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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Cabeça do rei do cangaço - Lampião



Lampião e o leucoma (mancha branca no olho direito) - uma foto que não deixa dúvida sobre a identidade do rei do cangaço.

O uso da fotografia no estudo do cangaço, veio como um valioso instrumento de auxílio para a verificação da identidade de personagens, bem como na avaliação de outros fenômenos ligados ao tema. 

A esse respeito, a fotografia abaixo postada, comprova, sem sobra de dúvida, a doença " leucoma " ( mancha branca existente no olho direito ) do rei do cangaço, uma das características, que lhe era altamente peculiar... 

Foto adquirida no facebook, página do amigo Volta Seca. 

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A Linhagem de Honório Por:Emerson Monteiro



Por:Emerson Monteiro

Honório Correia Lima 

Dentre os filhos de Fideralina, Honório Correia Lima sofreria consequências danosas em face da iniciativa de fazer oposição aos caprichos políticos de sua mãe, sendo destituído da Intendência de Lavras a 26 de novembro de 1907. Chegara a deputado estadual. E, em Fortaleza, por graça da aproximação com o Presidente da Província, seria nomeado ao cargo máximo de Lavras, já este ocupado por Manuel José de Barros, de confiança da genitora.

Magoada, Fideralina Augusto quis demover Honório da pretensão, no que desmereceu atendimento. Os dois, com isso, mantiveram diálogos inflamados e sem alternativas positivas. Contam até que Honório miraria rifle na direção da matriarca num momento acirrado.

Manoel Severo e Emerson Monteiro no Sítio Tatu, emblemática fazenda do clã dos Augusto, durante o Cariri Cangaço Lavras 2013 !

Isto tudo geraria, da parte da mãe mobilização dos jagunços para tomar no pulso a municipalidade de que o filho se investira, conforme narra a crônica. Determinaria, na ocasião, que os cabras, no entanto, não o molestassem, sob pena da própria morte de quem assim o fizesse.

Das escaramuças, que envolveram a influência também de outros coronéis da região do Cariri, à frente do mando de Lavras restou o meu bisavô, Gustavo Augusto Lima, que também viria a ser deputado estadual, e adiante, no ano de 1911, pereceria vítima de atentado em Fortaleza, no pleno exercício do mandato.
Passada a destituição de Honório, este demoraria algum tempo em Fortaleza, mas retornaria à Região, quando, desde o município de Caririaçu, planejaria nova batalha pelo poder em Lavras, no episódio da invasão da cidade pelo caudilho Quinco Vasques, sem, entretanto, obter êxito.

O andamento dos acontecimentos levaria de volta a família de Honório a Fortaleza, longe dos vínculos troncos originais. A sede do feudo, o Sítio Tatu, onde, inclusive, Fideralina vivera e terminara seus dias em 1919, caberia na partilha dos bens ao filho Gustavo Lima e, posteriormente, aos meus avós, ambos descendentes direto da família.


Emerson Monteiro e Múcio Procópio na casa de D. Fideralina no Cariri Cangaço Lavras da Mangabeira 2013

Hoje, algumas versões que circularam a propósito das atitudes de Fideralina Augusto demonstram as marcas dessa querela a evidenciar o tanto das desavenças internas do clã, no passado. Existem libelos viperinos e maldosos que pintam de terríveis crueldades gratuitas à imagem da lendária cidadã, pondo-a no rol dos títeres mais sanguinários, com acusações à posteridade dos descendentes, impedidos de defesa dados os elementos insuficientes desfeitos na poeira dos tempos. Textos e livros escritos lá fora, alguns no Sudeste, descrevem os incidentes de Lavras da Mangabeira e a participação dos Augustos assacados de modo impiedoso, lançando doses de terror sobre os atos D. Fideralina a ponto de lhe assimilar as práticas individuais à dos piores facínoras.  

Contudo, persiste dúvida quanto à veracidade das tais narrações históricas e do que as ocasionou, sem o testemunho da fidelidade ou frutos, tão só, da inclemência dessas lutas de poder, a considerar quanto carecem de elementos consistentes aos documentos distantes, nas ocorrências antigas. À impessoalidade dos séculos, portanto, igualmente caberá a palavra conclusiva da verdadeira justiça.  

Emerson Monteiro

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Arsenal dos Coronéis Parte I

Por: Fábio Costa


Durante toda a minha infância passei as férias escolares na fazenda de meu querido e saudoso avô materno, o Sr. Aurelino “Toquinho” Avelino de Carvalho, na divisa BA/MG. Ouvia extasiado as estórias que ele, os amigos dele e os agregados da fazenda contavam. Inclusive as maravilhosas estórias das noites em que “seu” Anísio (um bisneto de escravos) ia à sede da fazenda contar. Ainda sinto o cheiro saboroso do café fresco no fogão a lenha (acompanhado de certa dose de fumaça é claro), ouvindo com os olhos esbugalhados de menino curioso mais uma história de assombração (as macabras estórias sobre as “visagens da estrada”, dos defuntos que vinham dar botijas de ouro, sobre os espectros dos pistoleiros arrependidos ou não, e das suas vítimas chorosas ou furiosas, dos lobisomens, mulas-sem-cabeça, caiporas & cia.) e de depois ir dormir quase se borrando de medo, se “ribuçando” (cobrindo) da cabeça aos pés, enquanto ouvia os ruídos da natureza e das criaturas da noite, iluminando as trevas do quarto com a luz bruxuleante do candeeiro a querosene (objeto hoje quase em extinção)... Estórias coloridas de tempos passados, da época que os bichos falavam, das aventuras de Pedro Malasarte (um personagem de histórias folclóricas populares que era um renomado e sagaz picareta, que sempre se dava bem), de caçadas memoráveis, e é óbvio que também estórias dos tempos dos coronéis, jagunços e pistoleiros, tanto os de Minas como os da Bahia (dos quais falarei com mais detalhes por ser meu estado natal).

Estórias cheias de violência, de folclore e misticismo como o “corpo fechado”, dos pactos com o demônio para obter riqueza, das vinganças cruéis, das tocaias, dos casarões mal assombrados e cheios de projéteis incrustados nas paredes de quase 1 m de largura feitas com tijolos de “adobão” cozido. Lembro-me de fragmentos das histórias contadas sobre o Coronel Marcionílio Antônio de Souza, que foi compadre de meu bisavô Teófilo Carvalho (fazendeiro na região de Maracás/Ba), como por exemplo, as que diziam que quando Marcionílio ia visitar meu bisavô, seus capangas ficavam na porteira da fazenda, e quando entravam na propriedade “tinham de abaixar as carabinas” em sinal de respeito. Ou uma que é de uma malvadeza que poderia ser imputada a qualquer um deles: o coronel recebeu um recado na sua fazenda. Convidou o mensageiro a ficar para o almoço, e no meio deste, notou que enquanto todos comiam (naquelas mesas antigas e maravilhosas, feitas com imensa pranchas de madeira sem emendas de 3/4 m) o convidado não parava de olhar pra os lados e procurar alguma coisa. A um gesto do “home” todos pararam de comer (além da família, uma pá de jagunços estava numa sala contígua).

- Tá lhe faltando alguma coisa? A comida não está boa?
- Ah seu Coronel, tá tudo muito bom mas falta o “mió"...
- “De maneiras” que, o que seria o “mió” pro senhô?-
- Ah seu Coronel, era bom uma pimentinha... 

 
Coronel Marcionílio Antônio de Souza, foto : tabernadahistoriavc.com.br

O “homem” calmamente mandou retirar a mesa inteira, e mandou trazer uma gamela de jabá bem salgado, um litro de farinha e um de pimenta bem vermelha e curtida!!! - Pode comer agora sua pimenta a vontade!!O Infeliz ainda tentou abrir a boca para argumentar, mas dois jagunços se chegaram para perto engatilhando as suas carabinas papo-amarelo 44. O camarada comeu o jabá entupido de sal, com bastante pimenta e farinha, e quando já estava revirando os olhos, o coronel mandou parar.

- Isso é pra o sinhô não ser mal-educado e não exigir nada na casa dos outros quando é convidado. Suma de minha frente enquanto pode!

Diz o povo que o camarada saiu voando ladeira abaixo, chegou ao açude no pé da ladeira, abaixou a cabeça e bebeu como um boi. Dizem que morreu algum tempo depois com os intestinos cortados pelo sal... Ou as histórias do Cel. Clemente da Vazante que tinha a seu serviço mais de 100 homens, que moravam em casinhas espalhadas numa serra, e quando era necessário reunir toda a “tropa” era usado um búzio marinho de grandes proporções soprado a guisa de trompa. Eu mesmo cheguei a conhecer um Coronel, ele já estava no fim da vida, enfermo numa cama, a barba absolutamente grisalha lhe descia até o peito, lhe dando aparência de “santo”, prometeu a mim e ao meu irmão uma “repetição de papo amarelo” (carabina Winchester 1873), das muitas que devia ter tido... Embora naquela altura, das centenas de alqueires que ele possuíra, só restava mesmo a outrora majestosa fazenda que possuía ainda as 4 casas, e uma “venda” (armazém onde os empregados certamente se endividavam) reunidas em torno de uma praça central. Curioso citar que uma destas casas estava vazia e diziam que era mal-assombrada, se escutando a noite gritos, gemidos, e disparos de armas de fogo. Ela possuía um porão aterrado (me disseram que era um arsenal, será?) Contava o velho Cel. Horácio Machado em suas lembranças que viu nos bons tempos os “turcos” passar com as bruacas (bolsas de couro cru para levar cargas em lombo de burro) cheias de pedras preciosas retiradas dos garimpos das velhas Minas Gerais.
 
ilustração:indiosan.com

Reminiscências de menino a parte, historicamente o período do coronelismo se inicia no Brasil no século XIX ainda no período do império com a criação da Guarda Nacional em 1831, prosseguindo no período da república velha (1889 – 1930), perdendo força depois da revolução de 1930. Sua principal função seria a manutenção da ordem pública, contando para isso com (teoricamente) frações de tropa em cada município. O coronelismo se constituía em ricos fazendeiros, ou políticos influentes que compravam ou recebiam o título da mão do governo (a carta-patente da Guarda Nacional), ao qual eram dados diversos privilégios e status social, sendo que em certa época a sociedade civil se encheu de capitães, majores e coronéis, como no império foi cheia de marqueses, condes, e barões falidos.

 Como nota meritória deve-se destacar que os batalhões da Guarda também participaram da Guerra do Paraguai. O “Batalhão Patriótico Lavras Diamantinas” comandado por Horácio de Matos de Lençóis, ainda participou em 1926 dos episódios da caça aos “revoltosos” da Coluna Prestes na região. Havia também os coronéis com título sem valor militar de fato. Por fim depois da extinção da Guarda nacional logo após a proclamação da República, “coronel” passou a ser sinônimo de qualquer fazendeiro rico. Os coronéis rurais (e depois os urbanos, estes geralmente capitães de indústria) são uma verdadeira lenda social brasileira, e embora se associe imediatamente sua imagem com o nordeste brasileiro, se espalharam de norte a sul do Brasil (é só se lembrar da política do café com leite, dos coronéis paulistas e mineiros que dominaram a política nacional por anos). Eram latifundiários, oligarcas, patriarcais, violentos e arrogantes. Pode-se dizer que a sede da fazenda, o tradicional casarão com 6 a 8 janelas frontais (diziam que a quantidade de janelas indicava a riqueza do dono) com até 2 pavimentos, sótão (por vezes com janelas para atiradores) e porões, substituía a casa grande do engenho, pois tinha a mesma função opressora. 


Cel. Horácio de Matos

Pode-se dizer, guardadas as devidas proporções, que continuavam com a mesma função do donatário da capitania hereditária no período colonial: auxiliavam, substituíam e faziam as vezes do poder central, que era fraco e vacilante, na administração regional e na manutenção da lei e da ordem vigente em seus domínios. A riqueza e a opulência da extensão de terras era conseguida, via de regra, pela grilagem de mais terras ou por herança; havia coronéis que eram “ex-pobres”, mas era raríssimo, pois era uma época de pouca mobilidade social, a maioria mesmo já era de família rica ou tradicional As esposas dos coronéis eram outro capítulo a parte. Ora eram submissas (a maioria), ora arrogantes, vingativas e algumas quase tão violentas quanto os esposos, verdadeiros “coronéis de saia”. Conheço inclusive o caso de uma delas que mandou aplicar um “clister” (lavagem intestinal, que antigamente era feita toscamente com um chifre de boi limpo e polido, com a ponta serrada que servia de funil) a base de pimenta malagueta numa das raparigas (amante) do seu marido.

Algumas inclusive assumiam o lugar do Coronel como chefe do clã político quando este falecia, mas foram poucos casos. Com o tempo a elite agrária começou a se refinar e enviar seus filhos a Europa e aos grandes centros para estudar. Assim quando voltavam para a casa paterna os recém formados “Doutores”, engenheiros, médicos e advogados. Criava-se então, desde o fim do Séc. XIX, uma sociedade que endeusava os títulos acadêmicos (herdamos isso ainda hoje), algo compreensível numa época onde cultura era raro, fazer faculdade então era um artigo extraterrestre de tão difícil. As grandes casas rústicas ou não, no meio do sertão, do seringal ou do cafezal, eram repletas de boa louça, tecidos e mobiliário fino, embora nem sempre os proprietários tivessem o necessário refinamento para apreciá-los.


Os coronéis entraram no imaginário popular como os fazendeiros que se constituíam na riqueza e na força política que como um rolo compressor implacável decidia o destino das eleições e do governo do país. Soberanos em seus currais eleitorais obrigavam os seus empregados e agregados pela coação a fazer o infame e famoso voto de cabresto (voto forçado no candidato do patrão, chegando os coronéis a reter os títulos dos empregados). Ainda haviam as devidas manipulações, associações, fraudes (como a falsificação de documentos de eleitores para permitir o voto de menores, a repetição do voto ou pessoas votarem com nome trocado, o voto “fantasma” - onde o falecido “votava” lá do além, a falsificação de documentos eleitorais públicos, etc.), conchavos políticos, trocas de favores, compra de votos, ou simplesmente pela força das amas, com sedições, golpes violentos, além dos já tradicionais homicídios dos rivais, como diz esta anedota em que o coronel manda chamar o jagunço e diz:

- Você conhece o fulano de tal?

- Conheço não Coroné, mas já tá me dando uma raiva danada desse cabra.

- Deixe de bobagem home, é só pra mandar um recado!

A sua ousadia era tanta que mais de uma vez aconteceram embates contra o governo e seus representantes, como no caso sedição de Juazeiro/CE em 1914, a crise foi provocada pela intenção do interventor nomeado pelo Pres. Hermes da Fonseca, Marcos Franco Rabelo, de destituir e prender o famoso padre Cícero Romão Batista – que muitos consideram um “coronel sem farda” - dos cargos políticos que ocupava.



Hermes da Fonseca

O deputado federal Floro Bartolomeu a frente de um batalhão de jagunços auxiliados pelos romeiros que movidos por intensa fé no “Padim Ciço”, interviram na contenda batendo as tropas governamentais, que apesar de usar um canhão, foram rechaçadas. Depois disso os revoltosos seguem para a capital cearense e depoem o interventor Franco Rabelo, contando inclusive com auxílio de uma esquadra da Marinha de Guerra do Brasil, pois Floro Bartolomeu conseguira apoio federal. A cidade de Princesa na Paraíba rebelou-se em fevereiro de 1930, no episódio conhecido como a “Revolta de Princesa”. 

O coronel José Pereira Lima insurgiu-se contra o governo de João Pessoa, arregimentou forças e causou muitas baixas no meio das fileiras da polícia da Paraíba (inclusive com um quase desconhecido massacre de uma companhia num casarão), sendo a cidade tomada de maneira absolutamente pacata depois da revolução de 1930 por tropas federais. Ou no caso da “Revolta Sertaneja ” (1919/20), na Bahia, onde os já citados coronéis Marcionillo Souza, Horácio de Matos, e Anfiófilo Castelo Branco reagiram contra a Lei Estadual n.º 1.104, de 09 de maio de 1916, que pretendia minar seu imenso poder regional. Os tentáculos dos coronéis se estendiam tanto no âmbito dos municípios como no âmbito estadual. Tudo dependia do seu prestígio e favores políticos: a nomeação de funcionários públicos, delegados de polícia, a administração da justiça, etc. Era comum darem guarida a homicidas, sendo seus “afilhados“, capangas e jagunços de certa forma intocáveis pela lei.

Continua...
Fábio Costa

Cortesia: Ivanildo Silveira; Conselheiro Cariri Cangaço
Parte de Postagem em: 


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A BELA CASA DA FAZENDA BOM DESTINO E A BIOGRAFIA DE CHICÓ PINHEIRO, EXEMPLO DE TRABALHO E LUTA NO SERTÃO POTIGUAR

Publicado em 22/02/2014 por Rostand Medeiros


Autor – Rostand Medeiros, baseado em textos dos capítulos do livro: “Nobrezas de Vida Agreste” escrito por Haroldo Pinheiro Borges e  Cláudia Bezerra Pacheco.

Fazenda Bom Destino

Sob muitos aspectos o nosso trabalho desenvolvido desde dezembro de 2010 no nosso blog TOK DE HISTÓRIA, tem chamado a atenção de muitas pessoas aqui no Rio Grande do Norte. Estas por sua vez gentilmente têm me passado informações sobre interessantes locais, pessoas e fatos da história potiguar. O que faço questão de colocar nesse nosso espaço sem nenhum problema.

Recebi recentemente do amigo Haroldo Pinheiro Borges algumas interessantes fotos de uma antiga fazenda produtora de algodão do interior potiguar e muito bem preservada. Trata-se da casa grande da fazenda Bom Destino, na zona rural do município de Lagoa de Velhos, a cerca de 90 quilômetros da capital potiguar.


Francisco Pinheiro Borges

Filho de Francisco Pinheiro Borges, Haroldo comentou que esta propriedade foi adquirida por seu pai ainda na década de 1920. Em nosso contato ele me passou um rico e interessante relato sobre a vida do mesmo, que muito bem exemplifica a trajetória de um homem que nasceu no início do século XX, no castigado interior do Nordeste e, vivendo e trabalhando da terra, venceu em tempos difíceis.

NAS TERRAS ONDE NASCEU FABIÃO DAS QUEIMADAS

A casa grande da fazenda Bom Destino está localizada em terras que anteriormente faziam parte de uma antiga fazenda denominada Queimadas. Esta propriedade pertenceu em tempos remotos ao coronel José Ferreira da Rocha e no ano de 1850 ali nasceu um escravo que foi batizado como Fabião Hermenegildo Ferreira da Rocha. Este ficou conhecido como Fabião das Queimadas, um dos mais importantes poetas populares do Rio Grande do Norte e que conquistou sua alforria tocando o instrumento que lhe imortalizou, a rabeca.

Francisco Pinheiro Borges, conhecido por Chicó de Ieiê, veio ao mundo no dia 05 de setembro de 1900, na fazenda Pirambu, município de São José de Mipibu. Era filho de João Batista Pinheiro Borges, conhecido como Ieiê, e de Dona Joana Ferreira de Lima. Seus avós paternos eram José Pinheiro Borges e Rosa Maria da Conceição e os maternos, Pedro Ferreira de Lima e Maria Izabel de Paiva, donos da Fazenda Japecanga, localizada no município de São José de Mipibu. Chicó de Ieiê teve quatro irmãos do primeiro casamento de seu pai: Lídio, Anália (Sinhá), Clotilde (Dona) e Joana.

Infelizmente, no dia 05 de setembro de 1905, o garoto e seus irmãos ficaram órfãos da mãe Joana Ferreira de Lima.

Chicó de Ieiê foi uma criança irrequieta, inteligente e saudável. Teve a sua criação um pouco diferente dos outros irmãos, pois começou a vida no trabalho. Com apenas dez anos veio para companhia do pai, que morava com a segunda esposa na antiga povoação de São Paulo do Juremal, então município de São Gonçalo do Amarante. Aí chegando assumiu a responsabilidade da casa, cozinhando e cuidando dos afazeres domésticos e ainda com a incumbência de tratar dos cavalos que seu Ieiê comprava para adestrá-los como bons marchadores (o que valorizava muito os animais) e vendê-los caros para a elite daquela época.

DE QUEIMADA A BOM DESTINO

Tempos depois, em 1914, seu pai adquiriu uma área que fazia parte das terras da antiga fazenda Queimadas. Esta gleba tinha uma ligação com Guarará, atual município de Lagoa de Velhos, na época pertencente ao município de Santa Cruz. Foi adquirida ao Sr. Miguel Rocha e sua mulher Izabel Ferreira da Rocha, herdeiros do coronel José Ferreira da Rocha. Chicó de Ieiê trabalhou duro na agricultura limpando a terra com a enxada, para ajudar seu pai a pagar as duas primeiras partes do sítio.

Casa de João Batista Pinheiro Borges, conhecido como Ieiê na antiga fazenda Queimadas

Dotado de forte dose de coragem para vencer desafios, Chicó de Ieiê adquiriu ainda muito jovem uma tropa de jumentos para transportar rapadura, que erram compradas a crédito e fabricadas nos engenhos de seus familiares em Japecanga. Ele também vendia esterco de gado para ser utilizado na adubação de canaviais.

Logo depois trocou essa tropa de jumentos por uma de burros mulos, animais maiores, mais rápidos e próprios para transportar suas cargas, que nesse estágio tomavam grandes proporções e novo rumo: o grande mercado de Natal. Para chegar a capital potiguar nesta época só através do porto do Rio Jundiaí, na cidade de Macaíba, embarcando sua mercadoria em pequenos barcos. Contava que para economizar dinheiro, ele mesmo transportava os pesados fardos no embarque e desembarque.


Era por Macaíba, aqui em uma foto antiga do acervo do amigo Anderson Tavares de Lyra, que Chicó Pinheiro transportava suas mercadorias de barco para Natal

Chicó era um rapaz simpático, elegante e envolvente. Buscou aprimorar-se na arte de falar e se comunicar, sempre preservando a todo custo a lisura e o cumprimento de sua palavra. Comprar e vender tornou-se parte do seu dia a dia. Isso o fez cada dia mais conhecido e respeitado em sua região pelo desenvolvimento e importância de seu trabalho. Dizia que para ser rico se fazia necessário apenas trabalhar, economizar e gastar sempre menos do que ganhava.

A gratidão fazia parte de sua vida. Fechava o dia com “Chave de Ouro” agradecendo a Deus por mais um dia de trabalho e os resultados alcançados.

O tempo foi passando e aos 24 anos, com dinheiro adquirido do fruto do seu trabalho, Chicó de Ieiê comprou a sua primeira propriedade. Esta igualmente ficava na área da antiga fazenda Queimadas, vizinho às terras de seu pai e pertencentes aos herdeiros do coronel José Ferreira da Rocha. Consta que em quase sua totalidade o local ainda era coberto de mata virgem. Ao lugar Chicó de Ieiê denominou de Bom Destino.

Caminhão abarrotado de fardos de algodão. A plantação desta malvácea foi um grande impulsionador da economia nordestina – Foto ilustrativa

Não havia trabalho que lhe afligisse. Foi ambulante das feiras livres das pequenas cidades que surgiam as margens do Rio Potengi. Logo expandiu seus negócios de compra e venda de cereais, gado, couro de boi e de miunças (pele de ovinos e caprinos), um mercado novo e promissor onde ganhou muito dinheiro. Chicó não se descuidou de plantar o algodão, o verdadeiro “Ouro Branco” que movia a economia do Rio Grande do Norte e de grande parte do Nordeste daquele época e se tornou um grande produtor desta malvácea.

Gradativamente ele foi deixando de ser Chicó de Ieiê e passou a ser conhecido como Chicó Pinheiro.

MUDANÇAS POSITIVAS

No final da década de 1920, para dar velocidade e presteza no atendimento aos seus clientes Chicó comprou um caminhão. Tinha como motorista José Germano, seguido depois de Otávio, que se tornou um grande amigo de sua família. Esse caminhão foi o primeiro a chegar à região, tendo sido recebido com muita alegria e admiração por familiares e amigos.

Contava ele que aprendeu a ler e contar sozinho, enquanto pastoreava os cavalos nas várzeas úmidas do velho Rio Potengi. Leu a cartilha do ABC, que ensinava as primeiras letras e a tabuada com as quatro operações matemáticas básicas. Sempre que contava essa história, repetia desde a primeira letra até a última operação. Terminando com a célebre frase, em letras garrafais que se encontra na última capa da sua preservada cartilha: A PREGUIÇA É A CHAVE DA POBREZA.

Apesar da pouca instrução teve suas atenções voltadas para a cultura. Gostava da boa leitura e tinha na sua coleção a Bíblia como seu livro predileto. Recebia pelo correio a revista Almanaque do Pensamento que tratava de assuntos relativos à astrologia, agricultura, pecuária, tábuas lunares e planetárias. Gostava de romances como O Conde de Monte Cristo, O Corcunda de Notre-Dame, As Profecias de Nostradamus e muitos outros.

Muito observador, Chicó Pinheiro passou a ler livros de boas maneiras e sobre etiqueta. Sabia da importância existente na sua sociedade no tocante a apresentação pessoal e como tratar as pessoas. A figura grosseira do matuto ia ficando para trás e ele foi se transformando em um homem elegante, cordial e bem-educado. Estava sempre visando boas mudanças para si mesmo.


Primeira casa da fazenda Bom Jardim

Com inteligência e a bonança proporcionada pelo algodão, começa a assumir o traquejo e a postura dos empresários daquela época. Manda confeccionar seus ternos de caxemira e linho branco nos melhores alfaiates de Natal. Passa a usar gravatas finas e chapéus de ultima moda. Abandona o velho cigarro de fumo brejeiro, daqueles enrolados em papeizinhos, pelo fino charuto cubano, além de comprar fumo e cachimbos das melhores marcas.


Logo em seguida, em 1930, edificou uma casa grande, moderna para a época, com uma cumeeira de 6.50 metros para oferecer uma boa ventilação. A vivenda ficou situada no topo de uma pequena colina, voltada para o nascente e distante apenas de uns 350 metros casa do seu pai.

ELA VEIO DE ACARI

Alimentava um sonho recorrente de só casar com moça rica e prendada, transformando este sonho em um dos seus objetivos definidos.

Neste período Chicó Pinheiro já gozava de grande prestigio entre os políticos e homens de negócios do Rio Grande do Norte. Entre eles Dinarte Mariz, João Francisco da Mota, Florêncio Luciano, Rainel Pereira, coronel João Medeiros, José Evaristo de Araújo, José Braz de Albuquerque, Juvenal Lamartine de Faria, José Varela, Stoessel de Brito e tantos outros com os quais se encontrava nos escritórios das grandes empresas compradoras e exportadoras de algodão em Natal.

Como ele, muitos moravam no interior do estado, em suas fazendas ou cidades e como eram poucas as opções de hospedaria na capital, normalmente estes homens se albergavam nos mesmos hotéis ou pensões. Nestes ambientes as refeições eram muitas vezes compartilhadas por um grande grupo, onde sempre havia um bom momento para se fazer novas amizades, falar de negócios, preços e sobre o comportamento do mercado. Foi assim que no escritório da empresa Wharton Pedrosa, Chicó Pinheiro conheceu a mulher encantada de seus sonhos, Josepha Bezerra Araújo.


Josepha Bezerra Araújo

A jovem Josepha, ou Zefinha, como era conhecida, vendo aquele homem bem vestido, já de cabelos grisalhos, alvo, simpático, sorridente e conversador, mesmo a distância, sem ouvir suas conversas, imaginou estar diante de um “lord” inglês e correspondeu aos seus olhares.

Chicó Pinheiro tomou informações sobre a jovem Josepha e disse para si mesmo: “Lamberei uma rapadura e casarei com esta jovem”.

A Jovem estava acompanhada da mãe Cipriana Bezerra de Araújo, viúva do agropecuarista e industrial acariense Joaquim das Virgens Pereira. Dona Cipriana percebeu os olhares e já buscou junto ao Sr. Fernando Pedrosa, diretor geral da firma Wharton Pedrosa, informações sobre Chicó Pinheiro. Ouviu do respeitado negociante que ele era um homem direito, correto, bom pagador, comprador de algodão, seu cliente fiel e confiável.

 

Aí Chicó Pinheiro, o matuto simpático, não deu mais trégua, Frequentou um mês inteiro a tradicional igreja de São Pedro, no bairro do Alecrim, onde Zefinha, em companhia da mãe, assistia à missa todos os dias. Logo em seguida passa a frequentar a casa da futura sogra, trazendo em algumas visitas suas irmãs como demonstração de suas boas intenções.  Foi assim que Chicó conquistou a moça rica e sabida dos seus sonhos.

O “VAPOR”

No dia 16 de setembro de 1933, Chicó Pinheiro casou com Zefinha em Natal, na Rua Meira e Sá, na residência da sua sogra. O casamento católico foi celebrado pelo Padre Agostinho e o Monsenhor João da Mata Paiva ajudou. Depois da cerimônia houve comes e bebes para todos os convidados. À noite a Srta. Lourdes do Nascimento abrilhantou a festa tocando um piano que pertencia a noiva e ainda hoje está de posse da família.

Talvez tenha sido a conquista da sua esposa um dos maiores acontecimentos da vida de Chicó Pinheiro. Gostava muito de contar essa façanha, sempre em tom de brincadeira, dizendo-se um pouco decepcionado com o tamanho da fortuna da moça, pois imaginava ser muitas vezes superior a que ele havia construído em tão pouco espaço de tempo. Mas se envaidecia muito ao apresentá-la a sociedade e aos amigos, que às vezes perguntavam, se era sua filha. Ela tinha apenas 21 anos, jovem, muito bonita, elegante e letrada. Logo Zefinha assumiu a grande responsabilidade pela administração da casa e de toda a contabilidade de seu esposo.


Haroldo Pinheiro Borges e o “Vapor” que havia pertencido ao coronel Joaquim das Virgens e veio da Inglaterra para Acari em 1906

Depois de seu casamento Chicó Pinheiro construiu ao lado direito de sua casa na fazenda Bom Destino um grande armazém com silos e paióis próprios para armazenar cereais, além de grandes espaços para guardar algodão em rama e pluma. Em setembro de 1934 instalou sua agroindústria, um locomóvel de marca “Ransomes, Sims & Jefferies”, de fabricação Inglesa herdado de seu sogro Joaquim das Virgens. Este tradicional maquinário agrícola, denominado tradicionalmente pelos sertanejos como “Vapor”, era  atrelado a um besouro, uma máquina de cinquenta serras, utilizadas para descaroçar algodão e a um dínamo para gerar energia elétrica. Todo o maquinário foi importado por volta de 1906, vindo no porão de um navio da cidade de Manchester, Inglaterra. Com esta máquina, da produção de sua fazenda e da compra feita aos seus clientes, chegou a beneficiar em torno de mil toneladas de algodão por ano.


Em 2004, o autor destas linhas teve a grata oportunidade de ver uma destas máquinas operando “a todo vapor”, em uma propriedade localizada próxima a cidade paraibana de Sousa. Foi incrível observar o seu funcionamento. Não posso deixar de comentar que  o sogro de Chicó Pinheiro, Joaquim das Virgens Pereira, era amigo do meu bisavô, o também agropecuarista Joaquim Paulino de Medeiros, conhecido como Quincó da Ramada e dono da fazenda Rajada, onde também existia uma destas máquinas a vapor. Outro fato que uniu na história do Seridó estes dois antigos produtores rurais de Acari, esta no fato deles terem recebido, em ocasiões distintas, o famoso cangaceiro Antônio Silvino.


O açude da Bom Destino sangrando

Mas voltando a fazenda Bom Destino, gentilmente recebi de Haroldo outra foto de um interessante maquinário existente em sua propriedade, Trata-se de uma prensa que produzia fardos de lã, com uma media de 70 quilos e uma produção diária de aproximadamente 30 fardos.

PREOCUPAÇÃO COM A EDUCAÇÃO

Os anos vão passando. Chicó Pinheiro teve grande parte de sua vida voltada para o trabalho. Sabia administrar suas economias aplicando seu capital no momento oportuno. Dizia que o dinheiro tinha que está em movimento, havendo sempre o momento de comprar e de vender. Era só observar a tendência do mercado. Por isso tornou-se um bom empreendedor na área rural, pois, estava sempre ligado aos melhoramentos das suas propriedades, através de novas aquisições de terras, realizando quando necessário desmatamentos, aquisições de máquinas agrícolas, construções de cercas, açudes etc.


O antigo Grupo Escolar 

Mas não deixou de ajudar aqueles que lhe ajudaram.

Construiu na fazenda Bom Destino o “Grupo Escolar Francisco Pinheiro Borges”, com salas de aula e um apartamento anexo para servir de residência para uma professora. O Grupo Escolar foi inaugurado no dia 24 de setembro de 1965, em meio a uma grande festa. Entre os convidados estiveram presentes Monsenhor Walfredo Gurgel, que estava em plena campanha como candidato ao governo do Estado e o então governador Aluízio Alves, por quem Chicó Pinheiro tinha grande estima e admiração. Repetia sempre uma célebre frase às crianças e estudantes “O estudo é a única riqueza do mundo que não é roubada, acompanha o homem até o túmulo”.

Educou seus filhos nos melhores colégios de Natal e Recife. Ajudou na construção do Colégio São José na cidade de São Paulo do Potengi, que tinha na sua administração a Irmã Dominicia, da Ordem da Divina Providência.


No censo de 1960, foi cadastrada a casa grande com os armazéns e mais cinquenta e uma casas destinada aos moradores da fazenda Bom Destino, todas de tijolo e telha. A propriedade abrigava trezentas e vinte e oito pessoas, 

UMA VIDA DIGNA

Certo dia, se sentindo muito cansado foi a Natal e depois de uma consulta ao seu médico e amigo Dr. Hellen Costa, foi por ele aconselhado para vir morar em Natal, pois seu coração estava muito crescido e não suportava mais os aborrecimentos próprios de um administrador na sua idade. Ele prontamente lhe respondeu “que seria uma grande dádiva de Deus se lá morresse subitamente, sem dar trabalho aos seus familiares”.

Ao se aproximar dos 80 anos comentava com seus familiares e amigos mais próximos que se fazia necessário realizar uma grande festa, pois sabia que ela seria a última.  Assim convidou seu velho amigo, o Monsenhor Expedito de Medeiros para rezar uma missa onde ele pudesse agradecer de público a Deus pelas benções recebidas durante toda sua vida. A missa foi rezada no Grupo Escolar Francisco Pinheiro Borges, localizado na sede da Fazenda Bom Destino onde compareceu em torno de 500 convidados. Chicó Pinheiro agradeceu pessoalmente pela presença e o prazer de receber com seus familiares, em sua casa, os seus melhores amigos.

Chicó Pinheiro e Dona Zefinha ao piano

No dia 22 de abril de 1981 faleceu no hospital Dr. Luís Soares em Natal, rodeado de seus familiares e assistido por um dos seus melhores amigos, o médico Ernani Rosado.
O Casal Chicó Pinheiro e Zefinha tiveram dezenove filhos, dos quais onze sobreviveram. Aqui estão nominados do primogênito ao caçula, todos com o sobrenome Pinheiro Borges: Maria das Dores casada com Ivo Ferreira Neto, Jarbas (falecido) casado com Sonia Azevedo Pinheiro, Haroldo casado com Mônica Maria Augusta de V. P. Borges; Rafael com Joana D’arc Marques de Araújo, Edda com Raimundo Dagmar Fernandes, Ana Maria com Manoel Alves Irmão (já falecido), Cosme com Maria Sonia de Azevedo Cabral, divorciado e casado em segunda núpcia com Jailda Barreto Carneiro, Eleenete casada com Pacífico de Medeiros Neto (falecido), Franklin com Vera Lopes, Maria José com Francisco Paulo e Vilma com Edvaldo Cursino Dias.
FINAL
Tenho muita preocupação com o desaparecimento gradual das antigas casas de fazenda no nosso estado. Elas são caras e difíceis de serem preservadas e muitas estão se transformando rapidamente em ruínas. Quando estas são vendidas para outras pessoas, fora dos núcleos familiares que as criou, normalmente a história do lugar cai para segundo plano e muito deste passado é esquecido. Por isso é sempre bom conhecer um pouco da história destas antigas vivendas e de quem as edificou.


Concordo com Haroldo quando ele comenta que a casa grande da Fazenda Bom Destino, pela sua beleza e pujança, serve como símbolo da época do coronelismo e da implantação da agroindústria algodoeira. Mas uma casa, qualquer casa, é apenas uma casa quando nada sabemos da história de quem ali viveu.

Por isso sou muito agradecido pela gentileza de Haroldo Pinheiro Borges, pai dos meus amigos Kacá e Eduardo (o Dado) Borges, companheiros dos bons tempos do Colégio Marista e do Tirol, por trazer para nosso espaço a biografia de Chicó Pinheiro e as fotos da bela Bom Destino.

Sobre outras antigas casas do Nordeste veja aqui no Tok de História - 

http://tokdehistoria.wordpress.com/2011/07/08/1583/
http://tokdehistoria.wordpress.com/2011/11/23/a-restauracao-do-engenho-machado-um-exemplo-a-ser-seguido/ 
http://tokdehistoria.wordpress.com/2014/02/15/a-triste-situacao-da-casa-do-sabe-muito/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br