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quarta-feira, 1 de outubro de 2014

UM DOS VESTIDOS DE MARIA BONITA. EXPOSTO EM MUSEU NO RIO


UM DOS VESTIDOS DE MARIA BONITA, EXPOSTO EM MUSEU NO RIO



Esse vestido foi adquirido pelo jornalista Melchíades da Rocha, repórter do Jornal "A NOITE", que fez a cobertura da morte de Lampião, em Angico, no Estado de Sergipe.

Lampião e Juriti

Segundo informações, esse jornalista deu o VESTIDO de presente a uma amiga, e, após a morte dele, a amiga doou ao Museu.

Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta


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União de Artistas - 28 de Setembro de 2014

Por Geraldo Maia do Nascimento

Em 14 de setembro de 1919, há noventa e cinco anos, era fundada em Mossoró a Sociedade Beneficente União de Artistas, sem fins lucrativos, que teve por objetivo congregar artistas locais de diferentes áreas profissionais, como: alfaiates, dentistas, escultores, fotógrafos, marceneiros, músicos, pedreiros, pintores, sapateiros e muitos outros que habilmente faziam verdadeiros trabalhos artísticos e que desempenhavam uma função social.
               
A União de Artistas foi, na realidade, a primeira associação de classe de Mossoró. Os membros da Sociedade, mediante o pagamento de uma mensalidade mínima, tinham direito aos serviços prestados pela instituição como: assistência odontológica (extração dentária), cursos profissionalizantes de datilografia, de corte e costura, e outros que viessem a ter importância de aperfeiçoamento de mão-de-obra para os associados. Não funcionava como sindicato, já que não previa, em seus estatutos, a defesa dos interesses de seus membros com melhorias trabalhistas.
               
A primeira diretoria, eleita em 21 de setembro de 1919, ficou constituída pelos artistas Francisco Negócio da Silva, presidente; Francisco Paulino da Silva, vice-presidente; Cícero A. de Oliveira, 1º secretário; Luís Gonzaga Leite, 2º secretário; João Dias, tesoureiro; Hermógenes Lucas da Mota, adjunto de tesoureiro. Diretores: Manuel Joaquim Belém, Luiz Alves Ferreira, Idalino Pereira da Costa, Sebastião Dias, Antônio Nunes Sobrinho e Manuel Arruda. Suplentes: João Calixto de Maria, Francisco Ananias, João Paulino de Araújo, José Sales de Medeiros, João Aires Filho e Francisco José da Silva. Comissão fiscal: Francisco Camilo de Oliveira Lemos, Virgínio Freire da Silva, João Damasceno Leite, Pedro Paraguai e Artur Paraguai. De acordo com a alínea D do artigo 12 de seus Estatutos, foi nomeado orador desta primeira gestão que durou até o dia 14 de setembro de 1929, o associado José Martins de Vasconcelos.
               
No início do seu funcionamento a instituição não tinha sede. Os primeiros sócios, um grupo bastante restrito, reuniam-se nas casas de cada um, em dias alternados. Os assuntos discutidos nessas oportunidades eram sobre as melhorias para a sociedade, principalmente na assistência para os seus sócios. Até que a família Carlaine Magalhães doou um piano a Sociedade. Esse piano foi vendido e com o dinheiro arrecadado foi comprada a 1ª sede da Sociedade, que ficava no local onde hoje funciona as Casas Pocinos, na Avenida Rio Branco, esquina com a Augusto Severo. Alguns documentos datados de 1927 apresenta como endereço da Associação, esse imóvel da Avenida Rio Branco. Tudo leva a crer que foi por volta de 1929 que a instituição se mudou para o prédio da Rua 30 de Setembro, em frente à Praça Vigário Antônio Joaquim Rodrigues, o mesmo que aparece na ilustração.
  
Prédio da União de Artista em Mossoró no Rio Grande do Norte

Este prédio, ao longo das décadas, sediou outras atividades privadas e públicas como: a fábrica de cigarros Nova Esperança, de propriedade de Wanderley & Irmãos; a tipografia do jornal O Nordeste, de Martins de Vasconcelos; O Manuelito, estúdio fotográfico de Manuelito Pereira; Consultório odontológico, cartórios, o Centro Estudantil Mossoroense, a Prefeitura Municipal, durante as administrações de Antônio Rodrigues de Carvalho e Raimundo Soares de Souza e por último a Câmara Municipal de Mossoró.
               
À medida que os órgãos públicos passaram a oferecer serviços de assistência médica e odontológica, cursos profissionalizantes e afins, a Sociedade Beneficente União de Artistas foi perdendo as suas funções. Podemos dizer que hoje se encontra desativada, já que oficialmente não foi extinta. O seu patrimônio, principalmente o prédio da sede, por falta de manutenção, se encontra em ruina.
               
Atualmente há o interesse de uma instituição maçônica de restaurar o prédio para usar como templo. O esforço é válido e louvável. Só esperamos que um dia o município possa contar com uma Lei de Tombamento eficiente para que esses patrimônios históricos possam, finalmente, serem preservados.

Geraldo Maia do Nascimento

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Fonte:
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MORENO E DURVINHA – TENTE NÃO CHORAR !

Por João de Sousa Lima

O segredo do cangaço que ficou por tanto tempo escondido debaixo do cobertor da prudência e do medo, era um assunto temeroso, difícil de esquecer e quase impossível de se relatar. Por longos sessenta e seis anos o assunto foi costurado no livro do esquecimento. 

Durvalina e Moreno

Durvalina era Jovina e Moreno era Pernambuco. Documentos assim, o tempo foi passando e só por salvos momentos em que algumas fotos que andaram nos bornais dos cangaceiros e foram guardados como tesouro, eram revirados pelos filhos, era que vinham as perguntas: Quem são? Nós temos parentes? Onde eles vivem? O silêncio, as desculpas e as rápidas desconversadas eram sempre as respostas. Por trás das tais fotografias tinha uma longa e incrível fábula. Por trás dos papéis amarelados pelo tempo, escondia-se um magnífico capítulo da nossa recente história brasileira.

Inacinho filho de Moreno e Durvalinha e R o historiógrafo Rostand Medeiros

Lembro quando lancei meu livro Lampião em Paulo e um dia recebi um recado de Inacinho que havia lido o livro e quer me conhecer. Aproveitando que ele estava na festa de Tacaratu, pra lá me dirigi e conversamos durante algumas horas, inclusive indo visitar a casa do padre Frederico Araújo, onde ele havia morado. Na hora de vir embora, Inacinho me alertou: Se algum dia encontrar meus pais, por favor, me avise !

- Aviso sim! Respondi-lhe.

Confesso que retornei triste, dividindo com Inacinho, a dor sentida por ele, pela ausência de notícias dos pais e pelo acalento desejo de reencontrá-los.

O tempo na sua sabedoria se encarregou de retratar os fatos. Moreno sentiu o peso da idade. Havia um segredo que não poderia levar com ele para o túmulo. Os cinco filhos precisavam saber que em algum lugar distante, eles tinham um irmão. Irmão legítimo, de pai e mãe, consanguíneo. Moreno falou com Durvinha: 

- Olha, vamos falar pros filhos, nós pode morrer!

Durvalina relutou no princípio, depois acabou concordando. Moreno, aos poucos, foi soltando alguma coisa para o filho mais velho, o Murilo. Em 2006, Moreno adoeceu e temendo morrer convocou os filhos e contou-lhes o segredo do irmão desaparecido. 

Neli filha de Moreno e Durvalina e o cineasta Aderbal Nogueira

A filha Nely não se conteve e travou uma alucinada busca, uma verdadeira caça, na procura do irmão. Várias horas foram gastas na tentativa de encontrar um telefone de Tacaratu. Com muito custo ela conseguiu o número da Casa de Cultura e em conversa com a senhora Joana, ficou sabendo que Inacinho morava no Rio de Janeiro e só aparecia em Tacaratu na época da festa da Padroeira Nossa Senhora da Saúde. Como último recurso Nely pediu pra Joana conseguir o telefone de Inacinho. Número esse só conseguido cinco dias depois. Nely finalmente falou com o irmão. Ele não acreditando, pensando em se tratar de trote, por ter já sofrido alguns, durante sua busca pelos pais, pediu pra fazer algumas perguntas a mãe. Na primeira pergunta ele pensou em desistir:

- Como é seu nome?
- Jovina!

Não podia ser, pois sua mãe chamava-se Durvalina. Inacinho fez mais três perguntas e das respostas veio a confirmação:

- É ela sim!

Inacinho chorou!

- Mãe, aqui é seu filho!

Nely tomou o telefone das mãos de Durvinha:

- Alô

- Eu sou Inacinho, eu sou seu irmão !

Os dois choraram...

Fonte principal: Moreno & Durvinha, de João De Sousa Lima !

Fonte que eu adqui este artigo: facebook
Página: Corisco Dadá

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LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE


SERVIÇO

 Este  livro contém 552 páginas, custa R$ 50,00, e para aqueles que estiverem interessados, basta depositar o valor na conta corrente que segue abaixo, em nome da esposa de Archimedes Marques, a senhora Elane Lima Marques e enviar um e-mail para o autor 
com o endereço para que ele encaminhe o livro pelos Correios.

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Elane Lima Marques
Agência: 3088-0
Conta: 33384.0

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LAMPIÃO: CABRA MACHO – CABRA DA PESTE!

José bezerra Lima Irmão autor de Lampião - a Raposa das Caatingas e João de Sousa Lima

Depoimento de José Bezerra Lima Irmão  autor de Lampião - a Raposa das Caatingas
– Carta aberta para Vera Ferreira –
Vera,

O meu nome é José Bezerra.

Faz 9 anos que estou escrevendo um livro sobre o cangaço. Nele, pretendo narrar os fatos, citando as fontes, fixando a figura de Lampião emoldurada no espaço geográfico em que viveu e no seu contexto histórico. Lampião não foi nem herói, nem bandido – foi simplesmente um cangaceiro, um sertanejo de fibra que não dobrou a espinha diante daqueles que se julgavam donos dos sertões nordestinos.


Virgulino Ferreira foi um sertanejo à moda do seu tempo, um tempo brabo em que o sujeito para ser respeitado tinha que mostrar que era cabra macho, e para isso era preciso honrar cada letra do que dizia, fosse para o bem, fosse para o mal.

Lampião ousou desafiar o Poder – e esse foi seu maior erro, ou seu maior mérito, a depender do critério pelo qual seja julgado.

A  figura de Lampião deve ser tratada com respeito. Não foi nem vilão nem herói. Foi simplesmente um jovem, filho de uma família honrada, que teve uma infância absolutamente normal, e que, por uma série de fatores, terminou se lançando numa empreitada temerária da qual não tinha como sair vivo.

A História do Nordeste, tirando a Invasão Holandesa, resume-se a três personagens: Lampião, Padre Cícero e Antônio Conselheiro. Não necessariamente nessa ordem, mas sempre centrada nessas três figuras ímpares. Sem elas, a História do Nordeste seria insossa, como uma comida preparada sem sal e sem tempero.

Agora, surge um paspalhão com uma história inusitada, sem fundamento nos fatos, fruto de elucubrações de um tipo de “pesquisador” que não pesquisa nada, e, sem sair de casa, refestelado numa poltrona, com base em leituras a voo de pássaro, sem entrevistar ninguém, passa a regurgitar asneiras.

Quero manifestar minha solidariedade a você, Vera, e a dona Expedita, em face das tolas invencionices desse senhor que, para angariar credibilidade, faz questão de alardear a sua condição de “juiz aposentado” (aposentado compulsoriamente...).

Associo-me às palavras de Alcino Alves Costa – este, sim, um pesquisador de verdade, legítimo Vaqueiro da História –, em artigo divulgado pelo portal da Associação dos Magistrados de Sergipe (AMASE): “Dizer-se que Lampião era homossexual e Maria Bonita uma adúltera, e os dois, Lampião e Maria Bonita, coabitavam com Luís Pedro, vivendo assim, em plena caatinga, um triângulo amoroso, é algo que em sã consciência ninguém tem o direito de acreditar”.

Quanto a Maria Bonita, trata-se de uma mulher digna, decidida, dotada de senso de liderança, que não se prevalecia do fato de ser a mulher do chefe para impor respeito. Àquele tempo, ser cangaceiro era moda, no sertão, e muitas moças sonhavam juntar-se a um cangaceiro, pela vida de aventura, valentia e glamour que levavam nas caatingas.

Nas zonas rurais, as filhas dos fazendeiros eram preparadas para serem esposas prendadas: aprendiam a cozinhar, costurar, bordar, fazer rendas. As filhas dos moradores trabalhavam nas roças desde meninas, ajudando os pais, e quando casavam continuavam a mesma lida com os maridos e os filhos. Ao contrário dos homens, que entravam para o bando porque queriam ser cangaceiros, as mulheres tornavam-se cangaceiras por força das circunstâncias, para estarem com seus maridos ou namorados. Para elas, portanto, o cangaço não era uma “profissão”, mas uma contingência da vida. As garotas das roças e das pequenas povoações sertanejas, ao mesmo tempo em que tremiam de medo dos cangaceiros, paradoxalmente viam os cangaceiros como heróis românticos, príncipes encantados de um reino onde havia perigo e morte, mas que, por pior que fosse, não podia ser pior do que a triste vida em que viviam. No íntimo, sentiam-se fascinadas por aqueles homens valentes de que tanto se falava, como se fossem induzidas pelo instinto natural de fêmeas a querer parir um filho daqueles cabras machos como o diabo!

Maria Bonita, como o companheiro, tinha carisma. Sabia ser austera e indulgente, inflexível e compreensiva, implacável e doce. Ela representa a mulher nordestina típica da zona sertaneja. As asnices imaginadas por esse “escritor” de bobagens constituem uma ofensa à mulher sertaneja!
Ela descende da família Gomes de Oliveira, uma das famílias tradicionais de Santa Brígida, ombreada com as famílias Barbosa, Marques e Miguel.

Maria Bonita estava separada do marido quando se juntou a Lampião, o que é absolutamente legal e legítimo.

Não se tem notícia de um crime sequer que tivesse cometido. Apenas acompanhava as andanças daquele que o seu coração elegeu como o seu amor.

Quanto a Luiz Pedro, em todas as entrevistas de ex-cangaceiros e ex-cangaceiras, nunca foi sequer insinuada a mais mínima possibilidade de relacionamento espúrio, tal como suscita esse “escritor” de lorotas.

João de Sousa Lima, outro pesquisador sério, tal como Alcino Costa, afirma num artigo postado no Orkut: “Para os homens e mulheres que estudam o cangaço com seriedade e imparcialidade, salientando que não se trata aqui de homofobia ou qualquer outro tipo de preconceito, no cangaço não existiu casos de homossexualismo, nenhum estudo em todos os aspectos do fenômeno apontou essa prática.”

Sobre essa questão, Frederico Pernambucano de Mello, um dos principais pesquisadores do cangaço, assim se manifestou: “A tese é delirante. Os registros da época não autorizam essa conclusão”.

De um modo geral, as pessoas que escrevem sobre Lampião quase sempre são traídas por suas idiossincrasias.

Algumas pessoas, por terem certos “pendores”, têm uma preocupação, que é até compreensível, de mostrar que figuras importantes também eram dotadas dos mesmos pendores. Um pederasta maluco chegou a levantar a tese de que Jesus Cristo era boiola!...

Mas, em última instância, tais pessoas não se apercebem de que constitui recurso vão pretender demonstrar que figuras históricas teriam as mesmas tendências ou propensões que elas, afortunada ou desafortunadamente, possuem.

O pior é que as pessoas que não conhecem a história do cangaço, ao ler invencionices desse tipo, podem acreditar que os “fatos” são verdadeiros. Já houve uma “revelação” de que Lampião foi jogador de futebol, sendo um zagueiro imbatível!

Um desequilibrado escreveu que Lampião e Maria Bonita teriam sido... colegas de escola!

Antonio Amaury Corrêa de Araújo – outro pesquisador respeitável, do quilate de João Souza e Alcino Costa –, em seu recém-lançado Maria Bonita, adverte que não se estranhe quando surgirem histórias de Lampião na Lua ou no fundo do mar, ou quando escritores afirmarem que Lampião foi visto escalando o Everest, atravessando o deserto do Saara ou lutando contra esquimós no Pólo Norte...

As bobagens inventadas por esse moço, relativamente a Lampião e Maria Bonita, materializam os presságios de Amaury.

Voltando ao caso do livro desse senhor que, por força de uma Liminar concedida em ação judicial impetrada pela família Ferreira, teve suspensa a venda de sua “obra”, isso está cheirando a golpe de marketing, para que, em virtude da celeuma produzida, uma vez cassada a Liminar, o livro se torne campeão de vendas, ludibriando curiosos tolos.

Senhor “juiz aposentado”: Cangaceiro também tem honra!

Erros grosseiros d’O Mata Sete

(amostragem)

Do “livro” de Pedro de Morais não se aproveita nada, tantos são os erros, que pululam a cada linha.

Por exemplo – estou dando apenas exemplos:

a)   Esse moço, sem citar um autor sequer, sem verificar os relatos da época, diz que Lampião teria perdido a bolsa escrotal ao “tentar assaltar” a fazenda Tabuleiro, em 1922 (p. 83-84).

Ele diz essa asneira por desconhecer que Lampião àquele tempo acompanhava o famoso Sinhô Pereira, pertencente a uma família tradicional do Pajeú, formada de grandes latifundiários. Sinhô Pereira estava indo com seu grupo para a fazenda Tabuleiro, na ponta da Serra dos Paus Brancos, ao sul do município de Conceição do Piancó, Paraíba, divisa com Pernambuco. A fazenda pertencia a Manoel Alves, conhecido como Neco Alves, casado com uma sobrinha de Sinhô Pereira. O autor distorce os fatos, ao dizer que Lampião “tentava assaltar” aquela fazenda.Só um louco poderia supor que Sinhô Pereira, o braço armado da família Pereira contra os Carvalho e os Barbosa Nogueira, iria “assaltar” a fazenda de um membro de sua própria família!

b) Esse moço também distorce os fatos ao falar dos ferimentos recebidos por Lampião na citada fazenda Tabuleiro, dizendo que teriam sido mutilados os escrotos (p. 83-84).

Como esse moço desconhece os detalhes, vou rememorá-los para ele ficar sabendo.

Naquela ocasião Lampião foi atingido por três tiros: um acima da virilha, outro no espaço entre o peito direito e o braço, e outro na cabeça, de raspão. Lampião foi levado para a fazenda Nova, entre Jatiúca e Vila Bela, e depois para um barraco de palha nos matos da fazenda de Cosme da Tabua. Sinhô Pereira mandou o vaqueiro Mané de Caçula ir buscar o Dr. Mota, médico amigo de sua família, para cuidar dos ferimentos. O ferimento mais grave era aquele acima da virilha. Ao examiná-lo, o médico disse:

– A bala entrou e saiu, porque foi bala de fuzil. Nunca vi tanta sorte, rapaz. Por um triz a bala não pegou na bexiga e na espinha. A bala de fuzil é fina. Se fosse de rifle papo-amarelo, calibre 44, você agora era defunto...

Essa é a história contada por todos os que escreveram sobre o fato. É também a versão contada por Sinhô Pereira em suas entrevistas à imprensa. O tiro foi acima da virilha, por pouco não afetando a bexiga e a espinha.

Esse moço, ao cometer o seu livro de anedotas, deveria saber que os testículos de um homem não ficam na bexiga. E tampouco na espinha. Considerando-se o que foi afirmado pelo médico, Dr. Mota, de que a bala passou raspando a bexiga e a espinha, para que se desse crédito à hipótese absurda suscitada no livro desse moço, de que a bala teria mutilado os testículos, seria preciso que o tiro tivesse sido disparado de baixo para cima, ou seja, o atirador teria de estar debaixo do chão!

c)   Também sem citar um autor sequer que lhe socorra nesse sentido, ele diz que por ocasião da morte de José Ferreira seus filhos estavam presentes e tirotearam com a polícia (p. 68-69).

Doutor, tenha paciência: como é que se faz História sem ler, sem pesquisar, simplesmente inventando os fatos?

d) Esse moço descreve Maria Bonita – que ele chama de “D. Deia” e de “Sinhá Maria” – como se fosse uma mulher vulgar (p. 185/195).

Seguramente, esse moço nunca leu nada sobre a Mulher do Capitão. Maria Bonita jamais foi chamada de “Sinhá Maria”, Doutor. E embora o livro se refira a ela várias vezes como “D. Deia”, dona Déia não era Maria Bonita – dona Déia era a mãe de Maria Bonita!

Ele diz que o nome de Maria Bonita seria “Maria Adelaide” (p. 186). A afirmação é destrambelhada. Adelaide é outra pessoa: trata-se da primeira mulher do cangaceiro Criança, que era filha de Lé Soares, irmã de Rosinha, companheira de Mariano, e prima de Áurea, mulher de Mané Moreno.

Antes de mudar de assunto, convém lembrar a esse moço que Santa Brígida não fica “nos entremeios” de Serra Negra e Poço Redondo, conforme diz, em flagrante equívoco (p. 185).

E que ele fique sabendo também que o local onde Maria Bonita nasceu, a Malhada da Caiçara, fica no município de Paulo Afonso.

e)   Esse moço se refere ao famoso Cassimiro Honório, do Juá, como Cassimiro “Tenório”! (p. 64).

Um equívoco dessa ordem só ocorre em quem nada leu sobre a história do cangaço.

f)   Ao falar sobre o combate da Serra Grande, ele diz que essa serra ficaria “entre Triunfo e Vila Bela”, atual Serra Talhada (p. 116).

O autor deveria saber que a Serra Grande ficava no município de Flores e atualmente fica no município de Calumbi!... Se ele se comportasse como um pesquisador de verdade, saberia que a Serra Grande se situa noutra direção, na estrada que vai de Serra Talhada para Custódia. Não tem nada a ver com Triunfo...

g)   Na descrição do combate de Serra Grande, o autor diz que Lampião sequestrou dois representantes comerciais “no pé da serra” (fl. 116).

Na verdade, a prisão dos citados representantes não foi feita no pé da serra, e sim a mais de cinco léguas de distância, exatamente no local conhecido como Pedra do Sino, entre Serra Talhada e Jatiúca.

h) Esse moço diz que um dos reféns, o representante da Standard Oil Company, se chamava Adolfo Meira (fl. 117).

Se ele tivesse lido direito os relatos desse fato, saberia que o nome do inspetor da Standard Oil Company of Brazil (hoje, Esso) era Pedro Paulo Magalhães Dias (vulgo Mineiro), e não Adolfo Meira.

O personagem por ele citado, Adolfo Meira (Adolfo Meira de Vasconcelos), diz respeito a outro episódio, ocorrido em Olho d’Água das Flores, que à época era um povoado do município de Santana do Ipanema. Há erro, portanto,não só quanto aos fatos, mas também quanto ao tempo e quanto à geografia.

i)   Por não sair de casa, escrevendo as coisas com base no que lhe vem à cabeça, esse moço, ao descrever a morte de Antônio Ferreira, confunde a fazenda Poço do Ferro com Poço do Negro, e diz que “Poço do Negro” ficava na localidade Pipoca (p. 118).

Poço do Negro, Doutor, fica ao sul de Nazaré do Pico, na divisa de Serra Talhada com Floresta.

Por sua vez, Poço do Ferro, onde morreu Antônio Ferreira, duas léguas ao poente de Ibimirim, não fica em Pipoca – a fazenda Pipoca fica a 56 quilômetros do Poço do Ferro, no município de Betânia!

j)   Também pelo fato de não sair de casa, pretendendo fazer História em função do que pensa, sem pesquisar nada, sem ler nada, esse moço confunde o povoado Patos, à época município de Princesa Isabel, com a cidade de Patos, na Paraíba (p. 95).

O minúsculo povoado de Patos de Princesa (hoje, Patos de Irerê, município de São José de Princesa), também conhecido como Patos da Baixa Verde, situado no sopé da Serra do Pau Ferrado, nada tem a ver com a grande cidade de Patos, que fica longe, muiiiiito longe!!!...

Desconhecedor de tudo, ele se refere a Princesa como se fosse um “povoado” (p. 153). Cita a cidade de Missão Velha, no Ceará, como “fazenda Missão Velha” (p. 155). E, pior, considera que o sertão do Médio São Francisco, puxando para as Lavras Diamantinas, ficaria na “zona canavieira” (!), onde Lampião teria facilidade de se esconder “entre os talhões de canas-de-açúcar” (p. 157).

Meu Deus!...

k) Esse moço cita o episódio do cangaceiro Penedinho, que matou “um companheiro” (na verdade, Penedinho matou Canário), situando o fato em 1932 (p. 219).

Está errado, Doutor, pois esse fato ocorreu foi por ocasião das “entregas”, ou seja, depois da morte de Lampião, quando os cangaceiros decidiram entregar-se às autoridades. Penedinho (Teodomiro dos Santos – Teodomiro de Calu, apelido de família), filho de Mané Pequeno e Calu, primo de Adília, mulher de Canário, matou seu companheiro foi em fins de 1938.

l)   Ele confunde Santo da Mandaçaia (assassinado por Corisco) com Zé Vaqueiro (da fazenda Pau Preto), e confunde Novo Tempo, irmão de Sila, com o cangaceiro Criança (p. 216).

m) Erra feio ao dizer que o cangaceiro Criança morreu no tiroteio do Cangaleixo, tendo ficado ferida gravemente a cangaceira Adelaide (p. 283).

Tudo o que esse moço diz está errado. Criança morreu de velho, em São Paulo. E Adelaide já havia morrido quando se deu o combate do Cangaleixo – quem estava no Cangaleixo não foi Adelaide, e sim sua irmã Rosinha, e esta não saiu “ferida gravemente”, estava apenas grávida... Gravidez não é “ferimento”, Doutor!

n) Por não sair de casa e por não ler nada e nem pesquisar coisa alguma, esse moço supõe que a Serra Negra (atual Pedro Alexandre) ficaria “na beira” do rio Vaza Barris, nas terras do “coronel João Sá (p. 170).

O rio Vaza-Barris passa longe da Serra Negra, Doutor... Muito longe!

o) Também pelo mesmo motivo ele confunde o coronal João Sá (de Jeremoabo) com o coronel João Maria, este, sim, o mandachuva da Serra Negra (p. 170). Idêntico erro se repete mais adiante, confundindo João Sá com João Maria (p. 174).

p) Embora esse moço seja sergipano, parece não gostar de sua Terra, pois não conhece Sergipe. Ele acha que saindo de Pinhão, “nos rumos do norte”, vai sair em Alagoas (p. 175) – na verdade, por ali se entra é na Bahia!

q) Por ignorar os fatos e a geografia de sua Terra, ele considera que as mortes de Bom de Vera e Cruzeiro teriam sido “nos arredores de Pinhão” (p. 231).

Ora, todo mundo sabe que esse fato foi na Várzea do Juá, a meia légua de Carira!

Note-se que nessa passagem ele se esqueceu de mencionar o cangaceiro Amoroso, e errou feio ao dizer que o grupo era chefiado por Demudado. Se o autor lesse um pouco sobre o cangaço ficaria sabendo que o chefe do grupo era Balão, e que Demudado já havia morrido, dois anos antes, junto com Zé Baiano, na Lagoa Nova, perto de Alagadiço.

r)   Ele “informa” que a fazenda Queimada do Luiz, onde Corisco foi ferido nos braços, ficaria no município de Frei Paulo (fl. 294).

Está errado, Doutor – aquela fazenda fica no município de Pinhão, e à época do fato era município de Campo do Brito!

s)   Esse moço confunde a vila de Cumbe, na Bahia (atual Euclides da Cunha), com outro Cumbe, este em Sergipe, vizinho a Nossa Senhora das Dores (p. 228).

t)   Ele se equivoca também ao dizer que o combate de Maranduba teria sido em “fevereiro de 1932” (p. 225).

O fato, Doutor, ocorreu na tarde do dia 9 de janeiro de 1932...

u) Sem ligar para os fatos e lugares relacionados à Terra Sergipana, ele afirma que, “nas proximidades de Capela”, os cangaceiros mataram “o dono da fazenda Candeal, o Senhor José Elpídio dos Santos” (p. 232).

Se esse moço tivesse um pouco de apego aos fatos, saberia que a fazenda Candial não fica “nas proximidades de Capela”, e sim na estrada carroçável que vai de Dores para o Aleixo, em sentido oposto a Capela...

Além disso, convém frisar que José Elpídio não era o “dono” da fazenda Candial. José Elpídio morava no Acenso, antes do Candial. O dono da fazenda Candial era o velho Totonho de Donana (Tota).

v) Ele considera que a passagem de Lampião por Saco do Ribeiro (p. 176) teria sido depois de ele ter estado em Pinhão (p. 175).

Foi não, Doutor. Deu-se o contrário. Lampião passou por Poço Redondo, Monte Alegre, Boca da Mata, Saco do Ribeiro, Batequerê, Alagadiço, Lagoa Comprida, Pinhão, e meteu-se na Bahia, a caminho da longínqua Curaçá.

w) Ele “informa” que a fazenda Jaramataia, onde Lampião conheceu “Eronildes” de Carvalho, ficaria “à margem direita do São Francisco, situada no município de Canhoba (p. 182).

Está errado, Doutor. A fazenda Borda da Mata, também pertencente ao pai de Eronides (e não “Eronildes”), é que ficava à margem direita do São Francisco, situada no município de Canhoba. A fazenda Jaramataia fica longe do São Francisco, no município de Gararu, nos limites com Itabi. A separação dos municípios é feita pelo rio Gararu, que vem das Três Barras, município de Gracho Cardoso.

x) Esse moço diz que Corisco foi enterrado em Jeremoabo (p. 295).

Mais um erro, Doutor. Corisco foi enterrado em Djalma Dutra, atual Miguel Calmon. Seus restos mortais foram depois levados para Salvador, e encontram-se inumados no Cemitério Quinta dos Lázaros.

y) Ele reporta-se erroneamente à morte de Herculano Borges, por Corisco, como tendo sido em setembro de 1932 (p. 217).

Também está errado... Herculano morreu ao amanhecerdo dia 23 de setembro de 1931, na fazenda Bom Despacho, perto do povoado Santa Rosa de Lima,município de Jaguarari, na Bahia.

z)   Esse moço confessa sua idolatria pelo golpe de 1964 – no que tem todo o direito, pois é questão de ideologia (p. 245/249).

O que não se admite são os seus juízos de valor sobre o Padre Cícero e sobre Antônio Conselheiro, juízos que merecem todo o repúdio por quem quer que tenha um mínimo de Consciência Cívica e de Amor à Verdade e à História!

Esgotei nessa especificação de erros todas as letras, de “a” a “z”, inclusive empregando as letras “k”, “w” e “y”, além de incluir num mesmo tópico mais de um equívoco do livro desse moço. Mas vale a pena citar ainda alguns disparates:

– ele afirma, erroneamente, que Benjamin Abrahão foi morto em Vila Bela – atual Serra Talhada (p. 273). Todo mundo sabe que Benjamin Abrahão foi assassinado na vila de Pau Ferro, atual Itaíba;

– ele se refere ao 28º Batalhão de Caçadores (28º BC), de Aracaju, como 23º... (p. 159);

– em seus desvarios, o autor “informa” que Maria Bonita foi ferida na vila de Serrinha “em abril de 1936” (p. 194-195).Foi não, Doutor. O fato, ocorrido em Serrinha do Catimbau (atual Paranatama, PE), se deu na madrugada do dia 20 de julho de 1935...

– na sua versão destrambelhada, esse moço diz que a cangaceira Cristina teria sido “acusada de ter traído seu amante Gitirana, num encontro amoroso com outro cangaceiro alcunhado Português” (p. 160-161). Mas é o contrário, Doutor: Cristina era a mulher de Português, e a traição dela foi com Jetirana (que o autor grafou “Gitirana”);

– o autor diz que em virtude desse fato, graças à intervenção de Corisco, “nada fizeram com a traidora” (p. 161). Está errado, Doutor. O bando deslocou-se para a fazenda Emendada, no município de Pão de Açúcar. No dia 21 de julho de 1938, Corisco mandou um cabra levar Cristina à beira do São Francisco, dizendo que Messias de Caduda estava esperando para levá-la a Propriá. Logo mais se ouviram gritos e tiros. Cristina foi morta por ordem de Corisco...

– afirma também que “No Carro Quebrado, na Bahia”, Lampião matou 9 trabalhadores “nos serviços da estrada de ferro” (p. 254). Estrada de ferro, Doutor?! Carro Quebrado é uma fazenda perdida nas caatingas de Curaçá, na Bahia. Nem estrada tem. Somente veredas, trilhas abertas pelos bodes. Nunca houve e certamente nunca haverá “estrada de ferro” por ali...

Vou parar por aqui a fim de poupar o autor de mais vexames.

JOSÉ BEZERRA

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Nos Rastros do Pajeú: Virgulino e os Nazarenos

Por: Manoel Severo
Cariri Cangaço visita a fazenda Poço do Negro

Revisitar os principais cenários do cangaço nos permiti aprofundar cada vez mais na busca dos fragmentos da verdade histórica, compreendendo a cada novo momento as origens e as repercussões, como também toda a capilaridade que acabou fazendo do cangaço um dos mais marcantes fenômenos de nosso nordeste. O Cariri Cangaço, mais uma vez "se embrenha caatinga a dentro" na busca dessa verdadeira saga sertaneja, e a partir de Nazaré do Pico... O Poço do Negro, Jenipapo, Ema...

Poço do Negro...

Logo após as primeiras refregas entre os filhos de Zé Ferreira e Zé Saturnino, quando não mais era possível à família Ferreira permanecer morando em Vila Bela; na Passagem das Pedras, acabaram mudando para o Poço do Negro, a cerca de 2 km do centro da vila de Nazaré. Ao se estabelecerem ali começaria um dos mais violentos e sangrentos conflitos que se tem notícia na historiografia do cangaço: Lampião contra os Nazarenos, Nazarenos contra Virgulino.

 Jair Tavares, Jorge Remigio, Narciso Dias, Manoel Severo e Netinho Flor no que restou da casa dos Ferreira no Poço do Negro.
Manoel Severo no local da antiga casa
Casa ao lado das ruínas do Poço do Negro: Telhas usadas 

"Zé Ferreira e os filhos vieram aqui para bem perto, na fazenda Poço do Nêgo, da velha Chica Jacoza, avó deles e dali pra frente só aumentou a briga com as família de Nazaré", assevera Ulisses Ferraz "Flor", filho de um dos mais destacados Nazarenos, Euclides Flor. "A casa ficava bem aqui, hoje só resta os escombros e restos de tijolos, as telhas, muitas delas foram aproveitadas na casa de taipa bem ali ao lado", comenta Netinho Nogueira mostrando o local onde havia a casa original da família Ferreira no Poço do Negro.

Jenipapo...

O Jenipapo, a cerca de 5 km do centro da vila de Nazaré, na estrada que liga Nazaré a Betânia aconteceu o célebre desafio de Virgulino e seus irmãos a João e Antônio Gomes Jurubeba. Eram idos de 1919 e Virgulino, juntamente com seus irmãos, Antônio e Levino, acompanhado de outros cabras se aproximaram da fazenda Jenipapo onde estavam retelhando a casa João e Antonio Gomes Jurubeba, ao que Virgulino falou: "Benção meu padrinho !" se dirigindo a João que se encontrava em cima da casa, que respondeu imediatamente: 

"Não sou padrinho de cangaceiro..." 

Ao que provocou a ira dos irmãos, principalmente de Antônio Ferreira que queria matá-los ali mesmo, mas foi contido por Virgulino. Naquele dia era escrito mais um capítulo da novela de ódio e sangue entre os Ferreira e o povo de Nazaré, ódio esse que se recrudesceria e teria repercussões anos a fio, inclusive com o incêndio e a depredação das propriedades do jenipapo e redondezas em 1926.

Antônio Gomes Jurubeba, pai de João Gomes de Lira, se encontrava ao lado do irmão, João Gomes Jurubeba; retelhando a casa do Jenipapo (foto abaixo).
 Jair Tavares, João Lucas, Netinho Flor, Manoel Severo, Jorge Remígio e Narciso Dias, no Jenipapo de João Gomes Jurubeba.

"Naquela época a maioria das famílias moravam por estas bandas, em Betânia, Ipueiras, Ema, e aqui no Jenipapo. Tinha casa aqui o Gomes Jurubeba e alguns membros dos Flor. Em 26 (1926) no ataque frustado de Lampião a Nazaré ele saiu incendiando tudo que encontrava pela frente, aqui no Jenipapo tocou fogo na casa de Gomes Jurubeba, de Euclides e Afonso Flor, não sobrou nada, animal, cerca, casa, tudo foi destruído pelo fogo." diz Netinho Nogueira.

 A emblemática Serra do Pico, patrona do nome da Vila de Nazaré "do Pico"; vista da fazenda Jenipapo
Cariri Cangaço visita o local onde outrora havia uma das casas de Gomes Jurubeba, destruída por Lampião em 1926

Acima um dos cenários da sanha de Lampião contra os Nazarenos. Em 1926 Lampião e seu bando incendiou as casas de Gomes Jurubeba, matando todos os animais e queimando cercas, fazendo o mesmo nas fazendas de Euclides Flor e Afonso Flor. Não houve vítimas, todos já haviam abandonado as fazendas e se refugiado na vila de Nazaré.

O pequeno Nazareno...

João Lucas "Flor"

Criança geralmente é cheia de graça e encanta a tudo e a todos. Em Nazaré uma inusitada surpresa: João Lucas, de 4 anos, filho de Netinho Flor e Nanci. O garoto, apesar da idade, é inexplicavelmente apaixonado pelas histórias de Lampião e dos Nazarenos. Ouve a tudo atentamente e ainda dá seus pitacos, adora as músicas de Luiz Gonzaga e dança um xaxado "arretado". Mas o pior, aliás, o melhor; foi quando fomos tirar fotos, reparem... João Lucas é a mais pura "reencarnação" de seus bisavós... Incrível como a postura, os braços arqueados, a forma de colocar o chapéu e o mais incrível, o olhar:"nazareno puro" . 

Narciso Dias e João Lucas

Se João Lucas houvesse nascido há 100 anos, sei não... O pai, Netinho Flor, me confidenciou "Severo, o menino é doido por arma !", vai entender... Realmente uma criança diferenciada, cheia de vida como os vivazes filhos do sertão, que maravilha. Levamos um DVD do Cariri Cangaço, presente para sua família, enquanto fomos ao Poço do Negro, João Lucas ficou se preparando para assistir. Quando voltamos ele saiu correndo de dentro de casa e logo falou: "Severo já assisti duas vezes"... Dizer mais o quê ? Viva o sertão ! Viva Nazaré do Pico !

Manoel Severo
Curador do Cariri Cangaço
Ribeira do Pajeú, 19 de Setembro de 2014

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