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domingo, 16 de fevereiro de 2014

65 após a morte do mais famoso cangaceiro, pergunta-se: Lampião: bandido ou herói?



Antonio Amaury Correa

Amaury Correa promete revelar fatos inéditos e outros muito pouco conhecidos do grande público até agora. Ele diz, por exemplo, que vários cangaceiros conseguiam entrar nas fileiras policiais, "em São Paulo, inclusive — como Peitica, no começo dos anos 40. Mas também aconteceu de policiais trocarem a farda pelo cangaço, como Caixa de Fósforo, em Alagoas, Serra de Fogo, na Paraíba, e Ricardo Pontaria, em Pernambuco." Detalhe importante e comprovado, segundo o biógrafo, é que "depois do massacre em Angico, os remanescentes do bando de Lampião jamais praticaram um crime de morte" nos lugares que escolheram para viver, como Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. 

No Rio, Volta Seca gravou um disco cantando músicas do repertório dos cangaceiros e chegou até a se aposentar pela antiga Companhia Estrada de Ferro Leopoldina. Pois é, acrescenta Amaury, "ninguém nasce bandido, por isso não é de surpreender o fato de cangaceiros, ou de ex-cangaceiros, nos darem exemplo de cidadania." 

Amaury Correia tem 53 anos dedicados a pesquisas sobre o cangaço. Em 1976 ele participou, por 12 semanas seguidas, do programa 8 ou 800, da TV Globo, apresentado por Paulo Gracindo, respondendo ao vivo perguntas sobre o cangaço e Lampião. Desistiu na última semana, com boa razão, segundo ele: "Vivíamos ainda no período da ditadura militar e certamente eu seria derrubado, por isso desisti do programa uma semana antes." Isso, porém, não interferiu nos trabalhos do pesquisador, ainda hoje fonte importantíssima para estudiosos brasileiros e estrangeiros interessados na vida cangaceira de Lampião e seu bando. Amaury foi preso duas vezes, uma delas no DOI-Codi, acusado de repassar armas pesadas a grupos de esquerda do Nordeste.

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Lampião entrou para o cangaço para vingar a perseguição do latifúndio contra sua família. Fazendo-se justiceiro, ao seu modo, organizou um bando e com ele passou a fazer frente ao que considerava injusto, atraindo para si a ira dos poderosos coronéis do sertão que, influentes na política, punham o Estado em seu encalço.

Nascido na essência dessa contradição, onde a violência do explorador exigia como resposta a violência do explorado, Lampião exerceu-a de forma inteligente e sagaz. Aos que de forma unilateral acusavam-no, ou ainda o acusam de sanguinolento, é válido lembrar a advertência de Bertolt Brecht quanto à obrigação que temos de observar, primeiro, as margens que oprimem o rio antes de reclamar de sua violência.

É bem provável que se Lampião tivesse nascido alguns anos antes, seguisse Antonio Conselheiro pelos caminhos do sertão até Canudos, ou, se tivesse nascido escravo na velha Roma ao tempo de Spartacus, talvez parceiro desse libertador. Nascido na segunda metade do século passado, provavelmente, seria encontrado liderando uma tomada de terra ou dirigindo um dos movimentos de camponeses sem terra.

Tantos condicionantes servem para entendermos que a guerra dos escravos, as guerras camponesas e o cangaço têm a mesma base: a opressão e a exploração da maioria do povo por um punhado de parasitas.

Lampião era um revoltado e não um revolucionário. Como tal, não tinha uma visão mais ampla da sociedade, circunscrevendo-se o seu mundo ao sertão nordestino, por ele mesmo demarcado quando mandou carta ao governador de Pernambuco propondo que o mesmo tivesse sua circunscrição limitada do litoral a Rio Branco, deixando daí para frente por conta de Lampião e, para isto, não faltavam planos, como tão bem foram expostos por Zabelê, o poeta e sanfoneiro do bando, no famoso poema Para haver paz no sertão.

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