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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

23 de agosto de 1927, no “O Imparcial”

Por: Rubens Antonio

O RASTRO DE LAMPEÃO
Um depoimento vivo e palpitante do guia do terrível faccinora

As ameaças do bandido

FORTALEZA, 2 (Impacial) – Pelo Correio – A passagem de Lampeão pelo territorio cearense constitue algo de interessante e, ao mesmo tempo, impressionante. A respeito, publicou o jornal “O Ceará” uma carta do sr. José Gonçalves da Silva, que serviu de guia do terrivel faccinora, e que encarra algumas novidades. Damos a seguir o depoimento vivo e palpitante:

“Lampeão chegou á minha casa por volta das duas horas da tarde, muito vexado, para continuar a viagem dizendo que ia descansar em Pernambuco, pois desde que saiu de Parahyba, pois desde que saiu de Mossoró, em virtude de não conhecer o terreno, não havia descansado.


Disse que nunca viu força tão atrevida.

Ia muito sujo e tinha companheiros que havia um mez que não mudavam a roupa, a qual era de kaki novo, mas toda rasgada de pontas de páos.

Sobre o fogo do logar “Felicidade”, disse:

“Brigamos um bucadim, quatro horas mais ou menos, vendo a hora de me vê pegado. Mas felizmente tinha um lado tomado pela força da Parahyba, que tomado pela força de Pernambuco, que muito bem conheço a dispuzição della. “Arroxei séro e fugi facilmente, todo caipóra argum dus mininos

Sobre o combate de Missão Velha, disse:

“Neste fogo num dei um só tiro. “Izaia fez a boa com nós. “Mandou nós pra uma manga aonde demoramos oito dia, e no fim deste tempo elle mandou deixá a cumida como de custume. Mas, desta feita, uma mosca assentou na nossa ureia e os mininos arretiraram uns buracos e disseram! Os cumida travoza dus diabos! “Eu mandei que elles deixassem a cumida, que a cuspissem e dei a cada uma uma canéca de garapa de rapadura, elles nada tiveram. “Eu tinha cumbinado cum Izaia prá quando eu uvisse um tiro ir recebê a munição qui elle mi premetera. “Dei o tiro e ante de ir mandei um dos mininos assubi num pau e vê o que havia. “O rapaz assubiu e adispois mi disse: Seu capitão tão é tocando fogo é no cercado. “Mandei, então, que todos se apreparasse prá sahi, ainda tinha um lado du cercado ainda verde mas era um cipual medanho qui nos deu trabaião pá rompê. “Antão me puz de parte e elles começaro a atirá e a gritá: “Viva meu padim Cirço. “Ah diabos! Antão, meu padim nus havia de mandá nos atacá, quando eu não faço nada cum o Ceará?! “Izaia não soube nem envenená a cumida, purque botou veneno de mais que deu prá nós conhecê. “Mais este Izaia me paga, inté as pédras se encontram. “Nós vae aqui cuma uns mizeraves, mas um dia eu dou um conhecimento nesta gente.

Perguntado porque não deixava a vida de bandoleiro, respondeu:

“Quá! Não é pussive, não. Sou muito conhecido em toda a parte e não tenho aonde me escondê. “Voiu vivendo assum inté quando Deus fôr servido.

Quando “Lampeão” com seu grupo passou para o territorio pernmbucano disse:

“Mininos, agóra, podem vadiá qui isnamos pizando no qui é nosso”.

Começaram a cantar o “Côco” e a “Mulher rendeira”. Havia no local muita pedra. Então, Lampeão disse o seguinte: 

“Si tudo isso fosse bala eu matava era soldado cuma avoante na bebida”.

Deu a entender que nada tinha feito no Ceará, mas por causa de Izaias se via obrigado a fazer, e era logo. “Lampeão” trazia quatro rifles e dois fuzis de sobrecellencia. Alguém, por ultimo, lhe dissera:

Realmente, capitão, o senhor tem comido é fogo!

Ao que elle respondeu:

”Eu nunca mi vi tão apertado cuma agora no Ceará”

Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço:
 Rubens Antonio

http://cangaconabahia.blogspot.com.br/

Morre no Rio, aos 104 anos, o consagrado arquiteto Oscar Niemeyer

Arquiteto

RIO DE JANEIRO (O REPÓRTER) - O Brasil perdeu o maior arquiteto da história do país. O Hospital Samaritano confirmou na noite desta quarta-feira (5) a morte de Oscar Niemeyer, aos 104 anos. Ele não resistiu a complicações renais.

 Oscar Niemeyer - Arquiteto  da capital do Brasil - Brasília 

Niemeyer vinha lutando contra problemas de saúde nos últimos dois anos. Entre diversas internações, ele ficou com o quadro de saúde complicado em novembro, quando foi obrigado a realizar hemodiálise. Na manhã desta quarta, um boletim médico já deixava a entender que a situação estava quase irreversível.

Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, Paraná - bethccruz.blogspot.com

Com uma carreira brilhante, o arquiteto se formou na Escola de Belas Artes. Depois da formação, passou a trabalhar sem remuneração no escritório de Lúcio Costa. 

Catedral de Brasília – Padroeira Nossa Senhora Aparecida - vidadeturista.com

No ápice da boa forma, entrou para a história ao projetar toda a cidade de Brasília. 

Arquiteto Oscar Niemeyer - Brasília - detudoumpoucominhaopiniao.blogspot.com

Ele também ficou marcado pelo projeto de construção do Sambódromo do Rio, que ganhou o desenho original após uma reforma, completa em fevereiro deste ano.

Oscar Niemeyer  - arquiteto do Sambódromo no Rio de Janeiro - archdaily.com.br

A família ainda não divulgou detalhes sobre o velório. Ele deixa esposa, quatro netos, 13 bisnetos e seis tataranetos.

http://www.oreporter.com/Morre-no-Rio-aos-104-anos-o-arquiteto-Oscar-Niemeyer,9080498970.htm

ZÉ DO TELHADO - O Bandoleiro Cavalheiresco de Portugal


Ano novo, vida nova, diz o povo, mas o de 1852 não começou de modo diferente para as gentes das cercanias do douro.

A quadrilha do Zé do telhado continuava a ser o terror dos ricos e remediados, e temia-se que um golpe grande  estivesse para ocorrer. 

A morte do senhor da Casa do Carrapatelo naquele dia tão falado na feira de Marco de Canavezes, chegou aos ouvidos de um elemento do bando, e, de pronto, aos do chefe bandoleiro. 

Dizem que deixou mais de mil cruzados em ouro. Franquia mais que suficiente, para que José Teixeira de Matos, o Zé do Telhado arriscasse mais uma sortida com o produto da qual poderia saciar o apetite dos seus homens.

Acertou-se tudo. Nada parecia ter sido deixado ao acaso. A minucia e a prudencia, presidiram ao planejamento do assalto. Uma meia dúzia de dias foram suficientes para que tudo estivesse pronto.

A espera até era benéfica, que assim a maior parte da família convocada para o velório, já estaria de volta a suas casas. Somente os criados e as fidalgas estariam na casa do Carrapatelo.

http://amilcarseixas.blogspot.com.br/p/ze-do-telhado-o-bandoleiro.html

No centenário do Gonzagão, palmas para o rei do baião!

Por: José Cícero
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Neste dia 13 de dezembro o Brasil comemora (ou pelos menos deveria comemorar) o centenário de nascimento  de Luiz Gonzaga do Nascimento, aquele que foi para o todo e sempre, um dos mais completos e admirados artistas populares do Nordeste. De cara, o mais autêntico e fiel representante da boa  música popular brasileira.O Luiz Lua Gonzaga – o Gonzagão, tão bem consagrado há mais de cinqüenta anos pela voz do povo e, depois pela crítica – como o rei do baião.


No último dia 3 por requerimento do Senador cearense Inácio Arruda o Senado Federal realizou Sessão especial comemorativa ao centenário de nascimento de Luiz Gonzaga, ocasião em que estiveram presentes, além de políticos, diversos artistas convidados.

Sem exagero podemos considerá-lo como o mais importante e autêntico  artista nordestino de raiz. A um só tempo, criador e representante maior de um dos mais belos  gêneros musicais do  interior longínquo do Nordeste – o forró. Uma música profundamente identificável e característica do cotidiano de luta de uma gente forte, sofrida e valente – Os sertanejos.


Um artista popular que,  ao contrário de muitos outros, nunca se deixou  encantar pela fama, o sucesso assim como os ilusórios holofotes de uma mídia cínica, covarde e interesseira, principalmente numa época das mais discriminatórias, além de preconceituosa e excludente.  Com o seu forró, baião, xote e xaxado, soube como nenhum outro cantar a alma do povo. Encarnando por seu turno, o mais puro sentimento de uma geração inteira de verdadeiros excluídos. Razão pela qual até hoje é adorado por  legiões de brasileiros espalhados por este país inteiro.

No Nordeste, Gonzaga é simplesmente cultuado quase como um santo. O eterno vaqueiro laborioso ainda a correr com o seu aboio pelas caatingas. O matuto esperto e faceiro vestido em seu gibão rasgando as bibocas do mundo.


O sanfoneiro, cantor e compositor que ensinou o Brasil a dançar uma nova dança. E que por conta disso possibilitou um  novo olhar das metrópoles para com a arte latente e emergente dos sertões.

É ele, o mais importante artista popular do Brasil. Não somente pelo conjunto da sua obra musical: variada, singular e magnífica. Mas, sobretudo pelo importante papel social, político e cultural desempenhado  em favor de um Brasil mais democrático, coeso, isonômico e justo. Assim como na defesa do até então esquecido povo nordestino, a que ele tanto chamou de “irmão”, emprestando assim a sua voz aos que não tinham voz alguma, inclusive de artistas que com o tempo se tornaram seus parceiros a exemplo de Patativa, Zé Dantas, João Silva, Jackson do Pandeiro, José Clementino, Zé Marcolino, Humberto Teixeira dentre outros que ajudaram a fazer do seu legado, algo universal e extraordinário.

Por quase meio século o canto gonzaguiano rompeu as mais distantes fronteiras  do Brasil ecoando desde os sertões ao litoral. Fazendo assim da nova  música interiorana uma senha para a abertura definitiva do eixo Rio-São Paulo para uma grande leva de novos artistas(cantores, poetas, sanfoneiros e compositores) nordestinos que desde lá, seguiram até hoje os seus rastros.

Por tudo o que fez e representa até hoje para a arte nordestina e o movimento musical brasileiro em geral, mesmo depois de mais de duas décadas de sua morte, Luiz Gonzaga pode ser chamado de um predestinado. O artista do século, quiçá do milênio. De tão completo e diferenciado sua obra é digna de  reconhecimento não apenas pelos brasileiros, como igualmente no exterior.

Aquele que conseguiu pela força inigualável do seu talento levar  a música dos sertões aos mais altos e pomposos salões das elites. Rompendo num mesmo diapasão; preconceitos e impedimentos de toda sorte. Reaproximando o forró maturo e temperado dos matos a chamada música erudita da burguesia algo quase impensável para a época.

Por fim, se é verdade que ninguém no mundo pode  por nenhum motivo  ser considerado insubstituível, diria que Luiz Gonzaga, por conta da sua arte realmente monumental quebrara esta regra. Posto que ele, além de inigualável é deveras insubstituível.

Ainda por cima, se considerarmos os rumos que tomou a música popular brasileira e o chamado forró na atualidade, seria no mínimo  um desrespeito a memória de Gonzaga, assim como um  verdadeiro sacrilégio  colocarmos sequer o nome do rei do baião neste comparativo.

Palmas para o rei do baião! Viva Gonzaga pela passagem dos seus 100 anos de nascimento. Ele se manterá sempre vivo enquanto sua voz e o seu canto continuar ecoando pelos sertões do mundo.

Prof. José Cícero
Secretário de Cultura e Esporte
Aurora-CE.
Serviço: 

Luiz Gonzaga do Nascimento – 
* Exu, 13 de dezembro de 1912. 
+ Recife, 2 de agosto de 1989. 
Cantor, sanfoneiro e compositor nordestino. 
Ficou conhecido como o Rei do Baião.

Foto: article.wn.com
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O XAXADO

Por: Kydelmir Dantas(*)

“Dançada em círculos, um atrás do outro, sem volteios, avançando o pé direito em 3 ou 4 movimentos laterais e puxando o esquerdo num rápido e desligado sapateado. (Dicionário do Folclore Brasileiro - Luís da Câmara Cascudo).”

Fonte: http://tokdehistoria.wordpress.com/

Típico dos Cangaceiros nordestinos, o Xaxado foi dançado pela primeira vez nas barrancas do Riacho de São Domingos, no Vale do Pajeú, pelos cabras de Lampião. 

Historiador Luís Conrado Lorena e Sá - fundacaocasadacultura.com.br

Segundo o historiador Luís Conrado Lorena e Sá (Serra Talhada-PE), também a música “Mulher Rendeira” foi ouvida pela primeira vez às margens do mesmo riacho, cantada pelos já citados cangaceiros.

Quando ainda não tinha a presença das mulheres no Cangaço, a cabroeira fazia das suas armas uma companheira para dançar, inclusive tratando-as  na forma feminina: “Minha carabina ou minha espinguarda”, mesmo que se tratassem de bacamartes, fuzis ou rifles; ao arrastar dos pés, acompanhava a batida forte da coronha no ritmo da dança. Os homens, naquela vida de lutas, combates, mortes, perseguições e fugas, também tinham os seus momentos de lazer: Daí nasceu o Xaxado! Só depois da entrada de 

Maria Bonita

Maria Bonita no cangaço (1930) é que houve a integração das demais mulheres aos bandos. Dizem até que, por influência da passagem da Coluna Prestes.

Luiz Gonzaga

O grande Luiz “Lua” Gonzaga gravou um LP em 1974 e tinha incluída, dentre outras músicas, Xaxado, dele e de Hervê Cordovil, cujo início era o seguinte:

Hervê Cordovil

“Xaxado é dança macha,
Dos cabras de Lampião,
Xa, xa, xa, xa, xa, xa, ôi!
Vem lá do Sertão.
Xaxado, meu bem, xaxado,
Xaxado vem do Sertão.
É dança de cangaceiro,
Dos cabras de Lampião”.

O Grupo de Xaxado Manoel Martins, comandado pela professora Maria Rita, filha do ex-volante que dá nome a este e fundador do primeiro Grupo de Xaxado da Região do Pajeú, dança-o dentro de sua maior autenticidade.

Hervé Cordovil, Carmélia Alves, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira - http://www.obreirosdeiraja.com.br

Em outubro de 1980, quando LUIZ GONZAGA esteve se apresentando em Serra Talhada, adquiriu as 5 roupas deste grupo, que tinham sido confeccionadas por Manoel Martins, para fazer parte do acervo do Museu do Baião, que estava sendo organizado no Parque Asa Branca, em Exú-PE.

Gonzaguinha e Gonzagão

Há vários grupos no município, dentre eles o ‘Cabras de Lampião’, e, pelo fato de Virgulino-Lampião ser filho natural de lá é que a cidade de Serra Talhada, no sertão pernambucano, denomina-se a Capital do Xaxado.

(*) Pesquisador, escritor e  poeta. De Nova Floresta – PB, radicado em Mossoró – RN.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

OS MISTÉRIOS DO ATAQUE DE LAMPIÃO A MOSSORÓ, QUARTA E ÚLTIMA TEORIA, OITAVA PARTE

Por: Honório de Medeiros(*)
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Quarta teoria: o ataque a Mossoró resultou de um plano político (oitava parte)

JÚLIO PORTO

É aqui que entra em cena o misterioso Júlio Porto, de Aurora, no Ceará, mesma cidade onde nascera e exercia enorme influência política o Coronel Isaías Arruda.

Em 1927 Júlio Porto tem vinte e três anos de idade. Júlio Porto não era Porto. Seu verdadeiro nome era Júlio Sant’anna de Mello. O “Porto” viera de sua estreita ligação com Martiniano Porto, por sua vez fidalgote nas terras do Apodi, e inimigo sangue-a-fogo do Coronel Francisco Pinto.

Coronel Francisco Pinto

Martiniano Porto era relacionado por laços de interesse recíprocos com Tylon Gurgel e Benedito Saldanha[1][1] - futuro Prefeito daquela cidade -, todos ferrenhos opositores do Coronel Francisco Pinto. Tylon Gurgel era sogro de Décio Hollanda, e, Benedito Saldanha, protetor de Massilon Leite no Ceará, fronteira com Apodi, que se considerava “afilhado” de seu irmão, o Coronel Quincas Saldanha.

Júlio Porto[2][2] deve ter sido o elo de ligação entre os inimigos políticos dos Coronéis Francisco Pinto e Rodolpho Fernandes, e o Coronel Isaías Arruda[3][3], pelo fato de ser de Aurora[4][4]. Ele está presente em todos os momentos cruciais ligados à invasão de Apodi e Mossoró.

Sendo de Aurora, Ceará, com certeza conhecia José Cardoso, proprietário da Fazenda “Ipueiras”, parente e aliado do Coronel Isaías Arruda. A ele apresentou Décio Hollanda, genro de Tylon Gurgel, amigo e correligionário de Martiniano Porto e Benedito Saldanha. Dissera a Décio Hollanda, representante do consórcio político contrário aos Coronéis Francisco Pinto e Rodolpho Fernandes, talvez, que José Cardoso era o homem certo para se chegar ao Coronel Isaías Arruda e, através dele, a cangaceiros e jagunços a serem comandados por Massilon.

Temos, então, finalmente: Brejo do Cruz; Apodi; Aurora; Mossoró. A malha se fechou, mas se expandiu. Reforçou-se.

Outro indício do projeto oculto de matar o Coronel Rodolpho Fernandes quando da invasão de Mossoró é não ter sido o Coronel Isaías Arruda o idealizador do ataque à cidade e a Apodi, como já visto. Ele planejou, obviamente, e deu apoio logístico, mas a idéia lhe veio trazida de fora, trazida por Décio Hollanda, assim como a ele foi levado Massilon, a quem entregariam o comando do ataque, em decorrência da sua ligação com os Coronéis Quincas e Benedito Saldanha, líderes e mentores do consórcio político oposicionista.

Foi Décio Hollanda o emissário e era um dos beneficiários, na medida em que o ataque a Apodi, para ele, supostamente[5][5], eliminaria o Coronel Francisco Pinto, inimigo pessoal e político seu e do seu sogro.

Uma vez que o ataque a Apodi deu certo, o Coronel Isaías Arruda foi convencido facilmente por Massilon a atacar Mossoró. Também já foi dito, aqui, que com a mentalidade rapace da qual era possuidor, percebeu o Coronel Isaías que sairia ganhando de qualquer forma com o episódio: aceitou planejar a empreitada, aproveitar a presença e CONVENCER LAMPIÃO, fornecer armas e munição, posto que com isso nada tinha a perder.

 Relembrando, a partir de Sérgio Dantas[6][6]:

Em dias de abril daquele ano[7][7], o sinistro caudilho[8][8] recebera importante solicitação. Décio Holanda – destacado fazendeiro do município de Pereiro, no Ceará – pediu-lhe que colocasse a “cabroeira” particular a seu serviço, posto que planejava tomar de assalto a cidade de Apodi, no Estado vizinho.

CONTINUA...  

PARA ENTENDER ESTE TEXTO É CONVENIENTE LER OS TEXTOS ANTERIORES POSTADOS EM www.honoriodemedeiros.blogspot.com
PROCURE Cangaço, DENTRE OS Marcadores, E LEIA TUDO QUANTO FOI ESCRITO ANTES ACERCA DO TEMA. 

- [1][1] Do pesquisador Marcos Pinto, acerca de Décio Hollanda, Benedito Saldanha, e Tylon Gurgel, recebi a seguinte correspondência eletrônica: historiador Marcos Pinto recebi, em 23 de janeiro de 2012, a seguinte correspondência eletrônica:
- Encontrei um fato por demais interessante no inquérito/processo que apurou o “FOGO DE PEDRA DE ABELHAS”.
- Consta por testemunha firme e valiosa que DÉCIO HOLLANDA comprou, no começo do ano de 1925, duas mil balas de rifle e mandou esconder em local que o Capitão Jacintho não conseguiu localizar.
- Agora, veja a coincidência: dois anos (1927) depois consta que Lampião recebeu um suprimento de duas mil balas de rifle quando se preparava para atacar Mossoró.
- Ora, se esta munição não foi gasta nem apreendida pelo Capitão Jacintho, é a mesma que Décio conduziu, em caixões muito bem disfarçados, “escanchados” em lombos de burro, segundo octogenários que ainda hoje comentam o episódio em Felipe Guerra.
- Estou alinhavando um novo artigo que terá o seguinte título: “CANGAÇO NO OESTE POTIGUAR – DO FIO DA NAVALHA AO FIO DA MEADA. Vou provar por A mais B a proteção dada ao cangaceirismo por parte dos desembargadores FELIPE GUERRA e HORÁCIO BARRETO e do Juiz de Direito JOÃO FRANCISCO DANTAS SALES, que recebia abertamente, em sua casa em Apodi, Décio Holanda, Tylon Gurgel e Benedito Saldanha.
- JOÃO DANTAS SALES foi transferido, “a pedido”, para Acari, em 25 de maio de 1925, por instâncias do Governador José Augusto, que convenceu o então Presidente do Superior Tribunal de Justiça Estadual, atual TJE.
- Acrescente-se que HORÁCIO BARRETO era sobrinho de JUVÊNCIO BARRETO, que veio de Martins para Apodi em 1915, à convite de MARTINIANO DE QUEIRÓZ PORTO, para fixar residência e cerrar fileira na oposição à família PINTO comandada por Tylon Gurgel e seu genro Décio Hollanda.
- O Dr. José Fernandes Vieira também traficou influência em favor do seu sogro Martiniano Porto, sendo certo que, em 1925, o aconselhou a ir residir em Pau dos Ferros.
- Observo que os dois mil cartuchos que foram comprados por Décio Hollanda, o foram em Mossoró, em 1925.
- Lembrei-me de outra particularidade: o Desembargador Horácio Barrêto era sobrinho da esposa (Alexandrina Barrêto) do Governador do Rio Grande do Norte, Joaquim Ferreira Chaves, que deu apoio oficial à perseguição policial a Joaquim Correia e aos Ayres em Pau dos Ferros, em 1919. Horácio e Felipe Guerra foram indicados e nomeados desembargadores por Ferreira Chaves em 1919.
- Felipe Guerra foi candidato e eleito Deputado Estadual em 1934 na chapa dos “Pelabucho” na qual constava, ainda, Benedito Saldanha.
[2][2] Júlio Porto conhecia Mossoró como ninguém. Raul Fernandes nos relata o seguinte, em “A MARCHA DE LAMPIÃO”; 4ª. Edição; Nota 9 ao Segundo Capítulo: Joanna Bezerra da Silva, conhecida por Doca, deu-nos uma entrevista interessante: Morava em Mossoró. Empregada doméstica da casa de José de Oliveira Costa (Costinha Fernandes), comerciante, sócio da firma Tertuliano Fernandes & Cia. Disse que Júlio Porto fora por último chofer de caminhão da referida firma. Meses antes do assalto a Apodi, desaparecera de Mossoró. Vez por outra aparecia à noite, muito apressado. Entrava pelo portão do fundo do quintal da casa, pedia café à Doca e sumia. Aconteceu chegar vestido à moda de cangaceiros. Dizia ser o traje onde trabalhava. Agora basta relacionarmos essa informação com a carta de Argemiro Liberato e a manchete do jornal “O Mossoroense” anunciando o futuro ataque à cidade.
 - [3][3] Quando invadiram Apodi os cangaceiros deixaram claro que iriam invadir Mossoró, afirma “O Mossoroense”. Citar nota do jornal.
[4][4] Em seu depoimento Bronzeado corrobora essa versão, ao afirmar que: “trabalhava com o senhor José Cardoso, que mora em uma fazenda do senhor Izaias Arruda chefe de Missão Velha e do qual o Cardoso é primo. Estava ali trabalhando quando chegou a ordem do senhor Izaías de seguirem para Apody, afim de fazerem o ataque já conhecido, a convite do senhor Décio Hollanda, morador em Pereiro. Ele e outros não queriam seguir, mas foram obrigados. O portador da carta de Décio fora o conhecido ‘chauffeur’ Júlio Porto, também bandido, que aqui morou” (PIMENTA, Antônio Filemon Rodrigues; “O CANGAÇO NA IMPRENSA MOSSOROENSE”; Tomo II; Coleção Mossoroense; Série “C”; nº 1.104; 1999; Mossoró).
[5][5] Décio Hollanda não sabia que Massilon fora instruído, pelos Saldanha, a não matar o Coronel Chico Pinto quando do ataque a Apodi. O objetivo oculto de Massilon era desmoralizar e amedrontar o Coronel.
[6][6] “LAMPIÃO E O RIO GRANDE DO NORTE”; Cartgraf Gráfica Editora; 2005; 1ª edição; Natal, RN.
[7][7] 1927.
[8][8] Isaías Arruda.

(*) Mestre em Direito; Professor de Filosofia do Direito da Universidade Potiguar (Unp); Assessor Jurídico do Estado do Rio Grande do Norte; Advogado (Direito Público); Ensaísta.

http://honoriodemedeiros.blogspot.com.br/