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sábado, 7 de junho de 2014

LIVRO CONTA A HISTÓRIA DO TRIO MOSSORÓ


Lançado no dia 6 de maio de 2014, em Mossoró, o livro MINHA HISTÓRIA de Oseas Lopes, Trio Mossoró a Carlos André, conta em detalhes a trajetória dos artistas mossoroenses que mais fizeram sucesso em nível Brasil, na década de 1960. Formado por três irmãos, Oseas Lopes, rebatizado artisticamente de Carlos André, mais Hermelinda e João Batista, o livro tem a apresentação de Raimundo Fagner e o prefácio de Luiz Vieira. Essa primeira edição sai pelo Projeto Rota Batida, da Fundação Vingt-un Rosado, da Coleção Mossoroense, sob o patrocínio da Petrobras, Governo do Rio Grande do Norte, e Cosern. Além da participação de Fagner e Luiz Vieira, o livro traz depoimentos de artistas, produtores e até do jurado José Messias, um dos maiores incentivadores do Trio Mossoró, ainda em início de carreira no Rio de Janeiro.

Trio Mossoró: Oseas, João e Hermelinda
      
O mais interessante na história dos três irmãos desbravadores, é o  início de tudo. Como um simples pintor de carroceria de caminhão, no caso Oseas Lopes, foi descoberto. Ele costumava cantar músicas de Luiz Gonzaga, enquanto pintava frisos nas carrocerias, pois sempre teve uma letra caprichada e elogiada pelos colegas de escola. E todo dia outro jovem como ele, passava a caminho do seu trabalho, uma emissora de rádio, e observava-o cantar. O ano era 1956 e o jovem locutor era o saudoso Canindeh Alves, com apenas vinte anos de idade, que ousou convidar o pintor, que tinha 17 anos, para cantar na festa de primeiro aniversário da Rádio Tapuyo. Oseas espantado com o convite, não entendeu direito, mesmo assim, levou Canindeh até sua casa e, com a permissão do pai, Messias Lopes, cantou para um auditório lotado e nunca mais pintou nada. Ali estava traçado seu destino de cantor, depois tocador de sanfona, compositor, produtor musical, dentre outros, do seu cantor inspirador, Luiz Gonzaga. 


Hermelinda, Oseas e João Batista
       
O livro também conta as tragédias que abateram dois filhos de seu Messias Lopes, primeiro Edson, funcionário da Petrobras, vítima de grave acidente numa plataforma; e Cocota, o maior seresteiro da cidade, assassinado por um menor,às vésperas de viagem para o Rio de Janeiro, onde se uniria aos irmãos e tentaria carreira solo.  

 João Batista, Hermelinda e Oseas

        
Quem quiser saber mais detalhes do sucesso do ritmo forró na região Sudeste, precisa ler a biografia do homem que mudou seu nome artístico para Carlos André, após gravar e estourar o sucesso Se Meu Amor Não Chegar, cujo refrão 'Eu hoje quebro essa mesa, se meu amor não chegar', gravado em 1974, vendeu um total de um milhão de cópias e ainda é executada em emissoras de rádio no Nordeste brasileiro.  
      
No livro, o registro fotográfico do Trio Mossoró, de Carlos André e sua família, amigos e a capa de todos os discos do Trio Mossoró, de sua carreira solo e dos artistas que ele produziu.    
     
O livro pode ser adquirido através do e-mail: 
emuribeka@uol.com.br 
com entrega via Correios ou a domicílio 
para Mossoró.      

http://www.luciarocha.com.br
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Lampião x Baronesa de Água Branca


Como ainda não dispunha de recursos que pudessem sustentar seu pessoal, Lampião mandou pedir certa quantia em dinheiro à Dona Joana Vieira de Siqueira Torres, baronesa de Água Branca, para a compra de provisões. Feita a colaboração, ela jamais seria incomodada novamente, nem por ele nem por qualquer um outro do cangaço; teria mandado dizer-lhe. 


A Senhora de Água Branca – município ao qual pertencia a Vila de Piranhas – entretanto, não atendeu ao seu pedido e, pior: mandou um recado desaforado pelo mesmo portador endereçado àquele que tentou extorquir de suas posses: 

“Diga a seu chefe que o dinheiro que 
tenho é para compra de munição com a qual pretendo arrancar-lhe a cabeça”. 

Depois, para se prevenir, pediu ao Governo da Província que mandasse reforçar a guarda de seu território com uma força policial mais equipada de homens e armas. 

Ao ouvir do mensageiro o recado da Baronesa, Lampião virou-se numa fera bravia, com vontade de esganar. E logo quis dar o troco: mandou comprar algumas redes e as preparou segundo os costumes locais de carregar mortos, onde um madeiro é colocado de um punho a outro, sendo carregado nos ombros por dois homens robustos. Preparou tudo com esmerado cuidado, seus homens vestindo-se como pessoas comuns do lugar, com roupas simples e chapéu de palha, descalços, ou arrastando sandálias leco-leco. Fuzis, punhais e cartucheiras eram carregados no lugar onde deviam estar os mortos, enrolados em panos untados com groselha para aparentar sangue, dentro das ditas redes. Dirigiram-se esses à porta da delegacia de polícia e, aos berros, um dos cabras, disfarçado, gritou para o soldado de plantão: 

“acuda, praça! Mande gente lá para as bandas do povoado da Várzea, que a cabroeira de Lampião está acabando com tudo ali; mataram estes daqui e ainda há mais gente morta aos montes. Ande depressa, homem de Deus!”

O despreparado soldado chamou imediatamente o corneteiro, que tocou reunir. Foi o momento propício para a execução do plano de Lampião: as armas foram retiradas das redes e empunhadas contra o pelotão policial, que já estava perfilado, pronto para sair à procura dos bandidos. Aí, enquanto a polícia era rendida, outra parte do grupo já havia entrado na cidade e agia no saque à casa da Baronesa. 

Irreverente, Lampião foi até ela e, fitando-a com severidade, soltou o vozeirão: 

- Então, Senhora Baronesa, vai arrancar-me a cabeça agora? Venha, vamos dá um volta pela cidade para que vosmecê e todos daqui saibam qui cum o capitão Virgulino não se brinca nem se manda recado desaforado”. 

E fez a respeitável senhora, dona de notório prestígio público, segurar seu braço e andar assim com ele desfilando pela cidade. – (este foi o primeiro de um sem-número de assaltos cometidos pelo bando de Lampião. Aconteceu em 28/06/1922, poucos dias depois que tinha assumido o comando do grupo de Sinhô Pereira, jovem ainda, aos 25 anos de idade).

Lampião - virou mito e a sua fama de herói – ou bandido – é difícil de ser apagada da memória do povo. Continua um vulto que se eleva pela coragem de enfrentar o latifúndio dos “coronéis”, dos donos das cabeças. Borravam-se todos ante a ameaça de Lampião. Este cobrava por suas vidas e aqueles pagavam para continuar vivendo. Viravam coiteiros e de certa forma cúmplices das atrocidades que se vinham cometendo em nome do cangaço por esses sertões afora, numa área de 700 mil quilõmetros quadrados, compreendendo sete estados: Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba Rio Grande do Norte e Ceará. Lampião subverteu a ordem das coisas. Latifúndios, (leia-se: “coronéis”, grandes fazendeiros) que durante séculos traziam o povo aos seus pés, pisando-os em cima, de repente viraram covardes, vivendo pela vontade daquele que realmente imprimia respeito e medo: Virgulino Ferreira da Silva, vulgo “Lampião”, cuja palavra era lei. Ele comandava uma pequena legião de 50 cangaceiros, enfrentando forças policiais cujos contingentes suplantavam a casa de 4.000 soldados em todos os territórios por onde passava.Durante as décadas de 20 e 30 o Cangaço (etnologicamente, gênero de vida levada pelos cangaceiros), correu a ruidoso galope pelas brenhas e caatingas do Sertão nordestino. 

3º da esquerda pra direita com seta vermelha - Padre que batizou Lampião.

Causava espanto e medo entre as às populações sertanejas, onde predominavam, de um lado, a aridez da terra, com suas caatingas brabas, de espinhos e chão esturricado e, do outro, a pobreza e a natureza rude do homem local, este já submetido a cruel sofrimento pelos rigores da seca. Por onde passava o cangaço ia deixando marcas de mortes, numa onda de violência tão brutal que causava desespero, tensão, angústia e medo; as pessoas somente se valendo da proteção de Deus e do “Padim Cirço” para sua salvação.

http://amigosdeaguabranca-alagoas.blogspot.com.br/2009/04/capitao-virgulino-o-lampiao-em-agua.html

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Conheça os livros do autor Rubervânio Rubinho Lima

Confira aqui os títulos já lançados e os que estão em fase de impressão.


Conversas do Sertão 
Rubervânio Rubinho Lima          
R$ 15,00 (Frete Grátis)
editora: Uefs
ano: 2009
estante: Literatura Brasileira
peso: 100g

descrição: Livro de contos repleto de histórias engraçadas e inusitadas que circundam o cenário do sertão e do sertanejo; Aproveitem para viajar nessas histórias divertidas; 115 páginas (ilustrado); ISBN:978-85-7395-183-7; Frete grátis para qualquer lugar; Mesmo que o site informe um valor de frete, o livro sairá para o leitor por apenas R$ 15, 00 já com o frete incluso; Entrarei em contato informando sobre o envio;;Forma de pagamento: Depósito Bradesco

Frete: Grátis


Regionalismo Sertanejo 
Rubervânio Rubinho Lima         
R$ 15,00 (Frete Grátis)
editora: Fonte Viva
ano: 2011
estante: Literatura Brasileira, teoria Literária
peso: 350g

descrição: Estudos que percorrem por aspectos ligados ao período do Regionalismo, na década de 30, com obras que retratam a seca, sertão, coronelismo, cangaceirismo, messianismo, na visão de autores como Graciliano Ramos, Raquel de Queiroz, Lins do; Rego, entre outros; Livo novo, 110 páginas, ilustrado; 
Forma de pagamento: Depósito Bradesco
Frete: grátis


Outras Conversas do Sertão   (novo)
Rubervânio Rubinho Lima
R$ 8,00 (Frete Grátis) 
editora: UEFS
ano: 2012
estante: Literatura Brasileira, contos
peso: 350g

descrição: Histórias engraçadas que seguem a linha do "Conversas do sertão", com causos que percorrem o cenário fantástico do sertão, trazendo situações inusitadas; Livo novo, 40 páginas, ilustrado; 
Forma de pagamento: Depósito Bradesco
Frete: grátis


Maria Bonita: Diferentes Contextos Que Envolvem a Vida da Rainha do Cangaço
João de Sousa Lima, Juracy Marques, Rubervânio Rubinho Lima, e outros
R$ 45,00
editora: Fonte Viva
ano: 2010
estante: História do Brasil
peso: 450g

descrição: Livro recém lançado que aborda alguns aspectos da cangaceira mais famosa, Maria Bonita, a Rainha do Cangaço; O livro é assinado pelos escritores João de Sousa Lima, Juracy Marques, Rubervânio Rubinho Lima, Edson Barreto e Antonio Galdino; Livro Lançado em Março de 2010; Ilustrado, 170 páginas; A ideia do livro surgiu durante o 1° Seminario Internacional sobre o Centenario de Nascimento de Maria Bonita; Título: Maria Bonita: Diferentes contextos que envolvem a vida da Rainha do Cangaço;
Forma de pagamento: Depósito Bradesco
Frete: R$ 6,00
Total: R$ 51,00

LANÇAMENTOS 2013


Lampião, cangaço e cordel   (novo)
Rubervânio Rubinho Lima
R$ 20,00
editora: EGBA
ano: 2013
peso: 450g

descrição: Este livro traz a representação do fenômeno do cangaço e de Lampião como elementos que caminham atrelados à história do cordel e da Xilogravura, em um paralelo ao processo de modernização da Literatura de Cordel, nos dias atuais, através do advento da internet, dos e-books e também dos sites de relacionamentos, sem perder a vitalidade das formas tradicionais de criação do cordel. Além disso, há uma tentativa de apontar a xilogravura como um elemento que, desde o seu surgimento até os dias atuais, além de engradecer os folhetos de cordel, tem assumido um lugar significativo no painel artístico mundial.
120 páginas, ilustrado.
Forma de pagamento: Depósito Bradesco
Frete: R$ 6,00
Total: R$ 26,00


A felicidade é uma gaiola aberta (poesia)

Rubervânio Rubinho Lima
R$ 15,00 (Frete Grátis)
editora: EGBA
ano: 2013
peso: 450g
descrição: Livro de poesias com incidências profundas a respeito da felicidade e de coisa cotidianas, tal qual uma gaiola aberta e suas grandes sugestividades.
80 páginas, ilustrado.
Forma de pagamento: Depósito Bradesco
Frete: Grátis

Peça pelo e-mail rubinholim@hotmail.com
ou ligue: (75) 8807-3930/9188-8181

http://www.conversasdosertao.com/2013/03/conheca-os-livros-do-autor-rubervanio.html

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Seu Atanasio Memória centenária do cangaço em Paripiranga

Por Kiko Monteiro

Dando continuidade aos registros de minha pisada junto com o confrade Narciso Dias por terras que ontem pertenciam a Paripiranga e hoje são de Adustina, tivemos mais uma grata surpresa ao sermos avisados da existência, eu diria até espetacular existência e presença de Seu Atanásio. Ele é mais uma testemunha ocular dos fatos lampiônicos no sertão baiano, e que para nossa sorte naqueles dias se encontrava em tratamento de saúde na casa da sua filha.

Ex vaqueiro e coiteiro assumido, Atanásio Gregório dos Santos já não enxerga à onze anos. Precisamente quando completou os 102 anos de idade... Hoje aos "111" desafia o tempo e o vento, sim, o homem nasceu em 05 de fevereiro de 1902. Com prova documental.


Garantiu lembrar de ontem como se fosse ainda ontem. Conversamos com ele por pouco mais de uma hora. Não foi fácil montar o seu depoimento. É preciso intimidade com o ritmo e expressões e corruptelas da fala dos nossos vizinhos de estado. E seu Atanásio nem sempre partia do inicio ou finalizava um episódio. Alguns capítulos ficaram pela metade, portanto sem validade para nossa publicação. Não poderíamos exigir muito, os fatos conhecidos e vivenciados por este baiano fecharam com chave de ouro a nossa tão proveitosa visita.


Pra início de conversa, ele nos disse que não era filho de Paripiranga, é natural de Bebedouro (atual cidade baiana de Coronel João Sá que pertencia à Jaremoabo). 

Que na verdade foi um coiteiro de dupla função, pois serviu aos dois lados da força. 

Na época do cangaço ele já residia nos Jardins  mesmo lugarzinho em que vive amparado pelos filhos, (atualmente o Jardins é um povoado do município baiano Sitio do Quinto). 

O que facilitou sua amizade com os cabras de Lampião foi o fato de ser casado com uma prima do cangaceiro "Saracura". Assinala que o grupo que dominava a região era justamente o de Ângelo Roque "O Labarêda" um cangaceiro manso e chefe de Saracura.

Saracura não, o Benício, que era um excelente vaqueiro e conforme a história, um sertanejo que revoltou-se ao ver seu pai quase invertebrado numa rede por conta de uma surra que tomou de uma força volante.

Confiram a data de nascimento no RG do "menino"

Ressalta que manteve boa convivência com policiais. Todavia ao botar na balança quem mais apreciava, deixa claro a sua simpatia pelo modus operandi dos cabras de Lampião. Afirma que presenciou muito mais atrocidades dos "Macacos". Afinal de contas...

 - "O que mais tinha na policia era vagabundo a procura de comida e dinheiro. Era uma época de secas terríveis e estas pessoas não tinham opção. A única alternativa era pegar em armas para perseguir cangaceiros. Mas a única coisa que a maioria sabia fazer era pilhéria, covardia de bater em pobres coitados. Enfrentar os cangaceiros como devia de ser... Ah! foram poucos".

L.A. - Sabendo que havia violência de ambas as partes, por que o senhor preferia lidar com os cangaceiros do que com as Forças?

- "Vamos dizer assim: Eu não fazia nem cara feia, nem corpo mole. A volante exigia que eu matasse um bode dos meus, eu atendia, eles comiam, enchiam o bucho, nem sequer agradeciam e iam embora. Já os cangaceiros pediam a mesma coisa, porem ao se fartarem pagavam pelo animal abatido. Aliás, eu ganhava de cinco a dez mil réis por qualquer favor prestado a cabroeira".

 L.A. - O senhor chegou a frequentar algum baile com os cangaceiros?

- "Fui dançar uma única vez um "pagode" convidado pelo próprio Ângelo Roque no Pinhão. Mas chegou uma força e teve tiroteio. Nesse dia não morreu ninguém, eu consegui fugir me arrastando pelo batente da choupana". 

 L.A. - E Lampião? 

- "Conheci demais, ele andou muito no sitio (Do quinto), aqui pelas matas de Paripiranga, também, tinha preferência pelos coitos na beira do rio Vaza Barris que corta a região".

A cada intervalo Seu Atanásio sempre repetia: - Tempo bom, meus amigos, é o de hoje.

Também pudera, o homem na condição de coiteiro, e de quem viu muito assombro e desmandos de toda a sorte no sertão pode fazer o comparativo.

Certa vez ele guiou a cabroeira até a casa de uma mulher chamada Josefa de Bispo que morava com três filhos no lugar chamado Quixaba. Ao perceber a fome que estes passavam, os cabras ruins do sertão num momento de benevolência (heroísmo) se compadeceram da situação e deram-lhes comida.

Mas certa feita esta mesma mulher achou de informar para a volante comandada pelo Sargento Balbino a localização do coito dos bandoleiros. O cangaceiro (cujo nome ele não recorda e prefere não sugerir) Tomou conhecimento da desfeita e a visitou mais uma vez, desta vez sem piedade nem tampouco caridade.

- "Ele cortou a língua dela com uma faca de ponta para servir de exemplo à  todos que não soubessem manter silêncio sobre suas presenças na região".

Pensam que o castigo lhe bastou? Dona Josefa revoltada e sem a língua para alcaguetar, apontava com o dedo a direção do bando para a volante. Ligeiramente engraçado? No cangaço nada é cômico. Essas "apontadas" ocasionaram em tiroteio e como nova represália os cangaceiros intimidaram a velha de vez, matando dois dos seus filhos.

Recordou um outro trágico episódio envolvendo gente que desafiou o perigo, narrativas que ouviu dos próprios executores.

O jovem Manoel Caetano, “Manoelzinho” era caçador e certa vez deu de cara com um coito de cangaceiros que se preparavam para tratar uma vaca. Ao voltar para casa ao invés de segurar a novidade resolveu procurar o sargento Balbino e delatar o local. Novo embate com a policia... Não tinha outro, eles já sabiam quem os havia entregado e juraram vingança contra o Manoel. Tempos depois Manoelzinho que pensava que era invisível descia as margens do riacho sozinho e deu de cara com um cangaceiro que o cumprimentou pelo nome, Manoelzinho desconfiado perguntou quem ele era, e o cabra identificou-se como Soldado do governo".

O caçador nem imaginava quem seria a caça, achou de fazer a média com o volante e foi proseando:

- Pois um dia destes, botei vocês no rastro dos bandidos, não mataram porque não quiseram.

- É verdade, mataram ninguém não, tanto que estou aqui conversando com você, seu filho de uma p... vais morrer agora mesmo.

Outros cangaceiros saíram do mato. Manoelzinho se ajoelha clama que poupem sua vida pois tinha uma boa quantia de dinheiro pra lhes dar.

- Tenho pra vocês um conto e quietos réis...

Trato aparentemente aceito, mas o levaram e mantiveram-no prisioneiro no coito e no final da tarde o mataram a punhaladas e deixaram o cadáver exposto em outro ponto da mata. Paisanos que passavam pelo local ao se depararam como aquela cena medonha e fugiram esquecendo-se das montarias.

Atanásio tira sem dificuldade mais coisas da sua centenária e incrível memória

Conta que conheceu "Mariquinha" prima de Maria Bonita e companheira de Ângelo Roque.

[Mariquinha também era natural de Jeremoabo e foi assassinada por Odilon Flor no lugar Riacho do Negro, (diz que na época o lugar também foi conhecido por Curral do Saco)juntamente com os cabras Pé-de-peba e Chofreu. Quem participou desta diligencia e está vivo para contar esta história é o ex volante Gerson Pionório entrevistado por João de Sousa Lima Leia Aqui ]

Cruzes dos cangaceiros mortos no Riacho do Negro - Foto: João de Sousa Lima

E que em 1938 após o massacre, descobriu que dois sobrinhos dele estavam junto com Lampião em Angico. Um deles recebeu o vulgo de "Zeppellim" e o outro não lembra, mas enfim, era o Pedrinho. Os dois conseguiram escapar. permaneceram escondidos durante seis meses no povoado Caraíbas (Divisa entre Adustina e sitio do Quinto).

- "O Pedrinho tinha um ferimento de bala na coxa que ele tratou com farinha molhada".

 L.A. - E o senhor? não chegou a ser convidado para pegar em armas e acompanhar os cangaceiros? 

- "Com os meninos? Não, mas cheguei a marchar com Zé Rufino algumas vezes na persiga de cangaceiros". Recebi um fuzil e uma recomendação dele -"Se ver alguém não seja doido de atirar, espere minha ordem".

Seu Atanásio disse que também serviu como coiteiro do célebre Corisco.

L.A. - E Dadá, o senhor lembra dela?

- "A Dadá? Ah ali era uma “cabocla positiva”. Uma vez eu pesquei não sei quantos quilos de Jundiá pra ela e pra Corisco... Conheci o "Balão" e o Mariano quando ele era comandado pelo diabo Loiro... e outros e outros".

"Esse depoimento foi gravado no dia 2 de julho de 2013 e escrito dois meses depois. Antes de publicá-lo eu precisava me certificar da condição atual do nosso entrevistado. Hoje, 07 de junho de 2014 mantive contato com o nosso amigo e anfitrião professor Salomão que foi buscar noticias junto a filha de Seu Atanásio e ela nos assegurou que: Aos "112 anos" o pai dela está vivendo seus últimos dias, meses, ou quem sabe até anos no rancho dele lá no Sitio do Quinto".

Kiko Monteiro é pesquisador do cangaço e administrador do blog: 
http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2014/06/seu-atanasio.html

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O dia em que Maria fez Lampião tremer de amor

Por Xico Sá

Dia Internacional da Mulher, dia de aniversário de Maria Bonita. Essa menina que enjoou da boneca mais cedo do que as outras. Essa baixinha invocada. Tipo que a gente gama pela brabeza e pelo destemor de se jogar lindamente sob o solzão estralado da existência.

Pense em uma mulher bem-resolvida, meu caro Sigmund. Melhor: uma mulher que sabia o que queria no calor da hora. Repare a enquadrada que ela dá em Virgulino:

– Como é, quer me levar ou quer que eu lhe acompanhe? –sapecou a baiana, idos de 1929, dos 18 para 19 anos, deixando Lampião, acossado, risinho amarelo fora dos beiços.

Foi a primeira cantada de uma mulher em um homem no Nordeste brasileiro. Reza a lenda e quem tiver sua realidade que não me venha botar gosto ruim na história.

O temido bandoleiro, que já havia deixado um rastro de sangue pelos sertões, estava diante de uma mulher que o fazia tremer como vara verde de canafístola:

– Como você quiser, Maria; eu também quero. Se estiver disposta a me acompanhar, vambora” –respondeu, assombrado com a danação da pequena.

E lá estava formado, com esse diálogo fumegante, o casal mais lendário do Nordwestern -Bonnie & Clyde é muito pouco quase nada diante das aventuras desta parelha.

A moreninha mignon, olhos enfeitiçadores –charmosamente estrábicos, como amo isso!–, era a primeira fêmea a participar de um bando de cangaceiros, uma história dominada pelos homens desde que o século 18, quando o pernambucano José Gomes (1751-1776), o Cabeleira, deu início a este ramo.

O pioneirismo de Maria Gomes de Oliveira enfrentou resistência. A suspeita dos cabras de Lampião era que a presença feminina enfraqueceria o cangaço, facilitando a captura dos fora-da-lei por parte das forças policiais ou “volantes”, como eram conhecidas.

“Homem de batalha não pode andar com mulher. Se ele tem uma relação, perde a oração, e seu corpo fica como uma melancia: qualquer bala atravessa”, declarou o cangaceiro Balão.

O sociólogo e psicanalista cearense Daniel Lins, no seu livro “Lampião, o Homem que Amava as Mulheres” (ed. Annablume) mostra o contrário. A tropa ganhou mais força com a presença delas.

Um depoimento do bandoleiro Volta Seca -um excelente compositor, aliás -sustenta o argumento: “Elas se mostravam sempre corajosas, era raro que criassem problemas”.

Há quem entenda a participação de Maria Bonita e suas amigas, companheiras de outros integrantes do bando, como um marco precursor do feminismo no Brasil. Faz todo sentido.

“Pela primeira vez na história, as mulheres dividiam as tarefas com os homens igualitariamente. E o comprimento da saia subiu para acima do joelho”, diz um dos principais especialista do ciclo do cangaço, o historiador Frederico Pernambucano de Melo, autor do clássico e imperdível (mesmo!) “Guerreiros do Sol” (ed. Girafa). Leia, Lola, leia.

Quando conheceu Virgulino Ferreira, na fazenda Malhada do Caiçara, hoje município de Paulo Afonso (BA), onde Lampião se refugiava, Maria era casada, desde os 15, com o sapateiro José Miguel da Silva, o Zé de Neném, contra quem pesava, coitado, naquele cenário machista, a suspeita de ser estéril.

A convicção que estava diante do amor da sua vida foi fatal para o fim do primeiro relacionamento de Maria Bonita.

Dai por diante o rei e a rainha do cangaço se grudaram, entre batalhas, dengos e cafunés –um capricho de Virgulino–, durante nove anos, até que a morte os separou, em 28 de julho de 1938, quando Lampião foi assassinado pela PM e Maria, degolada, na mesma ocasião, na gruta de Angicos, em Poço Redondo, Sergipe. Fim do romance, jamais do amor e da lenda.

De profundis: Se você quer saber mais sobre todas estas danações, leia, além de Frederico e de Daniel, acima citados, “A dona de Lampião”, livraço, narrativa com boniteza e arrojo, da escritora Wanessa Campos, de Triunfo  (PE) para o mundo.

Querem mais dois bons, para instigar o juízo e o conhecimento sobre esse tema mais do que fascinante? Lá vai: “Lampião – as mulheres e o cangaço” (ed. Traço), de Antonio Amaury;  “Os Homens que Mataram o Facínora – A História dos Grandes Inimigos de Lampião” (Record), de Moacir Assunção.


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Mané Félix o último coiteiro que teve contato com Lampião na noite do dia 27-07-1938


Durante muito tempo conviveu com "Lampião", sendo por ele encarregado da aquisição de mantimentos na feira de Piranhas, no Estado de Alagoas, do outro lado do Rio São Francisco, bem à frente de Canindé.

Manoel Félix como a grande maioria dos moradores de Poço Redondo/SE de uma certa idade, viu de perto "Lampião", a quem jamais traiu ou temeu, porque dele ignora qualquer crueldade praticada na região contra os que ali viviam, o que não acontecia, porém, com as "volantes", temidas e odiadas pela barbaridade de seus integrantes que, no afã de compensarem sua incapacidade em descobrirem o bandoleiro, martirizavam com seus impiedosos tratamentos a quantos julgavam "coiteiros".

Manoel Félix, amigo particular de Virgulino Ferreira da Silva, a quem reconhece "um homem fino e educado", embora lamentando o seu trágico fim, "porque um homem como Lampião não devia morrer assim", confessa ter sentido "uma frescura de alivio no espinhaço" ao certificar-se de sua morte, pois, mais dia, menos dia, sabia que também ele acabaria torturado pelas desumanas "volantes".

Seu depoimento gravado, que nos prestou em Poço Redondo/SE, percorrendo em nossa companhia os principais pontos por onde "Lampião" passou, é o maior documento que pode existir sobre os últimos dias do "Governador do Sertão".


Fonte: facebook
Página: Paulo George 


Fonte: Fcebook
Página: Rubens AntonioO Cangaço

Postado por Adryanna Karlla Paiva Pereira Freitas

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Professora Sergina Leão

Por José Mendes Pereira
Dr. José Araújo, ex-diretor da "União Caixeiral, Aluízio Alves, ex-governador do Rio Grande do Norte, Maysa Almeida Costa, Elza Senna, Irmã Socorro, Sueli Freire e a professora Sergina Leão. 1966 - http://www.azougue.org/conteudo/dobumba235.htm

Durante o período em que frequentei escolas como aluno eu tive vários tipos de professores com personalidades diferentes uns dos outros como: alguns amigos dos alunos, outros nem valorizavam a sua classe, no sentido de ter uma melhor aproximação com as turmas; outros um tanto quanto rígidos, ignorantes, e cobravam até o que pouco havia explorado em sala de aula; outros com sorrisos francos, mas que na verdade eram uns verdadeiros inimigos dos alunos. Mesmo com suas manias presentes, todos eram bons professores, com bagagens para todos os níveis escolares, muito embora alguns tinham as suas dificuldades, talvez por não terem as assistências necessárias para explanar uma melhor aula aos seus discípulos.

Mas como a professora Sergina Leão que lecionava geografia na "Escola Técnica de Comércio União Caixeiral", desconheço alguém, que na mesma época, tinha uma bagagem de conhecimentos sobre a matéria que ensinava. Sergina Leão dominava a matéria como ninguém, e usava seus planos de aulas apenas para mostrar que era organizada. Mas, no momento que ela iniciava escrever na lousa o conteúdo, não necessitava deles. Após o conteúdo escrito na lousa, ela iniciava a explicação, que muitas vezes, alunos de outras classes, ficavam por fora das janelas,  ouvindo as suas explanações sobre o conteúdo. 

 Escola Técnica de Comercio União Caixeiral - blogdetelescope.blogspot.com

Sergina Leão era irmã de um dos melhores médicos cardiologistas de Mossoró, Doutor José Leão, e do empresário Pedro Leão, sendo que este último, o leitor já tem lido neste mesmo blog as suas façanhas como: "Seu Pedro Leão e o alicate", e ainda: "Seu Pedro Leão e as tampas de garrafas". ambas escritas por mim.

Sergina Leão foi uma professora que nunca deu mole aos alunos. Sempre mantinha a rigidez de cobrar na prova tudo que ela havia passado em sala de aula. De forma alguma, não perdoava, se por ventura, visse algum aluno tentando se beneficiar com colas. De imediato, o aluno colador, tinha que se retirar da sala de aula, e aguardar uma nova oportunidade, e desta vez, faria a prova sozinho, observado por ela. Dona Sergina não admitia que secretárias da escola observassem alunos no momento da sua prova, ou posteriormente. Quem aplicava seus testes e provas aos seus alunos, nada mais do que ela.

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Certa feita, quando eu era seu aluno. Ela passou um trabalho para minha turma, mas este era individualmente, isto é, cada aluno teria que fazer o seu, e em aulas seguintes, cada um era obrigado apresentar o que aprendera para toda a turma. E como neste período eu havia saído do orfanato que eu morava, e estava passando por grandes dificuldades financeiras, morando sozinho no Sindicato da Lavoura em Mossoró, e tentando me adaptar a nova vida que ganhara, e não estava com condições de apresentar o trabalho, tentei enganá-la, dizendo-lhe que eu estava cirurgiado e não tinha condições para fazer a apresentação na lousa. Ela aceitou as minhas desculpas, mas na seguinte condição: Eu teria que fazer a prova oral, já que na lousa eu não tinha condições de escrever, e depois explanar o conteúdo.

Enganei-me por completo. Eu esperava que as perguntas fossem fáceis. Dona Sergina Leão fez perguntas tão difíceis e não atingi a média. Fui reprovado direto. Malvada! Mas a professora Sergina Leão foi uma grande professora de Mossoró.

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