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quarta-feira, 28 de maio de 2014

Dadá esposa do lendário Corisco


Esta foto eu ainda não a conhecia. Veja que eu ainda não sei de nada sobre o cangaço. São muitos e muitos fatos sobre o cangaço que ainda não chegaram ao meu conhecimento. O estudo do cangaço ainda é novidade para muitos estudantes. mas aos poucos, a gente irá tomando conhecimento. E veja que desde 2008 que venho nessa luta, querendo saber um pouco sobre o cangaço. É vasto o estudo cangaceiro.

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A primeira eleição municipal (1892/1895): Barão do Pajeú

Fotografia do coronel Andrelino Pereira da Silva (Barão do Pajeú), o 1º prefeito de Serra Talhada (1892/1895). Durante cerca de 30 anos ele comandou a politica de nossa cidade, onde conseguiu eleger com seu apoio os primeiros quatros prefeitos municipais.

Com advento da república em 15 de novembro de 1889, o Brasil entrou em ebulição política. No Estado a força política de maior expressão era o Barão de Lucena, magistrado conservador que já havia presidido o governo pernambucano e que matinha amizade com a Princesa Isabel, a redentora, filha do Imperador D. Pedro II. Forçado a abdicar ao torno, o Imperador saiu do país e foi morrer de desgosto na Europa. Amigo e homem forte do marechal Deodoro da Fonseca, o Barão de Lucena indicou para o governo de Pernambuco o general Simeão de Oliveira, que governou com mão de ferro. Na cidade de Villa Bella (Serra Talhada) os antigos liberais se dividiram em dois grupos políticos, os republicanos católicos e os republicanos democratas que mantinham a força política que por hora chegava ao poder, porém, em nosso município a força política dos conservadores torno-a um fator decisivo para a consolidação do poder republicano no sertão pernambucano. Amigo e correligionária política do Barão de Lucena, a família Pereira, que se acomodava no Partido Conservador, viu o poder que por hora tinha saído de suas mãos, voltar para a mesma, com a escolha do coronel Andrelino Pereira da Silva para presidente da junta governativa municipal, em 1890. Ao lado de Braz Nunes de Magalhães (republicano católico) e Manoel Lopes de Barros (republicano católico), o coronel Andrelino Pereira conseguiu no ano seguinte, em 1891, a nomeação do Dr. Joaquim Gonçalves Lima (conservador em idade avançada e correligionário de longa data da família Pereira) para o lugar de Manoel Lopes de Barros, e a remoção do juiz de direito Dr. João Laudelino Dorneles Câmara para a Comarca de Palmares, ficando em seu lugar o 1º suplente de juiz, tenente Galdino Gonçalves Lima, irmão do Dr. Joaquim Lima.

Fotografia antiga da Praça Agamenon Magalhães (Praça da Concha Acústica), o marco zero de nossa cidade. No final do século XIX, essa praça era o local onde era realizada a feira semanal, como também, onde se concentrava o conselho municipal, o fórum e a prefeitura de Villa Bella (Serra Talhada).

Homem que dominou o poder municipal nos últimos 25 anos, com interrupções, e agora bastante forte na junta governativa ao qual era o presidente, o coronel Andrelino Pereira da Silva (Barão do Pajeú) resolveu aderir a causa republicana e entrou ele com seus correligionários no Partido Republicano Democrata (PRD), lançando-se ao cargo de prefeito municipal em 15 de agosto de 1891, para o primeiro pleito de nossa história. Não concordando com a entrada do Barão do Pajeú na causa republicana, a família Magalhães se reuniu com a família Carvalho, Nogueira e Andrada e entraram no Partido Republicano Católico (PRCA), lançando para o cargo de prefeito municipal o major Sebastião José de Magalhães Lopita, de tradicional família de nosso município e bisneto direto do fundador Agostinho Nunes de Magalhães. Chegando o dia do pleito municipal, em 30 de setembro, o Barão do Pajeú enfrentou pela primeira vez um bate-chapa contra um grupo de ex-correligionários e adversários históricos, tendo no coronel Antônio Alves da Fonseca Barros, da Barra do Exu, seu principal opositor, devido ao sogro do mesmo, Dr. Tiburtino Barbosa Nogueira, está ausente exercendo o cargo de juiz de direito em Brejo Santo (CE). Nesta eleição o eleitor votava nos cartórios eleitorais, que funcionavam nas casas dos candidatos a prefeitos, no conselho municipal na sede da cidade e nas zonas eleitorais que funcionavam em casas dos distritos de São Francisco e São Domingos, além das fazendas Saco, Carnaúba, Barra do Exu, Escadinha, Juazeirinho, Belém, Sitio Novos e Pitombeira. Nessa eleição os eleitores poderiam escolher o nome de 4 candidatos votando neles até 3 vezes, e mais 1 candidato com 1 voto apenas, além de escolher o nome do prefeito e do subprefeito.

Realizada a eleição, a junta eleitoral publicou e reconheceu o resultado, tendo sido eleito o 1º prefeito de Serra Talhada (1892/1895), o coronel Andrelino Pereira da Silva (Barão do Pajeú), do Partido Republicano Democrata, com 104 votos, contra o seu adversário, major Sebastião José de Magalhães Lopita, com 66 votos. Para sub-prefeito foi eleito o tenente Galdino Gonçalves Lima, com 106 votos, na chapa do Barão do Pajeú, contra os 66 votos de Pedro Gomes de Andrada, da chapa do major Sebastião Lopita. Para o conselho municipal foram eleitos os vereadores Manoel Sebastião Pereira da Silva (Baião da Aldeiota), Antônio Andrelino Pereira da Silva (filho do Barão do Pajeú), Henrique de Souza Melo (patriarca da família Melo), Francisco Galdino Gonçalves Lima (filho do tenente Galdino Lima), partidários do PRD, do Barão do Pajeú, todos com 104 votos. A oposição concentrou a votação no tenente João Cosme de Magalhães (sobrinho do major Sebastião Lopita), partidário do PRCA, que atingiu o coeficiente de 104 votos, prevalecendo assim 5 conselheiros municipais. Para titulo de curiosidade, tivemos ainda candidatos ao conselho pela oposição o coronel Antônio Alves da Fonseca Barros (pai do ex-prefeito, coronel Chico Alves), Tibúrcio Valeriano Gomes de Lima (pai dos ex-prefeitos Cornélio Soares e Methódio Godoy), João Martins Torres (coletor estadual na época) e Manoel Joaquim Madeiro, todos com 66 votos, além, do major Manoel Pereira da Silva e Sá (sobrinho do Barão do Pajeú) que também não conseguiu ser eleito, atingiu como os demais, os 66 votos.

Período (15/11/1892 até 15/11/1895)
Prefeito: Andrelino Pereira da Silva (Barão do Pajeú)
Sub-Prefeito: Galdino Gonçalves Lima
Conselheiros Municipais: Manoel Sebastião Pereira da Silva (presidente); Antônio Andrelino Pereira da Silva (vice-presidente); Henrique de Souza Melo (1º secretário); Francisco Galdino Gonçalves Lima e João Cosme de Magalhães.

Nota: blogdomendesemendes - Se não estou enganado o Barão do Pajeú era tio avô de Sebastião Pereira da Silva, o cangaceiro Sinhô Pereira.

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Dominguinhos – O Neném de Garanhuns


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O mais novo livro sobre o cangaceiro Jararaca

Autor Marcílio Lima Falcão

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Marcílio Lima Falcão é professor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), mestre em História Social pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e atualmente faz doutorado em História Social na Universidade de São Paulo (USP). Suas principais áreas de pesquisa são a História Social da Memória, Religiosidade e Movimentos Sociais no Brasil Republicano.

Enviado pelo poeta, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueana Kydelmir Dantas.

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Livro na praça - Lampião em Alagoas

Autores: Clerisvaldo B. Chagas e Marcello Fausto

O livro tem 468 páginas.
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Quem matou Delmiro Gouveia?

Autor: Gilmar Teixeira

Contatos: 
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Valor: R$ 30,00 + R$ 5,00 de Frete.

Disse o pesquisador Guilherme Machado do: http://portaldocangaco.blogspot.com:


O livro é um clássico do romance nordestino: Quem Matou Delmiro Gouveia? Lançado em 2010 Paulo Afonso Bahia.

Gilmar Texeira Santos nasceu no dia 27 de Julho de 1961, no povoado de Olhos D' Água de Sousa no município de Glória Bahia. Gilmar é um eterno apaixonado pela saga nordestina, do cangaço ao mamulengo do folguedo ao Vaqueiro. Gilmar Teixeira pesquisador, escritor e cineasta, também é membro da Academia de Letras de Paulo Afonso, e do (IGH-MSP)  Instituto Geográfico e Histórico de Paulo Afonso. Quem Matou Delmiro Gouveia?" 
Do   pesquisador e escritor Gilmar Teixeira. A obra promete trazer luz a um dos mais polêmicos episódios do começo do século passado, quando um dos mais ousados empreendedores da história do nordeste, o cearense de Ipu, Delmiro Gouveia é alvejado à bala na varanda de seu chalé, no final da tarde, na localidade de Pedra, atual Delmiro Gouveia.

O livro é uma verdadeira odisseia na busca da elucidação dos fatos, confrontando depoimentos e notícias da época, rastreando fatos que passaram despercebidos quando ainda no calor dos acontecimentos. Vale a boa leitura e o conhecimento dos registros. Agora é esperar o lançamento do livro de Gilmar Teixeira e colocar mais lenha na fogueira das "mentiras e mistérios" das histórias do nordeste.  Acima ver-se o livro do escritor e mais abaixo,  Gilmar Texeira e Guilherme Machado.

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Enquanto não vem cangaço - INTERNADO COM INFECÇÃO, ZAGALLO PODE PERDER COPA

Por Felipe Rosa Mendes

São Paulo (AE) – Dono de quatro títulos mundiais com a seleção brasileira, Mário Jorge Lobo Zagallo está internado no Hospital Barra D’Or, no Rio de Janeiro, com uma infecção na coluna. O ex-jogador e ex-técnico de 82 anos tem previsão de ser liberado em uma semana, mas corre o risco de perder os jogos do Brasil na Copa do Mundo.

De acordo com seu filho Mario Zagallo, o tetracampeão está fazendo tratamento com antibióticos para eliminar a infecção por bactéria. Ele está internado no quarto desde segunda-feira e não inspira maiores cuidados, apesar da preocupação de familiares e amigos.

A previsão inicial dos médicos é que Zagallo seja liberado na próxima segunda-feira, dia 2 de junho, a 10 dias do início do Mundial. “Quando tivermos novidades, vamos avisar”, declarou o filho do tetracampeão mundial.

Se não se recuperar a tempo, Zagallo poderá ficar fora da partida de abertura do Mundial, entre a seleção brasileira e a Croácia, dia 12, em São Paulo, no Itaquerão. Convidado de honra da CBF, o tetracampeão terá a sua disposição um jatinho para assistir a todos os jogos do Brasil na Copa.

Zagallo participou das duas primeiras conquistas mundiais do Brasil, em 1958 e 1962, como jogador. Em 1970, sagrou-se tricampeão como treinador da seleção. E, em 1994, foi auxiliar-técnico de Carlos Alberto Parreira, atual coordenador técnico do time brasileiro.


http://www.emresumo.com.br/2014/05/27/internado-com-infeccao-zagallo-pode-perder-copa_13316.html utm_source=HomePortal&utm_medium=baixaki

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Influencias Quando Lampião veio para a festa

Autor – Rostand Medeiros

Era uma época onde o rádio se popularizava, mas os cariocas ainda sabiam dos acontecimentos do seu país e do mundo pelas várias edições diárias dos inúmeros periódicos que circulavam pela então Capital Federal. Já a distração era ocupada em grande parte pelo crescente futebol pré-Maracanã, pelos cinemas e os inúmeros teatros, onde os espetáculos do chamado teatro de revista eram muito populares[1].

A figura do temido cangaceiro em uma peça do Teatro
de Revista do Rio de Janeiro


No início do século XX este tipo de apresentação teatral apresentava entre outras coisas aquilo que era considerado picante ou obsceno. Tinha a intenção de agradar o público de maneira abrangente, a que preço fosse. Nessa época o teatro popular era a maior diversão e o teatro de revista era o principal polo da cultura popular.

Típica cena de teatro de revista no Rio de Janeiro – Fonte – http://cifrantiga3.blogspot.com.br/

Com a Primeira Guerra Mundial o Brasil ficou separado do resto do mundo, sem receber influências do estrangeiro, e cada vez mais o teatro de revista nacionalizava-se, entrelaçando a música popular de forma estreita e indissolúvel. Afastando-se do modelo luso-francês surgiu uma nova fórmula onde a melodia passou a ser parte integrante do conjunto. O teatro popular havia adquirido um perfil tipicamente nacional iniciando uma nova fase na História Social da cultura brasileira. Havia neste contexto espaço para as criações regionais, colocando no palco personagens sertanejos.

No Rio de Janeiro a dupla Jararaca e Ratinho passa a fazer teatro de revista em 1929. Estes artistas faziam números mistos de músicas e piadas, explorando canções sertanejas, o humor, melodias, o trocadilho, as adivinhações, as críticas e sátiras políticas[2].

Renascendo das Cinzas
O imigrante italiano Pascoal Segreto, um descobridor de talentos, portador de uma visão empresarial extraordinária, mantinha várias companhias. Ele investiu no teatro de revista, sendo chamado pelo ator Procópio Ferreira de “papa do teatro brasileiro“. O seu principal empreendimento teatral foi a Companhia de Operetas, Mágicas e Revistas do Teatro São José, este também de sua propriedade[3].


Em 12 de setembro de 1931, com o São José funcionando como cine-teatro, após a apresentação de “Amores e Modas”, de Mauro de Almeida, quando tinha início o filme “A minha noite de núpcias”, de Leopoldo Fróes, o prédio pegou fogo, só ficando de pé a fachada e as escadas laterais da sala de espera.

Intentando criar a casa da canção nacional, o dançarino e produtor Duque, em parceria com Segretto, aproveitou a parte não incendiada do teatro e instalou a Casa de Caboclo, reproduzindo a morada do nosso tabaréu: o madeiramento rústico, de paus toscos, coberturas de sapé, formando frisas e camarotes; palco e uma varanda de casa da roça, ao fundo[4].

Pascoal Segretto – Fonte – Wikipidea.org

No periódico carioca “Correio da manhã”, de 10 de setembro de 1932, as impressões da nova companhia de revista do Rio de Janeiro foi de certo espanto com o fato que tudo ali apresentado era “brasileiro”. Comentaram que “tudo é nosso: toadas, a suavidade das modinhas, desafios”. A apresentação de espetáculos tipicamente brasileiros não era novidade no Rio, mas a Casa do Caboclo chamou a atenção de maneira positiva da imprensa e do público.

Atores e Músicos de Primeira Qualidade
Dentro da estrutura clássica, entre quadros cômicos, sambas e marchinhas carnavalescas, a tônica dominante incidia no humor caipira, como por exemplo, as famosas imitações que Jararaca e Ratinho faziam de Getúlio Vargas e Washington Luís.


Em 1922 os Turunas Pernambucanos desembarcavam no Rio de Janeiro. Entre eles, Jararaca (o terceiro sentado à direita) e Ratinho (de pé, à esquerda, com o clarinete). 

Pela foto podemos ver que o carioca conheceu a roupa e o imaginário dos cangaceiros ainda no início da  década de 1920 – Fonte – http://mpbantiga.blogspot.com.br/

Certamente que uma das razões deste êxito estava nos atores, atrizes e músicos que ali se apresentavam. Muitos destes fazem parte de qualquer trabalho referencial sobre as artes no Brasil. Além de Alvarenga e Ranchinho estava na companhia uma jovem atriz de 25 anos, chamada Dolores Gonçalves Costa, mas que ficou conhecida como Dercy Gonçalves. No grupo de músicos um negro forte, que era flautista, saxofonista, compositor, arranjador e se chamava Alfredo da Rocha Vianna Filho, mas já era conhecido como Pixinguinha. Dois anos depois da companhia inaugurada foi contratada uma jovem de apenas 16 anos, chamada Vicentina de Paula Oliveira, mas que já se apresentava artisticamente como Dalva de Oliveira. Neste mesmo ano Francisco José Freire Júnior, mais conhecido como Freire Júnior, estreou na Casa de Caboclo com a revista “Carnaval do sertão”, de autoria de Duque.

O Nordestino Mais Comentado no Rio
Em uma entrevista ao jornal “Diário da Noite” (Ed. de 5/7/1933, pág. 3), Duque comentou que seu sucesso em terras estrangeiras se devia muito ao nosso folclore, as características das raízes do Brasil, mas que para ele era muito pouco conhecido pelo público brasileiro em geral. Por isso a razão de criar aquela companhia teatral. Para Duque, tudo que fosse regional e chamasse atenção deveria ser apresentado na Casa do Caboclo. E se havia algo que vinha do Nordeste e repercutia com força nos jornais cariocas, eram as ações do cangaceiro Lampião e seu bando.

Antônio Lopes de Amorim Diniz Miranda, o Duque.

Mesmo atuando em uma região onde a infraestrutura era quase nada, as comunicações precárias, o apoio do Governo Federal mínimo, as peripécias e façanhas de Lampião eram publicadas quase diariamente em alguns periódicos cariocas.

O nome de Lampião tomou outra dimensão no Rio quando, no primeiro semestre de 1931, o capitão do Exército Carlos Chevalier, piloto da Aviação Militar, decidiu criar uma expedição militar ao interior nordestino. Pensava em utilizar aviões e aparato bélico moderno para caçar e matar o “Rei dos Cangaceiros”. Esta pretensa ação militar causou muito estardalhaço na imprensa e no meio do povo. Logo voluntários esbravejando muita valentia apareciam nas páginas dos jornais querendo pegar em armas. O negócio teve tal alcance que o plano foi apresentado a Osvaldo Euclides de Sousa Aranha, então ministro da justiça. Homem inteligente e capaz, mas certamente por ser gaúcho de Alegrete e desconhecer o sertão nordestino, Aranha caiu como um verdadeiro pato nesta maluquice desenvolvida pela mente necessitada de holofotes de Carlos Chevalier[5].

O inusitado plano encheu as páginas dos jornais cariocas, mas jamais saiu do papel para a ação prática. O capitão se tornou motivo de piada e Lampião se tornava cada vez mais conhecido na Capital Federal. Com um nome tão popular entre os cariocas, logo Lampião e o cangaço seriam atrações na Casa do Caboclo.

Lampião Vem Para a Festa

A peça foi promovida e dirigida por Duque. No final de agosto de 1933 ele divulga na imprensa que em breve estrearia “Lampião chegou ao arraiá”.


A primeira apresentação ocorreu no sábado, 26 de agosto. Segundo os jornais cariocas o autor e diretor buscou explorar “a popularidade trágica do célebre cangaceiro nordestino”, mas sem esquecer o lado cômico, reservando aos espectadores “uma surpresa engraçadíssima” durante as cenas. Infelizmente os jornais não detalharam como seria o enquadramento deste contraste entre “a popularidade trágica” envolvendo a figura de Lampião, com “uma surpresa engraçadíssima”. Mas pelo próprio nome da peça “Lampião chegou ao arraiá”, deveria ser uma cena que evocaria uma chegada inesperada do cangaceiro em meio a festejos juninos. Mas isso é pura especulação!

Para promover a peça a “troupe” da Casa do Caboclo decidiu realizar uma “passeata” pela Praça Tiradentes, onde se encontrava o Teatro São José, inclusive com os atores montados em alimárias. 

Pela foto (acima) existente deste evento, podemos ver que o nível de reprodução cenográfica das roupas e equipagens do grupo de cangaceiro de Lampião ficou muito a desejar.

Nesta época Lampião e outros cangaceiros já haviam sido fotografados e, aparentemente pelo sucesso da companhia teatral, o problema desta cenografia tão limitada não foi dinheiro. Provavelmente tinha mais haver com a ideia de “Lampião chegou ao arraiá” ser uma peça cômica, onde o detalhamento não merecia a devida atenção.

Conclusão
“Lampião chegou ao arraiá” foi, como a maioria do trabalho desenvolvido por Duque na Casa do Caboclo, um sucesso. Ela não sofre nenhum processo de censura e nem os jornais tratam das apresentações de forma negativa. Mas igualmente não trazem maiores detalhes.

Atores e atrizes da Casa do Caboclo.

Certamente este e outros espetáculos que tinham como figura central o “Rei do Cangaço” foram produzidos no Rio de Janeiro. Seguramente estas apresentações ajudaram a popularizar entre os cariocas (talvez de forma destorcida) a imagem de Lampião[6].

Esta popularização só tendeu a crescer nos anos vindouros da década de 1930, principalmente com o trabalho de libanês Benjamin Abrahão Botto. As fotos e o filme por ele realizado, e censurado pelo Estado Novo, de um lado ajudaram a manter na mente de todos os brasileiros a imagem de Lampião, Maria Bonita e seus “cabras”. Mas esta exposição também contribuiu para que as autoridades do regime de força de Getúlio Vargas acentuasse junto às autoridades estaduais nordestinas a necessidade do fim deste cangaceiro. Como de fato ocorreu no dia 28 de julho de 1938.

Referências
– Para compreender melhor como era A Casa de Caboclo, ver uma representação do especial da TV Globo “Dercy de verdade” http://globotv.globo.com/rede-globo/dercy-de-verdade/v/dercy-se-apresenta-na-casa-de-caboclo-e-e-superaplaudida/1762999/
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-77042009000100005&script=sci_arttext#tx27
http://www.dicionariompb.com.br/freire-junior/dados-artisticos
www.mackenzie.br/…/O_teatro_popular_Rio_de_Janeiro__a_cidade_ polifonica__1930-1945_.pdf
 - Cadernos de Pós-Graduação em Educação, Arte e História da Cultura, “O teatro popular: Rio de Janeiro, a cidade polifônica (1930-1945)”, artigo produzido sob a coordenação e organização de Arnaldo Daraya Contier (Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação, Arte e História da Cultura da Universidade Presbiteriana Mackenzie.), com a participação de Andréa Cristina Primerano,  Andréa Rodrigues, Keila Haddad de Oliveira, Nívea Lopes (Alunas do Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação, Arte e História da Cultura da Universidade Presbiteriana Mackenzie).
http://www.allaboutarts.com.br/default.aspx?PageCode=12&PageGrid=Bio&item=0801M2

[1] O que se chama teatro de revista é um género de teatro, de gosto marcadamente popular, que teve alguma importância na história das artes cênicas, tanto no Brasil como em Portugal, que tinha como caracteres principais a apresentação de números musicais, apelo à sensualidade e a comédia leve com críticas sociais e políticas, e que teve seu auge em meados do século XX.

[2] José Luís Rodrigues Calazans, o Jararaca, era natural de Maceió, Alagoas, e Severino Rangel de Carvalho, o Ratinho. era paraibano da cidade de Itabaiana. Formaram uma dupla caipira, ou sertaneja, e fizeram as respectivas carreiras praticamente enfocando o gênero regional. Além de cantores foram compositores, atores e humoristas. Atuaram no teatro, rádio, cinema e televisão.

[3] O Almanak Laemmert aponta que o Teatro São José possuía em 1926 a lotação de 2 frisas, 28 camarotes, 840 poltronas, 57 balcões e 30 gerais.

[4] Duque, cujo nome verdadeiro era Antônio Lopes de Amorim Diniz Miranda, era protético dental de formação, mas dedicou-se à dança, criou coreografias, compôs canções que ficaram famosas. Excelente dançarino encontrou dificuldades e, em 1906, foi para Paris. Sua habilidade no maxixe foi fundamental para o sucesso na França. Maria Lino foi sua primeira parceira na Europa, mas a parceria mais longeva foi com a francesa Gaby. Logo, Duque abriu uma escola de dança em Paris e se apresentou com sucesso na América do Norte. De volta ao Brasil, escreveu e dirigiu revistas, ensinou no Conservatório Teatral e fundou a Casa de Caboclo.

[5] Sabemos que Carlos Saldanha da Gama Chevalier é autor do livro “Os 18 do Forte”, uma coletânea sobre a vida do militar e revolucionário Siqueira Campos. Em 1 de outubro de 1927, o então 1º tenente Chevalier, realizou no Campo dos Afonsos (RJ) o primeiro salto de paraquedas no Brasil. Foi utilizado um avião Breguet 14 pilotado pelo 1º tenente Aroldo Borges Leitão e tendo como observador o capitão Átila Silveira de Oliveira.

[6] Provavelmente o teatro de revista deve ter produzido outros trabalhos com foco em Lampião e no cangaço. Sabemos que em outubro de 1938, após sua morte, foi encenada no Rio a peça “Lampeão, o caboclo máu”.

Extraído do blog "Tok de História" do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros: 
http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2014/05/influencias.html

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