Sem adentrar mais nesta questão, mesmo com controvérsias, é possível traçar um relato da vida de Chico Jararaca.

Junto com Antônio Silvino

Sua entrada no cangaço deu-se quando o mesmo tinha entre 18 e 26 anos.

Antonio Silvino

Quando Quincas Saldanha forneceu seus homens para Antônio Silvino, o chefe quadrilheiro buscava reforçar seu grupo para ajudar um parente de nome Manoel Godê. Este seria irmão de Antão Godê, nome de guerra de Idelfonso Godê de Vasconcelos. Estes irmãos eram parentes de Silvino, homens valentes ao extremo e que buscavam apoio para atacar um grupo de inimigos comuns na região da Serra da Colônia, em Afogados da Ingazeira, Pernambuco. Este local era especial para Antônio Silvino, pois no sopé desta serra existe a Fazenda Colônia, local de seu nascimento.

O grupo de jovens do Rio Grande do Norte seguiu para o lugar “Santo Agostinho”, nas proximidades da Serra da Colônia. Os inimigos dos Godê, que Chico Jararaca denomina apenas de “negos” ou “mulatos”, eram protegidos do coronel Desidério Ramos, homem poderoso em Afogados da Ingazeira. Em 3 de janeiro de 1897, Desidério matou, juntamente com outros capangas, o pai de Antônio Silvino, Pedro Baptista Rufino de Almeida, conhecido como “Batistão”.

Ao chegar à região, Chico Jararaca descobriu que o grupo dos “mulatos” tinha 33 homens em armas, enquanto o grupo de Silvino e dos Godê apenas 16 “cabras”.

Logo ocorreram tiroteios entre os grupos no lugar “Jasmim” e em outros locais. Mas este trabalho, tão próximo à morte, não estava nos planos do jovem Nicácio. Decidido a deixar o bando, Chico Jararaca avisou a Antônio Silvino sua intenção de voltar para o Seridó. O problema é que o jovem cangaceiro não sabia o caminho de retorno, tinha medo de cair “no oco do mundo” e o jeito foi ficar no bando, na “vida do rifle”.

Silvino após sua captura em 1914

Chico Jararaca estava em uma ocasião participando de uma tocaia, junto com o chefe Antão Godê, quando avistam a figura do inimigo “Bem-te-vi”, que vinha por uma várzea galopando em um cavalo baixo. “Bem-te-vi” era um combatente já veterano em outras lutas e não se alterou quando Godê ordenou ao comandado mandar bala no inimigo. Chico tremeu diante da tranqüilidade do seu oponente, ele atirou várias vezes, mas o inimigo não foi atingido, não reagiu e ainda tirou o chapéu de couro e disse corajosamente “-Vão lá para casa que vocês almoçam bala, jantam bala, e se há bala, dormem com a bala na mão”.

Combate na Atual Santa Maria do Cambucá, Pernambuco

Quando entrou no cangaço, junto com o pessoal de Quincas Saldanha, fazia parte do grupo Estevam, Cassimiro, Peitada, Joaquim Cigano, Neco Domingo, Mané Barão e Mané Pequeno. No bando de Silvino conheceu Serrote, Pau Reverso, Zé Pedro, Manuel Pequeno, Severino, Girondo, Gavião, Biano, Salvino, Bacurau, Manoel e Antão Godê. Para Chico Jararaca todos eram valentes por igual, mas os Godê se sobressaíam. Já o negro Serrote era extremamente perverso, gostava de buscar os soldados da polícia feridos e sangrá-los cruelmente. Entretanto, na hora da defesa, todos participavam.

Jornal do Recife, Sexta Feira, 19 de julho de 1912

O combate que mais fortemente permaneceu na memória de Chico Jararaca foi o realizado em 1912, contra a vila de Santa Maria (atual Santa Maria do Cambucá, Pernambuco).

O bando com 22 cangaceiros dormira em Vertentes, próximo a Taquaritinga do Norte, onde pretendia ir a Santa Maria para ajustar umas contas com o tenente-coronel José Braz Pereira de Lucena, conhecido como coronel Zé Braz, que desdenhara dos pedidos de dinheiro do chefe quadrilheiro e ainda respondia desaforadamente as ameaças de Antônio Silvino. Este soubera também que o coronel acolhera em sua casa uma volante da polícia pernambucana, comandada pelo capitão João Nunes e isto tornara o coronel Zé Braz seu inimigo.

A vila se localizava em uma área baixa, de onde os cangaceiros contemplavam a urbe e sua feira semanal. Neste momento se aproxima do bando um velhinho que voltava da feira, Silvino ordena que o mesmo retorne a vila e avise ao coronel Zé Braz que o bando vai entrar. O velho desce para vila, os cangaceiros observam quando ele se encontra com o coronel e retorna para onde está o bando. Zé Braz e o sargento Georgino mandaram avisar que por lá eles não passariam.

O povo se assusta com a movimentação, Chico Jararaca afirma que Antônio Silvino só ordenou o inicio dos disparos depois que o povo da feira houvesse deixado a praça pública. Outros autores afirmam que os cangaceiros não esperaram por nada e nem por ninguém. Entraram na feira distribuindo chicotadas no povo, atirando para o alto, derrubando bancas e barracas. A feira acaba e o tiroteio começa.

Santa Maria do Cambucá hoje – Fonte –santamariacambuca.blogspot.com

Para o ex-cangaceiro, os homens do coronel Zé Braz atiraram primeiro, depois a resposta do bando de Silvino foi “empurrar o dedo” nos defensores. O tiroteio teria durado quatro horas para Chico Jararaca, para outros pesquisadores a resistência durou pouco mais de uma, ou no máximo duas horas, e acabou pelo fato do grupo de defensores de Santa Maria haver esgotado sua munição.

Com o fim da resistência, familiares de Zé Braz pediram garantias ao seu parente, que foram concedidas e ele foi obrigado a explicar as razões de ter admitido a volante em sua casa. Satisfeito com a explicação, Silvino exigiu três contos de réis pela vida do coronel (jornal da época fala em um conto de réis), que foi pago.

Sargento Alvino, promovido a alferes após a captura de Antonio Silvino

Chico Jararaca nada comenta sobre o saque e a total destruição do comércio de José Alvino Correia de Queiroz, que teve tudo que possuía roubado e queimado. Este comerciante sentou praça na polícia de Pernambuco, conseguindo o posto de sargento e passa a perseguir Antonio Silvino. Quando este foi um capturado, em 28 de novembro de 1914, na propriedade Lagoa da Laje, em Taquaritinga, Pernambuco, José Alvino só não matou o chefe bandoleiro por insistente ordem do tenente Theophanes Ferraz Torres.

Memórias Controversas

Chico Jararaca possuía um rifle Winchester, calibre 44 e normalmente transportava 600 cartuchos. Ele comentou que não faltava munição ao bando, onde Silvino adquiria o material através dos fazendeiros amigos. Entretanto nunca declinou o nome destas pessoas.

Silvino, de roupa escura no centro da foto, após sua captura

Uma afirmação controversa dada pelo ex-cangaceiro foi que em 1912, em uma oportunidade que o bando retornava para Afogados de Ingazeira e descansou nas proximidades de Vila Bela (atual Serra Talhada), Chico Jararaca afirmou que “conheceu Lampião”. O encontro se deu na casa do velho José Ferreira, pai do futuro “Rei do Cangaço”, sendo um momento de muita alegria, pois, segundo Chico Jararaca, “Antônio Silvino era primo da mãe de Lampião”. Na ocasião deste encontro, Chico Jararaca viu Virgulino Ferreira da Silva quando este retornava de uma viagem como almocreve, o futuro chefe cangaceiro teria entre 12 e 16 anos.

O oficial Theophanes Ferraz Torres, comandante da volante que capturou Silvino. Valente e destemido, seria um grande perseguidor de Lampião.

Segundo o depoimento de Chico Jararaca, ele já tinha ouvido muito falar na intrigante história do “cangaceiro que comeu sal”, que vivia sendo narrada pelos cantadores de viola que declamavam as valentias do chefe Silvino pelo sertão afora. Ele afirmou que não foi testemunha deste fato, mas acreditava que esta história havia ocorrido de verdade. Em uma ocasião o grupo chegou à casa de uma mulher muito pobre, ela se encontrava só e seu pai estava em um roçado a três quilômetros de distância. O chefe quadrilheiro a tranquilizou, lhe deu garantias de vida e ordenou que matasse uma galinha para saciar a fome do grupo de cangaceiros. No medo, a mulher esqueceu de colocar sal. Após degustarem a alimentação insossa, o chefe pagou a senhora e quando saiam da casa, perguntou ao grupo o que acharam da comida e a cabroeira respondeu que estava boa. Silvino repetiu a pergunta três vezes e em todas as ocasiões à resposta foi idêntica. Contudo, na última vez, um dos rapazes comentou que “estava boa, mas um pouco insossa”, nisto o chefe alterou o semblante e disse ameaçadoramente “por causa disso, o companheiro vai comer um litro de sal”, mas a ameaça não se concretizou. Provavelmente Silvino desejava chamar a atenção dos seus “cabras” com esta incerta história.

Deixando o Bando

Para Chico, Antônio Silvino era um homem muito bom, tratava todos bem no bando, não obrigava ninguém ficar ao seu lado e detestava quem bebia cachaça.

Antônio Silvino e Lampião eram muito diferentes nas suas maneiras de praticarem o cangaço, mas compartilhavam o mesmo ódio em relação à polícia, aos rastejadores e aos delatores.

Chico Jararaca afirmou, sem maiores detalhes, que durante o período que esteve com Antônio Silvino presenciou a realização de muitos casamentos, onde o comandante bandoleiro não deixava um “cabra safado”, que supostamente “buliu” com uma menina, sair incólume e não assumir as responsabilidades do matrimônio.

Outra declaração bem contraditória do ex-cangaceiro foi que em uma ocasião, quando Antônio Silvino esteve no Ceará, o grupo assistiu em Juazeiro a uma missa realizada pelo padre Cícero Romão Batista. Chico Jararaca afirmou que Antônio Silvino tinha ótimas relações com os padres José Cabral e Aristides, respectivamente párocos e chefes políticos de Gurinhém e Piancó, ambas as localidades na Paraíba.


Mas a maré começaria a mudar para o bando. No dia 25 de dezembro de 1912, ocorria uma importante reunião em Recife, onde pela primeira vez seria efetivamente concretizada a união das polícias dos Estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e Pernambuco, para conjuntamente darem cabo de Antonio Silvino e seu bando.

Em 1913, como resultado desta nova iniciativa governamental, ocorreu uma forte perseguição ao grupo. Para Chico Jararaca, estas perseguições produziam fome e lhe mostrava a pouca perspectiva de continuar nesta vida. O cangaceiro seridoense pediu a Antônio Silvino para deixar o grupo. O chefe não criou problemas e em 1913 eles se viram pela última vez.

O Descanso do Antigo Cangaceiro

Chico Jararaca retornou para a fazenda Coelho e escondeu seus apetrechos do cangaço. Mas sua nova vida não seria tão fácil, pois teve que viver 48 dias escondidos da polícia na Serra da Forquilha, onde se deslocava até o Boqueirão de Porteiras, para se abrigar em uma caverna granítica com duas entradas.


Houve até um encontro com a força volante do tenente Zacarias Neves, mas Chico conseguiu enganar o oficial e seus homens, passando por um simples caçador. O próprio oficial lhe ofereceu para sentar praça na polícia, mas o “caçador” recusou.

Após estes episódios, Chico Jararaca voltou a ser Francisco Nicácio da Silva, casou em 1917 com Rita Antonina da Silva, tiveram quatro filhos, mas a dura realidade das carências do sertão provocou a morte de todos os seus filhos.

Chico enviuvou em 1964, passando a viver numa casinha de barro, na mais franciscana condição, junto com outros parentes e amigos. Guardava na sua humilde vivenda retratos de Nossa Senhora da Conceição e de São Sebastião. Nunca se esqueceu de mandar rezar, em todo mês de janeiro, uma novena para o santo de devoção.


Sua vida como cangaceiro lhe proporcionou algumas situações interessantes; ele teve oportunidade de conhecer vários lugares na Paraíba, Pernambuco, Alagoas e no Ceará, numa época onde muitos dos seus semelhantes mal tinham oportunidade de conhecer a fazenda vizinha e após o cangaço viveu apenas na fazenda Coelho. Conheceu poderosos do seu tempo, sentou-se à mesa de muitos que, de forma subserviente, atendiam seu chefe e morreu apoiado apenas por uma parca aposentadoria.

Os livros que adentram mais detalhadamente na vida de Antônio Silvino são pouco informativos sobre aventuras ligadas ao cangaceiro Chico Jararaca, o que mostra ter sido discreta sua passagem pelo bando, provavelmente rápida, sem maiores façanhas, a não ser acompanhar o chefe Silvino.

No seu depoimento a Carlos Lyra, Chico Jararaca se dizia um homem “que atirava muito mal”, “que correu muito” e por isto “nunca havia matado ninguém”. A Adauto Guerra ele mostrou uma cicatriz no peito, produzido por uma bala “varada” e sem rumo.

O que tornou Chico Jararaca conhecido foi sua comprovada condição de ter sido o último membro sobrevivente do bando de Antônio Silvino, além de sua abertura aos pesquisadores aqui mencionados e a outras entrevistas que ele participou, proporcionando aos que se debruçam sobre a história do cangaço, um melhor detalhamento sobre a realidade do cangaço de Antônio Silvino.

Francisco Nicácio da Silva, o Chico Jararaca, faleceu em 18 de dezembro de 1984, estando enterrado no cemitério São Vicente de Paulo, no bairro Paraíba, em Caicó.

VEJA TAMBÉM NO TOK DE HISTÓRIA 

Extraído do blog Tok de História do historiógrafo Rostand Medeiros:

http://tokdehistoria.com.br/2014/11/08/a-historia-do-cangaceiro-seridoense-chico-jararaca/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

1ª BIENAL DO LIVRO DE PAULO AFONSO EM FOTOGRAFIAS

Por João de Sousa Lima
1ª Bienal do livro de Paulo Afonso

A 1ª Bienal do Livro de Paulo Afonso foi um grande sucesso.

Escritores de todo Nordeste
Letícia e Stéfany: amores eternos

A 1ª Bienal do Livro de Paulo Afonso foi um grande sucesso. a participação de escritores de várias cidades nordestinas, a presença de autoridades, alunos, professores e comunidade abrilhantaram o evento.

Professor Neri, João de Sousa Lima e Euclides
Eiclides, João de Sousa Lima e família
No Stand de Edson Barreto
Loureando Teles com João de Sousa Lima e família
Sr. Jugurta Nepomuceno e João de Sousa Lima
Todos os escritores da Bienal

Glória Lira e seus netos prestigiando o Stand de João de Sousa Lima
Com os amigos João fotógrafo e Ricardo Cajá
Visitantes na Bienal
Alunos prestigiaram o evento
João de Sousa Lima realizando palestra



Rita abrilhantou a Bienal com suas histórias

A juventude presente à Bienal
Professor Alcivandes e Glória Lira
Pedro Son deu um show a parte
Muitos alunos prestigiaram o evento
Com a amiga Denúbia da editora Fonte Viva
Escritores reunidos
Gecildo Queiroz em prosa e verso

Saracura e Marcos de Itabaiana
Francisco, Alan, João, João Bosco, Edvaldo, Bosco, Vilela e Jadilson


Escritores
Apresentação dos escritores
Nice, Érica e Janny
Poetisas de Ouro Branco e Santana do Ipanema
Dolores recitando poesia
Jotalunas e a mala do poeta
Renê lendo sua poesia
Trio dona Florinda deu um show
Professora Socorro adquirindo  livros e sabedoria

Enviado pelo escritor e pesquisador do cangaço João de Sousa Lima

http://www.joaodesousalima.com/2014/11/1-bienal-do-livro-de-paulo-afonso-em.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com