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sábado, 21 de dezembro de 2013

Bangu, Memória de um Militante - Lauro Reginaldo da Rocha - Bangu - Parte XI

Por Brasília Carlos Ferreira – Organizadora, 1992

Lauro Reginaldo da Rocha era Mossoroense 

“DÉCIMO DIA”

Mais uma vez fui atado ao “pelourinho”. As torturas recomeçaram. Os carrascos se esforçam para imprimir maior inspiração ao seu mister, mas isto vai se tornando cada vez mais difícil diante da minha fraqueza, do meu estado pré-agônico.

Por sua vez, o tal monstrinho histérico – o que gritava, ria, pulava e rolava no chão durante o massacre – continuou desaparecido. Sua ausência parece ter diminuído o entusiasmo dos espancadores, tornando-os de tal forma fleumáticos que os seus chefes de vez em quando irrompiam de supetão no “Quadrado” para estimular seus asseclas, para evitar arrefecimentos.

As torturas prosseguem com maior ânimo, inexoráveis, o esqueleto insistindo teimosamente, os meus gritos transformados em longos gemidos arquejantes, incontroláveis, entravam pela noite a dentro, pareciam não ter fim.

De repente houve uma correria na sala vizinha. Ouvia-se uma pancada na janela, barulho de vidros partidos caindo no chão. Gritos fortes vibraram no espaço: “Abaixo a ditadura fascista! Viva Luís Carlos Prestes! Os “tiras” passavam correndo feito loucos, sons desconexos, confusão, agarra-agarra. Senti que uma coisa muito grave estava acontecendo.

O tumulto foi aos poucos diminuindo até chegar a um silêncio total. Em segundos a notícia se espalhou: Joaquim Câmara Ferreira – o companheiro Jurandir – que vinha sendo torturado, aproveitou um descuido do “tira” que o vigiava, correu para uma janela partiu com um soco o vidro e cortou os pulsos, ao mesmo tempo que gritava as frases acima descritas.

Foi operado na mesma hora, ficando fora de perigo de vida. A morte que lhe aguardava muito mais pavorosa viria muitos anos depois, quando foi massacrado sob torturas pela Polícia de São Paulo

CONTINUA...

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FELIZ NATAL PRA VOCÊ



Por Rangel Alves da Costa* 

A palavra escrita não tem o poder da voz; a linguagem textual não substitui a presença; as frases e os contextos jamais alcançariam, por exemplo, o poder expressivo de um olhar, de uma aproximação, de uma saudação, de um abraço afetuoso. Mas ainda assim me aproximo o máximo que puder para dizer: Feliz Natal!

Feliz Natal pra você! Tanto gostaria agora que este escrito estivesse perfumado em jasmim, alfazema do campo, uma suave fragrância silvestre; como gostaria que as palavras chegassem acompanhadas de um buquê de flores matinais, de um cestinho de frutas colhidas em pomar, de miçangas de cipó de caroá e com uma concha de mar como pingente.

Ai como eu gostaria de juntar às palavras uns presentinhos que tanto lembram você. Tenho certeza que iria gostar de receber um poema escrito em folha seca, um pedaço rústico de madeira com seu nome talhado, um patuá batizado na correnteza do rio, um segredo guardado de uma garrafa no mar recolhida. A simplicidade não requer o fausto nem o suntuoso, o dourado nem a pedraria, mas a cordial singeleza.

Tantas e tão boas as intenções. Não somente porque o espírito natalino ainda está em mim preservado, nada fruto de um repentino desejo de agraciar, mas sim uma vontade imensa de compartilhar contigo algumas pequenas e essenciais coisas da vida. O que alenta meus dias de sol e lua haverá de ser repartido com quem merece ser recordado.

Um dia, do alto da mais alta montanha, um velho sábio fez ecoar pelo vento: O coração que compartilha torna o espírito multiplicado; o que é partilhado pelo desejo, recompensado será pelo prazer; o que é dividido com quem mereça, faz com que a semente brote e cresça e o seu grão nunca pereça.


Na presença, aí perto de você, tudo seria mais fácil. Sei que gostaria de ouvir Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Mário Quintana, Drummond, Cecília Meireles. Sem livro aberto, mas com as páginas da mente devidamente marcadas, declamaria poema e poesia até que a lua surgisse lá em cima e a aragem da noite chegasse para recolher os restos dos versos ainda ecoando. 

Talvez até eu recordasse alguma velha canção de fogueira debaixo da noite. Mas cantarolo agora, baixinho, um tanto entristecido, confesso: “Como vai você? Eu preciso saber da sua vida, peça a alguém pra me contar sobre o seu dia. Anoiteceu e eu preciso só saber. Como vai você?...” 

Sim, como vai você? Sei que esta época natalina nos joga diante do espelho das nostalgias infindas. Sei que as recordações chegam mais vivazes, mais angustiantes, quase fazendo sofrer. E faz. Difícil recordar, abrir os baús, reencontrar e não padecer. Ora, não podemos fugir dos sentimentos. Por mais dolorosos que sejam, são os sentimentos que nos tornam melhores e mais humanizados, sensíveis e amorosos.

Muitos agora estão recolhendo as folhas secas que já se avolumam no chão do ano que se finda; outros já começam a abrir as portas e janelas para o novo sol. Mas eu continuo apenas pensando no melhor presente que possa oferecer a você. Talvez jamais encontre a dádiva ideal, mas se compartilho o que para mim desejo, então certamente receberá uma folha em branco. Sim, uma folha em branco!

E nesta folha a possibilidade de escrever o que bem desejar para o instante e o amanhã. Os sonhos, os planos, as aspirações e inspirações, o melhor que deseja conquistar. E também o que deseja esquecer, não mais recordar. Depois arremessá-la ao vento, e melhor ainda na ventania, pois temos pressa de felicidade, precisamos tanto de felicidade.

Na parte da folha que me resta, além de outros desejos do coração, certamente escrito estará: FELIZ NATAL PRA VOCÊ!

Poeta e cronista
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