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sexta-feira, 7 de março de 2014

LAMPIÃO E O COMBATE DA SERRA GRANDE

Por João de Sousa Lima


A Serra Grande corta as cidades de Calumbi, Flores e Serra Talhada. Muitos escritores e pesquisadores citaram o grande combate da Serra Grande como sendo em Serra Talhada ( nessa época Vila Bela) ou Triunfo, porém a parte onde houve o combate acontecido em 26 de novembro de 1926 pertencia a Flores e hoje pertence à Calumbi, Pernambuco. 

João de Sousa Lima, Lourinaldo e Joventino começando a escalada da Serra Grande



Marcas das balas nas pedras

O policial reformado Lourinaldo Teles, também artesão na confecção das mais belas réplicas de punhais do cangaço, hoje é quem trava essa batalha para provar que geograficamente o combate da Serra Grande aconteceu em Calumbí.  Por diversas vezes Lourinaldo andou mapeando os pontos onde os cangaceiros emboscaram os soldados das volantes e ele conseguiu encontrar, com a ajuda de um detector de metais, mais de trezentas cápsulas, além de carregadores, ogivas e um punhal.

Lourinaldo mostra marcas de tiros



O combate da Serra Grande foi um dos maiores fogos entre policiais e cangaceiros e uma das maiores estratégias de combate armada por Lampião. O número exato de participantes nunca foi totalmente contabilizado, fala-se em torno de 80 cangaceiros e 320 soldados.

A trincheira de Lampião

Cápsulas por toda parte

Vários “Nazarenos” participaram desse ferrenho combate que foi comandado pelo major Theóphanes Ferraz Torres. Entre os grandes comandantes dos diversos grupos estavam o capitão Higino Belarmino, Manuel de Souza Neto, sargento Arlindo Rocha e Euclides Flor. O combate começou entre oito e nove horas e terminou às dezessete e trinta. Manuel Neto acabou sendo baleado nas duas pernas e por muito pouco não morreu. Calcula-se que mais de vinte soldados morreram nesse confronto. Da parte dos cangaceiros não houve baixas. O rastejador da polícia chamado Ângelo Caboclo foi baleado e posteriormente morto pelos cangaceiros.

Cartuchos quase enterrados 


Balas...muitas balas...

Lourinaldo e seus punhais

Mesmo a polícia contando com um grande contingente e ainda com o suporte de duas metralhadoras e mais ainda com grandes nomes que comandaram as volantes, esse foi o combate que mais desmoralizou as tropas no estado pernambucano.

Foi muitos tiros,,, 


No dia 03 de março de 2014, eu, Antônio Lira e Joventino nos dirigimos para Calumbí onde fomos encontrar com Lourinaldo Teles para que ele nos levasse ao local exato onde houve o combate. Só estando lá para entendermos as estratégias armados pelo Rei do Cangaço e as dificuldades encontradas pela polícia.


A subida é árdua

 Punhais do acervo do Lourinaldo

No lugar conhecido como a “Trincheira de Lampião” ainda pudemos encontrar vários cartuchos com a inscrição DWM, datados de 1910, 1911, 1912, 1913 e 1914. 

Uma pausa para um descanço

O saldo das balas encontradas



Todos os méritos dessa pesquisa cabem ao pesquisador Lourinaldo Teles que muito solícito nos transportou  até a Serra Grande e pacientemente nos mostrou durante horas, escalando subidas quase intransponíveis, com pedras soltas, galhos arbustivos, cactáceas espinhosas e calor, os pontos estratégicos onde cangaceiros enfrentaram valentes e famosos comandantes e seus comandados e aonde eles sofreram uma das maiores derrotas na perseguição ao cangaço.

Resto de punhal encontrado por Lourinaldo

 Material encontrado por Lourinaldo


Mosquetão de Antonio Ferreira, irmão de Lampião

 
Oitenta e oito anos depois, aquele local ainda guarda as marcas desse confronto, a história perpetua-se feito som propagado na imensidão. Aquela região silenciosa parece trazer os sons da batalha quando nos deparamos com a visão que temos ao olhar o horizonte, estando em seus cumes...

João de Sousa Lima
Escitor e Hitoriador.

Paulo Afonso, 05 de março de 2014.

Enviado pelo escritor e pesquisador do cangaço João de Sousa Lima

http://www.joaodesousalima.com/2014/03/pereirinha-joao-antonio-lira-lourinaldo.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com