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domingo, 16 de junho de 2013

O Ataque a Sousa ressuscita durante o Cariri Cangaço Parayba

Ângelo Osmiro, Manoel Severo e Bismarck Oliveira na última Mesa da Noite

Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço foi o mediador da terceira e última Mesa de Debates do primeiro dia de Cariri Cangaço Parayba. O auditório do Campus da UFCG em Sousa acolheu pesquisadores, escritores, estudiosos e curiosos para participar de mais um intrigante debate sobre um dos mais marcantes episódios do cangaço em terras paraibanas: O ataque do bando de Lampião a Sousa em 1924.

Quais as verdadeiras razões para o ataque? Quem realmente estava por trás de todo o planejamento, articulação e logística para a empreitada? Que ingerências políticas acabaram trazendo o tempero que faltava para a grande jornada? Qual o papel de Zé Pereira de Princesa? Como se deu o encontro de Chico Pereira com o Rei do Cangaço? Quem foi Otávio Mariz? Porque a população de Sousa se calou diante de tanta selvageria? Essas e muitas outras perguntas foram o pano de fundo para a espetacular noite que teve como protagonistas os escritores Ângelo Osmiro e Bismarck Oliveira.


"Mais uma vez estamos diante de um episódio que só fortalece a nítida e estreita ligação do cangaço com o coronelismo, quase como uma relação simbiótica, como em Mossoró, Sousa também apresenta fortes indícios dessa ligação..." Manoel Severo.

  
 "Sem dúvidas ainda temos muito a pesquisar e desvendar sobre esse fatídico e marcante episódio do ataque a Sousa, muitos mistérios ainda precisam ser desvendados..." Bismarck Oliveira.


“Qual a verdadeira natureza do ataque a Sousa”? Seria só a vingança perpetrada por Chico Pereira ou teríamos ali mais uma grande demonstração da força e poder do coronel José Pereira...? Ângelo Osmiro.

Por duas horas os conferencistas e convidados puderam se debruçar mais detidamente sobre os aspectos políticos e econômicos que também inevitavelmente faziam parte do cenário do ataque a Sousa naquele distante 1924. Lampião ferido em recém-combate, não participou da empreitada. Sob o comando de seus irmãos, Antônio e Levino e ainda de seu lugar tenente Sabino Gomes o bando veio a se unir a Chico Pereira e a outros cabras e perpetraram um dos maiores e mais impressionantes saques e depredações e todos os tipos de selvageria as quais uma cidade poderia passar. Assassinatos, roubos, estupros, uma sanha alucinada de celerados que transformaram Sousa num cenário de guerra e devastação.

No ano de 2014, o ataque a Sousa virá a completar 90 anos...

Cariri Cangaço

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Cariri Cangaço Paraíba em Nazarezinho


O escritor, pesquisador e historiador João de Sousa Lima, da cidade de Paulo Afonso (BA), está participando, 16 do Seminário Parahyba Cangaço, na cidade de Nazarezinho, promovido pelo Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB).

João de Sousa é um dos grandes pesquisadores da história do cangaceiro Lampião, em todos os recantos do Nordeste brasileiro.

A programação constará do seguinte:



FONTE:

Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço: José Romero Araújo Cardoso

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Cariri Cangaço Parayba, palco de discussões, debates e muito aprendizado...

João, José Cícero, Manoel Severo e Cesar Nóbrega

De todos os lugares podíamos divisar um representante. A família Cariri Cangaço mais uma vez se reunia para celebrar as coisas do nordeste. O Cariri Cangaço Parayba que teve nas cidades de Sousa e Nazarezinho as anfitriãs, mostrou mais uma vez a força da temática e a inegável influência nas tradições e cultura de toda região.

Manoel Severo e Juliana Ischiara
Manoel Severo e Narciso Dias, Presidente do GPEC 
Lenin Falcão, gerente do CCBNB e Manoel Severo

Confrades do Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Bahia, Piauí, Paraíba e Distrito Federal estiveram prestigiando mais uma  Avant-Première do Cariri Cangaço 2013. Sem dúvidas o estado da Paraíba, um dos principais cenários do cangaço de Lampião em seu "primeiro reinado", entre 1922 e 1928, marcava um tento importante na consolidação de mais um fórum qualificado de estudos e aprofundamentos da temática cangaço.

Cariri Cangaço

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Morre no AM, cantor Abílio Farias morre por complicações cardíacas aos 66 anos

Por: Marcos Dantas Do G1 AM
Cantor Abílio Farias (Foto: Reprodução/TVAM)

Cantor morreu na noite desta sexta-feira, em um hospital de Manaus. O cantor, que tinha 66 anos, era natural de Itacoatiara, no Amazonas.

O cantor Abílio Farias morreu vítima de complicações cardíacas na noite desta sexta-feira (14), no Prontocord - Hospital do Coração, localizado na Avenida Álvaro Maia, Zona Centro-Sul de Manaus. O cantor, que tinha 66 anos, era natural de Itacoatiara, a 175 quilômetros de Manaus, e ficou conhecido no Amazonas com a música 'Ciganinha Feiticeira'.

De acordo com Joelma Farias, de 40 anos - filha do cantor - Abilio morreu por volta das 19h30. "Ele teve um infarto na segunda [10] e foi levado para o Hospital Beneficente Portuguesa, no Centro. Lá, eles fizeram um cateterismo e os médicos constataram que as artérias estavam entupidas", relatou.

Após a constatação de que as veias do cantor estavam entupidas, ele foi transferido para o Prontocord para que fosse implantada uma ponte de safena. Depois da cirurgia, que aconteceu na terça-feira (11), ele se recuperava no hospital, mas acabou tendo falência dos rins nesta sexta.

Segundo Joelma, em 2010, o pai já havia se submetido ao primeiro cateterismo. Na ocasião, ele recebeu um equipamento utilizado para alargar as artérias.
Velório.

O velório e o enterro do cantor vão acontecer neste sábado (15). O corpo será velado na Funerária São Francisco, localizada ao lado do Terminal de Ônibus da Cachoeirinha (T2). O enterro vai acontecer no Cemitério São João Batista.

Durante o velório, será cantada a música 'Luzes da Ribalda', de Charles Chaplin. Segundos os familiares, a canção foi escolhida por Abílio para ser interpretada pelo amigo coronel Martins no dia de seu velório. "Eles firmaram um acordo: quem morresse primeiro receberia a homenagem do outro", disse Joelma.

O secretário de Segurança Pública (SSP), coronel Paulo Roberto Vital, que era amigo de Abílio, disse que esteve pela última vez com o cantor no dia do infarto. "Ele esteve lá na secretraria [SSP] me visitando, porque éramos muito próximos. Somos conterrâneos e eu o conhecia há 60 anos", contou.
Entre as lembranças que Joelma guarda do pai está um disco com o Hino do Clube do coração de Abílio, o Nacional-AM, e uma frase célebre. "Quando eu era criança, meu pai me deu um vinil azul com o hino e eu ouvi o dia inteiro, mas o mais marcante é uma frase que ele sempre dizia: Escorregar não é cair!", relembrou.


Carreira

José Abilio de Moura Farias tinha mais de 50 anos de carreira. Nos anos 1970, chegou a ser o 'cantor mascarado' do Programa do Chacrinha. Afixionado por esportes, torcia para o Flamengo do Rio de Janeiro e para o Nacional do Amazonas.

Segundo a filha Joelma, Abilio foi dependente químico por 30 anos, mas há cinco, havia abandonado o vício por "força de vontade".

Ele fazia aniversário no dia 23 de fevereiro, mesma data do ex-senador e ex-governador do Amazonas, Gilberto Mestrinho, do qual era amigo. De acordo com Joelma, no dia do aniversário, eles ligavam para parabenizar um ao outro.

O cantor era viúvo e deixou quatro filhos, todos criados no ambiente musical. O último show dele aconteceu em Humaitá, a 675 quilômetros de Manaus. O último álbum do cantor foi um especial com músicas de Waldick Soriano. Ele também se preparava para uma turnê pelo Nordeste do país no segundo semestre deste ano.

http://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2013/06/no-am-cantor-abilio-farias-morre-por-complicacoes-cardiacas-aos-66-anos.html

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Sousa recebe com festa o primeiro dia do Cariri Cangaço Parayba


O município de Sousa marcou a abertura do primeiro dia de Cariri Cangaço Parayba. O auditório do Campus da Universidade Federal de Campina Grande recebeu os pesquisadores e participantes para o inicio de dois dias de atividades tendo como pano de fundo o Cangaço na Paraíba.

Sob a condução do professor Wescley Rodrigues e César Nobrega, a mesa de abertura dos trabalhos foi composta pelo Curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo, pelo Presidente da SBEC, professor Lemuel Rodrigues, pelo Gerente do CCBNB Lenin Falcão , pelo fundador da SBEC, Paulo Gastão e por representantes das universidades da região.

 Wescley Rodrigues
Manoel Severo
Lemuel Rodrigues e Lenin Falcão

Por ocasião da abertura do evento foi ressaltada a importância da iniciativa e da integração dos muitos organismos participantes do Cariri Cangaço Parayba, como SBEC, GECC e GPEC, e do apoio do Centro Cultural do Banco do Nordeste em Sousa, da Prefeitura de Nazarezinho e das universidades da região, na direção do fortalecimento e do fomento do estudo de temática tão rica como o cangaço  nordestino.

Para Wescley Rodrigues o "estudo do cangaço pode e deve ser intensificado principalmente a partir de eventos como o Cariri Cangaço, que proporcionam o debate sério e responsável sobre a temática". O Presidente da SBEC professor Lemuel Rodrigues ressaltou o grande número de pesquisadores presentes de vários estados da federação acentuando os 20 anos de fundação da entidade. Já Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço falou da alegria de juntos "estarmos escrevendo mais essa importante página dentro da história da pesquisa do tema cangaço, dessa vez inaugurando um novo fórum de debates, desta vez no sertão da Paraíba".

 Lemuel, Manoel Severo e João de Sousa Lima
Raul Sá e Sara Saraiva
Sousa Neto, Manoel Severo e grupo de alunos de Barro
Manoel Severo, Juliana Ischiara e Múcio Procópio
Manoel Severo, Bismarck Oliveira e Jorge Remigio
Cariri Cangaço Parayba 2013

Dentre as muitas presenças ao Cariri Cangaço Parayba, destacam-se o Presidente do GECC, Ângelo Osmiro, o Presidente do GPEC, Narciso Dias, os Secretários de Cultura; de Aurora, José Cícero, de Barro, Sousa Neto, de Lavras da Mangabeira, Cristina Couto e de Crateús, Airineide Aguiar, além de pesquisadores de várias regiões, professores universitários, alunos, estudiosos e curiosos da temática.

Cariri Cangaço

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A Formação do Caráter do Sertanejo marca o inicio do Cariri Cangaço Parayba

 Mesa da primeira conferência do Cariri Cangaço Parayba

Com a participação dos professores Wescley Rodrigues, Múcio Procópio e Lemuel Rodrigues, as primeiras conferências do Cariri Cangaço Parayba trouxeram ao debate a verdadeira face da formação do caráter do sertanejo, que é "antes de tudo um forte". Questões ligadas à religiosidade, o misticismo, as influências filosóficas e sociais as quais esse mesmo sertanejo estava submetido foram as vedetes do primeiro debate da tarde.

Múcio Procópio com uma apresentação rica em detalhes traçou o perfil da formação intelectual e religiosa de Antônio Conselheiro e sua atuação como orientador espiritual de tantos e tantos sertanejos em Canudos. Múcio procurou estabelecer um paralelo entre a ação e o sentimento da missão de Antônio Conselheiro com as obras que ele leu e sua proximidade com a figura de Padre Ibiapina. "Padre Ibiapina foi um grande mentor de Conselheiro", confirma Múcio Procópio.

Múcio Procópio trouxe o perfil intelectual de Conselheiro...
Wescley Rodrigues e as várias naturezas e faces do cangaço...
Lemuel Rodrigues e o sertanejo entre o cangaceiro e o beato 

Já Wescley Rodrigues traçou o perfil do sertanejo que se tornava cangaceiro. Muitas vezes o homem da labuta diária na roça que acabava se entregando a uma vida bandida, fora da lei, sob o manto mítico do cangaço, citando com preciosidade vários autores, o professo Wescley procurou enriquecer o debate a partir das três naturezas e faces do cangaço: Vingança, Fuga e Meio de Vida.

O professor Lemuel Rodrigues estabeleceu com precisão o perfil do nordestino "desse lado do nordeste, o nordeste do sertão, da caatinga, do nosso objeto de estudo". As reflexões do professor Lemuel procuraram definir para os presentes as afinidades e peculiares que definiam esse sertanejo, que tanto podia ter seu destino enveredado para o cangaço como para os beatos, "era o mesmo sertanejo!".

Cariri Cangaço

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Os irmãos cantores e ex-componentes do Trio Mossoró - fundado por Oseas Lopes - (Carlos André)

Imagens e textos da jornalista  Lúcia Rocha

João Mossoró canta na Capela de São Vicente, antes do espetáculo Chuva de Balas no Pais de Mossoró.




A cantora Hermelinda Lopes


Hermelinda se apresenta e anima a plateia antes do espetáculo Chuva de Balas no Pais de Mossoró. Muito aplaudida e contou ate piada.


Oseas Carlos André encerra a apresentação dos irmãos que formaram o Trio Mossoró, até hoje o maior destaque no cenário da música nacional, oriundos de Mossoró.



No facebook, na página da jornalista mossoroense Lúcia Rocha
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A Violência Institucionalizada na Época do Cangaço

Aderbal Nogueira, Wescley Rodrigues e Juliana Ischiara


O segundo momento da Avant-Premiére Cariri Cangaço Parayba, em Sousa foi protagonizado pelos pesquisadores; historiadora Juliana Ischiara e o documentarista e pesquisador Aderbal Nogueira. A partir da produção da Laser Vídeo, do documentário "A Violência Institucionalizada na época do Cangaço", um acalorado debate procurou esclarecer os principais pontos sobre a controversa atuação dos forças volantes em combate aos grupos cangaceiros.

Com depoimento de vários remanescentes da época, como; Neco da Pautilha, Luiz de Cazuza, João Gomes de Lira, Josias Valão dentre outros, o trabalho de Aderbal Nogueira traz uma visão nua e crua sobre a violência "patrocinada" pelo estado através dos muitos grupos que perseguiam em nome da lei, os bandos cangaceiros. "O povo do sertão muitas vezes temia muito mais as volantes do que mesmo os cangaceiros" asseguram alguns dos personagens principais do documentário.

Aderbal Nogueira e Juliana Ischiara, conferencista da tarde do Cariri Cangaço Parayba

Ao final da apresentação do vídeo a plateia foi convidada a participar de debate que por mais de duas horas acentuou a polêmica sobre a ação desse grupo de sertanejos que se dedicavam a ficar do outro lado da moeda, como volantes tinham a missão de combater o cangaceirismo, mesmo que para isso e não com pouca frequência, utilizavam métodos tão violentos ou até mesmo mais cruéis do que os próprios cangaceiros.

Para Aderbal Nogueira "a produção do vídeo veio exatamente para instigar a polêmica" , já Juliana Ischiara acentuou a contextualização da época e a crueza a que aqueles homens e mulheres estavam submetidos, muitas vezes não sabendo distinguir realmente de que lado estavam. No fundo todos chegando à conclusão que o sofrimento era generalizado em todo o sertão.

Cariri Cangaço

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Memorial da Resistência - 17 de Junho de 2013 às 21:21

Por: Geraldo Maia do Nascimento

Como pesquisador do tema “cangaço” tenho viajado, juntamente com outros companheiros da SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, por quase todos os recantos do Nordeste que de alguma maneira tiveram participação nesse movimento. Nessas viagens conhecemos vários museus dedicados a esse tema, alguns bem interessantes, mas em nenhum deles encontrei uma seção sequer que mostrasse a luta das volantes (tropas móvel da polícia, constituídas para combater os cangaceiros). Em todos eles a figura principal é a de Virgulino Ferreira da Silva - Lampião, o mais famoso dos cangaceiros. 


Mossoró teve o seu envolvimento com o cangaço em 1927, quando a 13 de junho a cidade era invadida por numeroso grupo de cangaceiros chefiados pelo próprio Lampião. Não contavam, os cangaceiros, com a fibra do povo de Mossoró. A cidade se preparou e expulsou a bala os facínoras. Esse evento constituiu-se num marco da história do cangaço. A audácia de Lampião em atacar uma cidade do tamanho de Mossoró, com mais de vinte mil habitantes, com várias fábricas de beneficiamento de algodão, agência do Banco do Brasil, estrada de ferro, etc., fez com que os governantes de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e até do Ceará se mobilizassem para perseguir esse grupo, de modo que com as volantes em seus encalços, Lampião foi obrigado a atravessar o rio São Francisco, o velho Chico, passando para a Bahia com o grupo bastante reduzido, esfarrapados e famintos. E aí começa outro capítulo da história do cangaço, ficando essa parte do Nordeste livre desse mal.

Assaltar uma cidade do tamanho de Mossoró era algo que Lampião ou qualquer outro chefe de cangaço não imaginava. Toda a ação desses grupos era sobre pequenas cidades e povoados, muitos de uma rua só. Mas um fato ocorrido na região veio a alimentar a esperança de sucesso, por parte de Lampião. Isso ocorreu quando em 10 de maio daquele mesmo ano, a cidade de Apodi, distante apenas 76 Km de Mossoró, era atacada por um grupo de cangaceiros chefiados por Macilon, por encomenda do Cel. Isaias Arruda, do Ceará, que era coiteiro de Masilon e também de Lampião.
               
Apodi não era tão pequena naquela época. E Massilon, com apenas cinco comparsas, arrasou a cidade. E foi ele e o Cel. Isaias Arruda que convenceram Lampião a atacar Mossoró. Alegavam que, se com um pequeno grupo Massilon tinha dominado Apodi, juntando o grupo dele com o de Lampião teriam êxito em Mossoró.
               
Mas uma empreitada dessa monta precisava de muitos preparativos, como aquisição de munição, traçar rotas, etc., e Lampião não conhecia o Rio Grande do Norte. Não tinha nenhum coiteiro aqui que pudesse dar apoio aos seus planos. Tinha que contar com as informações passadas por Massilon, esse sim, conhecia bem a região, pois havia sido tropeiro em Mossoró. Mas enquanto preparavam o ataque, as notícias iam chegando a Mossoró. E o Cel. Rodolfo Fernandes, então Prefeito da cidade, acreditou na possibilidade dessa invasão e preparou a cidade para a defesa. Providenciou armas, munição, traçou o plano de defesa, juntamente com os oficiais da polícia local, solicitou as pessoas indefesas que deixassem a cidade, para evitar mortes desnecessárias, de modo que naquela tarde de 13 de junho de 1927, quando os cangaceiros chegaram, tiveram que enfrentar uma verdadeira “chuva de balas”, resultando com a morte do cangaceiro Cochete e com ferimento de diversos outros cangaceiros, inclusive de Jararaca, que ferido no tórax e na parte superior da perna, foi preso no dia seguinte e justiçado uma semana depois.
               
 O Memorial da Resistência vem resgatar toda essa história, com ênfase para os “Heróis da Resistência”, aquele cidadão comum que, em não podendo contar com apoio de forças oficiais, se viu obrigado a pegar em armas e com risco da própria vida defender a cidade. Esse é o grande diferencial do que podemos chamar de museu do cangaço de Mossoró. Claro que para se falar da defesa, tinha que se falar do atacante. Por isso que o Memorial é constituído de vários prédios: Um dos prédios mostra o que foi o movimento cangaço e os principais cangaceiros. Em outro prédio conta a história da defesa da cidade com bastantes detalhes. Existe ainda um prédio que mostra como era Mossoró em 1927, para que o cidadão possa compreender os motivos que levaram Lampião a atacar a cidade. Todos os painéis que compõem o acervo são auto-explicativos e seqüenciais, de modo que não precisa de guia para se entender a história. Basta ter tempo disponível para circular entre os prédios e conhecer um dos capítulos mais emocionantes da história de Mossoró. 

Todos os direitos reservados

É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de
comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.

Autor:
Geraldo Maia do Nascimento

Fonte:
http://www.blogdogemaia.com

ESTRELAS DE COURO - A ESTÉTICA DO CANGAÇO


A Estética do Cangaço, por Frederico Pernambucano de Melo ( TEXTO PUBLICADO NA REVISTA MENSCH (N30, MAIO DE 2011)

O universo do cangaço sempre foi um assunto muito próprio do universo masculino, onde os homens dominavam e comandavam seus grupos. Tanto que o mais famoso representante dessa cultura de foras da lei, o Mestre Virgulino, vulgo Lampião, até hoje é tema de livros e estudos. Sempre com histórias ligadas a nossa cultura, em especial pelo cangaço que nos fascina com seus “causos” e relatos. Para saber um pouco mais dessa cultura fomos atrás do celebre escritor pernambucano Frederico Pernambucano de Melo, que recentemente lançou o livro “Estrelas de Couro, a Estética do Cangaço” que mostra a face oculta quando se fala em cangaço. Frederico é Procurador Federal e Historiador, pesquisou a fundo as histórias do cangaço e passou dias na caatinga como os antigos “cabras” do bando de Lampião.


E em breve será o curador do Museu no Estado sobre o tema. Sobre a vontade de ser escritor e falar sobre o cangaço, Frederico nos falou não saber se o homem descobre a vocação ou se a vocação descobre o homem, mas o fato é que ele é um homem dos dois mundos já que a família do pai é do litoral e a da mãe do alto sertão. Quando jovem Frederico gostava de ouvir as histórias dos antigos cangaceiros que fizeram parte do bando de lampião que costumavam freqüentar sua casa para escutar suas histórias, nessa época já sentia necessidade de relatar e perpetuar para história o conhecimento de um universo real nordestino e da sua saga mais apaixonante que foi o cangaço.

Frederico foi muito amigo do escritor e sociólogo Gilberto Freire, que era primo de seu avô paterno Ulisses Pernambucano de Melo, essa amizade começou na época em que ele fazia faculdade, já que seu maior desejo era fazer parte do grupo montado por ele e composto por Silvio Rabino (psicólogo social), René Ribeiro (escritor), Estevão Pinto (historiador) e tantos outros. Frederico passou 15 anos trabalhando como assistente dele, seu ensinamento mais precioso foi sobre a percepção. Ele dizia que a percepção era a porta de entrada para grande inteligência e completava com a frase “prestem bem atenção a pormenores que iluminam”.

Mas como você avalia a opinião popular sobre o cangaço? “Cambiante como sempre já que é contada por duas vertentes, a dos antigos oficiais de polícia que tinham combatido o cangaço e que por isso os demonizava e pelos marxistas que desculpavam todas as brutalidades cometidas pelos mesmos.” Sobre os autores que dedicaram parte da sua vida a relatar sobre o cangaço, Frederico nos cita José Lins do Rego com “Pedra Bonita” e “Cangaceiros”, Graciliano Ramos com “Vidas Secas”, Cândido Portinari com a coleção "Cangaceiros", na Europa quando o tema é citado através de Glauber Rocha com “O Dragão da maldade Contra o Santo Guerreiro” e “Deus e o Diabo na Terra do Sol” e Lima Barreto com o filme “O Cangaceiro”.

Frederico vê o cangaço como um movimento de irredentismo brasileiro, já que no processo de descobrimento os europeus relatavam que aqui se vivia "sem lei, nem rei e se era feliz". “Esse mito fez com que certos grupos sociais no Brasil desde os primórdios da colonização ficassem a margem do processo que se desdobrou a partir de uma ideologia chamada mercantilismo que é considerada como o pré-capitalismo. Foram esses os valores que o descobridor nos trouxe.

Alguns grupos se afeiçoaram e aceitaram até serem escravizados para entrar no processo econômico e de grande prestígio dos metais nobres, os que não se renderam a esses encantos se mantiveram as margens e muitas vezes de arma em punho para uma possível defesa.”Sobre como surgiu a idéia de misturar versos populares em trechos do seu livro “Guerreiros do Sol”, Frederico nos fala que “surgiu para mostrar a cultura e a história de um povo que por muitas vezes só recebeu notícias através dos versos cantados na boca dos ciganos, no sertão ainda é comum reunir as pessoas para declamar canções, versos ou causos.”

Uma curiosidade bem comum é sobre o significado e a importância dos símbolos estampados nas peças que eram usadas pelos cangaceiros. Que na verdade, segundo Frederico, era a representação das crenças populares onde se buscava nos símbolos uma forma de proteção. Além de trazer defesas e atacar os inimigos, muitos serviam como adorno estético. Um dos principais é a estrela de Salomão que é uma espécie de blindagem, já que os cangaceiros acreditavam que elas devolviam todo mal que era desejado a eles.

Frederico nos relata uma curiosidade interessante, que tais adornos eram feitos pelos próprios cangaceiros, exímios costureiros e pode-se dizer até que eram “estilistas”, que muitas vezes desenhavam antes de iniciar a costura. Em alguns caso costurar rendia a um “cabra” a liderança de um subgrupo já que assim ele conseguia “condecorar” seu bando. Para saber um pouco mais sobre a estética e a influência do cangaço na sociedade, recomendamos, além dos filmes citados por Frederico, os seus dois livros, “Estrelas de Couro, a Estética do Cangaço” e “Guerreiros do Sol”.

Fonte: REVISTA MENSCH (N30, MAIO DE 2011) Texto/ Entrevista: Jamahe Lima

Postado por Prof. Petrônio Lima

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