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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Uma terrível tragédia!!!

Por José Mendes Pereira



Foi lá pela década de 60 que isto aconteceu em Mossoró.

João Paulo e Pedro de Osmildo eram dois grandes amigos. Amigos de infância, que viviam no mesmo bairro, na mesma rua, dividindo o mesmo espaço entre familiares. Comendo no mesmo prato, e juntos, participavam de todos os divertimentos que o bairro e a cidade promoviam.

João Paulo era reparador de sapatos e chinelos, mas não era fabricante destes. Na época, era dos melhores para este fim, e até reparava pisantes (gíria)  de pessoas mais importantes em Mossoró. Sapatos e chinelos com defeitos, muitos já sabiam a quem recorrer para o conserto.

Pedro de Osmildo vivia de alguns aluguéis; dono de uma pequena vila no grande Alto de São Manoel, mas, além disto, negociava com bugigangas pelos bairros de Mossoró, transportando-as sobre uma carroça.

 
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Vez por outra os dois bebiam juntos  pelos bares do bairro, e lá, ingeriam uma porção de bebidas alcoólicas, mas mesmo embriagados, jamais discutiram em lugar nenhum.

Aconteceu que certo dia, Luiz da Quitanda como era chamado, querendo acabar com aquela grande amizade, criou um não acontecido, e ele mesmo enredou ao Pedro de Osmildo, que o João Paulo andava difamando uma das suas filhas. E que cuidasse logo de frear a sua língua, para que o assunto sobre a virgindade da filha, não chegasse aos fofoqueiros de calçadas. E que  Os filhos da Candinha são 21. Enquanto 7 dormem, 7 falam e  7 estão ouvindo".


dilsonramosjc.blogspot.com 

Assim que tomou conhecimento sobre o desrespeito de João Paulo usando o nome da sua filha, Pedro de Osmildo perdeu o controle emocional, e foi ao seu  encontro para devidas explicações. O certo é que o João Paulo jamais dissera algo sobre as filhas do Pedro de Osmildo, pois o considerava como irmão, e se existiam coisas que desrespeitavam as suas filhas, até o momento não tomara conhecimento. E se isso existisse, não tinha interesse de sair boatando, já que as filhas do Pedro de Osmildo, eram como se fossem suas sobrinhas. E ao chegar à oficina do João Paulo, o encontrou consertando um par de sapatos, e sem mais nem menos, Pedro de Osmildo foi logo direto ao assunto, dizendo-lhe:

- João Paulo, estou muito chateado com você, e eu não esperava que um dia as nossas amizades chegassem ao fim.

- Mas  o que está acontecendo, meu irnão Pedroca? - Perguntou o João Paulo.

- Tomei conhecimento de que você anda falando mal da minha filha Marília.

- Mas homem de Deus, quem lhe falou tamanha barbaridade, afirmando que  eu falei mal da Marília?

- Quem me contou foi o Luiz da Quitanda.

- Mas homem, será que o Luiz da Quitanda está maluco, ou está querendo fazer intrigas entre nós?

- Se ele está louco eu não sei. E se ele me disse isto, é porque você falou. - Dizia o Pedro de Osmildo.

- Homem de Nosso Senhor Jesus Cristo, vamos até à casa de Luiz da Quitanda, para que ele afirme isso na minha presença.

- Não adianta, João Paulo! De onde a gente não espera, é de onde vem. - Fez o Pedro de Osmildo.

- Mas meu amigo e irmão Pedroca, confie em mim! Eu jamais diria  isso com uma das suas filhas..., e já vi que você prefere acreditar no Luiz da Quitanda do que em mim.

Com o ódio e decepcionado com um dos melhores amigos, Pedro de Osmildo puxou uma faca peixeira da cintura e partiu para cima do João Paulo, furando-o por todos os lugares da barriga.

Já caído ao chão, fracamente, João Paulo exclamou:

- Matou-me meu amigo e irmão! Jamais abri minha boca para falar das suas filhas, que até hoje, eu as tinha como minhas sobrinhas.

Ouvindo esta frase (matou-me meu amigo e irmão!) e presenciando o sangue saindo com força da barriga do amigo, o Pedro de Osmildo arrependeu-se, e foi socorrer-lhe, tentando levantá-lo para um possível socorro. E sem o Pedro de Osmildo perceber, foi neste momento que o João Paulo arrastou a sua afiadíssima faca, que com ela cortava os couros para os reparos de sapatos; e com a pouca força que ainda lhe restava, aplicou-a no pescoço do Pedro de Osmildo, degolando-o. E ali mesmo, os dois morreram.

Hoje, os filhos de ambos vivem pacificamente, na mesma Rua e bairro onde nasceram. Nenhuma intriga, nenhuma rixa. Continuam como antes, amigos, ou quem sabe, irmãos. E alegam que os pais não deixaram vinganças, porque o Pedro de Osmildo matou o João Paulo, e o João Paulo matou o Pedro de Osmildo.

Quanto ao Luiz da Quitanda ele vivia com problemas de saúde,  e morreu  dois anos depois deste acontecimento.

Minhas Simples Histórias 

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.

Fonte: 

http://minhasimpleshistorias.blogspot.com 

Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo: 

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Bangu, Memória de um Militante - Lauro Reginaldo da Rocha - Bangu - Parte XVI

Por Brasília Carlos Ferreira – Organizadora, 1992



Quanto à corrupção, corrompe-se aquele que é corruptível e o corrupto, na sociedade capitalista, encontrará sempre meios de se corromper, quando bem o desejar. Se o trabalho fosse um fator de corrupção, que seria da classe operária, que vive do trabalho, seu único meio de vida? A discussão prosseguiu horas e horas a fio. Depois de três dias seguidos de calorosos debates a mesa teve que submeter o caso a votação. A maioria votou pelo trabalho. Os inimigos do trabalho não se conformaram com a derrota. Abandonaram o coletivo, mudaram-se para outra galeria e formaram um novo coletivo minoritário. Realizaram a cisão sem fundamento, desnecessária e ridícula.

Uma vez que não conseguiram “acaudilhar” a todos os companheiros, conformaram-se em ser chefes de uma minoria.

Trabalhou quem quis. Quem não quis não trabalhou. Porque ninguém foi obrigado a nada. E ninguém se corrompeu nem se desonrou para desespero dos falsos profetas. Quando houve a anistia, vi “trabalhista e não trabalhista” abraçados, na maior alegria. E mais tarde em liberdade, estavam novamente irmanados na mesma luta. As pequenas querelas desaparecem, sempre que há um ideal mais forte.

Um grupo de presos políticos em abaixo assinado, requereu ao Coronel Nestor Veríssimo permissão para que todo aquele que assim desejasse, pudesse morar com sua família na Ilha Grande. O requerimento baseava-se na existência de um antigo projeto de criação de colônias agrícolas para presidiários, no qual esta permissão estava incluída. Segundo nos informaram, o diretor do presídio levou o oficio diretamente ao presidente Vargas, tendo sido por este despachado favoravelmente.

Em vista desse atendimento, todos os presos políticos passaram a ter direito de mandar buscar suas famílias para a Ilha, com casa de graça para morar, podendo retirar semanalmente os gêneros alimentícios em espécie, correspondente à etapa a que um tinha direito como detendo. Viveriam fora do presídio, tendo apenas que se apresentar na portaria pela manhã e à tarde. E seus filhos podiam freqüentar a Escola Pública existente na vila.

Como já havia o direito ao trabalho parcialmente remunerado, ficariam assim com a subsistência garantida, modesta mais suficiente. O ofício solicitando a nossa moradia na Ilha foi assinado (se não me falha a memória) por Mauro, Brás, Azevedo, Bonfim, Epifânio Guilhermino, eu e outros.

Na margem do rio havia um velho edifício abandonado, que noutros tempos fora hospital. Nós mesmos, os futuros moradores, restauramos, pintamos e dividimos o casarão em apartamentos, cada qual escolheu o seu. O tenente França tomou posse de uma casinha desabitada que havia próximo à praia e, caprichosamente, transformou-a nem pequeno “bangalô”.

Antes desses preparativos eu já tinha consultado, por carta, minha família sobre sua vinda para a Ilha. A resposta afirmativa veio rápida e decidida. Agora era só aguardar.

Quanto aos recursos financeiros para a viagem, ficou por conta da “campanha de ajuda aos presos políticos e suas famílias”, que funcionava no Rio e nos Estados. Graças ao trabalho formidável de solidariedade encabeçado pelos abnegados companheiros Jorge da Silveira Martins, Fernando Lacerda e muitos outros, a importância suficiente foi arrecadada e enviada ao Rio Grande do Norte.

O difícil, para minha família era realizar essa viagem por terra, já que a vinda por mar era impossível, devido aos frequentes torpedeamentos dos navios brasileiros pelos submarinos alemães. Estradas de rodagem, praticamente não existiam e uma viagem como essa na época, era uma verdadeira temeridade.

Minha mulher, com as três crianças, resolveu enfrentá-la. Arrumou a trouxa e se pôs na estrada. O filho mais velho tinha 6 anos de idade, o menor 5 e a menina 4.

Para se ter uma ideia do feito, vamos descrever o roteiro. Essa viagem, nos dias atuais, é uma viagem comum, de ônibus, e leva 4 ou 5 dias. Naquele tempo ela foi realizada da seguinte maneira: de Mossoró a Natal, em caminhão do Correio; de Natal a Recife de trem; de Recife a Petrolina num jipão do Exército; de Petrolina a Juazeiro na Bahia de barca; de juazeiro a Pirapora em Minas, pelo Rio São Francisco de gaiola; de Pirapora a Belo Horizonte ao Rio Janeiro de trem, idem; do Rio a Mangaratiba de trem; de Mangaratiba a Abraão (Ilha Grande), de Lancha (a balalaika); de Abraão a Dois Rios de ônibus.

Com mais de 2 meses de viagem, chegaram ao presídio da Ilha Grande, a mulher e os três filhos. Magros e queimados de sol, de fazer dó. Mas chegaram. Ainda com saúde, alegres e felizes.

A minha família, da mesma forma como as outras que iam chegando, já encontrou a casa pronta, com móveis improvisados e utensílios domésticos indispensáveis. Para isto favoreceu o espírito de solidariedade e ajuda mútua e também o fato de que muitos ali eram operários especializados. Tínhamos de boa qualidade, marceneiros, pedreiros, pintores, mecânicos, ferramenteiros, além daqueles que tudo fazem e de tudo entendem um pouco e que são utilíssimos nessas horas. Tudo de graça, pelo sistema do cooperativismo.

Para garantir e reforçar a alimentação, já havíamos iniciado a criação de galinhas, patos e cabritos. Tínhamos ao lado da casa o rio que dava alguns robalos e bem perto estava a praia, onde a pescaria de arrastão nos fornecia peixes fresquinhos, quase sempre com fartura. O leite e as verduras vinham da vacaria e da horta do presídio. Aos domingos havia uma feirinha dos caipiras, onde podíamos nos abastecer por bons preços, de frutas e algo mais que nos faltasse.

As crianças se recuperaram rapidamente da longa viagem, ficaram fortes e foram entrando para a escola, à media que iam atingindo a idade. E assim ia transcorrendo a nossa vida de presidiários, agora amenizada com as novas medidas humanizadoras.

Entretanto, à tarde, quando parávamos de trabalhar, quando o sol começava a se esconder no horizonte, é que a gente fazia esforço para afugentar a tristeza e evitar a depressão. É que, por mais que procurássemos nos convencer de que tudo ia bem, não conseguíamos sufocar os nossos anseios de liberdade.

Não estávamos com nenhuma corrente nos pés (também pudera!), os “quadrados”, as “as salas de detidos” e as “solitárias” ficaram para trás. Mas estávamos numa ilha-Prisão.

Tudo corria normalmente. No Cassino dos Guardas realizou-se uma festa dos funcionários do presídio. O Coronel Nestor Veríssimo esteve presente. Depois que tudo terminou ele sentiu-se mal. Disseram que houve qualquer complicação relacionada com seus antigos ferimentos. A doença agravou-se rapidamente. Alguns dias depois estava morto.

Em substituição ao falecido, assumiu a direção do presídio o Major Coimbra, também gaúcho. O novo diretor manteve todas as regalias instituídas pelo seu antecessor, demonstrando boa vontade no tratamento com os presos políticos. Decididamente uma aura aprazível estava amenizando nossas penas. Sá faltava a anistia. Estávamos certos de que ela não tardaria a chegar.

Nas frentes de combate da grande guerra, começou a derrocada das tropas do “eixo”.

CONTINUA... 

http://www.dhnet.org.br/memoria/1935/livros/bangu/04.htm#primeiro

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OS CABRAS DE LAMPIÃO (Ranulfo Prata) - Parte V

Fragmento de capítulo de livro - transcrito por Luiz Alberto da obra: Lampião /Ranulfo Prata/Traço Editora


Ângelo Roque

Tornou-se criminoso pela primeira vez no termo de Santo Antonio da Glória, escondendo-se muito tempo na fazenda do coronel Sá, distante de Jeremoabo 4 léguas.

Ali residiu anos, vivendo do produto da venda de couro de gato do mato, que caçava e mandava vender nas feiras. 


Ao chegar, Lampião nele encontrou um adepto que lhe engrossou as fileiras, passando Ângelo a matar gente, em lugar de matar gatos. A semelhança de Corisco, de quando em quando se desgarra do grupo e assume a chefia de pequeno subgrupo, cobiçoso de mando e autoridade.

http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2009/10/os-cabras-de-lampiao-ranulfo-prata.html


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