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sábado, 3 de agosto de 2013

Só enquanto não vem cangaço - Casa de Menores Mário Negócio, uma Instituição extinta - Parte I

Por: José Mendes Pereira
Foto: JOSÉ MENDES PEREIRA

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Esta instituição foi criada pelo político Aluízio Alves, quando ainda não era governador do Estado do Rio Grande do Norte. Durante décadas ela acolheu muitos filhos de pessoas pobres para estudarem.

Raimundo e eu  fomos adeptos dela, e eu agradeço de coração aos que me encaminharam para ela, como dona

Dona Chiquinha Duarte
Dona Chiquinha Duarte - mulher que me fez professor

Chiquinha Duarte que adquiriu uma vaga, e nela, vivi durante oito anos estudando, e posteriormente consegui emprego e até mesmo, cursar uma faculdade, que na época eram poucos que tinham este privilégio. E ainda consegui ser professor da educação estadual, durante 25 anos.

Raimundo Feliciano - ex-interno da Casa de Memores Mário Negócio

Meu amigo e irmão Raimundo Feliciano, somente nós podemos falar  o que aconteceu de engraçado naquela escola. Tivemos todas as assistências necessárias, segundo os regulamentos que regiam àquela instituição.

Fomos assistidos desde a alimentação até mesmo roupas e calçados. Só não tínhamos direito a cigarros e bebidas, mas sempre nós dávamos o nosso jeito.

Não era necessário nenhum de nós dizer  que estava precisando de calças, camisas, sapatos ou outras coisas parecidas, nossas diretoras sabiam  e cuidavam da gente com especial carinho.

Você sabe muito bem que o interno mais peralta daquela escola, sem dúvida era você, que mexia com todos, até mesmo com os funcionários que cuidavam de nós. 

Lembro bem das bagunças que fazíamos, mas geralmente tudo era pago com preços altos.

Certa vez o Zé Fernandes que era filho de Pedro e Telina chegou das suas férias, trazendo consigo uma enorme rapadura, onde ela fora fabricada eu não sei,

Foto: Que coisa, hein!

Nos anos sessenta - Raimundo Feliciano e José Mendes Pereira 
Raimundo Feliciano e José Mendes Pereira

e Sebastião, o natalense, você e eu desejamos comê-la. A solução seria nós roubá-la. Feito o roubo, fomos lá para trás da escola. Com bolachas fizemos um bom lance, coisa que nós não sabíamos que iríamos pagar caro. 

No dia seguinte, assim que dona Severina Rocha, a vice-diretora chegou à escola, Zé Fernandes enredou-a do furto que haviam feito na sua mala.

Aquele maldito sino, para nós, sempre foi malvado. Sei que você ainda lembra que um toque era para nós, internos, dois toques eram para os funcionários. Quando o sino batia a primeira pancada, nós ficávamos esperando pela segunda, do contrário todos os internos estavam fritos. Alguém tinha feito algo errado.

Nesse dia, assim que o sino tocou uma batida, esperamos a segunda, mas não houve a segunda batida. Ali, nós três estávamos fritos. O roubo da rapadura tinha chegado à diretoria. 

Fomos todos para diretoria, todos ali amontoados,. Os outros não tinham feito nada de errado. Somente nós três éramos os responsáveis pelo furto da rapadura de Zé Fernandes. 

Um dizia que não tinha sido ele. outro também declarava que não sabia  de tal rapadura. outro pedia que quem tivesse furtado a rapadura que se entregasse. Como os outros não eram responsáveis pelo furto, fomos obrigados a declararmos o nosso feito, que nós três éramos os malfeitores da rapadura de Zé Fernandes. 

Ficamos uma semana sem sairmos para lugar nenhum, apenas sentados ao redor de uma mesa. 

Lembro bem que nós só almoçávamos depois que todos os internos faziam as suas refeições.

A Beatriz que sempre fazia o papel de mãe implorava a dona Severina, que nós deveríamos almoçar juntos com os outros, e que isso era uma humilhação, em alimentarmos separados como se fôssemos marginais.

Após as refeições dos outros internos, fazíamos as nossas refeições. E quando as empregadas traziam os nossos almoços, geralmente você dizia: "-Lá vem o comer dos três ladrões".

Foram tantas estripulias feitas por nós, principalmente por você, as quais  contarei na próxima publicação. 

Continua...
Minhas Simples Histórias

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.

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João Wilson Mendes Melo - da Academia Norte Rio-Grandense de Letras

Foto: João Wilson Mendes Melo - da Academia Norte Rio-Grandense de Letras
João Wilson Mendes Melo

O autor e seus livros

“Não é demais afirmar que já basta, em grandeza, a colaboração concedida no ‘crescei-vos e multiplicai-vos’, pois ela é sem par na natureza divina e humana, aperfeiçoada pela concepção da paternidade responsável, que traduz a transcendência daquela ordem e as exigências do bem-estar humano no nosso tempo.”
João Wilson Mendes Melo

João Wilson Mendes Melo nasceu em Mossoró, às margens do rio do mesmo nome, no sítio denominado Canto dos Filgueiras, um dos lugares mais aprazíveis do Rio Grande do Norte.

Iniciou seus estudos na mesma cidade, concluindo o primário em Ceará-Mirim e o então secundário em Natal, no Colégio Santo Antônio, dos irmãos Maristas e no Atheneu Norte Rio Grandense. Bacharelou-se em Direito e Ciências Sociais pela Faculdade de Direito de Alagoas, Maceió.

Dedicando-se à leitura dos autores brasileiros e franceses, começou desde cedo a redigir crônicas, artigos e alguns poemas que foram publicados nos jornais da época, sobretudo A República, o Diário e A Ordem. Pertenceu à Academia de Letras do Atheneu, iniciativa dos alunos do mesmo estabelecimento do ensino público estadual.

Sua atividade principal foi a de professor, tendo ensinado na Escola Técnica de Comércio e no Seminário de São Pedro, em Natal, posteriormente em faculdades incorporadas à Universidade.

Figura como um dos fundadores da Escola de Serviço Social, da Faculdade de Ciências Econômicas, da qual foi diretor durante oito anos; da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, ocupando a função de vice-diretor; bem como da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, hoje Universidade Federal, UFRN, da qual é professor aposentado.

É membro da Academia Norte Riograndense de Letras, onde ocupa a cadeira nº 25 da qual é Patrono o poeta Ponciano Barbosa, da Academia de Letras e Artes do Nordeste, e sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.

Foi agraciado com o título de Cidadão Natalense, pelo Decreto Legislativo nº 600/02 da Câmara Municipal de Natal, em 17 de junho de 2002.

Foi homenageado com a medalha do mérito governador Dinarte Mariz, pelo Tribunal de Contas do Rio Grande do Norte, em 9 de dezembro de 2005.

Colaborou por muito tempo nos jornais A Razão, A Ordem, A república, o Diário de Natal, o Poti, a Tribuna do Norte, A Verdade, o Jornal de Hoje, na publicação literária o Galo e nas Revistas do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e da Academia Norte Riograndense de Letras, e nas revistas Tempo Universitário e História, da UFRN.

Fonte: http://mendesmelo.wordpress.com

Enviado pelo pesquisador do cangaço: 
José Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo

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Convite especial - VI FESMUZA – Festival de Músicas Gonzagueanas


VI FESMUZA – Festival de Músicas Gonzagueanas
Promoção do Grupo União São Francisco
Apoio “Caldeirão Político”
Música homenageada: “Paulo Afonso”

CONVITE

A Comissão Organizadora do VI FESMUZA, CONVIDA para participar das festividades em homenagem a Luiz Gonzaga e seus seguidores, com as seguintes promoções: VI FESMUZA, I VAQUEIZAGÃO e II CONPOZAGÃO.

 I -  DATAS:

23 de Agosto – 20h00min, Abertura solene com a Orquestra Trupé do Sertão, de Luiz Gomes (RN); Inauguração da Sala dos Jornalistas; Inauguração da Casa dos Escritores Amigos do “Caldeirão Político”; Inauguração da Sala em homenagem a Dominguinhos; Inauguração da Sala das Mãos da Fama.

24 de Agosto – 20h00min – Realização do VI Festival de Músicas Gonzagueana, com a presença de várias personalidades culturais do Nordeste brasileiro.

II - LOCAL: Parque Cultural “O Rei do Baião”, Comunidade São Francisco – São João do Rio do Peixe – PB.

III - PREMIAÇÃO PARA OS VENCEDORES DO FESMUZA:
                1° Lugar.....................R$ 4.000,00
                2° Lugar.....................R$ 2.000,00
                3° Lugar.....................R$ 1.000,00
                4° Lugar.....................R$     600,00
                5º Lugar.....................R$     400,00
                6º Lugar.....................R$     300,00
                7º Lugar.....................R$     200,00

Enviado pelo professor e pesquisador: 
José Romero Araújo Cardoso

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Enfim uma boa notícia?

Publicado em 01/08/2013 por Rostand Medeiros

Esperamos que o visual desta foto de 2009, feita pelo amigo Leonardo Dantas, nunca mais se repita em meio a tempos tão complicados, enfim surge uma boa notícia para aqueles que gostam da história, principalmente sobre o envolvimento de natal durante a segunda guerra mundial, pois começou as obras de restauração do prédio histórico da rampa.

Esperamos que o visual desta foto de 2009, feita pelo amigo Leonardo Dantas, nunca mais se repita
Esperamos que tudo corra bem e logo os potiguares e seus visitantes possam conhecer mais deste período da nossa história.

Vejam a matéria do jornal bom dia RN, da Inter TV Cabugi…


Mas como isso vai ocorrer?

Concordo que devem existir maneiras de viabilizar economicamente o local com as futuras atrações existentes, mas como isso será feito? Quem vai gerir? o que vai existir no local?

Não podemos esquecer que esta reforma é feita com dinheiro público, em local de interesse histórico e o prédio da rampa não pode se tornar um ambiente fechado, elitizado, em proveito de certos grupos.

Será que ali vai se tornar um clube social de ricos admiradores da nossa história, de abonados colecionadores, bem as margens do rio Potengi e abertos só aos “sócios”?

Espero que não!

E a questão turística?

Para o bem deste prédio histórico, a sociedade potiguar deve sim ficar de olho neste local e neste projeto.

é nossa obrigação para que isso tudo não venha se tornar uma má notícia.

A área da Rampa durante a Segunda Guerra Mundial
A área da rampa durante a segunda guerra mundial

Material do bolg "Tok de História" administrado pelo historiógrafo e pesquisador do cangaço: 
Rostand Medeiros

http://tokdehistoria.wordpress.com

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SOBRE PIOS E AGOUROS DEBAIXO DA LUA TRISTE (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa(*)
Rangel Alves da Costa

SOBRE PIOS E AGOUROS DEBAIXO DA LUA TRISTE

Não bastassem as tantas vezes que o sertão se vê tomado de tristezas e sofrimentos por causa das longas secas e desolações, quando tudo parece que vai definhar e morrer, outros elementos assombrosos se assomam para aumentar a dor e o tormento. E as noites, que deveriam ser cantadas debaixo da lua, se tornam em sombras arrepiantes e entristecedoras.

Não há lua bonita que não entristeça com o piado agourento rondando a pobre moradia; não há cantiga noturna que faça espantar o temor quando se ouve a coruja rasgando mortalha nos escondidos dos arredores; não há noite iluminada que não estremeça quando o miado do gato vem acompanhado de um lúgubre padecimento. Tudo fica tão triste quando o mau presságio chega nas asas agourentas da escuridão.

Quem dera que tudo ficasse apenas naquelas velhas estórias, nos mitos de gerações, acerca de mulas sem cabeças, lobisomens, fogo-corredor, seres encantados povoando as matas e tantos outros mistérios que ainda povoam o imaginário matuto. Mas não. O que se tem - e como realidade - são outras aparições de vida e de morte. Desde o urubu debaixo do sol ao pássaro noturno que vem buscar uma alma.

E não é conversa pra boi dormir porque os fatos não deixam mentir. No alto da cumeeira, nos escondidos do telhado, nos tocos escuros dos paus, por entre as sombras dos arvoredos e tufos de mataria, sejam ocultos ou não, lá estarão os bichos que atazanam, amedrontam, arrepiam os sertanejos. E fazem muito pior com os indefesos e fraquejantes animais que se tornam vítimas das intempéries ou de seus bicos afiados.

A verdade é que é um misto de crendice e inventividade que vai se confluindo em inegável realidade. Mesmo que a crendice não se fundamente, a mesma continua existindo como verdade pelo simples fato da crença. E assim acontece com os bichos agourentos, os animais carnicentos, com todos aqueles cujos gestos ou atitudes tornam a realidade sertaneja mais assombrosa e apavorante.

Por ali, naquele mundão de tanta gente de fé, ainda se acredita nos maus prenúncios trazidos pelos pios, uivos ou sons agourentos; ainda se vê com temerosidade o gato preto cruzando a estrada, o pássaro preto pousando na janela, o estranho miado do gato com seu pelo eriçado; o urubu soturno que parece querer fazer moradia em cima do pé de pau mais adiante. Para quem não entra nem sai de casa com o pé esquerdo, avistar o bicho agourento é ter a certeza que o pior vai acontecer.


Cavalo que relincha na estrada e não quer seguir adiante é porque avista coisa ruim; cachorro de latido constante é porque está vendo coisa estranha, alma penada, coisa do outro mundo; nenhuma esperança boa chega parecendo um vara-pau; o gemido triste vindo da mata é sinal que alguma coisa ruim logo irá acontecer. E logo as mãos se unem em oração, o caboclo se benze dos pés à cabeça, a vela é acesa, e a voz temente não se cansa de dizer: Deus é mais!

Mas nada pior e mais assustador, verdadeiro fim de mundo em muitos lugares do sertão, que o som funesto e aterrador da rasga-mortalha, que é a própria coruja encomendando a vestimenta de defunto; o silêncio sangrento do morcego pendurado no alto da casa; o anum anunciando a morte; a maldição trazida pelo negrume do urubu; o gavião amaldiçoando o fraquejante. Não só noturnamente, pois pelo dia os acontecimentos funestos se espalham por todo canto.

Verdade é que nada continua o mesmo se de repente surgir o ruído medonho de uma ave aziaga. E se a própria aparecer então, será um verdadeiro fim de mundo, pois a morte certa ronda a paz do lugar. Uma velha senhora chorou por três dias e três noites por causa de uma coruja que resolveu pousar num tronco de pau diante de sua casa. Toda vez que botava o olho na janela, avistava a agourenta com aquele olhar fixo naquela direção. Eis que a velha acabou morrendo de tristeza antes de ver que a danada já tinha voado pra outro lugar.

Mas nem só de agouros e assombrações ressente-se o sertanejo. Também fica sem acreditar com o que enxerga pelos descampados e mataria ao redor, por todo lugar e principalmente em épocas de estiagens inclementes. O tempo assim, triste pela própria feição da natureza, é o mais propício para que os bichos maldosos e carnicentos se aproveitem da fraqueza de outros bichos.

O carcará não pode ver um cabrito magricela que logo faz um rasante em direção aos olhos. Fura logo os dois, deixa o bichinho sangrando na escuridão da morte. E a cegueira o faz prostrar para a chegada dos carnicentos. Os urubus, antes mesmo da fetidez do corpo morto, parecem adivinhar o sinistro. Começam a rondar pelo ar e não demoram muito para estar por cima do pobre animal com sua putrefata gulodice.

Mas não estará só, pois por ali também o gavião e outros aproveitadores de carne morta. Se já estivesse enterrada então era prato cheio para o tatu e o peba, que fuçam distâncias de terra só pelo prazer de saborear defuntos. Dizem que suas couraças são guaridas diurnas para os que não alcançaram a salvação. E saem à noite para as assombrações.

Não acredito. Mas Deus me livre de não acreditar.

(*) Meu nome é Rangel Alves da Costa, nascido no sertão sergipano do São Francisco, no município de Poço Redondo. Sou formado em Direito pela UFS e advogado inscrito na OAB/SE, da qual fui membro da Comissão de Direitos Humanos. Estudei também História na UFS e Jornalismo pela UNIT, cursos que não cheguei a concluir. Sou autor dos seguintes livros: romances em "Ilha das Flores" e "Evangelho Segundo a Solidão"; crônicas em "Crônicas Sertanejas" e "O Livro das Palavras Tristes"; contos em "Três Contos de Avoar" e "A Solidão e a Árvore e outros contos"; poesias em "Todo Inverso", "Poesia Artesã" e "Já Outono"; e ainda de "Estudos Para Cordel - prosa rimada sobre a vida do cordel", "Da Arte da Sobrevivência no Sertão - Palavras do Velho" e "Poço Redondo - Relatos Sobre o Refúgio do Sol". Outros livros já estão prontos para publicação. Escritório do autor: Av. Carlos Burlamaqui, nº 328, Centro, CEP 49010-660, Aracaju/SE.

Poeta e cronista
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GERALDO JIBÓIA, O FOLIÃO

Por: Francisco de Paula Melo Aguiar

"O povo toma pileques de ilusão com futebol e carnaval. São estas as suas duas fontes de sonho."
                                           Carlos Drummond de Andrade

Folia é uma palavra que na língua portuguesa falada no Brasil, tem origem na língua latina com o significado de parábola, que por sua vez deriva do grego parabolé. Então o termo “palavra”, pode ser definida como sendo justamente um conjunto de letras ou son de uma língua com a ideia associada ao referido conjunto. Assim sendo, a função da palavra é nada mais nada menos, representar partes do pensamento humano, o que vale dizer que ela constitui uma unidade da linguagem humana, segundo Napoleão Mendes de Almeida, em sua obra: Gramática Metódica da Língua Portuguesa, 45 ed. São Paulo: Saraiva, 2005, pág. 17. (ISBN 978-85-02-05430-1). Assim sendo, folia define em sentido lato sensu uma festa popular com grande agitação e movimentação pública, caracterizada por dança, música e diversão em todos os sentidos da palavra. Um exemplo típico folias é o caso do “réveillon” no fim de cada ano, bem como o caso do “carnaval”. E o Brasil tem o maior espetáculo da terra quando se fala de carnaval. Ninguém sabe fazer carnaval ou festa momo do povo brasileiro, com suas escolas de sambas, tribos indígenas, etc., todas classes sociais se encontram nesta grande festa, tanto nos grandes, quanto nos pequenos centros, cidades, lugarejos, povoados, vilas, arraias, etc., não precisa se preparar para dançar o carnaval como maior expressão de liberdade do ser humano na face da terra. Não tem idade para se brincar o carnaval. É só felicidade e nada mais durante os três dias de momo. Qualquer tipo de música do tipo marchinha e/ou frevo, levanta multidões e até porque “atrás do trio elétrico; só não vai quem já morreu; quem já botou pra rachar; aprendeu, que é do outro lado; do lado de lá do lado; que é lá do lado de lá”, e até porque “o sol é seu; o som é meu; quero morrer; quero viver; quero viver lá”, de modo que “nem quero saber se o diabo; nasceu, foi na Bahia; foi na Bahia; o trio elétrico; o sol rompeu; no meio-dia; no meio-dia”, segundo o poeta e compositor Caetano Veloso. Isto é por analogia o que acontece nas grandes e pequenas festas de mono, anualmente.
                         
Em Santa Rita, a festa de momo, sempre foi festejada com bailes nos principais clubes até então existentes, como por exemplo: o Santa Rita Tênis e o Santa Cruz. Ambos disputavam anualmente para se saber quem fazia o melhor carnal na Rainha dos Canaviais. A criançada tinha sua festa de mono nas matinês, durante os três dias de carnaval, em ambos os clubes já mencionados e em horários especiais, sempre conduzidos por seus pais que aproveitavam para “esquentar” em termos de preparação para os grandes bailes a partir das vinte e duas horas até as primeiras horas do dia seguinte, durante os três dias de carnaval, baile de orquestra com os melhores músicos e bateristas da Paraíba e do Brasil, a exemplo de Zé Bornoque (músico) e de Miron (tarolista de primeira qualidade). Isto só para relembrar um pouco do que já tivemos em nossa amada cidade de Santa Rita.
                   
O escritor Affonso Romano de SantAnna, menciona que “o carnaval é basicamente um movimento diluidor da rebeldia. Disso não temos dúvida.
                  
Os blocos de carnaval de rua eram muitos, dentre os quais se destacava o bloco de Geraldo Jibóia, que arrastava a multidão do bairro da Santa Rita, com a participação de todos e de todas que desejassem brincar o carnaval, cantando, se divertindo, naquele tempo não era proibido o uso de lança perfume no Brasil e aqui em Santa Rita, toda e qualquer criança, senhor, senhora, pessoa do povo, exibia suas lanças perfumes, tomando seus porres dentro e fora dos clubes, no meio da rua, o povo era feliz e não sabia.  No tocante as escolas de samba, Santa Rita tinha, por exemplo: a “Lira Vencedora”, “Os piratas de mono”, “Sapato de pobre é tamanco”, dentre outras igualmente importantes. No tocante as tribos indígenas, existiam muitas que agregavam pessoas de todos os níveis e classes sociais, valendo apenas destacar a tribo indígena de Josias, de saudosa memória e a tribo indígena de Manoel dos Índios, que com muita luta vem mantendo até nossos dias o carnaval tradição de nossa terra, geralmente sem apoio do poder público. Existiram também aqui na terrinha os ursos e o blocos de homens vestidos de “donzelas”, dentre outras formas do tipo “xirumbas”, “columbinas” e “pierrôs”. O povo era mais feliz do que hoje em nossa terra. O fotografo Viégas, de saudosa memória, dentre outros profissionais igualmente importantes, registrou até onde pode estas festividades dentro e fora dos clubes de Santa Rita, que praticamente em termos sociais e culturais, o vento levou. Inclusive o bloco de Geraldo Jibóia, que por ter sede à Desembargador Sindulfo, próximo ao falecido baixo meretrício, o povo denominava de o “bloco do cabaré”, sem nenhum tipo de preconceito, o bloco desfilava pelas principais ruas e praças de Santa Rita e ainda visitava as casas das pessoas que ajudavam o referido cidadão a organizar livremente o seu bloco carnavalesco, todos  os anos e alegria era grande. Nunca se tomou conhecimento que alguém tivesse sido assassinado por participar do carnaval nesse e ou em outros blocos de nossa cidade. Tudo era brincadeira e muito respeito, até porque nesse tempo o uso de drogas ilícitas era muito menor em nosso meio. A juventude não sabia nem o que era o cigarro de maconha, quanto mais outros tipos de drogas. E isso é cultura popular de primeira qualidade, é a cultura nascida com o esforço do povo. A verdadeira cultura não depende interesse político partidário. O povo faz sua cultura da maneira que pensa fazer e faz. Sempre foi e é assim em qualquer parte do mundo. Enfim, “lembre-se todo carnaval tem seu fim,então ame, tenha fantasias, dance e cante... agora preste atenção. A batucada parou, tire a fantasia”, segundo a visão de Adriano Soares, tendo em vista que alguém já que o carnaval é a época de esquecer dos problemas, soltar a franga, beber todas e curtir a festa...

Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço: José Romero Araújo Cardoso

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Polêmica e Olhares Diversos sobre o Cangaço de Virgulino no segundo dia de Cariri Cangaço em Piranhas

Por: Maneol Severo
 Manoel Severo abre o segundo dia em Piranhas

O segundo e último dia de Cariri Cangaço Piranhas, no Centro Cultural Miguel Arcanjo, dentro da Semana do Cangaço, na bela cidade ribeirinha do Baixo São Francisco começou com a Conferência do Curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo com o tema: "A intrigante e polêmica genialidade de Virgulino Lampião". Por cerca de 40 minutos os participantes do evento puderam fazer um conjunto de reflexões sobre a personalidade marcante e todos os talentos geniais do rei dos cangaceiros. refletido por toda sua longa vida fora da lei.

No cangaço de Virgulino cada peça se encaixava em seu devido lugar...

"Parece estranho falarmos de cangaço e termos que recorrer a conceitos próprios do ambiente empresarial moderno; mas, nos aprofundando um pouco mais na história intrigante de Virgulino, não nos parece exagero considerar que já naquela época o engenhoso bandido das caatingas conhecia muito bem o valor do Marketing Pessoal, a Política da Boa Vizinhança, Lobby e Tráfico de Influência, até mesmo noções de Logística Empresarial; na verdade não conseguimos conceber um reinado tão extenso de uma vida fora da lei em circunstâncias tão adversas, sem que boa parte desses conceitos não fizesse parte da mente prodigiosa de Lampião" Provoca Manoel Severo. 

Existia amor no cangaço ?

O segundo momento da noite reuniu os pesquisadores Aderbal Nogueira e Juliana Ischiara em mais um eletrizante debate tendo como pano de fundo; A ilusão e o amor no cangaço. As apresentações se seguiram á apresentação do Vídeo documentário da Laser Vídeo: A Ilusão no Cangaço, onde o documentarista Aderbal Nogueira defende a tese da grande ilusão que o cangaço realmente foi,  fazendo reflexões sobre a forma de vida, o sofrimento e as privações de homens e mulheres que se entregavam àquela vida.

Novamente a saudável e sensacional polêmica: Aderbal Nogueira e Juliana Ischiara 


"A qual amor os senhores se referem quando discutem 
se teve ou não teve amor no cangaço?"
Wescley Rodrigues.

Juliana Ischiara, pesquisadora de Quixadá, "temperou" o debate estabelecendo o contraponto e provocando a plateia quando defendeu que existia amor entre grande parte dos casais de cangaceiros da época. "Não se pode dizer que Durvinha não amou Virgínio, ou que Dadá não amou Corisco", provocou Juliana Ischiara.

Secretários, Luiz Carlos Salatiel, Francisco Carlos, Jairo Luiz e o Curador do Cariri Cangaço Manoel Severo, abaixo a secretária de cultura de Canindé do São Francisco, Roberlange Feitosa.


 Professor Pereira, Messias Lima e Manoel Severo e abaixo, Lívio Ferraz e Juliana Ischiara


Ao final, os promotores do evento: Secretários de Cultura e de Turismo de Piranhas, Luiz Carlos Salatiel e Francisco Edson, o Curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo e o Conselheiro Cariri Cangaço, Jairo Luiz, confirmaram a reedição do evento para 2014, que já tem data marcada: Semana do Cangaço 2014 - Cariri Cangaço Piranhas, de 25 a 27 de Julho. Compromisso Assumido! Que venha 2014!

Manoel Severo
Cariri Cangaço Piranhas
Semana do Cangaço

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Um herói da resistência

Por: Mirabeau Waltania Barbosa Melo
Foto

Nascido em Mossoró no dia 29 de setembro de 1891, o patriarca Mirabeau da Cunha Melo, filho de Manoel Benício de Melo e Ericina da Cunha Melo, iniciou sua vida como telegrafista concursado em 1912, em Mossoró, onde se casou em primeiras núpcias com Cândida Filgueira Mendes Melo. Como chefe da agência postal-telegráfica daquela cidade, participou ativamente da defesa contra o ataque 


do bando de Lampião em 1927, servindo ainda de elemento de ligação entre as lideranças da resistência armada e a chefia de polícia do estado, aquela época ocupada pelo seu irmão desembargador Manoel Benício Filho, que, pessoalmente recebia e transmitia mensagens diretamente do aparelho Morse (pois, como Mirabeau Melo, Benício Filho iniciara sua vida também como telegrafista).

Em 1928 transferiu-se para a cidade de Ceará-Mirim, onde exerceu a chefia da agência telegráfica, tendo ali perdido sua primeira esposa, contraindo novas núpcias com Ana Varela de Melo. Em Ceará-Mirim atuou na política integrando o partido popular liderado pelo então deputado federal José Augusto de Medeiros, elegendo-se, em memorável campanha, Prefeito do Município, cargo em que foi empossado em 1935.

Com a intentona comunista de novembro do mesmo ano, foi preso pelos revolucionários comunistas juntamente com alguns dos seus correligionários e amigos e deportado para o quartel do 21º Batalhão de Combate em Natal onde permaneceu incomunicável até a queda do movimento pelas forças legalistas. A sua gestão à frente da chefia da edilidade de Ceará-Mirim foi marcada por várias realizações de sentido social e melhoramento urbanista, destacando-se a fundação, em 1936, do Colégio Santa Águeda – de formação de professores – dirigido a seu convite, pelas irmãs da ordem Franciscana, empreendimento que prestou e continua prestando inestimáveis serviços na formação profissional de várias gerações daquele município e circunvizinhos.

Por razões de ordem pessoal renunciou, em 1937, ao restante do mandato de prefeito,  fixando-se em Natal onde reassumiu suas funções de telegrafista, aposentando-se em 1946. Marcado por uma vida intensa de trabalho, sacrifícios e renúncias pessoais de quem tem sobre os ombros numerosa família, lutou obstinadamente pelo que mais desejava: educar e encaminhar seus doze filhos para a vida, transmitindo-lhes os padrões e valores morais com que norteara a sua própria existência.

Apesar da idade avançada que alcançou (para os padrões da época), conservou-se inteiramente lúcido e consciente, aceitando heroicamente a dureza da morte com espírito verdadeiramente cristão. No dia 19 de novembro de 1979, mesmo agonizando, comunicou-se com sua mulher e todos os filhos que lhe rodeavam o leito, até perder a voz quando ainda consegue escrever sua última vontade: “sei que vou morrer, quero que me enterrem no cemitério de Lagoa Nova”. Enfrentou a morte assim, como soube enfrentar a vida, com coragem, dignidade e humildade.


Fonte: http://mirabeaumelo.wordpress.com/

Enviado pelo pesquisador José Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo

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Fazenda Remanso e Entremontes

Por: Manoel Severo
 Pedro Barbosa, Jaqueline Rodrigues e Manoel Savero na Fazenda Remanso

A fazenda Remanso; seguindo da fazenda Patos rumo a Entre Montes seguindo uns 4 Km é outro cenário importante do ciclo cangaceiro e dos últimos momentos de vida de Virgulino Ferreira. Foi ali que as volantes de João Bezerra, Aniceto e Ferreira de Melo estacionaram antes de partirem para a empreitada final de Angico.

A propriedade pertence hoje à família do senhor Celso Rodrigues, filho do lendário Chiquinho Rodrigues. Bem às margens do São Francisco, do lado alagoano, fica bem a frente da margem do Velho Chico do lado sergipano, município de Poço Redondo, à época, Porto da Folha, de onde as tropas partiram rumo ao coito da grota do Angico. Fomos anfitrionados pela filha do senhor Celso, a estimada amiga Jaqueline Rodrigues.

 Wescley Rodrigues vislumbrando o Velho Chico
 Atual casa da Fazenda Remanso
 
Jaqueline Rodrigues, neta de Chiquinho Rodrigues indica a trilha usava por Bida e Elias Marques quando foram buscar Pedro de Cândido
Da fazenda Remanso se vê no outro lado da margem o local onde estava Durval Rosa

Naquela fatídica noite do dia 27 e madrugada do dia 28 de julho de 1938, foi da fazenda Remanso que João Bezerra mandou buscar Pedro de Cândido e Durval, coiteiros e os responsáveis pela condução das volantes até o local exato onde estava o bando, depois da traição de Joca Bernardes. Da fazenda Remanso vislumbra-se a margem sergipana e a trilha usada pelas volantes no último ato de Virgulino Lampião.

Deixando a história marcante daqueles dias de 1938 um pouco de lado, gostaríamos de registrar a presença de mais um convidado ilustre na fazenda Remanso: Uma Asa Branca, moradora da fazenda, que acabou roubando a cena... Não podia ver um "belo penteado"... vejam por si:


Juliana Ischiara, Afranio Gomes, Ingrid e até Lily, além dos outros, foram batisados pela Asa Branca da fazenda Remanso...

A Bela Entremontes

Entremontes, distrito do município de Piranhas, marca a todos que o visitam não só pela beleza de seu casário e de seu belo artesanato, mais também por sua importância dentro da história do cangaço. Ali morava Pedro de Cândido, pivô principal do cerco de Angico. A estrada que nos leva até Entremontes tem o nome de Pedro de Cândido, um dos personagens  mais famosos do lugar. Uma das versões sobre a origem do nome repousa ainda no século XIX, quando da visita do Imperador Pedro II navegando pelo São Francisco em visita a Cachoeira de Paulo Afonso viu o lugarejo e perguntou: "Que lugar é esse entre montes? ". O Imperador Pedro II chegou a pernoitar em Entremontes e disse ter gostado bastante, na época, uma pequena vila de pescadores.



 
Durante nossa visita fomos surpreendidos por uma Procissão católica dentro dos festejos da padroeira, um momento singelo onde a beleza da fé dos fiéis se misturava à tradição e história do lugar.

 
Caravana Cariri Cangaço na aconchegante Entremontes




Entremontes foi o primeiro núcleo de povoamento no município de Piranhas, sua arquitetura colonial com casinhas geminadas e perfiladas sobre o limite da calçada nos dão a impressão de voltar no tempo. Seu bordado de redendê, ponto de cruz, vagonite e boa noite, confeccionados pela maioria das moradoras do lugar, tornaram o distrito conhecido em todo o Brasil.

Manoel Severo
Cariri Cangaço Piranhas
Semana do Cangaço

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