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segunda-feira, 1 de abril de 2013

Chicó, o maior mentiroso do sertão

Escrito por:  Marco Haurélio
Chicó (Selton Mello) do filme de Guel Arraes, inspirado no livro de Ariano Suassuna

O famoso Chicó é um mentiroso de mão cheia, contador de causos como ninguém, ele foi o escolhido para celebrarmos, hoje, o dia da mentira. Agora, quando você contar aquela história de pescador e alguém ficar perguntando, querendo entender, responda: "não sei, só sei que foi assim!" que tá resolvido.

Leia trecho do cordel "Presepadas de Chicó e astúcias de João Grilo" do escritor Marco Haurélio.

Chicó contava vantagem,
Mas o povo não ligava,
Toda noite para ouvi-lo
A multidão se ajuntava,
Porém não tinha sequer
Um que nele acreditava.

João Grilo dizia sempre:
— Chicó, tenha mais cuidado,
Pois a sua língua grande
Pode deixá-lo enrascado
Se um dia se deparar
Com algum cabra malvado.

Chicó dizia: — Qual nada!
Nunca me meto em engano:
Já irriguei o deserto
Com as águas do oceano,
Mandei fazer uma ponte
Ligando Marte a Urano!

Já matei onça de tapa
E leão com pontapés,
Já tirei água de pedra,
Como um dia fez Moisés,
Em casa tenho uma árvore
Que produz contos de réis!

João Grilo disse: — Chicó,
Nem mesmo lá em Pequim
Um pé-de-pau dá dinheiro
Ou a água do mar tem fim.
Chicó respondeu: - Não sei;
Eu só sei que foi assim...

Porém, meu amigo João,
Agora vou lhe contar
Uma história verdadeira,
Dessas de se admirar,
Que mesmo o cabra incrédulo
É forçado a acreditar:

No sertão do Ceará
Vi três matutos correndo
Atrás de uma tartaruga –
Parece que inda estou vendo –
Mas vou descrever os três
Pra você ficar sabendo.

Cada um deles levava
Consigo uma carrapeta.
Mas o primeiro era mudo
O segundo era perneta;
Já o terceiro era cego,
O quarto surdo e maneta.

E foi o cego quem viu
A tartaruga matreira.
O mudo falou pra ele:
— Acabou-se a brincadeira!
Depois gritou o perneta,
Que se danou na carreira.

Mas quem pegou a bichinha
Foi o sujeito cotó,
Vendeu-a para um mendigo,
Ficou mais rico que Jó.
É a mais pura verdade,
Quem lhe garante é Chicó.

Mas isso, João, não é nada,
Já fiz coisa mais incrível
Que, se lhe contar, você
Pensará ser impossível.
Pra você pode até ser,
Mas não pra alguém do meu nível.

Eu tenho um grande criame
De abelhas no meu quintal.
Tentei contar as colmeias –
Confesso que passei mal –
Pois nem em quinhentos anos
Descobriria o total.

Porém contei as abelhas,
Que passavam de um trilhão!
Vendo que faltava uma,
Quase perdi a razão
Mas para minha alegria,
Vi o seu rastro... no chão.

Entrei mata adentro e vi
Minha abelhinha caída,
Com duas raposas velhas
Numa batalha renhida.
Saquei de grande peixeira,
Pra defender minha vida.

Rumei a peixeira nelas,
Que saíram em disparada;
A peixeira se perdeu
Dentro da mata fechada.
Então, matutei um jeito
De sair desta embrulhada.

Logo peguei o meu binga,
Fogo na mata botei,
E desta forma, as raposas
Pra bem longe afugentei.
Quando o fogo se apagou,
Minha peixeira encontrei.

Porém sobrou só o cabo,
O ferro foi derretido.
Corri até o ferreiro,
Contei o acontecido:
E pedi que refizesse
O ferro, que foi perdido.

Mas ele se confundiu
Por ter cabeça de vento
E me fez um anzol reto
Pra eu pescar ao relento.
Joguei o danado n’água,
Puxei e veio... um jumento!

Veio com bruaca e tudo,
Então nele me montei.
Os quartos da abelhinha
Fujona, avante encontrei.
Quando espremi, dez mil litros
De mel bem puro tirei!

Porém não tinha os barris.
E estando no mato só,
Resolvi armazenar
Todo o mel no fiofó
Do meu jeguinho, contudo,
Confesso: fiquei com dó.

Passado algum tempo houve
No sertão grande secura;
Nas costas do meu jumento
Cresceu grande matadura,
De tanto carregar peso
Em sua jornada dura.

O jumento carregava
Bastante mercadoria
E, para minha surpresa,
Presenciei, certo dia,
Germinando em suas costas
Feijão, milho e melancia.

Então, peguei o machado
E dei um golpe no centro
Da melancia, porém
O machado caiu dentro.
Olhei o buraco e disse:
— É aqui mesmo que eu entro!

Lá dentro da melancia
Avistei em disparada
Um vaqueiro procurando
A sua enorme boiada.
Pedi seu adjutório:
Ele me deu uma escada.

Para subir os degraus
Foi terrível o escarcéu,
Pois saí da melancia
E fui bater lá no céu.
Lá Maria Madalena
Me ocultou em seu véu.

Acabei voltando à Terra
Cavalgando num corisco,
Que caiu em Xique-xique,
Nas bandas do São Francisco,
Mas aprendi a lição –
Hoje sou um cabra arisco.

Postado por Tuíca do Cordel

http://luzdefifo.blogspot.com.br

Exposição Itinerante Luiz Gonzaga Centenário


Data: 01 a 06 de abril de 2013
Local: NIT - Limoeiro do Norte - CE - Ao lado da Igreja Matriz - centro.


No encerramento (06/04/13)haverá um DEDO DE PROSA GONZAGUIANOcomandado pelo Reginaldo Silva e com a presença de 2 autores que recentemente lançaram livro, no Centenário do Rei do Baião:


Onaldo Queiroga (Pombal - PB), autor do livro O BAIÃO EM CRÔNICAS. 2012.

Kydelmir Dantas (Mossoró - RN), autor do livro LUIZ GONZAGA E O RN. 2012.

Enviado pelo escritor poeta e pesquisador do cangaço: 
Kydelmir Dantas


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

5 MESES DA PARTIDA DO CAIPIRA DE POÇO REDONDO PARA CASA DO SENHOR.

Professora Aninha e Alcino Alves Costa

Hoje está completando 5 meses que o ex-prefeito de Poço Redondo, no Estado de Sergipe, escritor e pesquisador do cangaço, Alcino Alves Costa deixou o nosso solo mãe terra, para viver em outra vida além.

Alcino nasceu e foi criado em Poço Redondo. Foi prefeito da sua terra natal em três gestões. Era um pesquisador muito querido pelo seus companheiros de batalha, na luta pela organização da literatura lampiônica.

Archimedes, Alcino e Elaine

Dr. Archimedes Marques escreveu: 

A Saudade que Fica do Caipira de Poço Redondo
Você deixou tudo a tua cara
Só pra deixar tudo
Com cara de saudade. (Alice Ruiz)

O que chamamos de morte e que na verdade é apenas o desencarne, o fim da vida terrena, é um caminho inevitável. Temos todos, um dia ou outro, hoje ou amanhã, próximo ou mais demorado, de uma forma ou de outra, que viver isso. Não porque é uma fatalidade do destino, mas porque faz parte da vida desde que a nossa vida se faz vida. Mas o que sempre esperamos, torcemos e pedimos ao Criador é que os bons, aquelas pessoas ILUMINADAS que só fazem o bem ao seu semelhante durem mais tempo, sobrevivendo aos maus.

Assim cada um de nós vive, mesmo se de maneira dolorosa igual, de um jeito diferente as diferentes perdas pelas quais temos que atravessar, embora saibamos muito bem que dessas perdas ficam os seus exemplos, positivos ou negativos.

E mesmo quando o tempo consegue aplacar essa dor, estancar esse dissabor, sempre fica dentro da gente aquele sentimento indecifrável de vazio junto com a saudade, sensações que perduram até chegar a nossa hora, então passando tais sentimentos para os nossos amigos que também chorarão por nós, caso mereçamos, e assim sucessivamente. É a vida daqueles que sobrevivem a vida dos seus amigos, dos seus entes queridos.

Absoluta certeza tenho que não somente eu sinto essas sensações com a perda do amigo ALCINO ALVES COSTA, mas também centenas de outras pessoas, pois o CAIPIRA DE POÇO REDONDO (como ele próprio carinhosamente gostava de ser chamado) sem dúvida alguma foi um homem ILUMINADO que bem soube iluminar a todos que o cercavam, uma pessoa abençoada por Deus que irradiava e continuará na saudade irradiando luz, irradiando alegria, irradiando paz, irradiando harmonia, também irradiando determinação, irradiando a coragem do bravo sertanejo. Alcino é desses abençoados amigos que para sempre ficam guardados “debaixo de sete chaves”, pois além de tudo ele abençoava os seus amigos com a sua áurea desprovida de qualquer maldade. As diversas homenagens e eloquentes mensagens de despedidas desprendidas por seus amigos no cortejo funeral ocorrido no seu querido Poço Redondo são inequívocas provas de tudo isso que falei. Um amigo que bem soube plantar, regar e colher uma grande legião de amigos.

Poço Redondo, encravado nesse nosso sertão sergipano, na escaldante tarde desse dia 02/11/2012 (coincidentemente o dia dedicado aos mortos) chorou as suas lágrimas de pesar desde a sua residência nas primeiras horas, a Câmara de Vereadores, a missa de corpo presente na Igreja da Matriz, a Prefeitura até chegar ao Cemitério local da cidade em verdadeira romaria de amigos, provando e comprovando o quão querido era e continuará sendo o poeta, compositor, escritor, pesquisador e historiador ALCINO ALVES COSTA, para mim e com certeza para a grande maioria daquele povo, até então, A MAIOR PERSONALIDADE NASCIDA NAQUELAS TERRAS.

Da missa de corpo presente, além das eloquentes falas dos seus amigos, uma passagem ficará para sempre guardada na minha memória: uma rosa amarela brilhante e ensolarada retirada do nosso singelo buquê e repassada às minhas mãos pela minha companheira Elane Marques, cuja cor específica evoca sentimentos de calor, respeito, alegria, felicidade e amizade, depositada por mim sobre o caixão então fechado onde jazia o corpo do CAIPIRA DE POÇO REDONDO, rosa essa que também continha nas suas pétalas gotas das minhas lágrimas, notei como bom observador, que colocaram-na para dentro dessa urna funerária assim que fora aberta na própria igreja quando da bênção final com os Asperges sagrados de água benta realizados pelo Pároco local. Dessa minha simples homenagem e das suas conseqüências senti-me agraciado pelas circunstâncias em ver aquela rosa amarela a seguir junto com o corpo do amigo Alcino em direção ao seu descanso final.

Não só os seus parentes e amigos, mas também a cultura sergipana, nordestina e brasileira perde um grande ícone. O sertão perde uma imensa parte da sua identidade. O movimento CARIRI CANGAÇO jamais será o mesmo sem a presença do grande amigo de todos os seus componentes. A história do cangaço que sem dúvidas é das mais legitimas expressão da nossa cultura, da cultura do nosso querido Nordeste, deixa de ter em “vida matéria” dos seus maiores historiadores, embora as suas obras, os seus legados, os seus escritos, os seus pensamentos, os seus entendimentos, os seus ensinamentos vivam para sempre. Com toda certeza daqui a centenas de anos ainda estarão citando ALCINO ALVES COSTA como fonte de informação, pois as águas bebidas das suas fontes e também oferecidas ao público foram águas de fontes saudáveis e não envenenadas, águas de fontes puras e cristalinas, águas das fontes de um verdadeiro CABRA-MACHO SERTANEJO que de tudo deixou a sua cara e com isso deixou tudo com cara de saudade como bem diz a escritora e poeta Alice Ruiz no preâmbulo acima citado.

Ser um desses amigos de Alcino, para mim foi um dos maiores privilégios, uma verdadeira honra. De Alcino só me resta eterna gratidão por também fazer parte da sua legião de amigos.

Que você seja bem sucedido também na sua nova morada amigo ALCINO ALVES COSTA e que o seu exemplo de vida ensine os bons a ser melhores!
Archimedes Marques


Archimedes Marques é Delegado de Polícia no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela UFS, idealizador e administrador do Folha do Delegado.

http://www.gibanet.com/2012/11/03/a-saudade-que-fica-do-caipira-de-poco-redondo/

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ANA BEATRIZ - MINHA NETINHA MAIS NOVA






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XEROX DA CERTIDÃO DE VIRGULINO FERREIRA DA SILVA -LAMPIÃO


Fonte: Facebook:
Na página do pesquisador do cangaço: Guilherme Machado

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Cariri Cangaço

Gravado por: Aderbal Nogueira

O primeiro a gente nunca esquece
Assista a este documentário da Laser Vídeo resumindo o primeiro evento ocorrido em 2010.
Apresentação: Odilon Camargo




Deu vontade, meu compadre ou minha comadre? A 4ª edição ocorrerá de17 a 22 de Setembro de 2013. Acompanhe as novidades por aqui ou pelo blog do evento www.cariricangaco.blogspot.com.br

Uma cortesia de Aderbal Nogueira

http://lampiaoaceso.blogspot.com