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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Comentário

Por: Maria Cícera Linhares

Lampião e Maria Bonita

A ilusão do cangaço pode ser constatada ainda hoje; porque será que o cangaço que acabou ha mais de 80 anos ainda desperta tanto interesse nas pessoas? 

Aderbal Nogueira - pesquisador

Pensando bem o artigo do escritor Aderbal Nogueira tem muito sentido, as mocinhas daquela época também viviam a ilusão do cangaço, a libertação da vida sob o julgo dos pais, numa sociedade pra lá de machista e patriarcal, além do desejo contido de viver aventuras, dinheiro, poder, um sem fim de ilusões que povoavam a cabeça dessas meninas-moças; amor pode até ter havido, mas na maioria acho que foi mesmo ilusão. Parabens a cariri cangaço pelo debate de alto nível engrandecendo a história do nordeste e do cangaço com pesquisadores sérios e comprometidos com a verdade.

Maria Cícera Linhares
Juazeiro do Norte
Ceará

Manoel de Assis - 12 de Novembro de 2012

Por: Geraldo Maia do Nascimento

Era natural do antigo município de Santana do Matos, hoje pertencente a Ipanguaçu. Nasceu a 01 de julho de 1883, sendo filho de Francisco Assis Cabral e dona Joaquina Maria da Conceição. Chegou a Mossoró em 31 de dezembro de 1919, “tornando-se mossoroense pelos seus 50 anos de vivência útil a terra e a sua gente”, segundo as palavras de Raimundo Soares de Brito. Foi professor do Ginásio Santa Luzia, ensinou particularmente em sua residência e nas próprias residências de alunos; lecionou ainda nas cidades de Assú, Jucurutu, Ipanguaçú e Mossoró. Foi orador do Centro Esportivo e Presidente da citada agremiação e foi também orador e presidente do Sport Club de Mossoró. Colaborou na Revista “Palavras Cruzadas”; nos jornais “O Nordeste” e em “O Mossoroense”.

 

 Casou-se com Maria Tibúrcia da Câmara Assis, com quem teve 11 filhos.
              
 O escritor Walter Wanderlei, que era seu amigo, assim o descreveu:
               
 “... Vejo-o, assim, nesta ressurreição pela saudade, amigo de todos, bonachão, fumando o seu cachimbo sarrento, deitado na sua espreguiçadeira, mestre das palavras cruzadas, fazendo versos, adorando acrósticos, charadista, professor de tantas gerações, homem de letras.
               
Fomos amigos. E entre nós existia algo de afinidade que fazia com que nossos encontros fossem marcados pelo sinete de uma amizade sincera, a despeito mesmo da distância da faixa etária em que nos achávamos situados. E isso é o que ele procurava me explicar em carta que me fez no ano de 1964; na qual dizia a certa altura: “... Entretanto, às vezes a gente vê pela primeira vez um indivíduo e sente nascer em nossa alma uma amizade e uma confiança recíproca tão positiva e completa, tão sincera, como se já fôssemos velhos conhecidos. Este fenômeno eu notei entre nós, desde o momento em que tive a oportunidade de conhecê-lo...”.
               
O escritor Raimundo Nonato também escreveu sobre Manoel Assis: “Manuel Assis é um retrato na vida de Mossoró, que marca a intensidade de uma geração, talvez de várias gerações. É um idealista, quase utópico. Um sonhador. Amante das letras e da presença dos seus amigos. Jornalista da velha-guarda, que vendia nas ruas do Açu o “jornaleco domingueiro” para ganhar o pão da semana, amargo e ingrato pão, que nem ao menos era o de cada dia.
               
Homem simples e bom, interiorano, nascido na bacia das águas que se espraiam na gleba da ribeira do Açu, do Piranhas mais remoto. Representa, no seu mundo, o milagre da libertação do autodidata. Um milagre luminoso, que os deuses arrancaram das trevas, onde tudo era o nada. Portador de uma cultura invulgar. Dono de uma memória que fazia inveja àquele grego miraculoso, que a certa época sabia pelos nomes, todos o habitantes de Atenas.
               
Mais do que tudo, no entanto, um grande sertanejo, um espírito banhado pelo entusiasmo da brasilidade, que sonha o magnífico Brasil.
              
Enfim, Manuel Assis é um homem que sabe viver a vida.
               
Ainda agora, vivendo seus 84 janeiros, diz, risonho, para o tempo: - Quando eu ficar velho, vou escrever minhas memórias.
               
Um adorável filósofo.”
               
O professor Manuel Assis faleceu em Mossoró a 24 de julho de 1969. A cidade o homenageou emprestando o seu nome a uma de suas artérias e como patrono de uma escola municipal. É também patrono da Cadeira 31 da Academia Mossoroense de Letras.

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100 anos de Gonzagão

Para você ler aumente as imagens.

Enviado pelo poeta, escritor, pesquisador e membro da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, Kydelmir Dantas

Cordélia Silva - 11 de Novembro de 2012

Por: Geraldo Maia do Nascimento

Em 14 de abril de 1931 morria, em Alagoa Grande/PB, a professora, musicista, poetisa e jornalista Maria das Mercês Leite, que se tornou conhecida com o pseudônimo de Cordélia Silva. Mossoró prestou-lhe uma homenagem gravando seu nome em uma artéria da cidade.

               
Maria das Mercês Leite, ou Cordélia Silva, nasceu em Mossoró no dia 11 de novembro de 1888, num belo dia de Domingo. Era filha legítima de Tomé Leite de Oliveira e de Maria das Mercês Leite.
               
Sua infância deu-se em Mossoró, sua terra natal, onde iniciou os seus estudos. A família mudou-se para Macau e depois para Alagoa Grande, na Paraíba, em 1902. E é nessa cidade paraibana que a nossa futura poetisa fez o seu curso de humanidades e música. Foi também em Alagoa Grande que começou a sua vida profissional, lecionando por vários anos. Em 1908 fundou a revista “O Batel”, que circulou por vários anos. Foi colaboradora de vários jornais e revistas da época, entre os quais podemos citar a revista “A Estrela”, de Aracati/CE, que era dirigida por sua amiga Francisca Clotilde, além dos jornais “Jornal do Comércio, de Recife/PE, “O Nordeste” e a “Imprensa” de João Pessoa/PB e em outros periódicos sulistas.
               
“Foi Cordélia Silva de uma dedicação exemplar ao desenvolvimento cultural da mulher, dando prova exuberante de sua privilegiada inteligência, como fundadora e diretora de uma revista, em colaboração com Célia Adamantina, que era o pseudônimo de Rita de Miranda Henrique”, nas palavras de Lauro da Escóssia.
               
O historiador Raimundo Soares de Brito em suas “Notícia Biográfica de Alguns Patronos de Ruas de Mossoró, assim se expressa sobre a personalidade de Cordélia Silva: “Descendia dos troncos ilustres, que em Mossoró tiveram suas origens no Sargento-Mor José de Oliveira Leite, a primeira autoridade da então ribeira de Santa Luzia de Mossoró. Seus pais foram: Tomé Leite de Oliveira, também mossoroense e dona Maria das Mercês Leite, cearense da cidade de Pereiro”.
               
Causava admiração, na época, o fato de duas moças, numa pequena cidade do interior, conseguir sustentar por tanto tempo uma revista literária, quando na capital todas as publicações desse gênero tinha vida curta, como nos informa ainda o historiador Raimundo Soares de Brito. Tinha também predileção pela música, deixando alguns interessantes trabalhos.
               
Em dezembro de 2000, a POEMA – Poetas e prosadores de Mossoró – lançou, através da Fundação Vingt-un Rosado, o livro “100 Poetas de Mossoró”. Trata-se de uma antologia aos poetas da cidade. E como não podia deixar de ser, a nossa poetisa em foco, Cordélia Silva, se fez presente com o poema intitulado “O Batel”, um dos mais bonitos de sua criação. A própria autora gostava muito desse poema, tanto é que foi com esse nome que batizou a revista que criou em 1908.
               
Cordélia, como tantas outras mulheres mossoroenses, destacou-se por suas atuações empreendedoras, numa época de puro machismo. É mais uma a figurar na galeria das grandes personalidades mossoroenses.

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"João no coito de Vinte e Cinco"

Por: João de Sousa Lima

Uma visita a um dos últimos guerreiros de  Lampião

José Alves de Matos, o ex-cangaceiro Vinte e Cinco é um dos três últimos cangaceiros vivos. Ainda lúcido tem uma memória privilegiada e apesar dos seus 95 anos de idade, sempre recebe visitas em sua residência na capital alagoana para falar do seu tempo de cangaceiro. Ele lembrou de nosso último encontro há exatos seis anos.

José Alves de Matos nasceu em Paripiranga, Bahia, na fazenda Alagoinha. Teve vários primos  e sobrinhos com ele no cangaço, tais como: Santa Cruz, Pavão, Chumbinho, Ventania e Azulão. No dia que entrou para o bando de Corisco o seu sobrinho Santa Cruz entrou no grupo de Mariano.

 Corisco e Vinte e Cinco em plena atividade, posaram para Benjamim Abrahão em 1936/37.

Vinte e Cinco discutiu com Dadá e saiu do grupo de Corisco para o grupo de Lampião. Podemos vê-lo em foto ao lado de Corisco e em outro momento ao lado de Lampião. Quando da morte de Lampião Vinte e cinco havia ido com os dois irmãos Atividade e Velocidade buscar uns mosquetões e umas munições.

Vinte e Cinco vem de uma família numerosa, sendo oito irmãos e seis irmãs e depois seu pai casou novamente e nasceram mais cinco homens e três mulheres. Quando acabou o cangaço e se entregou com alguns companheiros em Poço Redondo, Sergipe, acabou ficando preso por quatro anos em Maceió e dentro da cadeia começou a estudar, quando recebeu o alvará de soltura conseguiu entrar no estado como Guarda Civil, conseguindo a vaga através de um amigo.

 Período das entregas: "25", sentado ao centro de óculos escuros.

Quando o governador Ismar de Góis  Monteiro descobriu que ele havia sido cangaceiro, convocou o secretário de Justiça do Estado, o senhor Ari Pitombo e disse que não podia ficar com ele na guarda, pois ele havia sido cangaceiro, o secretário procurou o chefe da guarda, o major Caboclinho e o major disse que ele era entre os 38 guardas o melhor profissional que ele tinha.

O Secretário resolveu fazer um concurso entre eles e José Alves contratou duas professoras, esqueceu as festas e curtições e foi estudar bastante, o que lhe rendeu o primeiro lugar na primeira fase. Na segunda fase se classificou entre os melhores, e quase foi reprovado na parte de tiro, pois era acostumado com o Parabéllum, e teve que atirar com um "38", só passando depois que atirou com o parabélum e acertou o alvo, depois de duas sequências de erros com a outra arma. 

Hoje José Alves de Matos é aposentado como funcionário público estadual.

João de Sousa Lima, José Alves de Matos e Josué Santana.

José Alves com sua família, a esposa  Mariza, as filhas Dilma e Dalma, o Genro Givanildo, a Neta Juliana, o neto João Pedro e a bisneta Maria Eduarda.

José Alves e a esposa Mariza

Adendo Lampião Aceso

Via comentário o confrade Fábio Menezes nos chamou a atenção para um possivel lapso de memória do "Vinte e Cinco": Quando ele se refere que no dia 28 de julho estava numa missão acompanhado dos irmãos "Atividade" e "Velocidade... Quanto ao cabra "Velocidade" é bem provável, mas e o companheiro Atividade? morto desde o 5 de junho de 1938? Como apresentado na pesquisa de Ivanildo Silveira Leia aqui comungando com outros trés autores, entre estes: Bismarck Martins, Elise Jasmin na página 146 do seu livro "Cangaceiros" com foto e legenda cedida por Frederico Pernambucano de Mello.

Fontes:
http://www.joaodesousalima.com/
http://lampiaoaceso.blogspot.com.br