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sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Manuel Marcelino - O Bom de Veras - IV

Por Antonio Alves de Morais

Para ler a parte I, II e III clique nestes links:

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http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2014/11/manuel-marcelino-o-bom-de-veras-iii.html

Certo dia, a notícia da aproximação dos marcelino deixou o delegado em pânico. O negro Felizardo, sabedor da presença dos Marcelino, achou por bem demonstrar sua proclamada valentia. Foi vingar o patrão. Tocaiado na ladeira do Caririzinho, aguardou a passagem do grupo. Manuel Marcelino, que havia estacionado ali, talvez para descanso, foi atingido por Felizardo que, imediatamente, correu a rua anunciando haver morto o famoso bandoleiro. Chegaram a comemorar o grande feito. Foi cachaça a bessa. O velho Ioiô vibrou com a notícia, enquanto Felizardo proclamava alto e em bom tom sua valentia e a glória de haver morto o terrível bandoleiro da fazenda Olho D água.

A amizade entre Antonio Taveira e Manuel Marcelino era grande e fraterna. Eram tambem compadres. Por isto, reuniu algumas pessoas e resolveram procurar, na mata, o amigo provavelmente baleado. Chegamos ao local e nada. Manchas de sangue, pelo chão, indicavam que a vítima havia penetrado numa vereda. Seguimos a pista. Aqui e acolá, folhas manchadas de sangue. Já a tarde fomos informados, por uma pessoa que regressava da feira de Jardim, que os Marcelino haviam subido a serra, e Bom de Veras estava com uma das mãos na tipoia. A bala do rifle de Felizardo apenas havia decepado o dedo polegar do famoso cangaceiro.

Na sua sede de vingança Bom de Veras voltou a Caririzinho. Como um tigre esfomeado, pegou Felizardo na garapa, quando este subia a ladeira tantas vezes aqui referida.

- Bom dia, moleque!

- É você, Manuel?

- Está admirado?

- Sim, mas sei que você não vai matar-me. Sempre fomos bons amigos e mesmo meu padim Cico não deixa. 

- Cala a boca, negro, não fale neste nome aqui! Deixa meu Padim no seu canto. O negócio é aqui entre nós dois. 

Mal encerrou a conversa, doze tiros de rifle papo-amarelo acoaram no silêncio daquele pé-de-serra ermo, e o baque do corpo de Felizardo anunciava o fim do famoso pistoleiro. Vencida a primeira etapa da vingança, Bom de Veras tomou a direção da serra e foi se incorporar ao grupo de Lampião. Dois longos anos se passaram sem nenhuma notícia dele.

Andanças e lembranças.

CONTINUA...

Enviado pelo repórter e pesquisador Antonio Morais

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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