Seguidores

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A morte de Lampião e seus cabras - Final


Macabro cortejo das cabeças cortadas

Não apenas a população de Piranhas, mas das cidades circunvizinhas, de um e de outro lado do São Francisco, acorreram para ver as cabeças decepadas dos cangaceiros.  As cabeças foram oficialmente reconhecidas e o registro foi feito em livro próprio, no Cartório de Registro Civil da Cidade, como um documento valioso. Um caminhão fretado levou as cabeças para Santana do Ipanema e dois outros caminhões levaram a soldadesca que formava um tétrico cortejo ao tempo em que faziam a segurança do macabro empreendimento. Passaram em várias cidades da região sob a curiosidade do povo.

Relata-se que em Pedra, a usina local fechou as portas para que os operários pudessem assistir ao tenebroso desfile das cabeças cortadas. Grunspan ressalta que “as cabeças de Lampião e seus companheiros foram levadas de cidade em cidade, de vilarejo em vilarejo, numa espécie de procissão macabra em que se mesclavam tradições solenes e manifestações de júbilo popular, o sagrado e o profano. O transporte  das cabeças ao som de uma fanfarra, se fez como nas procissões de sexta-feira santa; as cabeças eram exibidas e o povo seguia o cortejo, parando como nas estações da via-sacra. A Lampião, aquele que substituía o padre,  respondeu com um simulacro de rito sagrado”.


Antônio Amaury Corrêa, um dos mais importantes pesquisadores sobre vida e morte de Lampião, registra que “todos os cangaceiros mortos tiveram suas cabeças decepadas e esses macabros troféus foram levados em cortejo triunfal e exibidos em várias cidades de Alagoas até chegarem à capital, Maceió. 

Mais tarde, a cabeça de Lampião e a de Maria Bonita foram transferidas para o Instituto Nina Rodrigues, em Salvador, capital do Estado da Bahia, onde Lampião andou fazendo também estripulias. Ali permaneceram até 1969, ano em que foram enterradas no Cemitério de Quintas, depois de uma longa história de protestos por parte de jornalistas e advogados, que cobraram das autoridades um maior respeito pelos mortos”.

Diante de todo o abuso que se cometeu com os corpos dos cangaceiros e o desrespeito que se seguiu à memória deles e de suas famílias, as quais nada tinham com o trágico destino de banditismo dos bandoleiros, vale ressaltar a palavra de um magistrado.


O doutor Sérgio Augusto de Souza, juiz de Direito e pesquisador da história do cangaceirismo no Nordeste, escreve:

“... é importante por em relevo que, no auge daquele período, o próprio povo parecia aprovar as ações arbitrárias da polícia, neste particular. Muitas destas cabeças que foram separadas do corpo, inclusive a do próprio Lampião, passaram décadas expostas à curiosidade popular em um museu na capital baiana. Sob pretexto de serem estudadas à luz da Antropologia e da Criminologia, e através deste se buscar as causas da criminalidade, um grupo de intelectuais, liderados pelo médico Estácio de Lima, tornou-se exponencial defensor da exposição permanente daquelas cabeças. Durante anos, ali se buscou em vão as raízes da delinquência rural. Nenhuma delas, porém, foi efetivamente estudada, como se alardeou no afâ de sustentar o frágil argumento. O que se viu na prática é que as cabeças nada mais foram do que troféus macabros, e jamais objetos de estudo. As visitas à estante macabra do Instituto Nina Rodrigues, durante anos, tornaram-se parte integrante de qualquer roteiro de viagem a Salvador”.

Finalmente, em 1969, depois de uma verdadeira cruzada de importantes jornalistas e autoridades públicas na Imprensa brasileira, eis que os corpos de Lampião e Maria Bonita receberam o descanso digno. Foram inumados pondo fi a uma série de equívocos cometidos não apenas pelas autoridades, mas também pela própria Academia, através do Instituto Nina Rodrigues.

Sérgio Augusto de Souza Dantas

Juiz de Direito e pesquisar da História do cangaceirismo no Nordeste.

Revista: Nordestevinteeum
Edição nº 41 Dezembro de 2012

Gentilmente cedida pelo poeta, escritor e pesquisador do cangaço Kydelmir Dantas

http://blodomendesemendes.blogspot.com

De Virgulino a Lampião - samamultimidia - Parte V

Lampião

Em começos de fevereiro, uma comitiva deixou Poço do Negro, donde ficou somente D. Jacosa com seu filho Manuel. Montada de silhão num burro manso e puxado por José Ferreira, ia D. Maria Lopes. Escanchada na garupa, a sua caçula Anália de oito anos de idade. Ezequiel de dez, e Mocinha, de quatorze anos, iam de escancho noutro burro, ora puxado por João, de dezoito anos, ora tangido por Livino, o braço esquerdo na tipóia. No final, ia o terceiro burro, chamado Condave, que fora o primeiro burro comprado para a almocrevia e muitos serviços prestara. Hoje, estava um caco velho, mas sempre na estimação. Encangalhados nele dois caçuás contendo as “arrumação” ou troços: coisas de arranjos domésticos, isto é, tudo aquilo a que ficara reduzida a de antes bem arremediada família de José Ferreira. Ele, que fora dono de um sítio e sucessivamente de duas boas situações, com suas casas e agregados, que possuía uma tropa de doze burros bem arreados e com cangalhas e apetrechos para carcarejar, que criara mais de trinta reses, vários animais e um ror de criação, estava agora tangido pelo destino, despatriado e decadente!
 
Condave era tangido, a relho, pelo agregado, esse um de toda confiança, Luís Gameleira, que com outros ia no xaxo da apragata. Sacrificoso o espiche dessa retirada de mais de vinte léguas, cheias de travessias, até o momento de esbarrar no destino. A marcha ia segura, mas não podia ser solta na pisada, a modo de não incomodar D. Maria Lopes, e também por causa da quentura do dia alto e do ar duro, mormacento. Mais vantagem e deleitoso viajar no de noite, principalmente sendo clara e doce como vinha sendo. Despaireciam os viandantes diante da contemplação, se sucedendo e sempre de poesia, das paisagens do sertão.
        
Depois de vários dias, perto de Espírito Santo do Moxotó, foram, na surpresa, atacados por gente de Zé Saturnino. Segundo informações posteriores, vinham com partes de querer passar a mão nos burros. A comitiva que seguisse a pé pela estrada tirana, a matalotagem na cabeça...
        
Gameleira, cabra ditriminado, sobrando coragem até para mamar em onça, assumiu a defesa, ripostando com seguridade na troca encarrilhada de bala por bala. Com dificuldade, Livino atirava de pistola com a mão direita. José Ferreira, enquanto pelas rédeas continha os espantos do burro em que estava sua esposa montada, levantando a voz indignado com tamanha covardia gritava os nomes que lhe vinham na hora: Miserave! Miserave! Amolestado da bexiga! Bando de covardes! Satanás!... O outro burro, dos meninos, João dominava.
      
De repente, Condave, assustando-se, desembestou no chouto pela catinga a dentro. Repelidos os atacantes, correu Gameleira atrás dele, pegando-o onde ele parara enganchado pelo cabresto. Recompôs a carga e voltando, pôs-se novamente em marcha a comitiva, vez em vez olhando para trás.
      
Somente no fim da viagem, quando do desarreio dos caçuás, é que se deu fé da falta de um saco, precisamente o que continha a véstia de vaqueiro de Virgulino. Véstia confeccionada a capricho por ele próprio, debruada, cheia de bordaduras coloridas e com suas iniciais VFS bem vistosas no peitoril. Obra-prima sertaneja de beleza e acabamento! Na carreira do burro assustado o saco caíra, e fôra percebido pelos assaltantes, que logo o furtaram.
 
Enfim, depois de sobressaltada e vagarosa viagem, chegaram a Alagoas, à fazenda Olho d’Água de Fora, pertencente a Manuel Francelino. Com alegria e a abraços foram recebidos por Virgulino e Antônio. “Agora espero viver em paz!” – foi a primeira frase do otimista José Ferreira. No entanto, deu vontade a Virgulino de desiludir o pai de tão espevitada crença, mas se teve.   
 
Ali fizeram arranchação, ocupando casa de taipa, piso de terra batida, apertada e escura. Alguns dias depois, sem descoroçoar um nada, José Ferreira alugou dois burros, formando com os seus uma tropa de cinco, e mandou seus três filhos almocrevarem. Fizeram algumas viagens sob a proteção do Coronel José Abílio, entretanto, só puderam dar poucas viagens, aliás com bom rédito e lucro. Logo, novos insultos, perseguições e ataques. Os ordeiros irmãos Ferreiras careciam do delegado de Água Branca, Tenente Pedro Nolasco, permissão por escrito a modo de andar armados. Conseguiram, não porém dentro da cidade, o que para eles não constituía dificuldades, pois já costumavam fazer assim.
 
O inimigo porém, não dormia...
 
Zé Saturnino provocava cada vez mais e escreveu cartas a coronéis, delegados, comissários de polícia e à Baronesa de Água Branca, denunciando os irmãos Ferreiras e Antônio Matilde como “bandidos perigosos”, “assassinos”, “salteadores e ladrões”, contando nos exageros e falsos, vários “causos”. A baronesa foi a única que levou a sério e chamou o delegado e exigiu providências. Este, influenciado pelo Comissário Amarílio, que havia recebido dinheiro de Zé Saturnino, que era um modo de apertar os “bandidos”, e mesmo prendê-los, expediu ordem imediata para em dia de feira, três soldados desarmarem os irmãos Ferreiras na ocasião em que esses tivessem dando as armas para guardar, como de costume, numa casa da ponta da rua. Ora, desarmar um homem publicamente, sempre significou, no sertão, desmoralizá-lo.
 
Não somente os soldados não tomaram as armas, como vergonhosamente apanharam dos valentes e ágeis irmãos Ferreiras. Foram todos os Ferreiras proibidos de entrar na cidade, pouco importando o pretexto sob pena de prisão. Diante de todos esses maus acontecidos provocados pela incessante perseguição de Zé Saturnino, resolveram Antônio Matilde e os irmãos Ferreira dar-lhe uma lição adequada, quebrando-lhe o rabicho pelo cotoco.
 
Depois de cinco anos aturados só na defensiva iriam agora tomar a ofensiva, atacar para acabar, na bala e na ponta da faca, com aquela infernização. Juntando Virgulino os seus e mais cinco cabras, dos bons, que conseguiu com Sinhô Pereira, formou um grupo de quinze homens fortemente armados. Dentro de um plano fulminante traçado por ele, foram arrasadas as fazendas Serra Vermelha, de João Nogueira, Pedreira, de Zé Saturnino, e Mutuca, de Venâncio Barbosa, derrubadas as cercas e depois incendiadas, com as casas, os roçados e o mato. Grossos novelos de fumaça, subindo de uma danação de fogo desparramado, turbava a vista do sol. Nos currais queimados e nos campos crepitando amontoavam-se reses e criações, mortas a tiro ou sangradas, esquartejadas e tostadas, uma carnificina dos diabos, dentro de um inferno de urros e berros de bichos, sofrentes nos estertores e braiados aos gritos e hurras dos atacantes em fúria!
 
No ar o cheiro insuportável da chamusca. Desgraceira completa!...

Arrasados e inconformados os inimigos, iniciaram-se novas batalhas, tiroteios, ferimentos, agora com o apoio total da polícia. Num daqueles dias, havia necessidade de uma mezinha urgente para um dos filhos de Virtuosa, netinho de José Ferreira, doente de dor de ouvido. Não havia outro jeito senão enviar João a Água Branca para comprar na botica. Era ele apenas um rapazote. De certo respeitariam. Assim que João chegou na rua, foram mais logo uns espias dar conhecimento ao delegado que, no mesmo contenente, mandou prendê-lo, sob dito e alegação que, burlando as autoridades, tinha ido, sim, para comprar munição.

Depois, certo o Comissário Amarílio de que viriam os corajudos irmãos Ferreiras buscar o preso, ajuntou gente e foi botar emboscada no caminho mais para perto da casa deles. Na casa de José Ferreira todos viam as horas passando e nada de João chegar. Preocupados, queriam os três irmãos ir buscá-lo. O pai não deixou. As horas correndo, apreensivo e angustioso, chegou a tarde e nada do menino. Perderam os três irmãos a paciência e resolveram ir atrás de João, desse no que desse. Ao se achegarem bem próximo da emboscada, descobriu Virgulino o inimigo ensubacado e avisou aos companheiros: “Estamos emboscados”. Num vupe, rompeu tiroteio feroz. Ao cabo de duas horas de fogo, o delegado azoretado e contando goga – que era homem, que fazia isto e aquilo – pisou na poeira!


CONTINUA...



http://www.samamultimidia.com.br/artigo-detalhes.php?id=2382

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Barbalha dos Verdes Canaviais e do Cariri Cangaço

Prefeito José Leite recebe Caravana Cariri Cangaço 2013

A manhã do quinto dia de Cariri Cangaço, 21 de setembro, começou com a visita ao monumento dos Fuzilados do Leitão em Barbalha; ali, poucos quilômetros do centro de uma das mais acolhedoras cidades do cariri, "à beira da Estrada Real" que ligava Barbalha a Crato, aconteceu a covarde chacina do grupo do cangaceiro Lua Branca, último dos irmãos Marcelinos, pelo Sargento José Antônio da policia do Ceará.

Fomos recepcionados pelo Prefeito José Leite, primeira dama dona Izabel , Vice-prefeita Betilde, Secretário de Cultura Sitôe Luna e membros da equipe de Barbalha. Por mais de uma hora tivemos o privilégio de receber mais uma vez uma verdadeira aula sobre aquele episódio, com o médico e pesquisador Leandro Cardoso.


 
 Leandro Cardoso e Manoel Severo: A história dos Fuzilados do Alto de Leitão
Diego, Jairo Luiz, Ingrid Rebouças e Múcio Procópio

Do Alto do Leitão a caravana Cariri Cangaço partiu para a visita à sede da Secretaria de Cultura de Barbalha, encravada em um Casarão secular, ícone do maravilhoso patrimônio arquitetônico da cidade. Ali foi acompanhada a Exposição sobre a Festa do Pau da Bandeira, tradicional festejo de Barbalha, um dos maiores do nordeste. Novamente o Prefeito José Leite fez as honras da casa e apresentou as principais iniciativas da gestão, voltadas para a cultura.

 O magnifico patrimonio arquitetonico de Barbalha
Ângela Tavares e Juliana Ischiara e a Exposição da Festa de Santo Antônio

O espetacular Balneário do Caldas, na Chapada do Araripe recebeu as Conferências do quinto dia de Cariri Cangaço. João de Sousa Lima, de Paulo Afonso e Jairo Luiz de Piranhas, trouxeram as experiências exitosas de seus municípios no desenvolvimento do turismo histórico e de conhecimento com as Rotas do Cangaço, de Paulo Afonso e Xingó; logo após, as conferências da Professora da USP, Dra. Maria Thereza Camargo e do médico legista de Salvador, Lamartine Lima, encantaram a todos pela riqueza de detalhes e aprofundamento técnico e científico sobre a medicina da caatinga e a análise antropológica das cabeças dos cangaceiros.

 
 Balneário do Caldas, em Barbalha recebeu o Cariri Cangaço 2013
.
 Jonasluis DA SILVA, de Icapuí, Lamertine Lima e Luitgarde Barros

Barbalha marcou também a posse do novo Conselho Curador do Cariri Cangaço, agora tendo como Patrono: Alcino Alves Costa. Sobre o Conselho e seus novos membros, teremos uma postagem especial neste mesmo blog. Ao final ficou a certeza de Barbalha, cidade sede de nosso Cariri Cangaço em mais uma realização de sucesso.


Cariri Cangaço 2013

21 de Setembro

Barbalha, Ceará
http://cariricangaco.blogspot.com.br
http://blogdomendesemendes.blogspotom

Caravana Nissin leva atividades​, palestras e oficinas gratuitas para Petrolândi​a








Petrolândia e Floresta recebem Caravana Nissin Miojo
A população de Petrolândia, Floresta e arredores vai contar com uma programação diferente na próxima semana. De 30 de setembro a 02 de outubro, a Caravana Nissin Miojo, uma ação da Nissin-Ajinomoto que está percorrendo os estados de Pernambuco e da Bahia, aporta em Petrolândia e depois, nos dias 03 e 04, chega a Floresta com diversas atividades gratuitas envolvendo lazer, bem-estar e gastronomia.


A Caravana Nissin consiste em quatro tendas temáticas voltadas para todos os integrantes da família: Na cozinha com você, onde são ensinadas receitas e dicas de como cozinhar delicias com lámem da Nissin; No espelho com você traz truques de beleza; Com a criança para você é o local destinado para a garotada e o Na Cidade com Você traz monitores interativos para fotos, além de expositores com os produtos da marca. A ideia é levar diversão, entretenimento e ensinar muitas receitas com as diversas linhas de produtos da marca. As atividades acontecem das 10h às 18h

 

Quer saber mais sobre a Caravana Nissin Miojo, acompanhar os lugares onde ela vai passar, curtir e compartilhar esses momentos? Acesse a página no Facebook:  

www.facebook.com/CaravanaNissinMiojo

SERVIÇO
Caravana Nissin Miojo

Petrolândia
Local: Praça de Alimentação – Centro
Período: 30 de setembro a 02 de outubro
Entrada gratuita


Floresta
Local: Praça Major João Novaes - Centro
Período: 03 e 04 de outubro
Entrada gratuita

Enviado por Lindalva Coelho

htp//blgdomendesemendes.blogspot.com